Parece interessante seu artigo, Manuel. quanto estiver disponível, não deixe de compartilhar. Eu gostaria de ler.
Abraços Márlon Em 5 de julho de 2017 12:24, Manuel Doria <manueldo...@gmail.com> escreveu: > Em meu paper forthcoming sobre filosofia acadêmica e o politicamente > correto, uma das teses que defendo é que a evidência empírica sugere que > filósofos profissionais são capazes de facilmente deixar de lado standards > de racionalidade visando objetividade e migrar para standards de > racionalidade visando proteção de identidade grupal quando são confrontados > com hipóteses que vão de encontro com elementos centrais de sua visão de > mundo. > > A situação em alguns casos é bem trágica. Por exemplo, nós esperamos que > experts se dêem melhor do que não-experts em seu domínio de expertise mas > existe evidência empírica [1] de que filósofos morais em média são mais > suscetíveis a serem contaminados por viéses espúrios do que não-filosófos > morais em contextos decisórios morais. Fenômenos análogos costumam ocorrer > pelas ciências sociais e humanidades como economia e história. > > Eu recomendo fortemente também o último livro do Sesardic, "When Reason > Goes On Holiday". Mostra como que algumas das mentes mais afiadas em lógica > matemática do Século XX são capazes de deixar tudo de lado quando > raciocinam sobre política. > > [ ]'s > > [1] Schwitzgebel, E.; Cushman, F. Philosophers’ biased judgments persist > despite training, expertise and reflection. Cognition 2015, 141, 127–137. > > 2017-07-05 11:56 GMT-03:00 Joao Marcos <botoc...@gmail.com>: > >> Prezada Gisele (S): >> >> Fico contente em vê-la participando das discussões da LOGICA-L, e >> aproveito para parabenizá-la pela organização do *IV Workshop de >> Filosofia e Ensino*, semana passada: >> https://wfeufrgs.wordpress.com/ >> >> > O texto em questão, embora seu contexto seja estadunidense, merece >> alguma >> > atenção no Brasil pelo simples fato de que a filosofia corre, >> atualmente, o >> > risco de não mais ser componente curricular obrigatório nas escolas de >> > Ensino Médio (assim como muitas outras, vale dizer). No nosso contexto, >> > quando então se intensifica a produção de argumentos em favor da >> presença da >> > filosofia na fase média de ensino básico, não é rara uma modalidade de >> > defesa calcada em pesquisas como as mencionadas no texto, louvando-se as >> > capacidades de pensamento crítico supostamente desenvolvidas nas aulas >> de >> > filosofia. Daí que o texto nos seja relevante, para compararmos com o >> que se >> > diz por aqui. >> > >> > (Digo "supostamente" porque nunca fica muito claro, nos eventos e >> textos em >> > que o tema é discutido, o que se entende por pensamento crítico, nem se >> > explicitam seus vínculos com a lógica stricto sensu - tampouco se >> oferecem >> > exemplos de experiências didáticas de sucesso nesse sentido. Os livros >> > didáticos selecionados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) até >> o >> > último edital possuem capítulos de lógica muito fracos, desconectados >> dos >> > demais, e é bem sabido que a maioria dos professores de filosofia do >> Ensino >> > Médio não tiveram boas aulas de lógica durante a graduação (o que gera >> > insegurança para trabalha-la quando se tornam professores, um nefasto >> > círculo de expectativas antimatemáticas entre postulantes a estudantes e >> > futuros professores de filosofia) nem tampouco uma preparação para o >> > trabalho didático com lógica em contextos de escola média e fundamental. >> > Isso tudo sem contar boa parcela dos envolvidos com ensino de filosofia >> que >> > simplesmente desprezam a lógica como instrumento de pensamento e >> filosofia.) >> >> O conteúdo do seu relato é realmente preocupante! >> >> Com relação aos pontos de contato entre o conteúdo do texto que >> circulei antes e a realidade brasileira, choca-me em particular >> perceber a forma como a educação no Brasil é muitas vezes tratada de >> uma forma puramente ideologizada --- mesmo por cientistas da área, e >> pelos especialistas nacionais em teoria pedagógica. Recordo-me por >> exemplo de uma reunião da qual participei há dois anos em um instituto >> da minha universidade, na qual um colega de outra universidade >> apresentou as inúmeras vantagens do problem-based learning (PBL), tal >> como aplicado em um curso da área de TI de sua universidade, e todos >> saíram da palestra maravilhados com tudo aquilo... Uma postura >> minimamente crítica e científica permitiria contudo identificar