[VotoEletronico] Re: FC - Abrindo os olhos?
Encomendei o primeiro livro da relação - Os Construtores da Informação - Meios de Comunicação, Ideologia e Ética". EB - Original Message - From: Osvaldo Maneschy To: [EMAIL PROTECTED] Sent: Thursday, November 07, 2002 5:39 PM Subject: [VotoEletronico] FC - Abrindo os olhos? Meditações sobre 27 de outubro de 2002Pedrinho A. Guareschi *Vários amigos(as) me perguntaram sobre o resultado das eleições. Dividido entre estar feliz e uma santa indignação, respondo a todos que acertei nos dois prognósticos: quem ganhou a eleição em nível nacional foi Lula, e a nível de RS foi a RBS. Essa afirmação pode ser chocante e precisa ser justificada, principalmente sua segunda parte. Claro que não estou afirmando aqui que a RBS tenha tanto poder assim! Seria exagerar seu poderio. Mas ao mesmo tempo estou convencido que não podemos ser ingênuos e ficar calados, como se tudo tivesse corrido bem. Não. Vejo uma obrigação moral de apresentar a reflexão que segue, pois estou convicto que algo nessa direção deve ser feito, caso queiramos uma sociedade e uma comunicação mais participativa e democrática.Antes de começar, um ponto importante: como disse acima, se acho exagerado atribuir uma vitória à RBS, por isso mesmo acho também exagerado dizer que não houve razões que ajudassem a se criar um clima negativo contra a esquerda em geral, e o PT em particular. Mas vale aqui a lei do estereótipo: se é verdade que em todo o estereotipo há sinais, ou sementes, de verdade, o estereótipo como tal toma esse estereótipo e o amplia e o multiplica por milhares de vezes. E esse é exatamente o que quero discutir: a maneira como a mídia toma pequenos indicadores e os amplia, construindo a partir deles toda uma REPRESENTAÇÃO SOCIAL negativa e pejorativa.Há pelo menos dois anos vinha alertando que, caso não acontecesse algo de especial, o PT perderia as eleições no RS, pois alguém (há sempre pessoas humanas por detrás das instituições) já vinha fazendo CAMPANHA SISTEMÁTICA há dois anos, isto é, desde 1999, contra o Governo Olívio. E essa campanha se prolongou pelos quatro anos, dia a dia, momento a momento, em doses homeopáticas, construindo uma representação social nítida, eficiente, que se tornou A REALIDADE política do RS.Estou convencido de que não se prestou atenção suficiente a essa variável: a MÍDIA, sintetizada aqui, admiravelmente, pela RBS. Quem analisasse detalhadamente as informações, podia perceber nitidamente que estava sendo criada uma REPRESENTAÇÃO SOCIAL fortemente negativa, desacreditada e pejorativa de ao menos quatro instâncias da vida social e política gaúcha: o próprio Governo Olívio (a pergunta que se fazia, quase diariamente, era "quando Olívio começaria a governar, que ainda nem existia um Plano de Governo..."), do Partido dos Trabalhadores - pintado como o partido do "ódio" -, da questão da segurança pública (incluindo o próprio Secretário da Segurança, o incentivo à divisão e ao conflito entre os órgãos de segurança, as notícias diárias e chocantes sobre crimes e violência como se isso fosse marca exclusiva do RS, etc.), e o Movimento dos Sem Terra (MST), sobre o qual se descarregavam as notícias mais escabrosas e chocantes que aterrorizam qualquer proprietário de casa e terra, por pequeno e pobre que seja, e ferem a sensibilidade de qualquer cidadão comum, como o fato de alguém "ser acordado de madrugada, com uma arma no ouvido, vendo seu cachorro morto e sua vaca de estimação carneada..." (Mendeslki, Rádio Gaúcha, 20 de outubro).Na verdade, essas são as quatro questões que, ao se perguntar por que determinada pessoa não votaria em Tarso, foram mais freqüentemente apresentadas. Repito que pode haver sementes, ou indícios, de algo real na conduta de tais organizações, mas a REPRESENTAÇÃO SOCIAL construída a partir daí tomou uma dimensão exageradamente disforme, que não correspondia mais à realidade dos fatos.O episódio da CPI da segurança, que se transformou numa CPI político-partidária contra o governo e o PT, com o patrocínio de muitos políticos que não sabiam mais como impedir a implementação de um novo projeto político e social realmente novo, nos moldes do projeto político que Lula e o PT planejam desenvolver a nível nacional, serviu como carreador dessas idéias, que foram ampliadas e difundidas de todos os modos, por todos os recantos, em todos os momentos (inclusive durante a campanha), principalmente pela RBS. Os estudos mencionados ao final confirmam tal afirmação.Minha santa indignação provém do fato de que não se pode continuar com uma mídia que, de maneira geral, não cumpre sua tarefa fundamental que é ser responsável por um "serviço público", como diz a Constituição de 1988, que ajude a promover o debate nacional a partir de todas as instâncias da sociedade organizada, i
[VotoEletronico] Re: FC - Abrindo os olhos?
