Re: [obm-l] Cantor
Em 18 de abril de 2018 07:47, Claudio Buffaraescreveu: > Agora, uma pergunta: > > E se fossemos fazer uma lista de todos os racionais (dízimas periódicas) > entre 0 e 1 (por exemplo, escolhendo, quando houver ambiguidade, a versão > que termina por ...)? > Neste caso, o método da diagonal deveria falhar, certo, já que Q inter (0,1) > é enumerável? Sim. > Mas, de cara, me parece possível escolher, para todo i em N, um algarismo > b(i) diferente de a(i,i) (= i-ésimo algarismo do número na i-ésima linha da > lista). > Como pode? > O número gerado por este método de diagonal não pode ser racional. Bem, a demonstração é a mesma: se este número fosse racional, ele apareceria em algum momento, o que é impossível dado que ele nunca será igual a nenhum dos números. Esta é a resposta do seu "deveria falhar". > []s, > Claudio. > > > 2018-04-17 22:52 GMT-03:00 Anderson Torres : >> >> Em 15 de abril de 2018 09:43, Luiz Antonio Rodrigues >> escreveu: >> > Olá, Ronei! >> > Fiz essa pergunta para o Bernardo... >> > Um abraço! >> > Luiz >> > >> > >> > On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badaró >> > wrote: >> >> >> >> Não é a tal diagonal de Cantor? >> >> Sim, é este o nome. >> >> >> >> >> Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa >> >> escreveu: >> >>> >> >>> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues >> >>> : >> >>> > Olá, amigos! >> >>> > Bom dia! >> >>> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho >> >>> > que >> >>> > eu >> >>> > reproduzi abaixo. >> >>> > >> >>> > >> >>> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é >> >>> > possível >> >>> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. >> >>> > (...) >> >>> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os >> >>> > termos >> >>> > são iguais a zero ou um. >> >>> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada >> >>> > sequência de >> >>> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma >> >>> > sequência s >> >>> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se >> >>> > o >> >>> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; >> >>> > senão, é >> >>> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo >> >>> > de s >> >>> > é 1; >> >>> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) >> >>> > como >> >>> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s >> >>> > assim >> >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). >> >>> > Logo, >> >>> > não >> >>> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os >> >>> > elementos de >> >>> > C aparecessem como imagem! >> >>> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de >> >>> > construir uma >> >>> > bijeção de N em C. >> >>> > >> >>> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim >> >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." >> >>> >> >>> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um >> >>> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. >> >>> >> >>> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: >> >>> 1 -> 0100101010101 >> >>> 2 -> 010101010101 >> >>> 3 -> 11001 >> >>> 4 -> >> >>> 5 -> 1110111010101 >> >>> >> >>> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de >> >>> cada um dos elementos, um a um: >> >>> >> >>> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). >> >>> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: >> >>> >> >>> s = 1 >> >>> >> >>> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é >> >>> 1): >> >>> >> >>> s = 10 >> >>> >> >>> O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... >> >>> O quarto, s = 1001... >> >>> O quinto, s = 10010 >> >>> >> >>> Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... >> >>> Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O >> >>> segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. >> >>> Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei >> >>> acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria >> >>> a sequência dos opostos. >> >>> >> >>> Abraços, >> >>> -- >> >>> Bernardo Freitas Paulo da Costa >> >>> >> >>> -- >> >>> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e >> >>> acredita-se estar livre de perigo. >> >>> >> >>> >> >>> >> >>> = >> >>> Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em >> >>> http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html >> >>> >> >>> = >> >> >> >> >> >> -- >>
Re: [obm-l] Cantor
Em 18 de abril de 2018 08:56, Claudio Buffaraescreveu: > Com certeza! > Mas o que eu quero é uma prova DIRETA de que é impossível escolher os b(i) > de modo que o número 0,b(1)b(2)b(3)... seja irracional. Isso me parece bem mais chato, e daria a mesma volta. Parece absurdamente natural se perguntar "se ele é racional, qual é sua posição na lista?" e não algo como "se ele é racional, qual é o tamanho de seu período e da parte que não repete?". > > []s, > Claudio. > > > 2018-04-18 8:32 GMT-03:00 Thácio Hahn dos Santos : >> >> Não se garante, neste caso, que todo número formado pelos b(i) seja >> racional, não obtendo-se, portanto, a procurada bijeção entre racionais e >> naturais. Ela pode ser obtida percorrendo diagonalmente uma tabela contendo >> todas as frações, começando por 0/1, 1/1, -1/1, 1/2, -1/2, 1/3, -1/3 ... na >> primeira linha, 2/1, -2/3, 2/2, -2/2, 2/3, -2/3 ... na segunda e assim por >> diante. O conjunto das frações equivalentes como 1/2 e 2/4 é enumerável e >> pode ser descartado, restando uma bijeção entre racionais e inteiros (que >> são enumeráveis). >> >> Um abraço. >> >> On Wed, Apr 18, 2018, 7:58 AM Claudio Buffara >> wrote: >>> >>> Agora, uma pergunta: >>> >>> E se fossemos fazer uma lista de todos os racionais (dízimas periódicas) >>> entre 0 e 1 (por exemplo, escolhendo, quando houver ambiguidade, a versão >>> que termina por ...)