Paulo Mora de Freitas gravada:

>   Olha, Francisco, acho que é bobagem usar a palavra "nazismo" nesse
> caso. Longe de defender aqui os regimes socio-populistas, chamo a
> atenção ao fato de que hoje vivemos algo bastante diferente daquela
> época. O Nazismo era uma espécie de socialismo populista que inclusive
> inspirou o nosso Getúlio Vargas.

Grande Paulo Mora, recomendo a leitura do livro "A Era Vargas", de José Augusto
Ribeiro, lançado ano passado, pela Casa Jorge Editora. Um livro a favor de Vargas,
diante de tanta coisa contra - especialmente as escritas pelos "paulistas" a
partir de Sergio Buarque de Holanda. Um livro sem preconceitos, um livro que
encara Vargas a partir de sua verdadeira dimensao humana e histórica e do que fez
para o Brasil e para os brasileiros.

Líder da Revoluçao de 30, que tinha como uma de suas bandeiras o fim da fraude
eleitoral vigente na República Velha - daí a criaçao da Justiça Eleitoral em 32 -
Vargas nunca foi seguidor de Hitler ou "socialista populista". Isto é uma
empulhaçao historica infelizmente multiplicada nos dias de hoje pelos que
desconhecem a luta de Vargas contra o imperialismo americano - depois de sua
voltar ao poder, em 50, pelo voto dos brasileiros. Foi um ditador na década de 30?
Sem dúvidas. Mas sobretudo foi um nacionalista, um defensor da soberania
brasileira, um defensor de nossas riquezas naturais -  o "estadista brasileiro do
século", na opiniao insuspeita de Barbosa Lima Sobrinho.

Vargas foi  especialmente um homem que deu a sua vida pelo Brasil. Já que voce tem
uma visão tão petista - que considero torta e distorcida - sobre Vargas, se tiver
tempo, amigo Mora, dá pelo menos uma relida na Carta Testamento que Vargas
escreveu em agosto de 1954, antes de dar um tiro no coraçao. Grande abraço
fraternal, Mora.

CARTA TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS

Líder da Revolução de 30, Getúlio Vargas chegou ao poder e governou o Brasil até
ser deposto pelos militares em 1945; mas voltou a Presidência da República, pelo
voto do povo, nas eleições diretas de 1950. Quatro anos depois, pressionado pelas
mesmas forças políticas que desencadeariam o golpe militar de 1964, Vargas cumpriu
a promessa de só morto deixar o Palácio do Catete: deu um tiro no coração no dia
23 de agosto de 1954. Mas antes escreveu a seguinte Carta Testamento:

 “Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente
se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e
não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha
ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e
principalmente os humildes.
 Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos
grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e
venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social.
Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea
dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra ao
regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários detida no
Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os
ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas
através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se
avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o
trabalhador seja livre.
 “Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral
inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas
estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que
importávamos existiam fraudes constatadas de mais de US$ 100 milhões por ano. Veio
a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu
preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de
sermos obrigados a ceder.
 “Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão
constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a
mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos
posso dar, a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém,
querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

 “Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis
minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em
vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos
vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos
manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue
será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a
resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
 “E aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do
povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não
mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu
sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei
contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a
calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha
morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e
saio da vida para entrar na história”. Getúlio Vargas



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