>A propósito, capitalismo é sistema econômico, não sistema de governo.
>Que eu saiba, são duas variáveis independentes.

Opa, falha nossa. Mas não são tão independentes assim não, talvez até
por isso pensei em uma e registrei a outra... rs  Equívoco registrado,
continuemos.

Bom, focando na compatibilidade ou não do modelo de software livre com
o capitalismo, minha conclusão depois desse longo brainstorm(que não
deve parar por aqui) é:

O Software livre é um modelo tão interessante, mas tão interessante, e
funcional, que ele é compatível *até* com o capitalismo. E que o
capitalismo, como *sistema ecocômico*(rs), nos dias atuais(e acredito
que por um longooooo tempo), é o sistema econômico dominante, que no
geral se sobrepõe aos demais.

Na minha interpretação(pessoal), combater o capitalismo é uma batalha
perdida. Claro, respeito quem faça isso, principalmente quando bem
embasado e tal. E alías, é muito útil que alguns pensem e lutem por
isso para o bem de todos, pois assim um equilíbrio é possível(através
do questionamento, eterna busca por um ideal, etc, mas voltando)  Ao
meu ver, tendo como enfoque primário o resultado para a sociedade, por
considerar ser mais produtivo, prefiro trabalhar em dar alguns
direcionamentos para o mesmo(o capitalismo).  Vamos la, pq até agora
falei, falei, mas ainda não falei nada de objetivo.

Em 2008 fiz parte de um treinamento de Empreendedorismo de uma
parceria entre a FIRJAN(puxado pelo IEL) e a COPPE. Por eu estar
ligado a Incubadora de Empresas da COPPE/UFRJ, me arrumaram uma vaga.
Esse mesmo curso é dado em outros Estados tb, puxado pelas Federações
de Indústria espalhados pelos Estados desse nosso Brasil baronil.
Enfim, voltando ao foco, pq não to aqui para fazer marketing do curso,
até pq vou puxar minha argumentação em cima de um raciocínio solto por
um dos professores(acho que um da COPPEAD, depois vou tentar passar o
nome dele até para referenciar as fontes) que muito chamou minha
atenção: Ele defendia, que dentro do capitalismo, para um melhor
resultado para a empresa(ou para pessoa física, organização, ONG,
comunidade, etc), o lucro não deveria ser objetivo principal. O ideal,
na lógica dele(que deve ser tb a lógica de muitos, bobiar existe
muitos livros sobre o assunto), é que o *lucro* seja a *obrigação*, e
não objetivo primário.

Indo de "trás para frente" no raciocínio, para conseguirmos
resultados, precisamos sim de lucro, mesmo que o mesmo seja para
financiar próximos resultados, e assim por diante. Precisamos sim, do
lucro, até para darmos continuidade em nossa vidas cotidianas, para o
contingenciamento de algumas emergências(fatalidade, desastre natural,
acidente, erro de planejamento, investimento em infra-estruturam,
estudos), "emergência" esta que possa até ser um impecílho para o
próprio desenvolvimento(seja pessoal, organizacional, governamental,
humano, emprasarial, social, etc).

O raciocínio vai em cima dessa frente: Uma crítica ao modelo de o
objetivo ser única e exclusivamente o acúmulo de riquezas.

Sim, o capitalismo permite isso. Talvez por ser um sistema que permita
essa liberdade. Não permitir o acúmulo de riquezas talvez seja uma
afronta até a própria liberdade. Segue essa linha quem quer. Não
considero uma boa linha a seguir, nem pessoalmente nem
profissionalmente. Mas enfim, a liberdade tem disso. Segue quem quer.

Prefiro uma abordagem mais "saudável", tanto para uma pessoa física,
uma pessoa jurídica, um governo, um planeta, e assim por diante.

Ok, ok... Talvez esteja eu aqui argumentando da mesma forma como tenho
criticado alguns(no bom sentido viu, pessoal? Não gosto de threads
muito longas, mas essa está sendo muito válida)... Muita teórico,
achismo, e pouca praticidade... Vou tentar dirimir um raciocínio mais
"palpável".

Meu objetivo no meio profissional é a segurança da informação. Talvez,
diferentemente da maioria daqui desta lista, o software livre não é
minha principal bandeira profissional, o software livre foi um modelo
que considero essencial para atingir minha principal bandeira
profissional. Defendo, incentivo e trabalho em prol do software livre,
pois sendo bem direto, considero no que tange a linha computacional o
melhor modelo para a *maioria* dos casos.

Claro, compreendo e respeito muito os que levam o software livre como
uma ideologia, tem gente que leva até quase como uma religião. E essas
visões também resultam em muitos bons retornos pessoais e para a
sociedade.

Liberdade é isso. E o software livre nos dá essa liberdade. Vejo que
na base do software tem muito da defesa da liberdade, do produção, do
uso, do compartilhamento, do socialmente correto. E isso é belo, sem
dúvidas.

