Re: [obm-l] problema estranho

2011-05-07 Por tôpico Bernardo Freitas Paulo da Costa
2011/5/7 Samuel Wainer sswai...@hotmail.com:
 Se V é um C espaço vetorial, com produto interno e T:V -  V
 Mostrar que se T(v),v pertencce aos reais para todo v em V, então T = T*
 (adjunto)

 Se T(v),v = v,T*(v) para todo v em V
 portanto v,T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
 agora vem minha dúvida, isso implica que T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
Veja que, a princípio, você apenas pode concluir que T(v) - T*(v) é
ortogonal (enfim, no sentido do produto hermitiano, mas é quase a
mesma coisa) a v. O que quer dizer que sobra muito espaço para o T(v)
passear.

Acontece que v,A(v) tem mais informação do que só isso, justamente
por ligar v e a sua imagem.

Vamos pensar num caso bem conhecido (e real) para ter uma idéia do que
está acontecendo. Seja A um operador linear simétrico. Assim, você
pode diagonalizar, e, o que é mais importante, você têm vetores
próprios. Seja u um vetor próprio de A, lambda o valor próprio
associado, ou seja, Au = lambda * u (lembre-se, lambda é real). Assim,
u, Au = u, lambda*u = lambda*u,u = lambda *||u||^2. Se v, Av =
0 para todo v, em particular para os vetores próprios, você conclui
que todos os valores próprios são 0. Como a matriz é simétrica, ela é
nula. (Se não fosse simétrica, você podia ter uma parte nilpotente; se
você nunca ouviu falar nisso, não se preocupe)

Observação: a minha idéia pra resolver esse problema vem do fato que
v, Av mede o quanto A dilata os vetores. Sendo mais claro, se
||v|| = 1, você tem que v, Av pertence ao intervalo delimitado pelos
menor e maior valores próprios de A. Isso é basicamente o fato que u,
Au = lambda_u se u é um vetor próprio, e umas desigualdades. Assim,
quando eu me lembrei disso, eu pensei Puxa, na verdade T - T* dilata
sempre 0. Estranho, deve dar pra concluir daí.

O caso complexo é exatamente igual, trocando simétrico por
auto-adjunto, produtos internos por produtos hermitianos. E, o que é
importante, é que A = T - T*, mesmo sem ser auto-adjunta (ela é
anti-auto-adjunta, A* = -A), ela é normal (AA* = A*A) e você ainda
consegue diagonalizar sobre C.

 Pois daí T = T*

Abraços,
-- 
Bernardo Freitas Paulo da Costa

=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
=


RE: [obm-l] problema estranho

2011-05-07 Por tôpico Samuel Wainer

Olá, 
Obrigado pelo esclarecimento,
mas eu ainda fiquei com uma pulga atrás da orelha. O que acontece se meu 
operador não tem vetor próprio diferente de zero?
Por que eu quero mostrar que T - T* = 0, portanto (T-T*)(v) = 0 para todo v em 
V. Mas se eu tenho um vetor prórpio (T-T*)(vp),vp = 0 =( T - T*)(vp) = 0.
Estou um pouco perdido.
Obrigado 
 
 Date: Sat, 7 May 2011 08:05:03 +0200
 Subject: Re: [obm-l] problema estranho
 From: bernardo...@gmail.com
 To: obm-l@mat.puc-rio.br
 
 2011/5/7 Samuel Wainer sswai...@hotmail.com:
  Se V é um C espaço vetorial, com produto interno e T:V -  V
  Mostrar que se T(v),v pertencce aos reais para todo v em V, então T = T*
  (adjunto)
 
  Se T(v),v = v,T*(v) para todo v em V
  portanto v,T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
  agora vem minha dúvida, isso implica que T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
 Veja que, a princípio, você apenas pode concluir que T(v) - T*(v) é
 ortogonal (enfim, no sentido do produto hermitiano, mas é quase a
 mesma coisa) a v. O que quer dizer que sobra muito espaço para o T(v)
 passear.
 
 Acontece que v,A(v) tem mais informação do que só isso, justamente
 por ligar v e a sua imagem.
 
 Vamos pensar num caso bem conhecido (e real) para ter uma idéia do que
 está acontecendo. Seja A um operador linear simétrico. Assim, você
 pode diagonalizar, e, o que é mais importante, você têm vetores
 próprios. Seja u um vetor próprio de A, lambda o valor próprio
 associado, ou seja, Au = lambda * u (lembre-se, lambda é real). Assim,
 u, Au = u, lambda*u = lambda*u,u = lambda *||u||^2. Se v, Av =
 0 para todo v, em particular para os vetores próprios, você conclui
 que todos os valores próprios são 0. Como a matriz é simétrica, ela é
 nula. (Se não fosse simétrica, você podia ter uma parte nilpotente; se
 você nunca ouviu falar nisso, não se preocupe)
 
 Observação: a minha idéia pra resolver esse problema vem do fato que
 v, Av mede o quanto A dilata os vetores. Sendo mais claro, se
 ||v|| = 1, você tem que v, Av pertence ao intervalo delimitado pelos
 menor e maior valores próprios de A. Isso é basicamente o fato que u,
 Au = lambda_u se u é um vetor próprio, e umas desigualdades. Assim,
 quando eu me lembrei disso, eu pensei Puxa, na verdade T - T* dilata
 sempre 0. Estranho, deve dar pra concluir daí.
 
