Alexandre, O problema com a aplicação da teoria dos jogos nessa questão real das distros tem uma falha, você toma como certa a hipótese de que um mundo com software 100% livre é melhor. Porém não certeza de que isso real.
Não importa se concordamos ou não com essa premissa. Na minha modesta opinião também há muito impirismo (boa vontade?) da sua parte com a extrapolação da teoria em relação a sugestão de promover distros livres e contruir um modelo de negócios em torno disso. Infelizmente altruísmo apenas, não é capaz de influenciar ou modificar as leis naturais. Abraço, 2009/3/7 Alexandre Oliva <lxol...@fsfla.org> > On Mar 6, 2009, Marcus Diogo <mvdiog...@gmail.com> wrote: > > > Eu sempre busco ler o que o Oliva tem a dizer porque ele sabe o que é > > bom, ele é o cara. > > Menos, menos! Assim eu me empolgo :-) :-) > > Valeu a força e a confiança. > > > Eu acho que a pergunta não seria qual a distro é livre mas o que > > devemos fazer deacordo com a direção do nosso amigo Oliva para que > > todas as distros fiquem 100%, > > Pois esse é justamente o dilema sobre o qual pretendo falar daqui a > pouco mais de duas semanas, na LibrePlanet 2009. > > O problema em questão é uma variante do dilema dos prisioneiros. Sabe, > aquele, da teoria de jogos? Dois sujeitos são presos por porte ilegal > de arma. A polícia sabe que eles cometeram um crime, mas não tem provas > aceitáveis no tribunal. > > Os interrogadores propõem um acordo aos dois, cada um numa sala de > interrogatório separada, sem que possam se comunicar: se você trair o > seu comparsa e testemunhar contra ele no que diz respeito ao crime > maior, a gente libera você da pena menor do porte ilegal de arma. > > Há um diagrama e uma explicação mais detalhada num artigo antigo que > escrevi, e na palestra correspondente, a respeito de outra tese, apoiada > nos mesmos princípios de teoria de jogos: > http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/papers/free-software/BMind-slides.pdf<http://www.lsd.ic.unicamp.br/%7Eoliva/papers/free-software/BMind-slides.pdf> > http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/papers/free-software/BMind.pdf<http://www.lsd.ic.unicamp.br/%7Eoliva/papers/free-software/BMind.pdf> > > Enfim... O ponto é que as distros buscam popularidade porque isso lhes > traz mais usuários, mais colaboradores, mais vantagens. Alcançam > popularidade oferendo conveniência para os usuários, mesmo que isso > sacrifique a liberdade dos usuários e torne a distro não-Livre. > > Agindo racionalmente, mas com pensamento imediatista, agem da mesma > forma que a ação racional do prisioneiro confrontado com o dilema acima: > trair seu comparsa sempre traz um melhor resultado imediato para si > mesmo, independente do que o comparsa faça. > > Isso, generalizado para muitos participantes, conduz à tragédia do bem > comum (também discutida no artigo acima; vai rolar um cut&paste legal > :-) > > A forma de evitar essa tragédia é um compromisso confiável entre os > participantes, para que façam um pequeno sacrifício e abram mão da > estratégia dominante que lhes traz vantagem imediata em detrimento da > coletividade. No artigo, o compromisso confiável é o copyleft forte. > No caso do compromisso de distros com a liberdade, o compromisso não > existe, e por isso prevalece a tragédia do bem comum: cada um usa > processos poluentes baratos porque é o que os concorrentes estão usando, > e usar os processos limpos, mais custosos, os colocaria em desvantagem. > > É o mesmo desastre que pode ocorrer no dilema do prisioneiro iterado > (isto é, um experimento teórico em que os prisioneiros são confrontados > repetidamente à mesma escolha), por outro lado, tem como melhor > estratégia conhecida a da cooperação inicial seguida de retribuição: (i) > manter-se fiel ao comparsa na primeira iteração, aceitando o sacrifício > da pena por porte ilegal, a fim de evitar o pior caso para os dois e > (ii) a partir daí retribuir a jogada anterior do comparsa. Corre-se o > risco de sair perdendo e não conseguir recuperar essa desvantagem, caso > os outro sempre o traia, mas é a estratégia com o melhor resultado médio > conhecido, e a com o melhor resultado para todos quando todos jogam de > forma cooperativa. > > Mas como induzir as distros a não fazerem esse sacrifício? > > Parece-me que a resposta é sempre a mesma: do mesmo jeito que tentamos > induzir fornecedores de software em geral a respeitarem nossa liberdade: > se não respeitam, não aceitamos, não compramos, não promovemos, não > recomendamos, não induzimos ninguém a usar. > > Só isso, me parece, pode desequilibrar a percepção de que incluir > Software não-Livre é vantajoso para a distro, e alterar o balanço em > favor de todos, em favor da cooperação contra os inimigos da liberdade, > ao invés da traição mútua em detrimento da comunidade e em favor dos > inimigos. > > Então, gente, vamos usar e promover as distros 100% Livres. Pode até > ser que a gente precise se sacrificar um pouco pra isso, abrindo mão de > funcionalidades, escolhendo computadores com cuidado, ou até preservando > e mantendo algum componente de Software não-Livre que usávamos antes, > mas não me parecem sacrifícios tão grande para evitar a tragédia do bem > comum. > > -- > Alexandre Oliva > http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/<http://www.lsd.ic.unicamp.br/%7Eoliva/> > You must be the change you wish to see in the world. -- Gandhi > Be Free! -- http://FSFLA.org/ FSF Latin America board member > Free Software Evangelist Red Hat Brazil Compiler Engineer > > _______________________________________________ > PSL-Brasil mailing list > PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org > http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil > Regras da lista: > http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil > -- ANTONIO FONSECA GTalk: antonio.fons...@gmail.com MSN Live: fsanto...@hotmail.com
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