? >>> Neste caso, o método da diagonal deveria falhar, certo, já que Q inter >>> (0,1) é enumerável? >>> Mas, de cara, me parece possível escolher, para todo i em N, um algarismo >>> b(i) diferente de a(i,i) (= i-ésimo algarismo do número na i-ésima linha da >>> lista). >>> Como pode? >>> >>> []s, >>> Claudio. >>> >>> >>> 2018-04-17 22:52 GMT-03:00 Anderson Torres >>> : Em 15 de abril de 2018 09:43, Luiz Antonio Rodrigues escreveu: > Olá, Ronei! > Fiz essa pergunta para o Bernardo... > Um abraço! > Luiz > > > On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badaró > wrote: >> >> Não é a tal diagonal de Cantor? Sim, é este o nome. >> >> Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa >> escreveu: >>> >>> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues >>> : >>> > Olá, amigos! >>> > Bom dia! >>> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho >>> > que >>> > eu >>> > reproduzi abaixo. >>> > >>> > >>> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é >>> > possível >>> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. >>> > (...) >>> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os >>> > termos >>> > são iguais a zero ou um. >>> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada >>> > sequência de >>> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma >>> > sequência s >>> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: >>> > se o >>> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é >>> > 1; >>> > senão, é >>> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo >>> > de s >>> > é 1; >>> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo >>> > s(n) >>> > como >>> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s >>> > assim >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). >>> > Logo, >>> > não >>> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os >>> > elementos de >>> > C aparecessem como imagem! >>> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de >>> > construir uma >>> > bijeção de N em C. >>> > >>> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s >>> > assim >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." >>> >>> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um >>> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. >>> >>> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: >>> 1 -> 0100101010101 >>> 2 -> 010101010101 >>> 3 -> 11001 >>> 4 -> >>> 5 -> 1110111010101 >>> >>> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de >>> cada um dos elementos, um a um: >>> >>> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). >>> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: >>> >>> s = 1 >>> >>> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que >>>
Re: [obm-l] Cantor
Com certeza! Mas o que eu quero é uma prova DIRETA de que é impossível escolher os b(i) de modo que o número 0,b(1)b(2)b(3)... seja irracional. []s, Claudio. 2018-04-18 8:32 GMT-03:00 Thácio Hahn dos Santos: > Não se garante, neste caso, que todo número formado pelos b(i) seja > racional, não obtendo-se, portanto, a procurada bijeção entre racionais e > naturais. Ela pode ser obtida percorrendo diagonalmente uma tabela contendo > todas as frações, começando por 0/1, 1/1, -1/1, 1/2, -1/2, 1/3, -1/3 ... na > primeira linha, 2/1, -2/3, 2/2, -2/2, 2/3, -2/3 ... na segunda e assim por > diante. O conjunto das frações equivalentes como 1/2 e 2/4 é enumerável e > pode ser descartado, restando uma bijeção entre racionais e inteiros (que > são enumeráveis). > > Um abraço. > > On Wed, Apr 18, 2018, 7:58 AM Claudio Buffara > wrote: > >> Agora, uma pergunta: >> >> E se fossemos fazer uma lista de todos os racionais (dízimas periódicas) >> entre 0 e 1 (por exemplo, escolhendo, quando houver ambiguidade, a versão >> que termina por ...)? >> Neste caso, o método da diagonal deveria falhar, certo, já que Q inter >> (0,1) é enumerável? >> Mas, de cara, me parece possível escolher, para todo i em N, um algarismo >> b(i) diferente de a(i,i) (= i-ésimo algarismo do número na i-ésima linha da >> lista). >> Como pode? >> >> []s, >> Claudio. >> >> >> 2018-04-17 22:52 GMT-03:00 Anderson Torres >> : >> >>> Em 15 de abril de 2018 09:43, Luiz Antonio Rodrigues >>> escreveu: >>> > Olá, Ronei! >>> > Fiz essa pergunta para o Bernardo... >>> > Um abraço! >>> > Luiz >>> > >>> > >>> > On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badaró >>> wrote: >>> >> >>> >> Não é a tal diagonal de Cantor? >>> >>> Sim, é este o nome. >>> >>> >> >>> >> Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa >>> >> escreveu: >>> >>> >>> >>> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues < >>> rodrigue...@gmail.com>: >>> >>> > Olá, amigos! >>> >>> > Bom dia! >>> >>> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho >>> que >>> >>> > eu >>> >>> > reproduzi abaixo. >>> >>> > >>> >>> > >>> >>> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é >>> >>> > possível >>> >>> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. >>> >>> > (...) >>> >>> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os >>> >>> > termos >>> >>> > são iguais a zero ou um. >>> >>> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada >>> >>> > sequência de >>> >>> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma >>> >>> > sequência s >>> >>> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: >>> se o >>> >>> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; >>> >>> > senão, é >>> >>> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo >>> de s >>> >>> > é 1; >>> >>> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) >>> >>> > como >>> >>> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s >>> assim >>> >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). >>> Logo, >>> >>> > não >>> >>> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os >>> >>> > elementos de >>> >>> > C aparecessem como imagem! >>> >>> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de >>> >>> > construir uma >>> >>> > bijeção de N em C. >>> >>> > >>> >>> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim >>> >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." >>> >>> >>> >>> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um >>> >>> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. >>> >>> >>> >>> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: >>> >>> 1 -> 0100101010101 >>> >>> 2 -> 010101010101 >>> >>> 3 -> 11001 >>> >>> 4 -> >>> >>> 5 -> 1110111010101 >>> >>> >>> >>> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de >>> >>> cada um dos elementos, um a um: >>> >>> >>> >>> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). >>> >>> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: >>> >>> >>> >>> s = 1 >>> >>> >>> >>> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que >>> é 1): >>> >>> >>> >>> s = 10 >>> >>> >>> >>> O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... >>> >>> O quarto, s = 1001... >>> >>> O quinto, s = 10010 >>> >>> >>> >>> Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... >>> >>> Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O >>> >>> segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. >>> >>> Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei >>> >>> acima, e envolve os elementos da "diagonal
Re: [obm-l] Cantor
Não se garante, neste caso, que todo número formado pelos b(i) seja racional, não obtendo-se, portanto, a procurada bijeção entre racionais e naturais. Ela pode ser obtida percorrendo diagonalmente uma tabela contendo todas as frações, começando por 0/1, 1/1, -1/1, 1/2, -1/2, 1/3, -1/3 ... na primeira linha, 2/1, -2/3, 2/2, -2/2, 2/3, -2/3 ... na segunda e assim por diante. O conjunto das frações equivalentes como 1/2 e 2/4 é enumerável e pode ser descartado, restando uma bijeção entre racionais e inteiros (que são enumeráveis). Um abraço. On Wed, Apr 18, 2018, 7:58 AM Claudio Buffarawrote: > Agora, uma pergunta: > > E se fossemos fazer uma lista de todos os racionais (dízimas periódicas) > entre 0 e 1 (por exemplo, escolhendo, quando houver ambiguidade, a versão > que termina por ...)? > Neste caso, o método da diagonal deveria falhar, certo, já que Q inter > (0,1) é enumerável? > Mas, de cara, me parece possível escolher, para todo i em N, um algarismo > b(i) diferente de a(i,i) (= i-ésimo algarismo do número na i-ésima linha da > lista). > Como pode? > > []s, > Claudio. > > > 2018-04-17 22:52 GMT-03:00 Anderson Torres : > >> Em 15 de abril de 2018 09:43, Luiz Antonio Rodrigues >> escreveu: >> > Olá, Ronei! >> > Fiz essa pergunta para o Bernardo... >> > Um abraço! >> > Luiz >> > >> > >> > On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badaró >> wrote: >> >> >> >> Não é a tal diagonal de Cantor? >> >> Sim, é este o nome. >> >> >> >> >> Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa >> >> escreveu: >> >>> >> >>> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues < >> rodrigue...@gmail.com>: >> >>> > Olá, amigos! >> >>> > Bom dia! >> >>> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho >> que >> >>> > eu >> >>> > reproduzi abaixo. >> >>> > >> >>> > >> >>> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é >> >>> > possível >> >>> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. >> >>> > (...) >> >>> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os >> >>> > termos >> >>> > são iguais a zero ou um. >> >>> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada >> >>> > sequência de >> >>> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma >> >>> > sequência s >> >>> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: >> se o >> >>> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; >> >>> > senão, é >> >>> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo >> de s >> >>> > é 1; >> >>> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) >> >>> > como >> >>> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s >> assim >> >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). >> Logo, >> >>> > não >> >>> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os >> >>> > elementos de >> >>> > C aparecessem como imagem! >> >>> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de >> >>> > construir uma >> >>> > bijeção de N em C. >> >>> > >> >>> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim >> >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." >> >>> >> >>> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um >> >>> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. >> >>> >> >>> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: >> >>> 1 -> 0100101010101 >> >>> 2 -> 010101010101 >> >>> 3 -> 11001 >> >>> 4 -> >> >>> 5 -> 1110111010101 >> >>> >> >>> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de >> >>> cada um dos elementos, um a um: >> >>> >> >>> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). >> >>> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: >> >>> >> >>> s = 1 >> >>> >> >>> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é >> 1): >> >>> >> >>> s = 10 >> >>> >> >>> O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... >> >>> O quarto, s = 1001... >> >>> O quinto, s = 10010 >> >>> >> >>> Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... >> >>> Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O >> >>> segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. >> >>> Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei >> >>> acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria >> >>> a sequência dos opostos. >> >>> >> >>> Abraços, >> >>> -- >> >>> Bernardo Freitas Paulo da Costa >> >>> >> >>> -- >> >>> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e >> >>> acredita-se estar livre de perigo. >> >>> >> >>> >> >>> >> = >> >>> Instru�ões para