 O caso complexo é exatamente igual, trocando simétrico por
 auto-adjunto, produtos internos por produtos hermitianos. E, o que é
 importante, é que A = T - T*, mesmo sem ser auto-adjunta (ela é
 anti-auto-adjunta, A* = -A), ela é normal (AA* = A*A) e você ainda
 consegue diagonalizar sobre C.
 
  Pois daí T = T*
 
 Abraços,
 -- 
 Bernardo Freitas Paulo da Costa
 
 =
 Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
 http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
 =
  

Re: [obm-l] problema estranho

2011-05-07 Por tôpico jones colombo
Vamos continuar o seu raciocínio.
Seja b(z) o conjugado do número complexo z.
Sabemos que vale Tu,v=u,T*v para u,v em V. Se fizermos u=v temos
Tv,v=v,T*v=b(T*v,v)=T*v,v e obtemos que
Tv-T*v,v=0 para todo v em V, esta é a parte do seu raciocínio. Faça
B=T-T*, e queremos verificar que B=0 observe primeiro que B*=(T-T*)*=-B.

E sabemos que Bv,v=0 para todo v em V.  Suponha que v=u+w então
0=Bv,v=B(u+w),u+w=Bu,w+Bw,u e daí Bu,w=-Bw,u=-Bw,u=B*w,u,
para todo u,w em V. Por outro lado como Bu,w=u,B*w para todo u, w em V.
Comparando as duas igualdades temos que Bu,w é real para todo u e w em V.

E daí Bu,w=w,Bu para todo u,w em V e faça  w=iBu, i é o número
complexo.
e temos -||Bu||^2=||Bu||^2, logo Bu=0 para todo u em V. E portanto B=0=T-T*
e temos T=T*.

[]
Jones


2011/5/7 Samuel Wainer sswai...@hotmail.com

  Olá,
 Obrigado pelo esclarecimento,
 mas eu ainda fiquei com uma pulga atrás da orelha. O que acontece se meu
 operador não tem vetor próprio diferente de zero?
 Por que eu quero mostrar que T - T* = 0, portanto (T-T*)(v) = 0 para todo v
 em V. Mas se eu tenho um vetor prórpio (T-T*)(vp),vp = 0 =( T - T*)(vp) =
 0.
 Estou um pouco perdido.
 Obrigado

  Date: Sat, 7 May 2011 08:05:03 +0200
  Subject: Re: [obm-l] problema estranho
  From: bernardo...@gmail.com
  To: obm-l@mat.puc-rio.br

 
  2011/5/7 Samuel Wainer sswai...@hotmail.com:
   Se V é um C espaço vetorial, com produto interno e T:V -  V
   Mostrar que se T(v),v pertencce aos reais para todo v em V, então T =
 T*
   (adjunto)
  
   Se T(v),v = v,T*(v) para todo v em V
   portanto v,T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
   agora vem minha dúvida, isso implica que T(v) - T*(v) = 0 para todo v
 em V
  Veja que, a princípio, você apenas pode concluir que T(v) - T*(v) é
  ortogonal (enfim, no sentido do produto hermitiano, mas é quase a
  mesma coisa) a v. O que quer dizer que sobra muito espaço para o T(v)
  passear.
 
  Acontece que v,A(v) tem mais informação do que só isso, justamente
  por ligar v e a sua imagem.
 
  Vamos pensar num caso bem conhecido (e real) para ter uma idéia do que
  está acontecendo. Seja A um operador linear simétrico. Assim, você
  pode diagonalizar, e, o que é mais importante, você têm vetores
  próprios. Seja u um vetor próprio de A, lambda o valor próprio
  associado, ou seja, Au = lambda * u (lembre-se, lambda é real). Assim,
  u, Au = u, lambda*u = lambda*u,u = lambda *||u||^2. Se v, Av =
  0 para todo v, em particular para os vetores próprios, você conclui
  que todos os valores próprios são 0. Como a matriz é simétrica, ela é
  nula. (Se não fosse simétrica, você podia ter uma parte nilpotente; se
  você nunca ouviu falar nisso, não se preocupe)
 
  Observação: a minha idéia pra resolver esse problema vem do fato que
  v, Av mede o quanto A dilata os vetores. Sendo mais claro, se
  ||v|| = 1, você tem que v, Av pertence ao intervalo delimitado pelos
  menor e maior valores próprios de A. Isso é basicamente o fato que u,
  Au = lambda_u se u é um vetor próprio, e umas desigualdades. Assim,
  quando eu me lembrei disso, eu pensei Puxa, na verdade T - T* dilata
  sempre 0. Estranho, deve dar pra concluir daí.
 
