Prezado Julio Cesar,
Existem varias pessoas lendo essa lista que nao sao *senhores*.
Agradeceria a gentileza de se dirigir aos *colegas*, em vez de aos senhores.

Obrigada,
Valeria de PAiva

2012/4/10 Julio César <jcacusto...@yahoo.com.br>:
>
> Senhores,
>
> A título de ilustração: imaginem x,y e z como peças de Lego dentro de uma 
> caixa C. Chamemos aqui de "lógica" o mecanismo pelo qual as peças se encaixam 
> (pode-se entender como instrução de encaixe). Imaginem que alguém verificou 
> corretamente que x, y e z não possuem encaixe lógico. E essa pessoa diz então:
>                           (a)   "As peças na caixa C não possuem encaixe 
> lógico".
> Imaginem também que certo interlocutor, por um motivo qualquer, quer provar 
> que existe outra lógica de encaixe das peças através da qual (a) se torne 
> falsa. Para tal, ele retira da caixa C a peça y e coloca a peça w, de forma 
> que a peça w, junto com x e z, tenham agora um encaixe lógico. Assim, (a) é 
> falsa, logo, existe sim outra lógica de encaixe das peças.
>
> Pergunta: Vocês considerariam legítima tal prova?
>
> abs
> Júlio César A. Custódio
>
>
> Em 10/04/2012, às 20:21, Marcelo Esteban Coniglio <meconig...@gmail.com> 
> escreveu:
>
>> Oi Marcelo,
>>
>> Acho que a sua resposta sintetiza tudo: o Julio tem inconvenientes em
>> aceitar qualquer lógica fora da clássica. De fato, a primeira mensagem
>> de Julio criticando a negacao paraconsistente pode se aplicar mutatis
>> mutandis à negacao intuicionista: na logica intuicionista nao vale o
>> principio basico da logica classica (no qual se baseia grande parte da
>> matemática do nosso dia a dia), o principio do terceiro excluido. Isso
>> desqualifica a logica intuicionista e  a sua negacao?
>> Claro que nao! mais ainda, uma negacao como a intuicionista, em que
>> "nao nao P" nao equivale a "P" é muito mais rica do que a logica
>> classica, pois permite diferenciar entre afirmar P e negar que nao foi
>> o caso que P. Como disse Humerstone (se nao me engano), a logica
>> intuicionista (e por extensao, a logica paraconsistente) tem maior
>> poder discriminatorio: identifica menos coisas, logo expressa mais
>> coisas!
>> Os horizontes da logica classica precisam ser expandidos para lidar
>> com outros contextos. Diferentes negacoes, implicacoes, disjuncoes e
>> conjuncoes podem conviver (e de fato convivem) pacificamente, ainda
>> num mesmo sistema logico: por exemplo, grande numero de logicas
>> paraconsistentes (ddentre elas as belas Logics of Formal
>> Inconsistency- -LFIs-- introduzidas por Walter e Joao Marcos)
>> expressam duas negacoes (no minimo) que convivem armoniosamente: uma
>> paraconsistente e outra classica.  Nao vejo nada antinatural  ou
>> antifilosofico nisto, muito pelo contrario...
>>
>> Abracos,
>>
>> Marcelo C.
>>
>> 2012/4/10 Marcelo Finger <mfin...@ime.usp.br>:
>>> Oi Julio.
>>>
>>> Pra mim o seu argumento não se altera, e permanece vazio: é claro que
>>> se mudamos o comportamento de um conectivo, o seu significado muda.
>>> Então, o seu argumento não traz nada de novo.
>>>
>>> Ou seja, se o comportamento é não clássico, não é lógica clássica.  E daí?
>>>
>>> O ponto é: v não aceita sistemas não clássico.  Ponto.
>>>
>>> Eu, por mim, acho válido investigar diversos outros sistemas se
>>> soubermos o que estamos procurando.
