Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Décio Krause
Caros
Eu vejo algo mais embaixo nessa questão das raças no Lattes: cotas para bolsas 
de pesquisa, por exemplo. Não se pode confiar nessa gente. Eles não dão ponto 
sem nó.
D



--
Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
--

Em 25/05/2013, às 07:24, Manuel Doria  escreveu:

> Não sei o que seria um "argumento não-lógico". Um bom argumento, mesmo que
> seja um argumento sociológico, deve obedecer a certas exigências de
> racionalidade que descrevemos formalmente.
> 
> Entretanto, eu sustento que em geral, devemos dar dois passos atrás perante
> qualquer proferimento por parte de sociólogos brasileiros a respeito da
> "realidade social".
> 
> Seria esperado que um sociólogo, enquanto alegado cientista social, tivesse
> um engajamento com a dinâmica de sociedades e fenômenos que emergem à
> partir da interação de vários agentes de forma análoga à de um
> meteorologista com fenômenos atmosféricos. Mas quase sempre por aqui, não é
> o caso. E a razão não é da ordem da complexidade dos fenômenos; é
> ideológica.
> 
> A maioria do que se produz em nome da "sociologia" no Brasil não é ciência,
> é uma atividade mais próxima da crítica literária; a elaboração de
> narrativas internamente coerentes, psicologicamente satisfatórias que
> angariam significado a processos sociais e históricos. Não estão
> interessados em adequação empírica, elaboração de testes cruciais e fogem
> de métodos quantitativos.
> 
> O ramo mais científico da sociologia, o funcionalismo - que há mais de um
> século procura consiliência com o resto do conhecimento científico - é
> ridicularizado na academia brasileira como "positivismo" (um palavrão
> comum).
> 
> A conflação de normatividade com descrição na sociologia chega a ser pior
> do que o que ocorre em economia e ciência política.
> 
> Teoria de conflito marxista, feminismo, teoria crítica, pós-estruturalismo,
> construtivismo social, pós-modernismo e tantos outros ramos de teorias
> sociológicas são programas de pesquisa degenerados, no sentido de Lakatos.
> Não é ciência.
> 
> Quando alguém como o matemático John Casti se preza a compreender como
> emergem fenômenos sociais usando ferramentas computacionais como
> multi-agent modeling, é capaz de muitos sociólogos de nossa academia
> empregarem algum *ad hominem* para descaracterizar o uso desse tipo de
> metodologia e até mesmo acusá-lo de estar apenas servindo de instrumento
> dos interesses da burguesia.
> 
> Um forte abraço.
> 
> 
> 2013/5/25 Juan Carlos Agudelo Agudelo 
> 
>> Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os "lógicos",
>> argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
>> social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
>> realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
>> tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
>> ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
>> sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar.  O problema é que as
>> pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
>> nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
>> mesmo que elas também não fiquem sabendo).
>> 
>> A respeito da afirmação do JM:
>> 
>> "As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
>> (que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
>> inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar "a realidade de
>> uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
>> e
>> inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
>> no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica".
>> 
>> Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
>> instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
>> esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
>> em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que "...é
>> preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
>> Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
>> mas como parte de um processo,  cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
>> interpelar a Instituição sobre os usos desses dados."
>> 
>> []s
>> JC
>> 
>> 
>> 2013/5/24 Joao Marcos 
>> 
>>> Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
>>> então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
>>> um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
>>> simplesmente não for do interesse.
>>> 
>>> Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
>>> inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
>>> mundo era declar

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Julio Stern
Caro Juan Carlos: 
   
Vou entao colocar um argumento historico na panela. 
A primeira Lei de Cotas para universidades foi instituida 
em 1887 pelo Czar Alexandre III, restringindo a participacao 
de minorias etnicas nas universidades da Russia Imperial.   
Esta lei foi logo imitada em varios estados da europa central, 
Polonia, Hungria, Romenia e, finalmente, a Alemanha Nazista. 
  