  O caso complexo é exatamente igual, trocando simétrico por
  auto-adjunto, produtos internos por produtos hermitianos. E, o que é
  importante, é que A = T - T*, mesmo sem ser auto-adjunta (ela é
  anti-auto-adjunta, A* = -A), ela é normal (AA* = A*A) e você ainda
  consegue diagonalizar sobre C.
 
   Pois daí T = T*
 
  Abraços,
  --
  Bernardo Freitas Paulo da Costa
 
  =
  Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
  http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
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RE: [obm-l] problema estranho

2011-05-07 Por tôpico Danilo Barros

O que vc tem que mostrar é que x,Ty = 0 para todo x E para todo y. Uma 
maneira de fazer isso é trocar v por x+y, depois por x+iy e ver o que aparece :)

From: sswai...@hotmail.com
To: obm-l@mat.puc-rio.br
Subject: RE: [obm-l] problema estranho
Date: Sat, 7 May 2011 20:08:20 +








Olá, 

Obrigado pelo esclarecimento,

mas eu ainda fiquei com uma pulga atrás da orelha. O que acontece se meu 
operador não tem vetor próprio diferente de zero?

Por que eu quero mostrar que T - T* = 0, portanto (T-T*)(v) = 0 para todo v em 
V. Mas se eu tenho um vetor prórpio (T-T*)(vp),vp = 0 =( T - T*)(vp) = 0.

Estou um pouco perdido.

Obrigado 
 

 Date: Sat, 7 May 2011 08:05:03 +0200
 Subject: Re: [obm-l] problema estranho
 From: bernardo...@gmail.com
 To: obm-l@mat.puc-rio.br
 
 2011/5/7 Samuel Wainer sswai...@hotmail.com:
  Se V é um C espaço vetorial, com produto interno e T:V -  V
  Mostrar que se T(v),v pertencce aos reais para todo v em V, então T = T*
  (adjunto)
 
  Se T(v),v = v,T*(v) para todo v em V
  portanto v,T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
  agora vem minha dúvida, isso implica que T(v) - T*(v) = 0 para todo v em V
 Veja que, a princípio, você apenas pode concluir que T(v) - T*(v) é
 ortogonal (enfim, no sentido do produto hermitiano, mas é quase a
 mesma coisa) a v. O que quer dizer que sobra muito espaço para o T(v)
 passear.
 
 Acontece que v,A(v) tem mais informação do que só isso, justamente
 por ligar v e a sua imagem.
 
 Vamos pensar num caso bem conhecido (e real) para ter uma idéia do que
 está acontecendo. Seja A um operador linear simétrico. Assim, você
 pode diagonalizar, e, o que é mais importante, você têm vetores
 próprios. Seja u um vetor próprio de A, lambda o valor próprio
 associado, ou seja, Au = lambda * u (lembre-se, lambda é real). Assim,
 u, Au = u, lambda*u = lambda*u,u = lambda *||u||^2. Se v, Av =
 0 para todo v, em particular para os vetores próprios, você conclui
 que todos os valores próprios são 0. Como a matriz é simétrica, ela é
 nula. (Se não fosse simétrica, você podia ter uma parte nilpotente; se
 você nunca ouviu falar nisso, não se preocupe)
 
 Observação: a minha idéia pra resolver esse problema vem do fato que
 v, Av mede o quanto A dilata os vetores. Sendo mais claro, se
 ||v|| = 1, você tem que v, Av pertence ao intervalo delimitado pelos
 menor e maior valores próprios de A. Isso é basicamente o fato que u,
 Au = lambda_u se u é um vetor próprio, e umas desigualdades. Assim,
 quando eu me lembrei disso, eu pensei Puxa, na verdade T - T* dilata
 sempre 0. Estranho, deve dar pra concluir daí.
 
 O caso complexo é exatamente igual, trocando simétrico por
 auto-adjunto, produtos internos por produtos hermitianos. E, o que é
 importante, é que A = T - T*, mesmo sem ser auto-adjunta (ela é
 anti-auto-adjunta, A* = -A), ela é normal (AA* = A*A) e você ainda
 consegue diagonalizar sobre C.
 
  Pois daí T = T*
 
 Abraços,
 -- 
 Bernardo Freitas Paulo da Costa
 
 =
 Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
 http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
 =