Re: [obm-l] Cantor
2018-04-18 7:47 GMT-03:00 Claudio Buffara: > Agora, uma pergunta: > > E se fossemos fazer uma lista de todos os racionais (dízimas periódicas) > entre 0 e 1 (por exemplo, escolhendo, quando houver ambiguidade, a versão > que termina por ...)? > Neste caso, o método da diagonal deveria falhar, certo, já que Q inter (0,1) > é enumerável? > Mas, de cara, me parece possível escolher, para todo i em N, um algarismo > b(i) diferente de a(i,i) (= i-ésimo algarismo do número na i-ésima linha da > lista). > Como pode? Adorei! Claudio, ótimo "fora da caixa". Abraços, -- Bernardo Freitas Paulo da Costa -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo. = Instru��es para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html =
Re: [obm-l] Cantor
Agora, uma pergunta: E se fossemos fazer uma lista de todos os racionais (dízimas periódicas) entre 0 e 1 (por exemplo, escolhendo, quando houver ambiguidade, a versão que termina por ...)? Neste caso, o método da diagonal deveria falhar, certo, já que Q inter (0,1) é enumerável? Mas, de cara, me parece possível escolher, para todo i em N, um algarismo b(i) diferente de a(i,i) (= i-ésimo algarismo do número na i-ésima linha da lista). Como pode? []s, Claudio. 2018-04-17 22:52 GMT-03:00 Anderson Torres: > Em 15 de abril de 2018 09:43, Luiz Antonio Rodrigues > escreveu: > > Olá, Ronei! > > Fiz essa pergunta para o Bernardo... > > Um abraço! > > Luiz > > > > > > On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badaró > wrote: > >> > >> Não é a tal diagonal de Cantor? > > Sim, é este o nome. > > >> > >> Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa > >> escreveu: > >>> > >>> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues < > rodrigue...@gmail.com>: > >>> > Olá, amigos! > >>> > Bom dia! > >>> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho > que > >>> > eu > >>> > reproduzi abaixo. > >>> > > >>> > > >>> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é > >>> > possível > >>> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. > >>> > (...) > >>> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os > >>> > termos > >>> > são iguais a zero ou um. > >>> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada > >>> > sequência de > >>> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma > >>> > sequência s > >>> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se > o > >>> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; > >>> > senão, é > >>> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo > de s > >>> > é 1; > >>> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) > >>> > como > >>> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s > assim > >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). > Logo, > >>> > não > >>> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os > >>> > elementos de > >>> > C aparecessem como imagem! > >>> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de > >>> > construir uma > >>> > bijeção de N em C. > >>> > > >>> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim > >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." > >>> > >>> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um > >>> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. > >>> > >>> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: > >>> 1 -> 0100101010101 > >>> 2 -> 010101010101 > >>> 3 -> 11001 > >>> 4 -> > >>> 5 -> 1110111010101 > >>> > >>> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de > >>> cada um dos elementos, um a um: > >>> > >>> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). > >>> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: > >>> > >>> s = 1 > >>> > >>> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é > 1): > >>> > >>> s = 10 > >>> > >>> O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... > >>> O quarto, s = 1001... > >>> O quinto, s = 10010 > >>> > >>> Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... > >>> Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O > >>> segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. > >>> Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei > >>> acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria > >>> a sequência dos opostos. > >>> > >>> Abraços, > >>> -- > >>> Bernardo Freitas Paulo da Costa > >>> > >>> -- > >>> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > >>> acredita-se estar livre de perigo. > >>> > >>> > >>> > = > >>> Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em > >>> http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html > >>> > = > >> > >> > >> -- > >> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > >> acredita-se estar livre de perigo. > > > > > > -- > > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > > acredita-se estar livre de perigo. > > -- > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > acredita-se estar livre de perigo. > > > = > Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em > http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html >
Re: [obm-l] Cantor