As politicas de cotas foram abolidas na Russia em 1917. 
Hoje, consternado, vejo gente que se diz socialista defendendo 
politicas de rotulagem racial para melhorar a gestao e 
processamento de carne no acougue, sempre eh claro, em funcao 
de grandes ideais (grandilhoquentes, os nazis tambem eram...) 
  
Meu argumento eh simples: Pessoas devem ser julgadas por 
merito e medidas objetivas de desempenho. 
Rotulagem por cor, raca, grupo etnico, religiao, ideal politico 
e assemelhados,  para posterior uso em "politicas de gestao" e 
"engenharia social", eh coisa tipica de estados totalitarios. 
Com estas praticas eu nao transijo; Nao faco media!    
  
No Brasil, esta tatica esta sendo introduzida para mascarar 
um ensino basico publico de pessima qualidade, um sistema 
que, no tempo de meus pais, ja foi muito bom. 
  
Politicas deste tipo (essencialmente nao academicas) trarao 
como consequencia a degradacao e mediocrizacao da universidade 
publica, ultimo segmento de boa qualidade do ensino publico. 
  
Quem esta promovendo com estas medidas: 
(1) Politicos populistas de toda sorte. 
(2) Grupos de interesse do ensino privado (brasileiros e 
estrangeiros) que, a semelhanca do ensino basico e medio, 
lucrarao fortunas apos a destruicao do ensino publico.  
 
Claro esta que a educacao no Brasil eh absurdamente elitizada. 
Corrigir este estado de coisas passa por reconstruir o sistema 
de ensino basico, criando dentro do mesmo escolas-modelo   
seletivas e competitivas (na URSS nao era assim?).  
    
Todavia, isto requer grande esforco e muito trabalho, 
e tambem administrar tensoes de cisalhamento advindas de 
processos seletivos (algo que hoje so se admite na escolinha 
do Corinthians, pois afinal, ai sim, vale o esforco necessario 
para que se possa conquistar excelencia, honra e gloria).     
   
Os populistas evitam a todo custo caminhar morro acima, 
escorregar ladeira abaixo parece ser tao mais atrativo...  
     
---Julio Stern 
     


> Date: Fri, 24 May 2013 23:19:01 -0500
> From: juca.agud...@gmail.com
> To: logica-l@dimap.ufrn.br
> Subject: Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...
>
> Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os "lógicos",
> argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
> social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
> realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
> tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
> ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
> sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar. O problema é que as
> pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
> nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
> mesmo que elas também não fiquem sabendo).
>
> A respeito da afirmação do JM:
>
> "As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
> (que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
> inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar "a realidade de
> uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas e
> inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
> no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica".
>
> Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
> instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
> esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
> em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que "...é
> preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
> Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
> mas como parte de um processo, cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
> interpelar a Instituição sobre os usos desses dados."
>
> []s
> JC
>
>
> 2013/5/24 Joao Marcos 
>
>> Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante. Faço
>> então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
>> um par de comentários adicionais. Favor ignorar se o tópico
>> simplesmente não for do interesse.
>>
>> Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
>> inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento. (É claro que quase

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Manuel Doria
Não sei o que seria um "argumento não-lógico". Um bom argumento, mesmo que
seja um argumento sociológico, deve obedecer a certas exigências de
racionalidade que descrevemos formalmente.

Entretanto, eu sustento que em geral, devemos dar dois passos atrás perante
qualquer proferimento por parte de sociólogos brasileiros a respeito da
"realidade social".

Seria esperado que um sociólogo, enquanto alegado cientista social, tivesse
um engajamento com a dinâmica de sociedades e fenômenos que emergem à
partir da interação de vários agentes de forma análoga à de um
meteorologista com fenômenos atmosféricos. Mas quase sempre por aqui, não é
o caso. E a razão não é da ordem da complexidade dos fenômenos; é
ideológica.

A maioria do que se produz em nome da "sociologia" no Brasil não é ciência,
é uma atividade mais próxima da crítica literária; a elaboração de
narrativas internamente coerentes, psicologicamente satisfatórias que
angariam significado a processos sociais e históricos. Não estão
interessados em adequação empírica, elaboração de testes cruciais e fogem
de métodos quantitativos.

