Oi Marcelo, Acho que a sua resposta sintetiza tudo: o Julio tem inconvenientes em aceitar qualquer lógica fora da clássica. De fato, a primeira mensagem de Julio criticando a negacao paraconsistente pode se aplicar mutatis mutandis à negacao intuicionista: na logica intuicionista nao vale o principio basico da logica classica (no qual se baseia grande parte da matemática do nosso dia a dia), o principio do terceiro excluido. Isso desqualifica a logica intuicionista e a sua negacao? Claro que nao! mais ainda, uma negacao como a intuicionista, em que "nao nao P" nao equivale a "P" é muito mais rica do que a logica classica, pois permite diferenciar entre afirmar P e negar que nao foi o caso que P. Como disse Humerstone (se nao me engano), a logica intuicionista (e por extensao, a logica paraconsistente) tem maior poder discriminatorio: identifica menos coisas, logo expressa mais coisas! Os horizontes da logica classica precisam ser expandidos para lidar com outros contextos. Diferentes negacoes, implicacoes, disjuncoes e conjuncoes podem conviver (e de fato convivem) pacificamente, ainda num mesmo sistema logico: por exemplo, grande numero de logicas paraconsistentes (ddentre elas as belas Logics of Formal Inconsistency- -LFIs-- introduzidas por Walter e Joao Marcos) expressam duas negacoes (no minimo) que convivem armoniosamente: uma paraconsistente e outra classica. Nao vejo nada antinatural ou antifilosofico nisto, muito pelo contrario...
Abracos, Marcelo C. 2012/4/10 Marcelo Finger <mfin...@ime.usp.br>: > Oi Julio. > > Pra mim o seu argumento não se altera, e permanece vazio: é claro que > se mudamos o comportamento de um conectivo, o seu significado muda. > Então, o seu argumento não traz nada de novo. > > Ou seja, se o comportamento é não clássico, não é lógica clássica. E daí? > > O ponto é: v não aceita sistemas não clássico. Ponto. > > Eu, por mim, acho válido investigar diversos outros sistemas se > soubermos o que estamos procurando. > > []s > > Marcelo > > On 10 April 2012 18:50, julio cesar <jcacusto...@yahoo.com.br> wrote: >> Olá Marcelo, >> >> nesse ponto que você apontou, creio (1) não estar errado e, se estivesse, >> (2) tal ponto não afetaria meu argumento. Veja a seguir: >> >> (1) veja minha sentença: *os sistemas que tratam de forma não-clássica a >> contradição tem, BASICAMENTE, uma única abordagem: manipular o operador de >> negação*. Esse *basicamente* foi posto intencionalmente pois tenho >> conhecimento do fato de que é plenamente possível sistemas inconsistentes >> onde o que se manipula não é operador de negação, mas o de conjunção. Creio >> ser possível criar um sistema inconsistente inclusive mudando apenas nossos >> conceitos ontológicos, mas isso fica pra outra hora. De qualquer forma, o >> que eu quis dizer com aquela sentença foi apenas que a maioria dos sistemas >> inconsistentes (ou talvez os mais importantes) procedem daquela maneira.. >> estou errado nisso? >> >> (2) Mesmo se eu estivesse errado na sentença acima e ninguém nunca tivesse >> realmente manipulado o operador de negação, mas apenas o de conjunção, meu >> argumento seguiria firme, pois a questão é justamente essa: só é possível >> asserir contradições ao se alterar os operadores ou conceitos clássicos, >> porém, depois de tais alterações, precisaríamos de alguma garantia que >> aquilo que sobrou sob a expressão (A^~A) é a mesma informação que a lógica >> clássica queria impedir. Porém, se se altera a informação sob uma expressão >> (ainda que se mantém inalterada a expressão), altera-se também as restrições >> sobre a informação contida em tal expressão. >> >> abs >> Júlio César A. Custódio >> >> >> >> ________________________________ >> De: Marcelo Finger <mfin...@ime.usp.br> >> Para: julio cesar <jcacusto...@yahoo.com.br> >> Cc: "logica-l@dimap.ufrn.br" <logica-l@dimap.ufrn.br> >> Enviadas: Terça-feira, 10 de Abril de 2012 7:17 >> Assunto: Re: [Logica-l] Algumas coisas formales >> >> Oi Julio. >> >> Tecnicamente falando, o que v diz não é verdade: >> >>> - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem, >>> basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação. >> >> Eu e a Renata Wassermann mostramos que se pode "aproximar" a lógica >> clássica manipulando qualquer um dos conectivos. Portanto, se v quer >> obter uma classe de lógicas que invalidam, por exemplo, a tautologia >> >> não( A & não A) >> >> uma das formas possíveis é manipular a conjunção. >> >> Num outro trabalho, com Gabbay e D'Agostino, mostramos que podemos >> aproximar a lógica clássica sem manipular nenhum conectivo, mas >> manipulando a regra do corte de maneira específica. >> >> ANTES de você descartar esses trabalhos como "meros" sistemas formais, >> eu informo que nossa preocupação inical era (e é) representar >> raciocínio com _recursos limitados_ como devem ser o raciocínio de >> agentes reais, tendo na base diversos trabalhos filosóficos. >> >> []s >> >> >> -- >> Marcelo Finger >> Departamento de Ciencia da Computacao >> Instituto de Matematica e Estatistica >> Universidade de Sao Paulo >> Rua do Matao, 1010 >> 05508-090 Sao Paulo, SP Brazil >> Tel: +55 11 3091-9688, 3091-6135, 3091-6134 (fax) >> http://www.ime.usp.br/~mfinger >> >> > > > > -- > Marcelo Finger > Departamento de Ciencia da Computacao > Instituto de Matematica e Estatistica > Universidade de Sao Paulo > Rua do Matao, 1010 > 05508-090 Sao Paulo, SP Brazil > Tel: +55 11 3091-9688, 3091-6135, 3091-6134 (fax) > http://www.ime.usp.br/~mfinger > _______________________________________________ > Logica-l mailing list > Logica-l@dimap.ufrn.br > http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l _______________________________________________ Logica-l mailing list Logica-l@dimap.ufrn.br http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l