Em 15 de abril de 2018 09:43, Luiz Antonio Rodriguesescreveu: > Olá, Ronei! > Fiz essa pergunta para o Bernardo... > Um abraço! > Luiz > > > On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badaró wrote: >> >> Não é a tal diagonal de Cantor? Sim, é este o nome. >> >> Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa >> escreveu: >>> >>> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues : >>> > Olá, amigos! >>> > Bom dia! >>> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho que >>> > eu >>> > reproduzi abaixo. >>> > >>> > >>> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é >>> > possível >>> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. >>> > (...) >>> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os >>> > termos >>> > são iguais a zero ou um. >>> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada >>> > sequência de >>> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma >>> > sequência s >>> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se o >>> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; >>> > senão, é >>> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo de s >>> > é 1; >>> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) >>> > como >>> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s assim >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). Logo, >>> > não >>> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os >>> > elementos de >>> > C aparecessem como imagem! >>> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de >>> > construir uma >>> > bijeção de N em C. >>> > >>> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim >>> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." >>> >>> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um >>> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. >>> >>> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: >>> 1 -> 0100101010101 >>> 2 -> 010101010101 >>> 3 -> 11001 >>> 4 -> >>> 5 -> 1110111010101 >>> >>> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de >>> cada um dos elementos, um a um: >>> >>> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). >>> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: >>> >>> s = 1 >>> >>> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é 1): >>> >>> s = 10 >>> >>> O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... >>> O quarto, s = 1001... >>> O quinto, s = 10010 >>> >>> Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... >>> Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O >>> segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. >>> Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei >>> acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria >>> a sequência dos opostos. >>> >>> Abraços, >>> -- >>> Bernardo Freitas Paulo da Costa >>> >>> -- >>> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e >>> acredita-se estar livre de perigo. >>> >>> >>> = >>> Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em >>> http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html >>> = >> >> >> -- >> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e >> acredita-se estar livre de perigo. > > > -- > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > acredita-se estar livre de perigo. -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo. = Instru��es para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html =
Re: [obm-l] Cantor
Olá, Bernardo! Muito obrigado! Ficou claro! Essa diagonal é a "diagonal de Cantor"? Um abraço! Luiz On Sun, Apr 15, 2018, 7:04 AM Bernardo Freitas Paulo da Costa < bernardo...@gmail.com> wrote: > 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues: > > Olá, amigos! > > Bom dia! > > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho que eu > > reproduzi abaixo. > > > > > > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é possível > > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. > > (...) > > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os termos > > são iguais a zero ou um. > > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada > sequência de > > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma > sequência s > > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se o > > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; > senão, é > > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo de s > é 1; > > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) como > > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s assim > > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). Logo, > não > > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os > elementos de > > C aparecessem como imagem! > > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de construir > uma > > bijeção de N em C. > > > > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim > > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." > > Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um > exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. > > Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: > 1 -> 0100101010101 > 2 -> 010101010101 > 3 -> 11001 > 4 -> > 5 -> 1110111010101 > > Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de > cada um dos elementos, um a um: > > O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). > Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: > > s = 1 > > O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é 1): > > s = 10 > > O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... > O quarto, s = 1001... > O quinto, s = 10010 > > Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... > Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O > segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. > Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei > acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria > a sequência dos opostos. > > Abraços, > -- > Bernardo Freitas Paulo da Costa > > -- > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > acredita-se estar livre de perigo. > > > = > Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em > http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html > = > -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo.
Re: [obm-l] Cantor
