Puxa, Rodrigo, até que enfim alguem interessado em entender o Prof. arthur. Se nota quando a pessoa não é educada via Wikipedia!
Renato. PS: no Brasil os acadêmicos deveriam imitar o eduardo Viveiros de Castros e ter um mestre indígena...se não tem rastro de civilização em Roma, imagina aqui "em todo território nacional" Quoting Rodrigo Oliveira <[EMAIL PROTECTED]>: > > > > Entendo o que defende Arthur, creio. Pra você a filosofia está > vinculada a um projeto de salvação, como o chama Schopenhauer, por exemplo > (alias, um exemplo claro de que a filosofia oriental não foi de todo > esquecida). A filosofia busca uma salvação sem Deus, sem dogmas, uma salvação > através do pensamento crítico. Trata-se de buscar o conforto, mas não a > qualquer custo. A filosofia de certo modo substitui as religiões como doadora > de sentido para a vida. Não é apenas questão de buscar conforto, esse > conforto tem que passar pela crítica. Os grandes questionamentos da filosofia > surgem da constatação da finitude do homem: somos seres finitos e > temos consciência disso ("Buda foi originalmente um filósofo que > buscou uma solução para o problema da morte, doença e velhice"). > Grosso modo a questão central da filosofia é: qual o sentido da > vida? Ou ainda: Como atingir a vida feliz? Não se trata de aderir a > um credo e pronto, trata-se de alcançar a vida boa, exige esforço e > empenho e a razão é o principal instrumento. Esse projeto perpassa a > história da filosofia. Sócrates mesmo vai > dizer que a filosofia nos prepara para a morte. A filosofia de > Epicuro e dos estóicos retratam bem isso. Montaigne diz "filosofar é > aprender a morrer". Uma das perguntas centrais da filosofia para > Kant é "O que nos é permitido esperar?" > > > > Outro modo de colocar a questão: A metafísica > englobava o individuo e dava sentido a vida para os gregos, o > individuo só encontra seu sentido na polis, ela fornece a unidade, > fora da polis há animais ou deuses. Na idade media o mundo era um > palco para a > salvação, Deus dava sentido e mantinha a unidade. O indivíduo > encontra sentido ao relacionar-se com essa estrutura objetiva que o > engloba. Nos séculos seguintes o > individuo foi emergindo, ganhando importancia e o Estado é que passa > a conferir esse sentido e mantem a unidade. O indivíduo, apenas, > não encontra sentido, o sentido tem que ser coletivo. Hoje o > individuo foi alem e nada parece se sobrepor a ele, nada nos > engloba e nos une, nem metafísica, nem Deus e nem Estado. Eis > porque sentimos falta de legitimidade, de > algo que dê sentido a nossas vidas, de uma vida autêntica. Sempre > houve uma estrutura objetiva que nos > englobasse e nos fornecesse sentido, hoje nada parece cumpir essa função: > caberia a filosofia essa tarefa? Muitos acreditam que sim. Muitos buscam > respostas na filosofia oriental. Mas o grande astro aqui é o biocentrismo e a > consciência ambiental. Muitos consideram que a tarefa da filosofia > hoje é encontrar uma alternativa capaz > de unir a importancia do indivíduo e da liberdade com uma estrutura > objetiva que dê sentido. > > Junto com o projeto da salvação não religiosa, outro projeto que > desde cedo acompanha a filosofia é o projeto de fundamentação do > conhecimento. Existem várias ciências, mas estas ciências, por sua > natureza axiomática, não fundamentam seus axiomas, cabe a filosofia > faze-lo, nomeadamente à metafísica: ciência dos primeiros > princípios, ciência das ciências e etc. Em suma um sistema capaz de > unificar as ciências tendo como chão a filosofia.Que alguns se > 'perdem' no > caminho e ficam apenas com joguinhos intelectuais e quebra-cabeças > creio que você quer dizer que eles ficam apenas nesse projeto que > envolve questões epistemológicas e ontológicas, sobretudo. Com a > virada linguística e a virada pragmática depois outros problemas > surgiram. Note que muitos rejeitam conscientemente a questão da > salvação ou consideram ela um aspecto secundário. Talvez a própria > palavra salvação não agrade alguns, mas significo com ela o que você > mesmo disse: "Uma boa filosofia deveria servir para todos os fins, > para mobilizar todo o organismo humano em suas mais diversas facetas." > Se for isso que você acredita, bom a filosofia ocidental não está > tão mal quanto você diz. Você encontrará isso em praticamente todo > grande filósofo > ocidental (alguns desconsideram a questão da salvação e tem motivos > para isso). Nietzsche diz de Kant que toda a Crítica da Razão Pura > serve > apenas para tirar ética e religião do campo de disputa da razão e > protege-las. O edificio moral é o que Kant no fundo quer defender. > Defender a ética e > a possibilidade da salvação. (No livro Aurora, número 3 do > prefácio). Salvando a religião do campo de disputa da razão ele > mostra seu interesse na salvação. > Descartes age de modo parecido, preocupa-se sobretudo com a questão > da fundamentação, deixa a salvação para a religião. Os filósofos > ateus de igual > modo tem uma teoria da salvação. > > Eu não recomendaria pesquisas de universidade para um publico leigo. Elas são > por natureza literatura especializada, mas direta ou indiretamente se referem > sim a essa questão da filosofia como salvação. A filosofia tem uma > tarefa a cumprir na questão do conhecimento e da > ética, mas sim, essa questão da salvação sempre esteve presente. > Reduzir a filosofia a pensamento crítico e autonomia ou a um > pensamento > rigoroso não é correto, isso é uma condição necessária para > realiza-la, mas não > suficiente. O cerne da filosofia é a finitude humana e a salvação > não-religiosa. > > > > É algo assim Arthur? Eu não me interessaria tanto pela filosofia se ela não > tivesse esse lado, mas compreendo bem as razões para rechassar esse ponto de > vista. Ainda não estou certo se ela deve ser mantida hoje ou não. > Heidegger e Popper por exemplo abandonaram a questão da > fundamentação última. Outros abandonam a questão da salvação. Note > contudo que os dois maiores filósofos do século passado são > Heidegger e Wittgenstein, em Heidegger a questão da salvação se > identifica com da vida autêntica que grosso modo consiste em fazer > filosofia e em Wittgenstein, Paulo Margutti mostra bem a questão da > salvação no Tractatus (Iniciação ao Silêncio, alias passou um > semestre na India para entender melhor esse silêncio místico) e nas > Investigações a salvação consiste grosso modo em não pensar > metafísicamente, uma 'terapia filosófica'. Li um artigo que mostra > algumas semelhanças entre a filosofia das Investigações e o Zen. > > Escrevi correndo e grosso modo. Claro, deveriamos aprofundar mais em > vários pontos, mas fica uma imagem, serve para nos orientarmos. > > Agora quanto ao Russel, nutro o mesmo respeito por ele, mas olha o > que ele disse: "No seu octogésimo aniversário, Russell > ofereceu um conselho típico > de longevidade. Recomendou 'um hábito hilariante de controvérsias > olímpicas', que nos mantivesse ocupados e que evitássemos todos os > tipos de excessos - > excepto fumar. ("Até à idade de quarenta e dois anos > fui um abstémio. Mas, nos últimos sessenta anos tenho fumado incessantemente, > parando somente para comer e dormir")" > > > Abraço > > Rodrigo > > > From: [EMAIL PROTECTED] > To: logica-l@dimap.ufrn.br > Date: Wed, 17 Sep 2008 20:10:00 -0300 > Subject: [Logica-l] RES: falhas graves da "filosofia" acadêmica ocidental > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > Caro Rodrigo, com > respeito à reportagem citada da Revista ?Isto É?, vejo apenas uma > sede cada vez maior do público por um conhecimento mais elevado, e daí tal > público supõe que o mesmo pode ser encontrado nas pesquisas de ?filosofia? > das universidades. As mesmas oferecem ao público no máximo diversos jogos > intelectuais de quebra-cabeças, diversas formas de excitação > intelectual, o que > é capaz de aplacar a sede intelectual de muitos, mas não a sede daqueles que > possuem um discernimento para reconhecer que a busca da Verdade não > consiste em > montagens de quebra-cabeças e solução de enimas intelectuais, mas sim em um > comprometimento e engajamento de todo o organismo, de todo o corpo físico, > emoções, intelecto e intuição para focalizar o Sentido essencial de Tudo. > > > > a) Arthur > Buchsbaum > > > > > > > > De: > [EMAIL PROTECTED] [mailto:[EMAIL PROTECTED] Em > nome de Rodrigo Oliveira > > Enviada em: quarta-feira, 17 de setembro de 2008 17:43 > > Para: logica-l@dimap.ufrn.br > > Assunto: [Logica-l] FW: falhas graves da "filosofia" acadêmica > ocidental > > > > > > > > > > Arthur: > > Segue uma notícia que mostra que seu ponto de vista Arthur está, no mínimo, > > desatualizado. A filosofia está na moda na verdade. > > A velha crítica sobre a filosofia acadêmica não procede, creio eu, > são inúmeras > > as obras de divulgação e de aproximação com o público. > > Mesmo assim soa estranho afirmar que por não incluir a filosofia oriental o > público > > desgostou da filosofia. Não vejo qualquer