> Por outro lado, já faz muitos anos que Dugundji provou que não há uma matriz
> finita característica de S5.

Mas há matrizes infinitas para todos os sistemas modais normais.  Além
disso, como muitos deles possuem a _propriedade do modelo finito_
(Harrop 1958), há mesmo assim procedimentos de decisão associados
(McKinsey 1941), mesmo que às vezes não sejam muito eficientes ou
tragam muito insight.

> Também, já faz muito tempo que se sabe que os
> sistemas de Lewis são indiscerníveis sintaticamente, que é preciso
> considerar uma semântica (de mundos) para os diferenciar.

Como é que alguém poderia "saber" algo assim?!

Não sei o que você quer dizer com "indiscernibilidade sintática".  Por
exemplo: a lógica clássica e a lógica intuicionista são indiscerníveis
sintativamente? (certamente elas podem ser escritas _na mesma
linguagem_)

A discernibilidade entre as lógicas modais, vistas como relações de
consequência, pode ser verificada usando resultados de independência,
e recorrendo a algumas de suas metapropriedades.  Isto já era sabido
há muito tempo, bem antes das "semânticas de mundos", que são
maravilhosas, pintarem por aí.  Quanto ao uso de semânticas
características/adequadas para a mesma tarefa de distinção entre
sistemas, _qualquer semântica_ em princípio serviria, desde que
tivesse algumas características recursivas óbvias mínimas.

> Esses resultados são velhos e não creio que alguém os consiga derrubar.

Eu sequer entendo o que significaria "derrubar" um resultado
matemático, velho ou novo...

> Se, por outro lado, colocarmos a lógica modal dentro de uma tradição de
> lógicas intensionais, então há menos motivos para falar revisionismo.

Para mim a expressão "lógica intensional" é ainda mais mal definida,
muito mais mal definida, do que "lógica modal".  Mas certamente
acredito em definições ruins, como já exemplifiquei, para o caso da
lógica modal, definições que não acertam nem por baixo nem por cima, e
que não são úteis --- e, por consequência e otimismo, acredito também
em outras melhores.
JM


> Em 14 de outubro de 2011 18:43, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:
>>
>> > Da minha parte, também creio que não podemos perder o espírito geral por
>> > detrás do arcabouço dos sistemas modais: fazer lógica modal consiste em
>> > primeiro pensar nos modelos, nas relações e nas suas propriedades e
>> > depois
>> > encontrar ou construir os axiomas, as regras de inferência, enfim, como
>> > diria o Chellas, os esquemas correspondentes.
>>
>> Este "espírito geral" sobre o qual você insiste é _revisionista_, Tony.
>>
>> Não discordo que seja maravilhoso pensar na lógica modal a partir de
>> sua semântica relacional, ou a partir de sua semântica de vizinhança.
>> Mas não foi assim (fato histórico) que os axiomas modais nasceram.
>>
>> De todo modo, a lógica como relação de consequência pode ser definida
>> independentemente desta interpretação "modal" particular.
>>
>> Por outro lado, há até quem defenda, como Jean-Yves, que a lógica
>> modal não é mais do que o "estudo dos operadores unários".  Esta
>> proposta particular, contudo, tem dois defeitos que me parecem graves:
>> desconsidera operadores modais n-ários, e não explica "o que é ser
>> modal" do ponto de vista da Lógica Universal.  De uma maneira ou de
>> outra, é verdade que a maior parte da literatura sobre lógica modal
>> não define "o que é ser modal", do ponto de vista lógico.
>>
>> Joao Marcos

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