O ramo mais científico da sociologia, o funcionalismo - que há mais de um
século procura consiliência com o resto do conhecimento científico - é
ridicularizado na academia brasileira como "positivismo" (um palavrão
comum).

A conflação de normatividade com descrição na sociologia chega a ser pior
do que o que ocorre em economia e ciência política.

Teoria de conflito marxista, feminismo, teoria crítica, pós-estruturalismo,
construtivismo social, pós-modernismo e tantos outros ramos de teorias
sociológicas são programas de pesquisa degenerados, no sentido de Lakatos.
Não é ciência.

Quando alguém como o matemático John Casti se preza a compreender como
emergem fenômenos sociais usando ferramentas computacionais como
multi-agent modeling, é capaz de muitos sociólogos de nossa academia
empregarem algum *ad hominem* para descaracterizar o uso desse tipo de
metodologia e até mesmo acusá-lo de estar apenas servindo de instrumento
dos interesses da burguesia.

Um forte abraço.


2013/5/25 Juan Carlos Agudelo Agudelo 

> Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os "lógicos",
> argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
> social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
> realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
> tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
> ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
> sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar.  O problema é que as
> pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
> nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
> mesmo que elas também não fiquem sabendo).
>
> A respeito da afirmação do JM:
>
>  "As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
> (que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
> inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar "a realidade de
> uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
> e
> inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
> no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica".
>
> Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
> instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
> esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
> em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que "...é
> preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
> Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
> mas como parte de um processo,  cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
> interpelar a Instituição sobre os usos desses dados."
>
> []s
> JC
>
>
> 2013/5/24 Joao Marcos 
>
> > Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
> > então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
> > um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
> > simplesmente não for do interesse.
> >
> > Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
> > inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
> > mundo era declarado como "branco".)  De lá para cá os cartórios
> > passaram a omitir sistematicamente a informação.  Há alguns anos
> > (confiram a reportagem de 2006) houve contudo quem notasse a falta
> > deste item nas novas certidões e protestasse:
> >   http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0508200628.htm
> > "A preocupação de Enilda é que sem o item cor, o governo não tem como
> > fazer estatísticas oficiais sobre a questão racial e, como
> > conseqüência, não terá subsídios para elaborar políticas de inclusão
> > social, como os polêmicos projetos sobre as cotas em universidades e o
> > Estatuto da Igualdade Racial, ai

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Famadoria
Tenho sangue negro, judeu, indio, branco berbere. Me qualifico como? Viralata? 

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On 25/05/2013, at 02:31, Marcelo Finger  wrote:

>> Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item
> estão
>> perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
>> norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
>> últimos anos.
> 
> FALSO.
> 
> No formulário de matrícula na pós da USP foi inserido um item com info
> sobre raça, renda familiar, etc.  Tudo absolutamenteb opcional.  Ninguém é
> obrigado a dizer q se recusa a responder sobre este tema.
> 
> []s
> 
> Marcelo
> 
> ___
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>> Logica-l@dimap.ufrn.br
>> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l
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Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Tony Marmo
Infelizmente, caro Juan Carlos, com uns e outros praticantes de bullying
entrando nessa lista para ofender as pessoas gratuitamente, o problema do
desrespeito e da perseguição às pessoas fica cada vez maior, de forma que
as medidas com objetivo de combater os estigmas ficam sempre atrás da
realidade perversa. Pessoas que se acham no direito de ofender qualquer um
e não pedir desculpas são equivalentes aos racistas, pois cultuam o ódio
pelo gênero humano e o desprezo pelo próximo. Não basta, nesse caso,
declarar ou deixar de declarar dados, mas os próprios administradores das
várias instituições e instâncias têm de primeiro entender que é dever
irrecusável deles disciplinas quem ofende os demais. O racismo é
essencialmente isto: ofender as pessoas e depois assediá-las, prejudicá-las
etc. O racista ofende e agride mas não se acha no dever de desculpar-se,
alegando mediocremente que é a opinião dele. As pessoas quando não têm
formação ou são mau caráter acham que qualquer agressão delas fica válida
sob esse mesmo argumento. Enfim, é o que acontece: despreparo, falta de
cortesia, falta de caráter, mente medíocre, ignorância, personalidades
deformadas e a omissão de quem compete agir criam esse quadro contra
mulheres, negros, pobres e até acadêmicos.