>>>
>>> []s
>>>
>>> Marcelo
>>>
>>> On 10 April 2012 18:50, julio cesar <jcacusto...@yahoo.com.br> wrote:
>>>> Olá Marcelo,
>>>>
>>>> nesse ponto que você apontou, creio  (1) não estar errado e, se estivesse,
>>>> (2) tal ponto não afetaria meu argumento. Veja a seguir:
>>>>
>>>> (1) veja minha sentença: *os sistemas que tratam de forma não-clássica a
>>>> contradição tem, BASICAMENTE, uma única abordagem: manipular o operador de
>>>> negação*. Esse *basicamente* foi posto intencionalmente pois tenho
>>>> conhecimento do fato de que é plenamente possível sistemas inconsistentes
>>>> onde o que se manipula não é operador de negação, mas o de conjunção. Creio
>>>> ser possível criar um sistema inconsistente inclusive mudando apenas nossos
>>>> conceitos ontológicos, mas isso fica pra outra hora. De qualquer forma, o
>>>> que eu quis dizer com aquela sentença foi apenas que a maioria dos sistemas
>>>> inconsistentes (ou talvez os mais importantes) procedem daquela maneira..
>>>> estou errado nisso?
>>>>
>>>> (2) Mesmo se eu estivesse errado na sentença acima e ninguém nunca tivesse
>>>> realmente manipulado o operador de negação, mas apenas o de conjunção, meu
>>>> argumento seguiria firme, pois a questão é justamente essa: só é possível
>>>> asserir contradições ao se alterar os operadores ou conceitos clássicos,
>>>> porém, depois de tais alterações, precisaríamos de alguma garantia que
>>>> aquilo que sobrou sob a expressão (A^~A) é a mesma informação que a lógica
>>>> clássica queria impedir. Porém, se se altera a informação sob uma expressão
>>>> (ainda que se mantém inalterada a expressão), altera-se também as 
>>>> restrições
>>>> sobre a informação contida em tal expressão.
>>>>
>>>> abs
>>>> Júlio César A. Custódio
>>>>
>>>>
>>>>
>>>> ________________________________
>>>> De: Marcelo Finger <mfin...@ime.usp.br>
>>>> Para: julio cesar <jcacusto...@yahoo.com.br>
>>>> Cc: "logica-l@dimap.ufrn.br" <logica-l@dimap.ufrn.br>
>>>> Enviadas: Terça-feira, 10 de Abril de 2012 7:17
>>>> Assunto: Re: [Logica-l] Algumas coisas formales
>>>>
>>>> Oi Julio.
>>>>
>>>> Tecnicamente falando, o que v diz não é verdade:
>>>>
>>>>>  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem,
>>>>> basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação.
>>>>
>>>> Eu e a Renata Wassermann mostramos que se pode "aproximar" a lógica
>>>> clássica manipulando qualquer um dos conectivos.  Portanto, se v quer
>>>> obter uma classe de lógicas que invalidam, por exemplo, a tautologia
>>>>
>>>>     não( A & não A)
>>>>
>>>> uma das formas possíveis é manipular a conjunção.
>>>>
>>>> Num outro trabalho, com Gabbay e D'Agostino, mostramos que podemos
>>>> aproximar a lógica clássica sem manipular nenhum conectivo, mas
>>>> manipulando a regra do corte de maneira específica.
>>>>
>>>> ANTES de você descartar esses trabalhos como "meros" sistemas formais,
>>>> eu informo que nossa preocupação inical era (e é) representar
>>>> raciocínio com _recursos limitados_ como devem ser o raciocínio de
>>>> agentes reais, tendo na base diversos trabalhos filosóficos.
>>>>
>>>> []s
>>>>
>>>>
>>>> --
>>>> Marcelo Finger
>>>>  Departamento de Ciencia da Computacao
>>>>  Instituto de Matematica e Estatistica
>>>>  Universidade de Sao Paulo
>>>>  Rua do Matao, 1010
>>>>  05508-090    Sao Paulo, SP     Brazil
>>>>  Tel: +55 11 3091-9688, 3091-6135, 3091-6134 (fax)
>>>>  http://www.ime.usp.br/~mfinger
>>>>
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