Olá, Ronei! Fiz essa pergunta para o Bernardo... Um abraço! Luiz On Sun, Apr 15, 2018, 7:23 AM Ronei Lima Badarówrote: > Não é a tal diagonal de Cantor? > > Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa < > bernardo...@gmail.com> escreveu: > >> 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues : >> > Olá, amigos! >> > Bom dia! >> > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho que >> eu >> > reproduzi abaixo. >> > >> > >> > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é >> possível >> > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. >> > (...) >> > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os >> termos >> > são iguais a zero ou um. >> > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada >> sequência de >> > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma >> sequência s >> > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se o >> > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; >> senão, é >> > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo de s >> é 1; >> > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) como >> > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s assim >> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). Logo, >> não >> > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os >> elementos de >> > C aparecessem como imagem! >> > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de >> construir uma >> > bijeção de N em C. >> > >> > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim >> > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." >> >> Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um >> exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. >> >> Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: >> 1 -> 0100101010101 >> 2 -> 010101010101 >> 3 -> 11001 >> 4 -> >> 5 -> 1110111010101 >> >> Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de >> cada um dos elementos, um a um: >> >> O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). >> Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: >> >> s = 1 >> >> O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é 1): >> >> s = 10 >> >> O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... >> O quarto, s = 1001... >> O quinto, s = 10010 >> >> Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... >> Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O >> segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. >> Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei >> acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria >> a sequência dos opostos. >> >> Abraços, >> -- >> Bernardo Freitas Paulo da Costa >> >> -- >> Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e >> acredita-se estar livre de perigo. >> >> >> = >> Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em >> http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html >> = >> > > -- > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > acredita-se estar livre de perigo. -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo.
Re: [obm-l] Cantor
Não é a tal diagonal de Cantor? Em Dom, 15 de abr de 2018 07:05, Bernardo Freitas Paulo da Costa < bernardo...@gmail.com> escreveu: > 2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues: > > Olá, amigos! > > Bom dia! > > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho que eu > > reproduzi abaixo. > > > > > > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é possível > > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. > > (...) > > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os termos > > são iguais a zero ou um. > > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada > sequência de > > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma > sequência s > > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se o > > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; > senão, é > > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo de s > é 1; > > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) como > > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s assim > > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). Logo, > não > > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os > elementos de > > C aparecessem como imagem! > > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de construir > uma > > bijeção de N em C. > > > > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim > > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." > > Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um > exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. > > Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: > 1 -> 0100101010101 > 2 -> 010101010101 > 3 -> 11001 > 4 -> > 5 -> 1110111010101 > > Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de > cada um dos elementos, um a um: > > O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). > Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: > > s = 1 > > O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é 1): > > s = 10 > > O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... > O quarto, s = 1001... > O quinto, s = 10010 > > Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... > Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O > segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. > Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei > acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria > a sequência dos opostos. > > Abraços, > -- > Bernardo Freitas Paulo da Costa > > -- > Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e > acredita-se estar livre de perigo. > > > = > Instru�ões para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em > http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html > = > -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo.