Tudo o que os senhores descrevem abaixo sofrido pelo governo Olívio Dutra, foi uma dose pequena do remédio que o PT aplica em seus adversários. O Pitta por exemplo, foi vítima até de racismo, fato reconhecido até pelo Cardeal Evaristo Arns, por parte da justiça, OAB e imprensa paulistas, não sendo poupados do linchamento nem seu filho e sua mulher que foram usados contra eles. No rio o PT se aliou ao PSDB para cassar Brizola como corrupto arripiando até inimigos ferrenhos de Brizola que declararam que embora inimigos de Brizola o reconheciam como homem honesto e responsável no trato do dinheiro público. O PT chegou ao ponto de pedir a intervenção do Governo Federal com tropas do Exército no governo de Brizola. Agora tem uma pergunta que os petistas do Rio Grande do Sul têm que responder ao público. Que história é essa de que o Governo do Rio Grande do Sul já entrou com mais de 30 processos contra jornalistas e intelectuais? Quem semeia ventos colhe tempestades. - Original Message - From: ebittencourt To: [EMAIL PROTECTED] Sent: Thursday, November 07, 2002 7:09 PM Subject: [VotoEletronico] Re: FC - Abrindo os olhos? Encomendei o primeiro livro da relação - Os Construtores da Informação - Meios de Comunicação, Ideologia e Ética". EB - Original Message - From: Osvaldo Maneschy To: [EMAIL PROTECTED] Sent: Thursday, November 07, 2002 5:39 PM Subject: [VotoEletronico] FC - Abrindo os olhos? Meditações sobre 27 de outubro de 2002Pedrinho A. Guareschi *Vários amigos(as) me perguntaram sobre o resultado das eleições. Dividido entre estar feliz e uma santa indignação, respondo a todos que acertei nos dois prognósticos: quem ganhou a eleição em nível nacional foi Lula, e a nível de RS foi a RBS. Essa afirmação pode ser chocante e precisa ser justificada, principalmente sua segunda parte. Claro que não estou afirmando aqui que a RBS tenha tanto poder assim! Seria exagerar seu poderio. Mas ao mesmo tempo estou convencido que não podemos ser ingênuos e ficar calados, como se tudo tivesse corrido bem. Não. Vejo uma obrigação moral de apresentar a reflexão que segue, pois estou convicto que algo nessa direção deve ser feito, caso queiramos uma sociedade e uma comunicação mais participativa e democrática.Antes de começar, um ponto importante: como disse acima, se acho exagerado atribuir uma vitória à RBS, por isso mesmo acho também exagerado dizer que não houve razões que ajudassem a se criar um clima negativo contra a esquerda em geral, e o PT em particular. Mas vale aqui a lei do estereótipo: se é verdade que em todo o estereotipo há sinais, ou sementes, de verdade, o estereótipo como tal toma esse estereótipo e o amplia e o multiplica por milhares de vezes. E esse é exatamente o que quero discutir: a maneira como a mídia toma pequenos indicadores e os amplia, construindo a partir deles toda uma REPRESENTAÇÃO SOCIAL negativa e pejorativa.Há pelo menos dois anos vinha alertando que, caso não acontecesse algo de especial, o PT perderia as eleições no RS, pois alguém (há sempre pessoas humanas por detrás das instituições) já vinha fazendo CAMPANHA SISTEMÁTICA há dois anos, isto é, desde 1999, contra o Governo Olívio. E essa campanha se prolongou pelos quatro anos, dia a dia, momento a momento, em doses homeopáticas, construindo uma representação social nítida, eficiente, que se tornou A REALIDADE política do RS.Estou convencido de que não se prestou atenção suficiente a essa variável: a MÍDIA, sintetizada aqui, admiravelmente, pela RBS. Quem analisasse detalhadamente as informações, podia perceber nitidamente que estava sendo criada uma REPRESENTAÇÃO SOCIAL fortemente negativa, desacreditada e pejorativa de ao menos quatro instâncias da vida social e política gaúcha: o próprio Governo Olívio (a pergunta que se fazia, quase diariamente, era "quando Olívio começaria a governar, que ainda nem existia um Plano de Governo..."), do Partido dos Trabalhadores - pintado como o partido do "ódio" -, da questão da segurança pública (incluindo o próprio Secretário da Segurança, o incentivo à divisão e ao conflito entre os órgãos de segurança, as notícias diárias e chocantes sobre crimes e violência como se isso fosse marca exclusiva do RS, etc.), e o Movimento dos Sem Terra (MST), sobre o qual se descarregavam as notícias mais escabrosas e chocantes que aterrorizam qualquer proprietário de casa e terra, por pequeno e pobre que seja, e ferem a sensibilidade de qualquer cidadão comum, como o fato de alguém "ser acordado de madrugada, com uma arma no ouvido, vendo seu cachorro morto e sua vaca de estimação carneada..." (Mendesl
[VotoEletronico] Re: FC - Abrindo os olhos? (II)