relação. > > > > Filosofia em alta - Revista Isto É: > http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2014/artigo91916-1.htm > > > > > > > > Comportamento > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > Filosofia > em ALTA > > Ela é disciplina obrigatória nas escolas, mania na tevê, nas empresas e até > nos livros para crianças > > > > RODRIGO CARDOSO > > > > > > > > > > CONTEÚDO > Gabriela Campana, 17 anos, reúne-se com amigos para debater as idéias de > Nietzsche e Maquiavel > > > > > Empresascontratam filósofos > para palestras e consultorias, crianças de cincoanos travam o primeiro > contato com o tema e, fora da sala de aula,adolescentes se reúnem para > debater idéias de Nietzsche e Platão.Nascida na Grécia há mais de dois mil > anos, a filosofia encontraterreno cada vez mais fértil no Brasil ? até > mesmo na tevê. No programaFantástico, da Rede Globo, o quadro ?Ser ou > não ser? sobre filosofiaentrará em sua terceira temporada. ?A > filosofia está em alta?, afirma afilósofa Viviane Mosé, apresentadora > da atração. Ela, que carrega omérito de tornar didático um tema pouco > palatável, conclui: ?O que estáem baixa é a forma acadêmica de > pensar.? > > A crítica deViviane é para o projeto de lei, > recém-sancionado pelo governo federal,que obriga as escolas do > País a incluir > filosofia e sociologia nocurrículo do ensino médio. ?Da maneira como o > ensino é fragmentado, afilosofia vai ser mais uma decoreba sobre quem é > Sócrates e quandonasceu Platão?, teme ela. Mas há boas iniciativas, > como a do Centro deFilosofia Educação para o Pensar ? Filosofia com > Crianças, Jovens eAdolescentes, que ensina o tema para alunos a partir de > cinco anos.Constituída de educadores e filósofos, o centro tem > parcerias com > 300escolas do País. O método de ensino faz o aluno discutir > filosofia emtodas > as disciplinas, e não apenas em uma matéria. ?Prestamosassessoria > pedagógica para professores e produzimos o materialdidático, que é adaptado > ao nível cognitivo do aluno?, explica JoséCarlos Freire, assessor > pedagógico do centro. Filósofo e professor daPontifícia > Universidade Católica > (PUC) de São Paulo, Mário SérgioCortella também foca nos filósofos mirins. > Ele lançará este ano O que épergunta, seu primeiro livro sobre > filosofia para > crianças. O interessedo mercado editorial pelo tema é crescente. > > ?Pormuito tempo, a tecnologia fez o mundo focar > no ?como? em detrimento dos?porquês? e, enfadadas, > hoje as pessoas procuram reflexões?, explicaCortella. No > ano passado, ele deu 30 palestras sobre filosofia e ética para gestores do > Banco Bradesco.?Ficou chique > consumir filosofia?, diz o acadêmico, que discursa aindaaos > funcionários da metalúrgica Gerdau sobre a diversidade humana. NoRio, a > filósofa Viviane segue o mesmo caminho. ?Ajudo o executivo a lero que > acontece no mundo contemporâneo e a agir no presente?, afirma. > > Entreseus clientes estão a Petrobras, a Vale, O > Boticário e o Banco deDesenvolvimento do Espírito Santo, que a > contratou para > falar sobreética e comprometimento aos funcionários. Um dos maiores centros > decursos livres na área de humanidade, a Casa do Saber também > percebe omaior > interesse pelo tema. Criada em São Paulo, hoje atua também no > Riode Janeiro e > expandiu o número de cursos de filosofia de nove, em 2004,para os > atuais 175. > > Componente curricular excluído daescola pela > ditadura em 1968, a filosofia seguiu existindo em > colégiosparticulares, como > o Santo Américo, em São Paulo, que desde 1975 ensinaa disciplina. Aluna do > terceiro ano do ensino médio, Gabriela Campana,17 anos, reúne-se > com amigos, > durante as férias, para debater as idéiasde Nietzsche e Maquiavel. > E filosofa > ao falar do valor do conhecimento:?Para estabelecer princípios e formar > uma maneira própria de agir épreciso saber como outras pessoas pensavam o > mundo e tentavammelhorá-lo.? > > > > > > http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2014/artigo91916-1.htm > > > > > > > > > > > > > _________________________________________________________________ > Conheça o Windows Live Spaces, a rede de relacionamentos do Messenger! > http://www.amigosdomessenger.com.br/ ---------------------------------------------------------------- This message was sent using IMP, the Internet Messaging Program. _______________________________________________ Logica-l mailing list Logica-l@dimap.ufrn.br http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l