On Oct 27, 2006, Mauro Carvalho Chehab <[EMAIL PROTECTED]> wrote:

> A licença GPLv3Draft2, pelo menos se olhada sob a ótica do Kernel,
> restringe diversas liberdades importantes da GPLv2 

Liberdades para quem?  Lembre que o foco da GPL é o usuário.

> quanto ao uso de criptografia.

Isso é um mito resultante de incompreensão do que a licença diz.

> Além disso, a possibilidade de adicionar restrições na GPLv3 e
> alterá-las ao longo do tempo é extremamente danosa, pois significaria
> regressões no Kernel (alguém pode enviar uma feature interessante, com
> restrições adicionais e posteriormente, propositadamente, removê-las).
> Isto é muito ruim.

> Além disso, como a v3 draft é mais restritiva que a v2, poderia gerar um
> grande problema para as distribuições, abalando o ecossistema.

Tipo assim, é um problema a v3 ser mais restritiva, mas alguém impor
ainda mais restrições que podem ser removidas não é um problema?
Que tipo de posicionamento é esse?

> Nah. Não posso falar pelos outros, mas minha análise está baseada
> unicamente na leitura da GPLv3Draft2 à luz dos meus conhecimentos como
> mantenedor do Kernel e profissional de segurança.

Você mandou algum pedido de esclarecimento via gplv3.fsf.org pros
trechos que você evidentemente não entendeu?

> Ao longo da existência do Linux, existe alguns que
> não estão mais entre os vivos,

Os herdeiros deles certamente podem ser convencidos se for por uma boa
causa.  Pros  que não tiveram herdeiros, cai em domínio público e o
problema está resolvido.

Agora a razão de esse problema existir é precisamente a estultície de
não permitir o relicenciamento em outras licenças que preservem o
mesmo espírito da anterior, corrigindo os bugs que a anterior deixou
passar.

> e outros que eventualmente mudaram de
> idéia sobre FOSS e possam querer re-licenciar seu trabalho em uma
> licença proprietária, se alguém lhes der oportunidade.

Eles já podem fazer isso hoje, só que provavelmente não vai ser muito
útil sem o restante.

Sempre há a opção de remover o código dos que resistirem à evolução.

> O espírito da GPLv3 de combate incondicional ao DRM elimina a
> possibilidade do uso válido da criptografia e do desenvolvimento de
> sistemas imbutidos.

DRM nem aparece no segundo rascunho.  GPLv3 não combate DRM.  De fato,
o uso para DRM é claramente permitido, pois não há restrições quanto
ao que se pode fazer no software (rodar o software para qualquer
propósito, liberdade #0).  O que não pode é alguém usar justificativas
baseadas em DRM para cercear as liberdades de terceiros que eles
mesmos têm, como a de modificar o software e usá-lo para qualquer
outro propósito.  Ou seja, pode fazer DRM, sim, mas não pode reclamar
se alguém corrigir o bug que DRM representa.

> Por exemplo, uma demanda válida de usuários de sistemas embutidos é não
> ter o sistema operacional do seu dispositivo alterado por terceiros.

Então que ponha o sistema em ROM!

Se eles querem a vantagem de poder modificar o software, então devem
oferecer a mesma vantagem aos que obtêm o software deles.  Esse é o
espírito: todos os que obtêm o software têm as mesmas liberdades.

> Eu não gostaria de ter, no meu telefone móvel, no meu roteador da
> internet ou no transponder de um sistema de vôo de aeronaves, uma
> eventual cópia não assinada do sistema em execução.

Você não é *obrigado* a modificar o software.  Mas, se você quiser,
você deve poder.

> O uso de sistemas não assinados
> pelo fabricante significaria que alguém pode estar escutando ilegalmente
> minha comunicação ou derrubando propositadamente uma aeronave.

O uso de sistemas assinados pode ser *garantia* disso ;-)

> A GPLv3
> mata este tipo de uso, ao impedir o uso de criptografia para validação
> do sistema operacional.

Ela não impede isso.  Leia de novo e não acredito em boatos, muito
menos nos falsos ;-)

> Na prática, usar a GPLv3 com as restrições à criptografia impede seu
> uso em sistemas embarcados.

Você (e muitos outros) estão vendo pêlo em ovo.

Não há oposição ao uso de chaves criptográficas em software livre.

O que há é apenas oposição ao abuso dessas técnicas (e muitas outras)
com a finalidade de impedir o exercício das liberdades que a GPL
precisa garantir.

Qualquer possibilidade de alguém exercer as liberdades e impedir
outros de fazê-lo é um bug, pois esse sempre foi o espírito da
licença.

-- 
Alexandre Oliva         http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/
Secretary for FSF Latin America        http://www.fsfla.org/
Red Hat Compiler Engineer   [EMAIL PROTECTED], gcc.gnu.org}
Free Software Evangelist  [EMAIL PROTECTED], gnu.org}
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