Já o capitalismo não tem uma base tão pura, correta  e bela quanto a
do software livre. Por isso o modelo sofre uma tendência maior se ser
questionado. Mas o capitalismo tem em sua base a liberdade tb. Vc pode
o levar para qualquer lado. O capitalismo pode ser um bicho feio ou um
belo sistema, depende de cada um ou de cada grupo. Outros sistemas
podem e até são "mais belos" em sua origem, mas em sua grande maioria,
e na maioria dos locais aonde foram implantados, não conseguiu
resultados práticos e nem chegar perto das metas de sua origem. E no
geral, os resultados conseguidos sempre terão um enorme peso em sua
avaliação como um todo. Para qualquer "coisa".

Concluo, então, que sou a favor de um capitalismo socialmente
responsável, onde o lucro é uma obrigação, não o objetivo.

Mas o capitalismo, assim como o software livre, permite a convivência
de pessoas com pensamentos distintos. E essa variedade do pensar é
benéfica(ou até essencial) para ambos os modelos. Sempre teremos os
mais radicais, os menos radicais. E de tempos em tempos teremos mais
threads gigantescas. Se a discussão sempre acontecer junto com a
teoria, e, em conjunto com os resultados, acho extremamente válido.

Bom, fico por aqui. Acho que exagerei no tamanho do email. :)

