>
> Sobre o terceiro-excluído e o teorema de Cantor-Schroder-Bernstein:
>
> "Sobre Cantor e o terceiro excluído, ainda, vale notar que este artigo
> postado no arXiv em 2019 (mesmo ano em que foi publicado o livro do John L
> Bell sobre o contínuo e o infinitesimal?), e atualizado pela última vez há
> apenas dois meses, afirma que o  teorema de Cantor-[Schröder]-Bernstein não
> pode ser demonstrado sem apelo ao Princípio do Terceiro Excluído:
> https://arxiv.org/abs/1904.09193
> Isto tem um impacto importante, claro, na caracterização da ordem usual
> entre cardinais transfinitos."
>
> Muito interessante... O que eu sabia a respeito desse teorema é que ele
> não pode ser demonstrado por métodos puramente categoriais, pelo cálculo
> categorial (usando apenas a álgebra da composição de morfismos). Para
> demonstrá-lo precisamos lançar mão de ferramentas especiais disponíveis na
> categoria dos conjuntos e funções. A primeira vez que tomei ciência disso,
> achei que era uma falha do poder descritivo da teoria de conjuntos
> categorial, mas o William Lawvere não interpreta dessa maneira. Ele
> simplesmente diz que, como o cálculo categorial é insuficiente, temos um
> indício de que devem existir categorias em que a afirmação não é um
> teorema, ou seja, é mais uma propriedade especial da categoria de conjuntos
> e funções (como o axioma de escolha, que é dito ser equivalente ao
> princípio do terceiro excluído):
>

Não sei exatamente como seria formulada esta equivalência entre o Axioma da
Escolha e o Princípio do Terceiro Excluído, mas no


>
> [image: Cantor-Bernstein.jpg]
>
> (Conceptual Mathematics, segunda edição, p. 106.)
>
> Tem muito assunto para um volume que realmente possa figurar na estante de
> lógica sobre dialética e lei do terceiro-excluído (mas acho que não terá
> nenhuma conexão direta com antropologia ou linguística, ou biologia e
> sociologia...) :-)
>
> Abraços,
>
> Márcio
>
>
> Em sex., 21 de out. de 2022 às 13:08, Joao Marcos <botoc...@gmail.com>
> escreveu:
>
>> > Essa é fácil. Vai para a estante de sociologia, apesar do título.
>> >
>> > Mas o assunto evocado no título e que nos remete à lógica, dialética e
>> princípio do terceiro excluído (talvez ausente neste livro), não está de
>> modo algum liquidado e um trabalho sério sobre o tema poderia figurar na
>> estante de lógica...
>>
>> Obrigado pela excelente e provocadora resposta, Márcio.
>>
>> No prefácio, que dá para ler online a partir do link que eu mandei
>> antes, o autor ---que é bacharel em Direito, mestre em Economia,
>> doutor em Filosofia, e professor de Ciência Política da USP--- fala de
>> uma visita que recebeu do Chomsky (quando se encontrava em uma
>> campanha política na qual "perdeu para um psicopata"), e diz que o
>> livro em tela foi inicialmente pensado como uma crítica do modelo
>> econômico brasileiro calcado no patrimonialismo e na escravidão, mas
>> acabou virando um pequeno tratado transitando da biologia para a
>> antropologia, e desta para a linguística, informado pela filosofia,
>> pela economia e pela sociologia.  (É fascinante, independentemente
>> disto, ler sobre a formação humana e atuação política do autor, neste
>> mesmo prefácio.)
>>
>> > O John Lane Bell (não confundir com John Stewart Bell) conclui sua
>> análise sobre o problema da variação contínua com a seguinte observação:
>> >
>> > "Marx and Engels, and their Marxist successors, thought that the
>> analysis of variation would require the creation of a dialectical logic or
>> a “logic of contradiction”. But traditional logic survived in mathematics,
>> largely as a result of the replacement of variation by stasis at the hands
>> of the great nineteenth century arithmetizers Weierstrass, Dedekind and
>> Cantor. As we have seen, Cantor replaced the concept of a varying quantity
>> by that of a completed, static domain of variation which may be regarded as
>> an ensemble of atomic individuals—thus, like the Pythagoreans, replacing
>> the continuous by the discrete. He also banished inf i nitesimals and the
>> idea of geometric objects as being generated by points or lines in motion.
>> >
>> > But as we know, certain mathematicians and philosophers raised
>> objections to the idea of “discretizing” or “arithmetizing” the linear
>> continuum. Brentano, for example, rejected the idea that a true continuum
>> can be completely analyzed into a
>> > collection of discrete points, no matter how many of them there might
>> be.
>> >
>> > It was only with Brouwer, for whom the phenomenon of temporal variation
>> was fundamental, that logic became an issue within mathematics. Rejecting
>> the
>> > Cantorian account of the continuum as purely discrete, Brouwer identif
>> i es points on the line as entities “in the process of becoming” in a
>> temporal, even subjective sense, that is, as embodying variation generating
>> a potential inf i nity. He rejects the law of excluded middle for such
>> objects, a move which led, as we have seen, to a new form of logic,
>> intuitionistic logic. It is a remarkable fact that this logic is compatible
>> with a very general concept of variation, which embraces all forms of
>> (objective) continuous variation, and which in particular allows the use of
>> (continuous) infinitesimals. While its roots lie in the subjective,
>> intuitionistic logic is thus revealed to have an objective character.
>> >
>> > The application of intuitionistic logic to resolve the contradiction
>> engendered by variation shows that it was not in the end necessary—as
>> claimed by dialectical philosophy—to reject the law of noncontradiction,
>> but rather its dual the
>> > law of excluded middle."
>> >
>> > (Apêndice E do livro "The Continuous, the Discrete
>> > and the Infinitesimal in Philosophy and Mathematics".)
>> >
>> > Essa opinião é interessante, especialmente porque ele parece ter sido o
>> orientador de doutorado do Graham Priest.
>>
>> Sobre Cantor e o terceiro excluído, ainda, vale notar que este artigo
>> postado no arXiv em 2019 (mesmo ano em que foi publicado o livro do
>> John L Bell sobre o contínuo e o infinitesimal?), e atualizado pela
>> última vez há apenas dois meses, afirma que o teorema de
>> Cantor-[Schröder]-Bernstein não pode ser demonstrado sem apelo ao
>> Princípio do Terceiro Excluído:
>> https://arxiv.org/abs/1904.09193
>> Isto tem um impacto importante, claro, na caracterização da ordem
>> usual entre cardinais transfinitos.
>>
>> Fiquei curioso agora em saber o que mais John L Bell teria a dizer
>> sobre concepções potencialistas em Filosofia da Matemática, uma vez
>> que se permita que o construtivismo contribua à matemática com sua
>> abordagem sensível à variância temporal e se possa recuperar com isso
>> alguns aspectos da dialética hegeliana / marxiana.
>>
>> > Aí onde ele deixou o problema, parece que temos um bom ponto de partida
>> para uma pesquisa séria sobre o assunto.
>>
>> Sem dúvida!
>>
>> Abraços,
>> Joao Marcos
>>
>> --
>> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/
>>
>

-- 
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

-- 
LOGICA-L
Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica 
<logica-l@dimap.ufrn.br>
--- 
Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos 
Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um 
e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
Para ver esta discussão na web, acesse 
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAO6j_LjoUMwFp_wu5Q6bY_76R%3DJGjoSoK-6sBSoqqcA9ups7bA%40mail.gmail.com.

Reply via email to