Em 24 de maio de 2013 15:33, Juan Carlos Agudelo Agudelo <
juca.agud...@gmail.com> escreveu:

> Voltando à discussão cor/raça no Lattes, me tomo a liberdade de enviar um
> correio que circulou em outras listas acadêmicas que estão discutindo sobre
> o assunto, e que mostra a posição de alguns cientistas sociais que
> trabalham com o tema da desigualdade social/racial no Brasil.
>
> #
>
>
>
> From: Marcos Dias Coelho 
> Subject: [estudosafricanos-ufba] RE: [gtafrica] polêmica sobre inserção no
> CV Lattes da pergunta relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a.
> To: "historia-u...@yahoogrupos.com.br" ,
> "Pesquisadores Negros" ,
> "Linha de pesquisa" ,
> "transdicplinar" , "Cristiane
> Unicamp" , "Vine Unicamp 2" ,
> "Luando Sito" , "Josi Unicamp"  >,
> "Ernenek Unicamp" 
> Date: Thursday, May 23, 2013, 7:56 PM
>
>
>
> Ampliando o debate e divulgando...
>
> From: vanijacob...@gmail.com
> To: gtafr...@googlegroups.com
>
> Caros colegas da comunidade acadêmica,
>
>
> Tem causado polêmica a novidade da inserção  no CV Lattes da pergunta
> relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a. Nosso objetivo é, mais uma vez,
> incentivar o debate em nossa comunidade e tentar avançar algumas questões
> envolvidas tanto na introdução do quesito, como na reação que ele vem
> causando.
>
> Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item estão
> perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
> norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
> últimos anos. Além disso, queremos destacar, que, embora a resposta ao
> quesito seja obrigatória, há opção para o pesquisador que não queira assim
> se caracterizar, responder à última alternativa, “não desejo declarar”,
> resguardando dessa maneira a liberdade daqueles que não concordam com a
> implementação de um política de delimitação do perfil sócio-racial do
> pesquisador brasileiro.
>
> Mas vamos à questão de fundo. Muitos estudiosos têm destacado,
> acertadamente, o fato de raça não ser um conceito cientificamente válido.
> Em nosso entender não há dúvidas a esse respeito. No entanto, tal
> constatação não pode eliminar a realidade de uma sociedade brasileira
> altamente racializada em suas práticas cotidianas e inclusive no que tange
> o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica. Julgamos, assim, que
> ao lado das investigações que revelam as falácias de um modelo que usou
> raça de maneira essencial e ontológica (e por isso gerou a prática de
> determinismos e racismos políticos de toda ordem), é hora de avaliarmos
> como o desacreditado conceito, baseado em assertivas biológicas faz muito
> ultrapassadas, continua sendo reatualizado e opera socialmente. Se não
> existem raças – apenas uma, a humana --, no nosso dia a dia raça surge como
> um potente marcador social de diferença, delimitando  hierarquias sociais,
> culturais e econômicas.
>
> Vale, pois, perguntar se devemos exclusivamente criticar o uso canônico do
> termo, ou se seria importante, igualmente, analisarmos as implicações
> cotidianas e recorrentes da utilização da categoria raça na prática social,
> considerando, principalmente a  maneira como esta se inscreve em nossa
> realidade e, em particular, no contexto universitário brasileiro. Entendido
> dessa maneira, o termo continua válido e seria preciso avaliar as
> decorrências da “raça após o racismo”. Falar de raça não significa, em
> nosso entender, instaurar o racismo ou racializar o cotidiano, o qual,
> aliás, já se encontra racializado. Falar de raça implica enfrentar o
> problema sem eufemismos, desvelando  as práticas discursivas que pretendem
> não dizer, dizendo.
> O conjunto crítico 

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Juan Carlos Agudelo Agudelo
Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os "lógicos",
argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar.  O problema é que as
pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
mesmo que elas também não fiquem sabendo).