Re: [obm-l] Cantor
2018-04-15 5:36 GMT-03:00 Luiz Antonio Rodrigues: > Olá, amigos! > Bom dia! > Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho que eu > reproduzi abaixo. > > > A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é possível > obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. > (...) > Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os termos > são iguais a zero ou um. > Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada sequência de > C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma sequência s > formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se o > primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; senão, é > zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo de s é 1; > senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) como > sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s assim > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). Logo, não > pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os elementos de > C aparecessem como imagem! > Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de construir uma > bijeção de N em C. > > Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim > construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." Acho que ajuda a entender se você fizer um exemplo. Claro que um exemplo não prova nada, mas espero que ilumine a construção usada. Suponha, assim, que f seja da seguinte forma: 1 -> 0100101010101 2 -> 010101010101 3 -> 11001 4 -> 5 -> 1110111010101 Agora, vou construir a tal da sequência s, "descobrindo" o valor de cada um dos elementos, um a um: O primeiro elemento de s é o "oposto" do primeiro elemento de f(1). Como o primeiro elemento de f(1) é 0, vai ser um: s = 1 O segundo elemento de s é o oposto do segundo elemento de f(2) (que é 1): s = 10 O terceiro elemento, oposto do terceiro de f(3), dá s = 100... O quarto, s = 1001... O quinto, s = 10010 Agora, repare s não pode ser f(1), nem f(2), nem f(3), nem f(4), ... Porque o primeiro elemento de s é diferente do primeiro de f(1). O segundo de s, diferente do segundo de f(2). E assim por diante. Muitas vezes, num quadro-negro, o pessoal faz a tabela que eu esbocei acima, e envolve os elementos da "diagonal descendente", e depois cria a sequência dos opostos. Abraços, -- Bernardo Freitas Paulo da Costa -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo. = Instru��es para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html =
[obm-l] Cantor
Olá, amigos! Bom dia! Estou lendo "Matemática Discreta" da SBM e me deparei com o trecho que eu reproduzi abaixo. A principal contribuição de Cantor foi exibir casos em que não é possível obter uma bijeção entre dois conjuntos infinitos. (...) Seja C o conjunto de todas as sequências infinitas em que todos os termos são iguais a zero ou um. Suponhamos que fosse possível uma função f: N -> C, em que cada sequência de C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir uma sequência s formada por 0s e 1s (ou seja, um elemento de C) do seguinte modo: se o primeiro termo da sequência f(1) é zero, o primeiro termo de s é 1; senão, é zero. Se o segundo termo da sequência f(2) é zero, o segundo termo de s é 1; senão, é zero. Prosseguimos, sempre escolhendo o n-ésimo termo s(n) como sendo o oposto do n-ésimo termo da sequência f(n). A sequência s assim construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n). Logo, não pertence à imagem de f. Mas nossa suposição era de que todos os elementos de C aparecessem como imagem! Temos, assim, uma contradição, que mostra a impossibilidade de construir uma bijeção de N em C. Já o reli diversas vezes. Eu "travei" na frase "A sequência s assim construída difere pelo menos na posição n de cada sequência f(n)." Agradeço a ajuda e peço duas coisas: desculpas pela ignorância e a indicação de um livro sobre este assunto... Um grande abraço! Luiz -- Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antiv�rus e acredita-se estar livre de perigo.
[obm-l] cantor (nível uni)
Definir uma função f: R-R que se anula somente no conjunto de Cantor (tradicional) tal que: 1- f é contínua. (sugestao usar distancia de ponto a um conjunto.) 2- f é de classe C^1Yahoo! Mail Mais espaço, mais segurança e gratuito: caixa postal de 6MB, antivírus, proteção contra spam.