Carlos, especialista é uma coisa, erudito é outra. Tem que ter erudito de visão 
ampla no controle. Conheci alguns: David Pérez, Carpeaux, Houaiss. 

E Newton. Me delicio sempre com a erudição do Newton. 

Erudição é essencial. 

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On 02/06/2012, at 20:30, Carlos Gonzalez <gonza...@gmail.com> wrote:

> Caro Francisco,
> 
> Eu não usaria a expressão "gente erudita", não que seja contrário a
> que, digamos, Aristóteles contribua na Wikipédia, mas talvez seja
> pedir demais.
> 
> Eu diria que artigos científicos, filosóficos, etc., têm de ser
> escritos por especialistas (pesquisadores, etc.) no tema, porque faz
> diferença. E tem de aparecer o que é consenso na maioria da comunidade
> científica da especialidade, embora possam ser colocadas também
> posições dissidentes, minoritárias, etc.
> 
> O debate da erudição é complicado por muitas questões. Tipicamente, de
> um lado tem uma pessoa que compreendeu muito pouco, mas pensa que
> sabe, e do outro alguém que realizou, durante muitos anos, um estudo
> aprofundado, que vê um abismo entre o seu conhecimento precário de
> antigamente e o atual. Nessa situação está todo dado para começar um
> guerra entre eruditos e leigos, que como toda guerra, cria posições
> antagônicas irreconciliáveis, radicaliza a morte. Essa guerra mata
> toda  humildade e toda modéstia. Ninguém reconhece mais ou seus
> limites, a sua sã ignorância, etc. Mas todos, ou quase todos, saem
> prejudicados.
> 
> Vc pensará que o problema fundamental está nos que pensam que sabem,
> mas sabem pouco, quase nada. Eu penso que isso é somente uma cara da
> moeda, um aspeto de um problema complexo. Também não vou negar que os
> meios de difusão tentam constantemente enganar as pessoas fazendo
> acreditar que já sabem o suficiente para a vida. Para tirar vantagem,
> muitos outros tomam o mesmo trem, inclusive universidades privadas,
> enganando aos alunos, fazendo de conta que os estão formando. Claro
> que também muitos políticos e religiosos tentam se beneficiar dessa
> maneira.
> 
> A outra cara da moeda são pesquisadores e especialistas sinceros e
> humildes, que acreditam que depois de uma vida inteira de estudos,
> também sabem muito pouco. Sim, sim, poderíamos dizer, mas um milésimo
> é muito mais que um trilionésimo, o que é verdade, mas tudo dá em
> frações, todo ser humano é limitado e todo o que ele faz, poderia ter
> sido melhor feito.
> 
> A metáfora do bazar não deve ser mal entendida: não é um lugar no qual
> só é vendida porcaria. Entre os desenvolvedores de Linux têm muitas
> pessoas que eu considero entre os melhores programadores do mundo,
> muito longe de um irresponsável dando palpites na lista de discussão
> do kernel. Mas, incluso esses últimos, são suportados nas listas de
> discussão, se a situação não passar dos limites. Por outro lado, eu já
> participei de projetos de software no quais as pessoas não tinham nem
> ideia da complexidade de algumas coisas e das suas próprias
> limitações, propondo-se tarefas que jamais poderiam concluir.
> 
> Se a Wikipédia têm administradores arbitrários e arrogantes, isso
> forma parte dos trabalhos colaborativos. Eu reconheço, inclusive, que
> algum administrador pode estar fazendo mais dano que bem na Wikipédia.
> Mas se eu tivesse saído de um emprego cada vez que tinha um chefe
> insuportável, não teria trabalhado quase nada na vida (ou teria
> morrido de fome). Vc vai adorar um velho ditado argentino:"El que sabe
> sabe y el que no sabe es jefe".
> https://www.google.com/search?source=ig&hl=en&rlz=&q=%22El+que+sabe+sabe+y+el+que+no+sabe+es+jefe%22&oq=%22El+que+sabe+sabe+y+el+que+no+sabe+es+jefe%22&aq=f&aqi=g-K1&aql=&gs_l=igoogle.12..0i30.871.871.0.2467.1.1.0.0.0.0.209.209.2-1.1.0...0.0.eADdtwoRgww
> 
> Carlos
> 
> 2012/6/2 Francisco Antonio Doria <famado...@gmail.com>:
>> Tentei colaborar, me chutaram. Joguei pro alto.
>> 
>> Só encontrei um wizard brasileiro sensato. Os demais são... bem, deixa pra
>> lá.
>> 
>> Colaborei em enciclopédias e dicionários, já. Alem de um de minha própria
>> coautoria, colaborei com Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira e depois com
>> Antonio Houaiss. Houaiss se cercava de gente top, como Carpeaux e Ismael
>> Cardim. Daí minha convicção que enciclopédia se faz - nos wizards - com
>> gente erudita. O que certamente não é o caso da wiki brazuca.
>> 
>> Boa sorte a vc!
>> 
