Olá,

Explico melhor a necessidade de *mudança de tática diante o novo contexto*:

- Hoje todo mundo está conectado, *as mídias sociais e os celulares
popularizaram os vínculos* informacionais entre as pessoas. Não faz mais
sentido criar software que não é 'socio-móvel'.
- *Foi criada uma nova plataforma de processamento e desenvolvimento de
software: as mídias sociais e as mídias móveis*. O *GNU/Linux se tornou uma
camada inferior*, que 'desaparece' para os usuários leigos. Para o usuário
leigo e para os novos desenvolvedores, o Sistema Operacional passa a ser o
Android, o IOS, Facebook, G+, Google APIs, etc.
- *O GNU/Linux se tornou a camada básica que dá suporte a nova plataforma*.
Assim, faz sentido o Google, o Facebook, a Microsoft incentivar e pagar
desenvolvedores de software GNU/Linux. O Movimento OpenSource está em alta,
pois seus membros são financiados, pois seus negócios dependem do sucesso
técnico desta 'camada básica'.
- *Para defender a liberdade do usuário de software, não basta garantir a
liberdade da camada básica GNU/Linux*, há mais dados e serviços nas nuvens
como nunca.
- *As plataformas sócio-móveis livres *para produção de aplicativos para o
usuário final estão imaturas.

Não é necessário mudança de objetivos, princípios, missão ou fundamentos,
pois continuam os mesmos. O contexto mudou e as ameaças mudaram. Urge uma
mudança de tática e metodologias.

*O Movimento de Software Livre não morreu, está em crise. *Isso por um lado
é bom, pois muitas pessoas estão revisando seus objetivos, suas motivações.
Há um ganho qualitativo nessa crise. Algumas motivações erradas de alguns
amigos conhecidos e que hoje estão fora do Movimento de Software Livre:
- Eu era contra a Microsoft;
- Eu fazia parte de uma galera bacana;
- Eu fui atraído pela conhecimento técnico, mas hoje não estou vendo muitas
plataformas web e móveis livres para desenvolver;

*Talvez a maioria das pessoas do velho movimento nunca souberam o porquê de
fazer parte do Movimento de Software Livre. *Pensar que a maioria das
pessoas se motivam por filosofia é uma utopia. A grande maioria das pessoas
lutam pela sobrevivência, outros pelo emprego e uma minoria podem
trabalhar/colaborar para seus ideais. Isso talvez explique a crise
quantitativa do Movimento de Software Livre, hoje, resta uma minoria que
ainda se apegam aos ideais do movimento.

*Há muito trabalho para se fazer e tenho esperanças em um futuro próximo
que teremos em uma reação dos hackers para um mundo melhor*, por exemplo:
- Várias plataformas móveis e de mídia social maduras, federadas, 100%
Livres, que desenvolvedores poderão criar apps livres, como jogos,
aplicativos de gestão livres com serviços integrados pagos (gestão,
contabilidade, jurídico, consultoria, etc);
- Plataformas em nuvens livres para computação e serviços confiáveis que
garantam a segurança de seus dados. Talvez a resposta esteja em tecnologias
P2P distribuídas associadas com criptografia e mecanismos de proteção como
o Tor.

Entre o presente e o futuro, podemos pensar em investir em novas táticas:
*- Promover as mídias sociais livres, com apps livres * que tenham serviços
pagos que sustentem mais e mais desenvolvedores, que tenham um retorno mais
justo e rentável;
*- Gerar conteúdo de qualidade abertos e livres* que incentivem
colaboração, quanto maior forem os acessos, mais crescerão os vínculos e a
rede social e portanto maior retorno aos autores;
*- Promover as mídias sociais federadas, *de forma que as
pessoas/grupos/empresas possam migrar seus conteúdos em outros sites que
tenham preços melhores e serviços mais confiáveis e mais seguros;

*O isolacionismo e ascetismo do Movimento de Software Livre é um tiro no
próprio pé. *Vivemos em uma grande rede social, onde pessoas se comunicam
por mídias sociais privadas e para que a mídia social livre cresça e tenha
impacto qualitativo, é necessário que as pessoas migrem do lado livre para
o proprietário, para isso, precisamos de pontes, de pessoas que convençam,
de conteúdos e educação do lado proprietário convidando pessoas. O
isolamento implicaria na perda de vínculos, que diminuiria as chances de
ter mais impacto e alcance de pessoas do 'outro lado'. A exigência de
ascetismo para participar das mídias sociais livres também é mais
agravante, pois a mudança de uso do software proprietário é gradual.