Esse lamento gaúcho não é bem entendido para quem enxerga a mídia com os olhos da Bahia. A mídia nacional, pois a regional lá dos pampas nós não assistimos, passou a imagem de episódio muito pífio, aquele que talvez tenha sido o único a ser digno de nota por aqui, contra o governo gaúcho: o dos bicheiros. Visto daqui, pareceu que as oposições bateram muito fôfo, ou o episódio em si não tinha muita relevância. Tanto que surgiu entre as esquerdas até a hipótese de a denúncia ter sido vazada por ordem da nacional do PT, que não via com bons olhos o Olívio Dutra pois tinha um viés um tanto antiimperialista prejudicial à nova imagem do PT e era preciso impedir que ele ganhasse a convenção do PT. A questão da FORD também não o desgastou por aqui. Ficou bem conceituado tanto entre os que queriam a FORD na Bahia como entre os que eram contra. A questão mas grave no meu entender e que foi ocultada durante esses 4 anos pela mídia e pelos defensores da liberdade de imprensa e de opinião, é a do governo do RS ter mais de trinta processos contra jornalistas e intelectuais e que só aflorou agora com o affair Regina Duarte. - Original Message - From: Osvaldo Maneschy <[EMAIL PROTECTED]> To: <[EMAIL PROTECTED]> Sent: Thursday, November 07, 2002 5:51 PM Subject: [VotoEletronico] FC - Abrindo os olhos? (II) > > UMA VITÓRIA INCOMPLETA > >Luiz Marques > > O povo brasileiro decidiu por uma mudança nos rumos do país, > ao eleger Luiz Inácio Lula da Silva. Com uma campanha centrada na idéia de > uma nação una, capaz de superar as graves desigualdades que cindem a > geografia social do Brasil e promover o desenvolvimento econômico através > de um "novo pacto", Lula confirmou a vitória da esperança contra o medo. > Uma conquista que veio acompanhada de um crescimento da bancada do PT no > Senado e na Câmara Federal, e do aumento de cadeiras nas Assembléias > Legislativas em praticamente toda a Federação. A conclusão, pois, em > termos nacionais diz respeito à receptividade das propostas condensadas no > neologismo: petismo. Os desdobramentos internacionais irão revigorar a > luta pela superação do neoliberalismo no mundo inteiro, ajudando na > reinvenção da utopia socialista após duas décadas de crise civilizacional. > > No Rio Grande do Sul a alegria se misturou às lágrimas com a > derrota eleitoral de Tarso Genro. Compreender, com serenidade, as razões > do insucesso regional é fundamental para prospectar próximos embates > institucionais. Há que recuperar a história do bloqueio da mídia às ações > do governo Olívio Dutra, os equívocos cometidos ao longo dos últimos > quatro anos que influíram no imaginário popular, até chegar às prévias que > definiram a candidatura da Frente Popular. E à linha implementada durante > a campanha, em especial na etapa inicial da disputa com a direita. > > Bloqueio. O silêncio e as distorções midiáticas impostas às realizações > objetivas e às atitudes subjetivas empreendidas e assumidas pela > administração estadual mostrou, mais uma vez, o risco que corre o regime > democrático com os monopólios de comunicação. Não se trata, simplesmente, > de acusar a parcialidade ululante da imprensa. Mas, pior, de denunciar a > destruição do fundamento da própria democracia liberal, que se baseia na > possibilidade do juízo individual operar escolhas com autonomia e > discernimento. Como um aparelho ideológico privado, a mídia hegemônica > ocultou as rupturas do atual governo criando um ambiente de desinformação > e induzindo a preconceitos a avaliação da gestão na opinião pública. Para > completar, divulgou pesquisas infladas sobre a intenção de votos no prócer > do PMDB às vésperas da eleição, com o claro intuito de canalizar a vontade > geral dos eleitores. Ao que, autocriticamente, deve-se acrescentar o fato > de que a própria comunicação governamental falhou no empenho de informar a > sociedade e interpelar os movimentos sociais sobre conquistas importantes > e demarcatórias obtidas em diversas áreas. Sempre na contracorrente do > quadro herdado de falência das finanças estatais. > > Equívocos. A esquerda lidou mal com o imaginário popular como se a > materialidade dos projetos da administração pudesse compensar o descaso > com os símbolos políticos. O ataque ao relógio dos 500 anos e a invasão > das lavouras transgênicas, por um lado; por outro, a bandeira do MST na > Secretaria da Agricultura e as cartilhas da Secretaria da Educação > contribuíram para retirar do governo, no plano simbólico, a universalidade > indispensável para implementar políticas com autoridade reconhecida > socialmente. Assim, conquanto corretas e justas, as políticas de tais > pastas foram com facilidade classificadas de "partidárias" e > "autoritárias" pela oposição. Declarações e circulares oriundas da > Secretaria de Segurança reforçaram a pecha oposicionista. Nestes casos, > amplamente difundidos, restou evidente a debilid