A respeito da afirmação do JM:

 "As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
(que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar "a realidade de
uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas e
inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica".

Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que "...é
preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
mas como parte de um processo,  cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
interpelar a Instituição sobre os usos desses dados."

[]s
JC


2013/5/24 Joao Marcos 

> Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
> então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
> um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
> simplesmente não for do interesse.
>
> Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
> inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
> mundo era declarado como "branco".)  De lá para cá os cartórios
> passaram a omitir sistematicamente a informação.  Há alguns anos
> (confiram a reportagem de 2006) houve contudo quem notasse a falta
> deste item nas novas certidões e protestasse:
>   http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0508200628.htm
> "A preocupação de Enilda é que sem o item cor, o governo não tem como
> fazer estatísticas oficiais sobre a questão racial e, como
> conseqüência, não terá subsídios para elaborar políticas de inclusão
> social, como os polêmicos projetos sobre as cotas em universidades e o
> Estatuto da Igualdade Racial, ainda em discussão no Congresso."
>
> As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo (que
> obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a inclusão
> do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar "a realidade de uma
> sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
> e inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa
> científica no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa
> científica".  Não entendi bem o raciocínio: o *acesso ao ensino
> superior* atualmente já se encontra facilitado por cotas várias e
> diversos tipos de bolsa, e o Lattes nada tem a ver com isso.  Não me
> parece óbvio como o quesito raça afetaria o *acesso à pesquisa
> científica*.  Mas talvez haja alguma área científica em que
> pesquisadores negros estejam sendo atualmente preteridos, no Brasil, e
> eu não estou sabendo.  Bem, já há cotas em vários editais do CNPq para
> pesquisadores do Norte e do Nordeste.  Haverá também em breve cotas
> para cientistas negros, de implementação facilitada pelo Lattes?
> Neste sentido na minha universidade ja há cotas, por exemplo, para
> bolsistas de IC considerados "prioritários".  Estamos certamente
> evoluindo.
>
> Curiosamente, agora que boa parte das pessoas tem preferido não
> declarar sua cor, talvez a porcentagem total de Currículos Lattes com
> a opção "negro" se revele muito maior do que o real, e provoque um
> viés negativo na "evidência" que segundo as autoras deveria ser
> "veiculada de maneira aberta".  Há um adicional interessante:
> protestar contra a inclusão do item no preenchimento do Lattes,
> segundo as autoras, seria "desautorizar pesquisas", e praticar "um
> gesto de obscurantismo".  Por certo *obrigar* cientistas a preencher
> isto *no Lattes* produzirá automaticamente uma pesquisa muito eficaz.
>
> * * *
>
> Pessoalmente, mais interessado fico no *perfil religioso* do
> pesquisador brasileiro do que no seu *perfil racial*.  O motivo é
> simples: religião não combina com ciência.  E, se eu fosse vocês,
> tendo em vista a crescente bancada evangélica no nosso Congresso
> Nacional, também me preocuparia com este tema.
>
> JM
>
>
>
___
Logi

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Marcelo Finger
> Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item
estão
> perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
> norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
> últimos anos.

FALSO.

No formulário de matrícula na pós da USP foi inserido um item com info
sobre raça, renda familiar, etc.  Tudo absolutamenteb opcional.  Ninguém é
obrigado a dizer q se recusa a responder sobre este tema.

[]s

Marcelo

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> Logica-l@dimap.ufrn.br
> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l
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Logica-l@dimap.ufrn.br
http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l


Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Joao Marcos
Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
simplesmente não for do interesse.

Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
mundo era declarado como "branco".)  De lá para cá os cartórios
passaram a omitir sistematicamente a informação.  Há alguns anos
(confiram a reportagem de 2006) houve contudo quem notasse a falta
deste item nas novas certidões e protestasse:
  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0508200628.htm
"A preocupação de Enilda é que sem o item cor, o governo não tem como
fazer estatísticas oficiais sobre a questão racial e, como
conseqüência, não terá subsídios para elaborar políticas de inclusão
social, como os polêmicos projetos sobre as cotas em universidades e o
Estatuto da Igualdade Racial, ainda em discussão no Congresso."