*Quando esse futuro acontecer, as redes sociais devassas e as plataformas
móveis proprietárias se tornarão irrelevantes. *No entanto, ainda não será
momento de descansar. O 'Império' vai contra-atacar e uma nova plataforma
proprietária deve surgir. Os jedis sofrerão uma nova crise e reformularão
suas táticas. E o ciclo de lutas continuará!

Abraços!

Em 9 de outubro de 2014 14:08, Marcelo Akira <marcelo.ak...@gmail.com>
escreveu:

> Em 8 de outubro de 2014 10:02, <anah...@anahuac.eu> escreveu:
>
>> Eu acredito fortemente que o Movimento de Software Livre está deixando de
>> ser formado por tribos etnocêntricos, pois o contexto mudou.
>> Fiquei realmente interessado nessa afirmação: "o contexo mudou".
>> Você se importa em elaborar isso? Acho que pode estar ai pérola que
>> estamos procurando.
>>
>
> Falei sobre a mudança de contexto na mensagem anterior.
>
> A inclusão e a manutenção de pessoas, com competências diferentes é
>> essencial para a renovação. Para expandir e promover a inclusão social, o
>> movimento precisa de pessoas com habilidade em Direito, Educação, Artes,
>> Política, etc. Cada um tem um contexto social e tecnológico diferente que
>> deve ser respeitado. Exigir ascetismo dos seus membros é criar uma barreira
>> que impede o crescimento quantitativa e qualitativo.
>>
>> Como você pode imaginar eu não poderia discordar mais.
>>
>
> Excelente! Chega de bullying :-)
>
>
> As redes sociais devassas são uma jaula de ouro. Sempre que você fizer
>> mais do que a jaula quer ou permite, você será tolhido. Então por mais
>> engajado que se seja, você não poderá fazer muito.
>>
>
> Sim, hoje o Movimento de Software Livre vive outro desafio, pois poucas
> pessoas conhecem as mídias sociais livres.
>
> As mídias sociais e as nuvens se tornaram a nova plataforma. Sem os apps
> legais como jogos, gdocs, etc, as mídias sociais *ainda* estão pouco
> atraentes, assim, não ganharam massa crítica para atrair desenvolvedores e
> amigos.
>
> O Firefox OS ainda está imaturo, o Diaspora promete, o Noosfero patina...
> Precisamos de mídias sociais para desenvolvermos apps livres, que respeitem
> os usuários. Isso não existe ainda e o momento é parecido com o de Stallman
> quando teve que usar Unix proprietário para desenvolver aplicativos do GNU,
> não tinham ferramentas livres. Ele conseguiu, o GNU/Linux é uma realidade,
> falta hoje uma NuvemLivre/GNU/Linux e um MobileLIvre/GNU/Linux.
>
> Enquanto não existe, precisamos de marcar presença e haquear as mídias
> proprietárias. Trazer a galera de lá, por meio de apps bacanas e atraentes,
> mostrar que há uma plataformas inteiras para serem construídas.
>
>
>> Resumindo as ações realizadas não podem estar limitadas por uma jaula.
>> Aqui somos um movimento que prega Liberdade do Software e não a liberdade
>> de se enjaular.
>>
>
> OK, sim, concordo com a ideia do Stallman. Pessoas sem consciência de suas
> próprias jaulas são como zumbis, analfabetas que não tiveram oportunidade
> de aprender. Por isso, um das ações fundamentais do Movimento de Software
> Livre deve ser, na minha visão:
> *-  Acolher: *convidar mais pessoas de diversas competências para juntar
> a nossa causa;
> - *Colaborar:* com outras redes de liberdade do conhecimento;
> *- Conscientizar: *criar protestos e campanhas com críticas duras a atos
> de empresas ou governos que limitem a liberdade do usuário;
> *- Educar:* promover cursos presenciais ou a distância, palestras,
> oficinas, tutoriais, etc;
>
> Abraços,
> --
> Marcelo Akira Inuzuka
> (62) 9261-4004
>



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