ali >> dois problemas. O primeiro era que na citada universidade não foi >> feito nenhum esforço de *comparar* o resultado obtido através do PBL >> com o resultado obtido em outras formas tradicionais de ensino. De >> fato, *todas* as turmas daquele curso, lá, são submetidas ao PBL desde >> o início! O segundo estava no fato de que no blog da Communications >> of the ACM acabava de ser publicado um post que comentava que *não há >> evidências* de que PBL, por mais bonito que pareça, realmente funciona >> tão bem quanto desejaríamos: >> http://cacm.acm.org/magazines/2015/2/182637-whats-the-best-w >> ay-to-teach-computer-science-to-beginners/fulltext >> Noto que este post cita um artigo extremamente influente [1], cujos >> autores comentam: >> "Why do outstanding scientists who demand rigorous proof for >> scientific assertions in their research continue to use and indeed >> defend on the bias of intuition alone, teaching methods that are >> not the most effective?" >> Creio que isto vai ao encontro de algumas das preocupações do Sesardic. >> >> A propósito, há um outro paper do Sesardic (com Rafael De Clercq) [2] >> que comenta sobre a *disparidade de gênero* na área de Filosofia e >> coloca em questão as alegadas evidências da hipótese segundo a qual >> haveria algum tipo de *discriminação* contra as mulheres na área de >> Filosofia. >> >> [1] Why Minimal Guidance During Instruction Does Not Work: An Analysis >> of the Failure of Constructivist, Discovery, Problem-Based, >> Experiential, and Inquiry-Based Teaching >> http://www.cogtech.usc.edu/publications/kirschner_Sweller_Clark.pdf >> >> [2] Women in Philosophy: Problems with the Discrimination Hypothesis >> https://www.nas.org/articles/women_in_philosophy_problems_wi >> th_the_discrimination_hypothesis >> >> > Há muito ainda por ser pesquisado em termos de didática da lógica entre >> nós, >> > por isso me alegrou muito a notícia de que a nova diretoria da SBL está >> > sensível ao tópico. >> >> Sem dúvida é saudável (é de se saudar) esta iniciativa da nova >> Diretoria da SBL! Suponho que teremos mais notícias em breve sobre >> estas coisas, de Cassiano e outros. A propósito, há dois anos >> participei da organização do *Fourth International Congress on Tools >> for Teaching Logic* (http://ttl2015.irisa.fr/), em Rennes. Há uma boa >> chance de que o próximo evento da série ocorra no Brasil, em conjunto >> com o próximo EBL. >> >> Ah, vale notar que há nesta lista outros pesquisadores com bastante >> envolvimento na área de Ensino (incluindo o uso de MOOCs). Seria >> muito bom vê-los participando desta discussão, e das iniciativas >> correlatas! >> >> Abraços, >> Joao Marcos >> >> -- >> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/ >> >> -- >> Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" >> dos Grupos do Google. >> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, >> envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. >> Para postar neste grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. >> Visite este grupo em https://groups.google.com/a/di >> map.ufrn.br/group/logica-l/. >> Para ver esta discussão na web, acesse https://groups.google.com/a/di >> map.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAO6j_Lh_uAC7cKA6kAEP6%3De%3Dr >> 7UqzJ0kNX46ZGROaeM_4xzycA%40mail.gmail.com. >> > > -- > Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos > Grupos do Google. > Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie > um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. > Para postar nesse grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. > Acesse esse grupo em https://groups.google.com/a/ > dimap.ufrn.br/group/logica-l/. > Para ver essa discussão na Web, acesse https://groups.google.com/a/ > dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAD7xiBP9C1jhf1UEDziEP_zKTJd4ZRfuGe5pe_% > 2B80oy6CeprqA%40mail.gmail.com > <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAD7xiBP9C1jhf1UEDziEP_zKTJd4ZRfuGe5pe_%2B80oy6CeprqA%40mail.gmail.com?utm_medium=email&utm_source=footer> > . > -- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos Grupos do Google. Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. Para postar neste grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. Visite este grupo em https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/. Para ver esta discussão na web, acesse https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CABcc%2B%3DmiCBY6xqhbJf0Qd0NxuqmaanahR%2BkC_E_DbKjpFVcOHg%40mail.gmail.com.