As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo (que
obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a inclusão
do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar "a realidade de uma
sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
e inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa
científica no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa
científica".  Não entendi bem o raciocínio: o *acesso ao ensino
superior* atualmente já se encontra facilitado por cotas várias e
diversos tipos de bolsa, e o Lattes nada tem a ver com isso.  Não me
parece óbvio como o quesito raça afetaria o *acesso à pesquisa
científica*.  Mas talvez haja alguma área científica em que
pesquisadores negros estejam sendo atualmente preteridos, no Brasil, e
eu não estou sabendo.  Bem, já há cotas em vários editais do CNPq para
pesquisadores do Norte e do Nordeste.  Haverá também em breve cotas
para cientistas negros, de implementação facilitada pelo Lattes?
Neste sentido na minha universidade ja há cotas, por exemplo, para
bolsistas de IC considerados "prioritários".  Estamos certamente
evoluindo.

Curiosamente, agora que boa parte das pessoas tem preferido não
declarar sua cor, talvez a porcentagem total de Currículos Lattes com
a opção "negro" se revele muito maior do que o real, e provoque um
viés negativo na "evidência" que segundo as autoras deveria ser
"veiculada de maneira aberta".  Há um adicional interessante:
protestar contra a inclusão do item no preenchimento do Lattes,
segundo as autoras, seria "desautorizar pesquisas", e praticar "um
gesto de obscurantismo".  Por certo *obrigar* cientistas a preencher
isto *no Lattes* produzirá automaticamente uma pesquisa muito eficaz.

* * *

Pessoalmente, mais interessado fico no *perfil religioso* do
pesquisador brasileiro do que no seu *perfil racial*.  O motivo é
simples: religião não combina com ciência.  E, se eu fosse vocês,
tendo em vista a crescente bancada evangélica no nosso Congresso
Nacional, também me preocuparia com este tema.

JM


2013/5/24 Juan Carlos Agudelo Agudelo :
> Voltando à discussão cor/raça no Lattes, me tomo a liberdade de enviar um
> correio que circulou em outras listas acadêmicas que estão discutindo sobre
> o assunto, e que mostra a posição de alguns cientistas sociais que
> trabalham com o tema da desigualdade social/racial no Brasil.
>
> #
>
>
>
> From: Marcos Dias Coelho 
> Subject: [estudosafricanos-ufba] RE: [gtafrica] polêmica sobre inserção no
> CV Lattes da pergunta relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a.
> To: "historia-u...@yahoogrupos.com.br" ,
> "Pesquisadores Negros" ,
> "Linha de pesquisa" ,
> "transdicplinar" , "Cristiane
> Unicamp" , "Vine Unicamp 2" ,
> "Luando Sito" , "Josi Unicamp" ,
> "Ernenek Unicamp" 
> Date: Thursday, May 23, 2013, 7:56 PM
>
>
>
> Ampliando o debate e divulgando...
>
> From: vanijacob...@gmail.com
> To: gtafr...@googlegroups.com
>
> Caros colegas da comunidade acadêmica,
>
>
> Tem causado polêmica a novidade da inserção  no CV Lattes da pergunta
> relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a. Nosso objetivo é, mais uma vez,
> incentivar o debate em nossa comunidade e tentar avançar algumas questões
> envolvidas tanto na introdução do quesito, como na reação que ele vem
> causando.
>
> Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item estão
> perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
> norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
> últimos anos. Além disso, queremos destacar, que, embora a resposta ao
> quesito seja obrigatória, há opção para o pesquisador que não queira assim
> se caracterizar, responder à última alternativa, “não desejo declarar”,
> resguardando dessa maneira a liberdade daqueles que não concordam com a
> implementação de um política de delimitação do perfil sócio-racial do
> pesquisador brasileiro.
>
> Mas vamos à questão de fundo