Um grande abraço a todos,
Bruno Salgado








2009/1/18 rafael <rafaelcro...@gmail.com>:
> Pessoal,
>
> To de saída pro trabalho e anoite terei tempo de expressar minhas
> opiniões. Mas no café da manhã tenho 10 minutos para uma que me chamou
> atençou...
>
> Glauber Machado Rodrigues (Ananda) escreveu:
>>
>>
>> 2009/1/17 rafael <rafaelcro...@gmail.com <mailto:rafaelcro...@gmail.com>>
>>
>>     Ja dessa conclusão não abro mão :) Gostaria de ouvir mais opiniões
>>     sobre
>>     esse ponto em específico...
>>
>>
>> Ok, eu estava mesmo pensando sobre isso e queria compartilhar esse
>> pensamento com alguém.
>>
>> O pensamento é mais ou menos esse:
>>
>> O capitalismo já passou por várias fases e tal. Diz-se hoje que se
>> encontra na Terceira fase, o "capitalismo  monopolista". Esse modelo
>> passa por crises cíclicas, e tudo indica que não será a ultima fase do
>> capitalismo. Eu acredito que o software livre e o afastamento de uma
>> idéia de "propriedade intelectual" terão um grande papel nessa
>> transformação.
>>
>> Como ponto de partida, segundo a wikipédia o capitalismo atual está assim:
>> """
>> Capitalismo atual
>>
>> Grandes empresas do mundo passaram a oferecer fortes benefícios a seus
>> empregados, antecipando a ação de sindicatos e governos.
>>
> Isso é balela. O Capitalismo atual é o monopolista, de retirarada de
> direitos. Desde a queda da USSR, que o neoliberalismo avança no mundo
> retirando direitos. Privatizações, Reformas Trabalhistas (leia-se perdas
> de direitos), etc
>>
>> Benefícios tais como: redução de jornada de trabalho, participação nos
>> lucros, ganhos por produtividade, salários acima da média do mercado,
>> promoção à inovação, jornada de trabalho flexível, flexibilização de
>> jornada para mulheres com filhos, participação societária para
>> produtos inovadores desenvolvidos com sucesso, entre outros.
>>
> A jornada de trabalhos de 8 horas foi conquista ainda no século XIX. Não
> existia nem energia elétrica naquela época, ou seja a produtividade de
> um trabalhador era ínfima se comparada com hoje. E seguimos lutando para
> MANTER essa jornada de 8 horas... (A Venezuela reduziu para 6)...
>
> Temos só 3 meses de licença maternidade aqui (em Cuba é um ano)
>
> Participação societária é outra balela.... O que eu vejo é concentração
> das ações. Eles colcoam como alvo dessas medidas uns 3 %...
>
>> Ao contrário do princípio do capitalismo, quando se acreditava que a
>> redução de custos com recursos humanos e sua conseqüente exploração,
>> traria o maior lucro possível, passou a vigorar a tese de que seria
>> desejável atrair os melhores profissionais do mercado e mantê-los tão
>> motivados quanto possível e isto tornaria a empresa mais lucrativa. No
>> entanto, o número de funcionários que se enquadram neste modelo é
>> insignificante diante de toda a massa trabalhista mundial, que em sua
>> maioria ainda trabalha em
>>
> O que esta acontecendo nesta crise? Você sabia que o salário mínimo na
> época de Getúlio Vargas (que já era baixo) comprava 1000 passagens de
> ônibus... Se fosse assim, em SP, hoje o salário mínimo deveria ser de
> 2300 reais em SP... Esse ainda trabalha não me parece uma simples
> questão de tempo...
>>
>> condições muito precárias.
>>
>> """
>>
>> A continuação disso pode ser mais ou menos assim: essa massa em
>> condições precárias se ferra e passa por todo tipo de dificuldades
>> durante um bom tempo. Mas enquanto isso vamos voltar nossa atenção
>> exclusivamente para a classe de "super-funcionários".
>>
>> Esses SF's ("super-funcionarios") são e continuarão sendo pessoas de
>> excelente educação e criatividade. Máquinas de aprender e resolver
>> problemas de formas que ninguém nunca pensou antes. Uma mina de outro
>> para qualquer empregador. Pessoas dispostas a aprender qualquer coisa
>> que for capaz de ajudar a resolver um problema. Gostam de se superar
>> dia a dia. Detestam fazer uma coisa de modo improdutivo, detestam
>> atividades rotineiras e sem potencial para inovação.
>>
>> Uma caracteristica marcante nesses SF's é a ambição intelectual. Elas
>> ganham através do seu conhecimento e criatividade, logo, elas querem
>> ficar por dentro de tudo. Elas vão se voltar contra qualquer coisa que
>> limitem suas chances de aprender uma coisa. Elas se envolvem com
>> pessoas que a possam ensinar algo. São pessoas assim que tomarão as
>> decisões para os principais problemas de produção da humanidade
>> durante um bom tempo.
>>
> A produção esta no chão da fábrica. O que você descreve é uma
> aristocracia operária que se formou, mas que é cada vez menos. Pelo
> contrário, o que vemos é a proletarização da classe média...
> (profissionais liberais)
>> Como sua produtividade é medida em inovação, elas logo percebem que
>> não adianta matar a cabeça num problema cuja a solução esteja
>> disponível em algum lugar. Antes de matar a cabeça à toa, essas
>> pessoas pesquisam por uma solução para o problema. Geralmente a
>> solução encontrada é de longe muito superior a qualquer coisa que a
>> pessoa seja capaz de pensar sem pesquisa nenhuma. Mas logo que
>> colocada em prática, torna-se visível uma oportunidade de melhoria no
>> processo.
> não vejo inovação neste sistema... Por que o concorde parou de voar? Por
> que mataram o carro elétrico? Hoje usamos o carro com motor de explosão
> a vapor e eficiência de 40%, que já usávamos há 100 anos... Ou seja, por
> interesse do monopólio das see irmãs do petróleo, enterramos muitas
> inovações...
>>
>> Um ambiente onde as idéias circulam livremente beneficia muito mais
>> essas pessoas do que um ambiente onde cada idéia pertence aos
>> contratantes e não possam ser trocadas nem implementadas livremente.
>> Logo as pessoas com tendencias a reter informação terão seu
>> desenvolvimento comprometido, e perderão espaço para pessoas mais
>> colaborativas. Pessoas mais colaborativas serão mais aceitas em
>> círculos de troca de idéias, e terão mais acesso às idéias e terão
>> maneiras mais eficazes de resolver os problemas corporativos.
>>
> O que eu vejo é uma hierarquização nas grandes empresas. A troca de
> idéias é só um fluxo de baixo para cima, para se aproveitarem da
> criatividade do que esta abaixo. Mas ninguém na Ford ou na GM chama os
> operários a votar se querem produzir um carro elétrico...
>> Cientes da fonte da sua força (a troca de idéias de todo tipo e o
>> aprendizado através de outros), essas pessoas reagirão com mais força
>> contra à idéia de "propriedade intelectual". Gradativamente as pessoas
>> com mais capacidade de aprender terão posições maiores na sociedade, e
>> junto com elas levarão mais adiante as vantagens de se compartilhar as
>> informações. As técnicas aplicadas pelo movimento copyleft serão
>> levadas para vários setores da economia. O setor de produção de
>> software será um beneficiário natural. A ciência e a tecnologia
>> encontrarão condições ótimas para se desenvolver, e se desenvolverão.
>> O software terá grante parte nisso, e será livre.
>>
>> Cada vez mais os processos produtivos estarão mais automatizados
>> eficientes e reutilizáveis; fazendo uso alternativo de tudo que é
>> possível, acabando com o problema da escacez. Não haverá motivo para
>> haver excluídos. Os seres humanos serão remanejados para outras
>> atividades mais ligadas à educação, lazer, etc...
> É isso que vemos? O que eu vejo onde morava, SP é a educação afundando
> cada vez mais. Hoje tem gente que está no ensino superior (pagando boa
> parte do seu salário conseguido a custa de muito suor...) e não sabe nem
> escrever. Eu tenho uma amigo que trabalha corrigindo provas de uma
> universidade privada. É cada erro de compreensão básico (pérolas) que
> assusta...
>
> De noite dou uma olhada nos outros emails.
>
> Bom domingo a todos.
>
> Rafael
>>
>> --
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Bruno Salgado Guimarães
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