Olá Lista,

esse ataque contra a clareza e a objetividade lógica/científica é padrão e já 
virou clichê. Exigem eles um respeito incondicional à pluralidade e às opiniões 
divergentes mas desrespeitam completamente as pesquisas mais disciplinadas e 
organizadas. A meu ver, por excesso de pluralismo, grande parte de Filosofia 
(e, naturalmente, quase todas as Humanas, e infelizmente até as Exatas) hoje em 
dia não passa de cabide de emprego. Quando se trata de instituições 
não-privadas, é apenas pura e simplesmente desperdício de dinheiro público. 

*Meritocracia* é até palavra feia para muitos ali.

Eu cursava um mestrado interdisciplinar, numa universidade federal, onde a 
*professora*  (que era coordenadora do mestrado, e possuía dois pós-doutorados, 
diga-se de passagem) afirmava com todas as letras que Lógica é coisa de 
medievalista, que a Ciência sempre foi apenas um mito bem propagado (por isso 
as pessoas *acreditam* nas teorias científicas!) e que as certezas da 
matemática não possuem mais exigências que, por exemplo, as interpretações de 
um Deleuze sobre os rizomas da biologia (a famosa *desterritorialização* ou, a 
meu ver, o greencard filosófico pra falar besteira - às vezes penso que Deleuze 
resolveu tirar uma onda da academia pois sabia que o nível estava tão baixo que 
mesmo que ele só falasse asneira todo mundo ia levar a sério; se foi o caso, 
nisso sim ele acertou em cheio! - ) Teve uma vez que eu até tentei alertar tal 
*professora* que, se quisesse falar que a objetividade lógica e científica é 
mito, pelo menos
 não fazer isso enquanto liga o ar-condicionado e controla a temperatura da 
sala através de um controle remoto de precisão digital, mas ela não entendeu...

No entanto, tem outra questão interessante aqui. Já vi inúmeras vezes, e 
acredito que todos aqui já viram isso, a própria Paraconsistência e outras 
Lógicas não-clássicas sendo utilizada junto com a Física Quântica e a 
Relatividade justamente ao lado do Desconstrucionismo, Pós-Estruturalismo e 
outras pluralidades esteticistas como *prova* e justificativa de que a clareza 
e a objetividade são resquícios herdados de um longo e equivocado período de 
crença racionalista (!). 

Daí me pego pensando, que tipo de coisa em tais teorias fazem levar a tais 
conclusões?

Sendo mais chato, eu consigo entender que estão erradas as interpretações 
da Física Quântica e da Relatividade quando dizem que elas desferiram um golpe 
fatal na objetividade científica. Até onde entendo, isso é um absurdo. 

Mas até hoje não consigo compreender como as Lógicas ditas não-clássica 
(principalmente as não bi-valentes) conseguem, se apertadas, escapar de tais 
interpretações. Um *terceiro valor de verdade*, nem falso, nem verdadeiro, ou 
tudo-junto-ao-mesmo-tempo, é tudo que a Desconstrução e a *crítica* 
estético-literária precisa para invalidar qualquer coisa, porém agora com o 
aval da Lógica, pois bastaria ajustar convenientemente seus próprios axiomas e 
regras para se criar um sistema de Lógica Desconstrucionista perfeitamente 
válido (obviamente, válido em tal sistema, como qualquer outro).

Daí entra a questão, se até a Lógica é pluralista em seus fundamentos, em que 
devemos nos basear para identificar que esses sistemas de desconstrução estão 
equivocados? Eles não poderiam contra-atacar exatamente com o mesmo argumento? 

Não seria isso uma redução ao absurdo - clássica, naturalmente - contra a 
pluralidade da Lógica?
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