A Microsoft não está investindo no Open Source por ativismo, pq ela é boazinha ou se convenceu que esse é o melhor modelo. Na verdade, a Microsoft tem forte interesse em nuvem e a nuvem definitivamente precisa ser aberta, interoperável. Um dos principais fatores críticos de sucesso é o não-lockin e a nuvem proprietária aprisiona os usuários e empresas.
Enviado de meu ASUS -------- Mensagem Original -------- De:anah...@anahuac.eu Enviado em:Tue, 24 Nov 2015 17:44:28 -0200 Para:PSL-Brasil <psl-brasil@listas.softwarelivre.org> Assunto:[PSL-Brasil] Microsoft adota Open Source e rompe o paradigma do Software Livre. Será? > >Microsoft adota Open Source e rompe o paradigma do Software Livre. Será? > >Método KISS: a resposta é não. Agora me permita desenvolver mais um texto >didático para explicar. A quantidade de erros do título é tamanha que quando >terminar este artigo, provavelmente, vamos ter que encontrar outro. Mas como >diria nosso amigo "Jack", vamos por partes. > >O primeiro nó a ser desfeito é o de tentar misturar Open Source e Software >Livre em um mesmo conceito. Perceba que nossa discussão é filosófica e nesse >ponto Open Source provê sustentação ideológica a um modelo de produção mais >eficiente baseando-se do desenvolvimento colaborativo e metodologia "Bazar" >para reduzir custos, melhorar o desempenho das equipes e permitir uma melhor >qualidade de código. Então no fim das contas o objetivo é ajudar o processo de >produção e não o usuário ou o desenvolvedor. Neste modelo filosófico trata-se >do empenho em ajudar as empresas a serem mais eficientes e não a mudar a >sociedade. Tanto que as licenças chamadas OSI não são Copyleft, ou seja, elas >permitem que qualquer um se aproprie do código, desobrigando o seu >compartilhamento. > >É claro que ter acesso ao código é importante, mas não pelos motivos acima, ao >menos é isso o que defende a filosofia do Software Livre. Nesta outra >abordagem foca-se não apenas no acesso ao código, mas na perpetuação desse >acesso. O foco do Software Livre é empoderar o usuário através da liberdade do >Software de modo a mudar a relação de poder entre usuários e fornecedores de >tecnologia. Mas a única maneira de garantir que o poder se mantenha do lado >dos usuários é impedindo que a liberdade lhes seja negada. Perceba a mudança >de paradigma nas relações comerciais que este modelo propõe. Não basta ter >acesso ao código é preciso garantir as liberdades para sempre e essa é a linha >divisória que separa Software Livre de OSI: a perpetuação das liberdades. > >Então temos um mesmo modelo de produção, licenças quase idênticas mas >abordagens políticas e filosóficas quase antagônicas. Um modelo ajuda a melhor >o modelo de produção enquanto outro busca subverter as relações econômicas. >Será que já podemos adivinhar qual deles receberá o apoio das mídias >tradicionais, investimentos dos grandes players e propaganda em todos os >níveis? > >Empresas modernas e ágeis como Google, Facebook e Apple já fazem uso do modelo >OSI a muito tempo. Se beneficiando do modelo ágil, eficiente e barato de >desenvolvimento cresceram com vigor e se tornaram padrão de mercado. Google e >Facebook já nasceram assim, se apropriando de tudo o que lhes convém usando as >entrelinhas legais para não infringir nenhuma licença. O caso da Apple é mais >interessante porque eles mantinham um sistema operacional próprio com todos os >custos envolvidos para isso, então perceberam que não era necessário, bastava >pegar um sistema operacional pronto publicado sob uma licença OSI, se >apropriar dela, fazer os ajustes necessários e vender como se fosse seu. > >Nesses exemplos houve alguma quebra de paradigma? Os usuários ganharam mais >poder no relacionamento com essas empresas? Me parece nítido que os >beneficiados diretos foram as empresas e não os usuários. > >Há algum tempo