>> 2012/6/2 Joao Marcos <botoc...@gmail.com>
>> 
>>> Olá, Doria:
>>> 
>>> Só para não lhe deixar sem resposta sobre este assunto.  Não sei bem
>>> qual a proposta de "debate", mas confesso que nunca me meti com a
>>> política wikipédica, e não sei se tenho algo a acrescentar ao assunto.
>>>  Também tenho dúvidas de que haveria qualquer outra comunidade
>>> interessada em tal debate --- afinal, a coisa já "está lá" e
>>> "funciona".  De todo modo, o assunto certamente escapa ao escopo desta
>>> lista.
>>> 
>>> Ainda acredito que podemos *colaborar* para melhorar a iniciativa
>>> wikipédica (com ou sem acento), ao menos no que diz respeito às nossas
>>> áreas de competência, para benefício de comunidades de usuários cada
>>> vez mais amplas.
>>> 
>>> Abraços,
>>> Joao Marcos
>>> 
>>> 
>>> 2012/6/1 FAD 2 <famado...@gmail.com>:
>>>> Vamos abrir o debate, Wiki e Universidade. Quem topa?
>>>> 
>>>> Sent from my iPhone
>>>> 
>>>> On 31/05/2012, at 00:07, Carlos Gonzalez <gonza...@gmail.com> wrote:
>>>> 
>>>>> Caro Francisco,
>>>>> 
>>>>> Eu teve, na realidade ainda tenho, problemas com administradores da
>>>>> Wikipédia. Além disso, na mesma Wikipédia tem polêmicas várias
>>>>> envolvendo administradores. A Wikipédia tem por volta de 30
>>>>> administradores, o que é muito pouco. Isso complica ainda mais as
>>>>> coisas.
>>>>> 
>>>>> Entretanto, eu penso que isso não é uma doença crônica incurável, mas
>>>>> algo que pode ser superado. Entretanto, superar isso é uma dura prova
>>>>> de convivência. Eu acho que vale a pena, porque o que está em jogo é a
>>>>> democratização e popularização do conhecimento, como duzentos anos
>>>>> atrás começaram a fazer Diderot e D'Alembert.
>>>>> 
>>>>> E também é uma oportunidade para criar um novo espírito, uma nova
>>>>> maneira de ser. Como se a coisa fosse passando, aos poucos, da
>>>>> catedral ao bazar.
>>>>> http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Catedral_e_o_Bazar
>>>>> 
>>>>> Faz muitos anos, encontrei um bug no código fonte de um utilitário que
>>>>> acessava o disco no baixo nível. Todo tímido, consciente do meu
>>>>> desconhecimento nesse nível, eu escrevi para o desenvolvedor: "não
>>>>> entendo porque tal linha de código faz isso no lugar de aquilo". Ele
>>>>> me respondeu: "Obviamente, é um bug. Obrigado".
>>>>> 
>>>>> Por isso quando alguém enfatiza um erro da Wikipédia, mas não os erros
>>>>> de livros famosos, mundialmente famosos, devemos dizer "obviamente é
>>>>> um erro, obrigado", pois
>>>>> 
>>>>> "Dado um número de olhos suficiente, todos os erros são triviais"
>>>>> 
>>>>> Talvez devamos abrir um grande debate sobre "Wikipédia e Universidade"
>>>>> (ou pesquisadores, ou ciência, ou algo parecido).
>>>>> 
>>>>> Eu me lembro do Fedro, quando Sócrates quer que seja indiferente se
>>>>> algo foi dito por um deus, um orador ou uma árvore, e seja considerado
>>>>> o discurso em quanto tal (ou algo parecido).
>>>>> 
>>>>> Carlos
>>>>> 
>>>>> 2012/5/30 FAD 2 <famado...@gmail.com>:
>>>>>> Tentem discutir com os wizards da wiki brazuca...
>>>>>> 
>>>>>> Sent from my iPhone
>>>>>> 
>>>>>> On 30/05/2012, at 16:24, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> wrote:
>>>>>> 
>>>>>>> Pois é, Decio, a ideia é cada um ir mudando uma coisinha aqui e outra
>>>>>>> ali, até que o texto convirja para algo essencialmente correto.  Tem
>>>>>>> funcionado bem na Wikipedia-sem-acento, não tem porque não funcionar
>>>>>>> na Wikipédia-com-acento.  Não conheço melhores editores para coisas do
>>>>>>> gênero que você citou do que os seus alunos, sob a sua orientação.
>>>>>>> Não conheço também outra receita para fazer um wiki "funcionar".
>>>>>>> Sentar e esperar nem sempre funciona, apenas reclamar também não.
>>>>>>> 
>>>>>>> Acredito, sim, que mais vale orientar alunos para produzir textos
>>>>>>> assim para disponibilizar online para uma ampla comunidade do que
>>>>>>> pedir para os alunos escreverem mais um trabalhinho de graduação que
>>>>>>> será engavetado após mal ter sido lido.
>>>>>>> 
>>>>>>> Abraços,
>>>>>>> Joao Marcos
>>>>>>> 
>>>>>>> 
>>>>>>> 2012/5/30 Décio Krause <deciokra...@gmail.com>:
>>>>>>>> Oi, JM
>>>>>>>> Eu quiz dizer lusitana mesmo.
>>>>>>>> Sim, daria para editar, mas seria preciso mudar muita coisa.
>>>>>>>> Quanto à tradução, não sei, mas de qualquer modo o que está dito não
>>> faz
>>>>>>>> sentido.
>>>>>>>> Abraço
>>>>>>>> D
>>>>>>> 
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