Aos amigos Carlos Haddad (CH) e Jefferson Abreu (JA), e quem mais queira 
ler. 
     Saudações 


     1. Li com cuidado as três mensagens de vocês (a primeira, de 20/11, do 
CH,  sobre o mapa sem a Amazônia, a segunda, de 21/11, do JA, com críticas à 
anterior e a terceira, de 21/11, do CH, respondendo). Confesso que me 
surpreendi, não com o cerco dos gringos (real, mas já sabido por mim), mas 
com o samba do criolo doido que se formou em meus poucos neurônios 
disponíveis. 

     2. A primeira carta, do CH, tem intenção clara: comunica que há mapa(s) 
do Brasil sem a Amazônia (eu já lera sobre isso em 11/2000), diz que ela 
está sendo cercada (Colômbia, Suriname, Alcântara, Foz do Iguaçú e 
complementos – futuras bases na Argentina), que isso é indício de más 
intenções (concordo), cita testemunhos (Nota: considero o Bautista Vidal um 
autor sério, digno de todo o crédito), e termina deixando subentendido para 
os bons entendedores que, pelos vários precedentes acontecidos no mundo todo 
(e pelos inúmeros pronunciamentos de autoridades estadunidenses), eles não 
titubeiam em rasgar tratados e atacar sem dó quando seus interesses 
geopolíticos e econômicos estão em jogo. (Complementando: se não houver 
motivos palatáveis, inventam-se; não há nada que uma campanha dos meios de 
comunicação, por semanas e meses a fio, não consiga: o diferente torna-se 
suspeito, o suspeito vira culpado, o culpado vira criminoso, condena-se, 
ataca-se, executa-se; depois explica-se, quando e do modo que for 
conveniente). Agora, se o inglês do livro que contém o mapa é precário, isso 
é outra história; os fatos, qualquer que seja o dialeto, são observáveis. 

     3. A segunda carta, do JA, deixou-me convicto que meu QI baixou, tal o 
número de dúvidas que acarretou. Havia uma série de afirmações, de opiniões, 
de interpretações,  muitas fora do contexto, várias coisas contra as quais 
nunca vi o Haddad objetar. Não ficou claro para mim o que estava em 
discussão e qual a(s) tese(s) do JA. A assertiva "Os fatos são de 
conhecimento público há tempo" não corrobora nem desmente nada 
(Complementando: em 11/2000 eu já lera essas denúncias na internet, sem 
mapas). "É pura chantagem". De quem, contra quem? Não entendi o porque das 
referências "às Forças Armadas, ao governo militar, à ditadura, ao 
comunismo, ao neo-liberalismo, ao sucateamento, aos desmandos", pois a carta 
do CH não citou nada disso. Também não deu para perceber porque o alerta do 
CH "enfraqueceria a defesa nacional". Não é ao contrário? A finalidade dos 
brados de alerta não é deixar-nos alertas? Quanto à afirmação que são 
funções dos militares: defender a soberania, o território, o estado de 
direito, serem nacionalistas etc., é difícil discordar (sei que o CH também 
concorda), e é óbvio que essas funções não são exclusivas dos militares; 
também quero participar. Para mim não ficou clara a posição do JA em relação 
aos vários assuntos abordados. 

     4. Quanto aos “malucos que opinaram pela internacionalização", como a 
Tatcher (escrevi certo?), devo entender que o são pela opinião expressada? E 
os dirigentes do G7 também o são? JA diz não "ter receio". Por quê? Tenho a 
certeza que, se interessar, eles agem; e não adianta espernear (Pergunte aos 
palestinos, aos curdos, aos tchetchenos, aos tibetanos). Mais dúvidas: Por 
quê essa denúncia “inibe os avanços da sociedade brasileira"? Como o mundo 
"encurralaria os invasores"? Reagiríamos como? Se o JA tem informações 
privilegiadas, por favor, divida-as conosco (prometo não divulgar). Esse 
roteiro otimista (reação mundial) pode até dar certo, mas convenhamos que é 
perigoso confiar só nele. Talvez seja mais prudente analisar melhor os 
indícios e, se for o caso, começar a reagir já. "Participar ao Conselho de 
Defesa Nacional, às Forças Armadas, ao Ministério Público" não significa dar 
credibilidade às denúncias? E não é justamente essa divulgação que o CH 
estava querendo? 

     5. Quanto ao material ter aparecido neste Forum, sou um dos que 
reclamam quando saímos do rumo, mas todos já cometemos este pecado, e o 
assunto tem importância para justificar uma exceção (desde que não atrapalhe 
o objetivo principal). Consideremos ainda que, após a deturpação no Senado 
da lei que defendemos (Requião/Tuma), estamos à procura de alternativas para 
reagir, esperando a votação na Câmara. Lembro que a impressão do voto, a 
desvinculação da identificação e a abertura dos programas, não estão 
garantidos, para podermos "conquistar a democracia". Também concordo em 
"mandar os americanos embora". Mas, quem vai mandar? Nós? E se eles 
desobedecerem à ordem? E por quê "adeus G7 se a Amazônia for 
internacionalizada"? 