que a Microsoft anunciou que adotaria mais software Open Source >em seus sistemas e aplicativos. Inclusive formou uma parceria com a gigante do >Linux, a Canonical para integrações e uso de Ubuntu Server. Muita gente >comemorou, vendo ai um exemplo de como o acesso ao código quebrou o paradigma >do modelo de softwares privativos, ou seja, um sinal de que a vitória se >aproxima e que a adoção massiva de Softwares Livres é eminente e inevitável. E >eu concordo, parece espetacular ver a gigante Microsoft sucumbindo, tendo que >dar o braço a torcer, tendo que colocar o rabinho entre as pernas e mudar seu >discurso privativo e arrogante. Foram quase duas décadas de ativismo cotidiano >que enfim frutificam. > >Só que não. Infelizmente, basta olhar mais de perto e a versão otimista se >desvanece rapidamente. Será que a Microsoft vai adorar licenças GNU que >garantem o copyleft? Devo acreditar que a gigante de Redmond finalmente vai >libertar o código do Windows, Word e Excel? Finalmente ela adotará >posicionamentos de mercado mais justos e socialmente benéficos? Por acaso ela >libertará os países do terceiro mundo de suas famigeradas licenças e fará uma >inexpugnável transferência de conhecimento tecnológico em nome de um Mundo >Melhor? > >Qual era mesmo o meu ativismo? Se o que você sempre buscou foi um novo modelo >econômico baseado no acesso ao código, então você pode e deve comemorar. Mas >se seu objetivo era empoderar o usuário, então é hora de assumir que a adoção >de Open Source pela Microsoft cria desafios ainda maiores. Além de combater o >modelo tradicional de escravização tecnológica, será necessário lidar com os >antigos companheiros de trincheira que lutaram arduamente pela liberdade do >software ao seu lado que acreditam que seu objetivo foi alcançado e que a sua >luta, a de revolucionar, não é mais necessária. > >A adoção de Open Source pelas grandes e tradicionais empresas de software >privativo não quebra o paradigma que o Movimento Software Livre luta para >quebrar. Na verdade essa adoção cria outro: estão convencendo os inocentes >úteis de que o pensamento da liberdade tecnológica que fortalece o usuário >está vencido, velho, desnecessário. > >Em 1997 eu anunciei que faria do ativismo ao Software Livre uma filosofia de >vida. Naqueles dias a Microsoft reinava absoluta e todos me olharam com >descrença e dúvida. Muito longe de comemorar, hoje me deixa deveras preocupado >que a Microsoft tenha aprendido que ela pode se apropriar das metodologias e >lógicas de produção do Open Source e Software Livre, apenas para se >beneficiar. Ela está usando o que temos de bom para se tornar mais forte e >competitiva como empresa e não sucumbindo à nova ordem de empoderamento pela >qual luto. Em termos práticos o Open Source fornece à Microsoft as armas >perfeitas para extinguir o pensamento filosófico do Software Livre, e por >consequência, extinguir qualquer possibilidade de fazer do Mundo um lugar >melhor pela liberdade do conhecimento tecnológico. > >Saudações Livres > > >http://www.anahuac.eu/microsoft-adota-open-source-e-rompe-o-paradigma-do-software-livre-sera/ > > >-- >Anahuac de Paula Gil > >Anahuac - http://www.anahuac.eu >KyaHosting - http://www.kyahosting.com >suaNUvem - http://www.suanuvem.com >DiasporaBR - http://diasporabr.com.br >OpenLDAP - http://www.openldap.com.br >Twitter: @anahuacpg >Diaspora: anah...@diasporabr.com.br >Jabber/XMPP: anah...@diasporabr.com.br >_______________________________________________ >psl-brasil mailing list >psl-brasil@listas.softwarelivre.org >http://listas.softwarelivre.org/cgi-bin/mailman/listinfo/psl-brasil >Regras da lista: >http://wiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil >SAIR DA LISTA ou trocar a senha: >http://listas.softwarelivre.org/mailman/options/psl-brasil
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