     6. A resposta do CH (21/11) também tem algo de estranho, é meio 
lamentosa. Primeiramente, estende-se respondendo a (e às vezes concordando 
com) uma série de coisas fora do contexto. Fala da importância da água nos 
próximos decênios (há previsões sobre a escassez de água não poluída em 
grandes áreas da Terra). Isto justificaria parte (pequena) da cobiça externa 
(além dos minérios estratégicos, da madeira, da diversidade biológica etc.). 
Estranhei o prazo de 3 anos; não sei se a ocupação se dará neste prazo, mas 
é inegável que algo preocupante está em curso. Por via das dúvidas, acho que 
deveríamos (o JA inclusive) começar a berrar já. No máximo vamos gastar o 
berro. E se lá descobrirem petróleo comercializável, então estaremos 
envolvidos a médio prazo, pois o Governo Busch é ligadíssimo às companhias 
petrolíferas. 

     7. Agora, o que é preciso tratar com o máximo cuidado é essa história 
dos Yanomamis. Boa parte do que o CH escreve é de conhecimento público; 
quando comecei a ler sobre eles, eram uns 10.000. Este povo antiquíssimo já 
foi por demais sacrificado pela civilização, pelos garimpeiros, pelos 
governos etc.. Sofreram milhares de mortes (o Severo Gomes era um grande 
defensor deles). A terra sempre foi (é) deles; seria desumano sacrificá-los 
mais, falem ou não o Português. Precisamos ter cuidado para não virarem 
joguete nas mãos dos "civilizados", se é que já não viraram. Temos que 
respeitar os direitos deles, sem permitir que outros usem esse povo para 
seus próprios interesses. Por fim, eu não sou cristão ortodoxo, mas concordo 
com o dito sobre a Tchetchênia (lá já passam oleodutos). 

     Após ter escrito tudo isto (ufa!), chegou a quarta mensagem, de 23/11, 
de JA, e senti-me na obrigação de comentá-la também: 

     8. Com esta carta JA esclareceu algumas de minhas dúvidas (não todas). 
Não achei que JA teve a intenção de ofender quem quer que seja (os debates 
da lista são de bom nível), porém penso não ser idiotice a idéia da 
tentativa de tomada de posse da Amazônia. As condições são bem diferentes da 
anexação do Texas, por exemplo, mas não são as diferenças que me preocupam, 
mas sim as semelhanças; depois, na maior cara de pau, sempre arranjam 
justificativas kafkianas (neste momento, não estão bombardeando Kunduz 
selvagemente, matando e mutilando civis - tão culpados quanto nós dois?; já 
fazem isso há 47 dias, com B52´s e bombas de fragmentação, na mais pura 
covardia, e a justificativa (sem sentido) é acertar UM suspeito, criado e 
armado pelos EUA, citado por Reagan como "combatente da liberdade"). Como 
disse Gore Vidal, a Mafia é da Sicília, mas você não a bombardeou por causa 
disso. 
     O caso dos oleodutos e jazidas de petróleo saiu em fins de outubro, 
penso que na Folha de S.Paulo, com mapas (oleodutos existentes e 
projetados). Há uma versão de fonte categorizada que afirma que Bin Laden se 
voltou contra os EUA porque os mesmos não cumpriram a promessa de sustar o 
massacre dos palestinos (e os EUA continuaram se alinhando 
incondicionalmente com Israel). O fato é que até agora o homem continua 
apenas suspeito, pois não apresentaram provas de sua autoria nos atentados. 
     A frase "A tomada da Amazônia pode ocorrer sim..” deu nó de novo, pois 
antes JA escrevera “..disse que era idiotice...a idéia de alguém pensar em 
tomar territorialmente a Amazônia". Então é plausível? Agora ficamos sabendo 
que já há até plano de contra-ataque para expulsá-los. 
     Quanto ao sistema de eleição fraudulento, assinamos em baixo. 
     Em relação à água, sua análise mostra conhecimento do assunto, embora 
certas conclusões sejam não consensuais. Aceito que, para todos os efeitos 
práticos, "água não acaba" (dependendo do tratamento, até esgoto vira água 
potável). Mas o que estudos têm demonstrado (saiu publicado esses dias o 
mapa da escassez presente e futura do planeta; até a China vai mal, e no 
Oriente Médio água também é motivo de guerra) é futura falta drástica de 
água doce em amplas regiões da Terra, devido poluição orgânica e química dos 
mananciais, destruição de florestas, mineração, descuido com as nascentes, 
agricultura intensiva etc.. Quando fui consultor da Cetesb e da Sabesp 
(S.Paulo), desenvolvi modelos computacionais para análise da poluição em 
bacias hídricas e sei o custo de buscar água para a cidade de S.Paulo, 
comprometendo bacias inteiras, cada vez mais distantes. 
     Também, não dá para comparar o ciclo da água com o ciclo do petróleo. 
Mas o custo de captação (barragens), de tratamento e transporte não é baixo 
(aliás, é cada vez mais alto). 

     Abraços aos dois. 

     Walter Del Picchia 
         S.Paulo/SP 


     Em tempo: Vamos parar de denominá-los "americanos" ("Eles é que cometem 
essa auto-denominação autoritária que define a parte como se fosse o todo" - 
F.Alambert/Mais/Folha de S.Paulo, 21/10/2001). Nós também somos americanos 
(do sul) e não aceito ser confundido com um país que alardeia defender "a 
paz, a justiça, a liberdade", enquanto trata inocentes de modo tão 
prepotente, cruel e desumano. “Norte-americanos” também não serve (e os 
mexicanos, não o são?). Pois é, a nação mais belicosa do planeta (Gore Vidal 
listou cerca de 400 ataques feitos pelos EUA contra outros países - Folha de 
S.Paulo, 24/11/2001), simplesmente não tem  nome. Sugiro que os chamemos de 
“estadunidenses”. 
                             xxxxxxxxx 

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