Hola, Valéria e João.

Bem, eu ia me abster de responder, mas resolvi fazer um comentário rápido.

Em primeiro lugar, eu nunca disse que a Sara inventou sistemas rotulados. O
que eu disse foi que o cap 11 do livro de Proof Analysis é um bom lugar
para ler sobre sistemas modais rotulados baseados em cálculo de sequentes.
E sistemas baseados em dedução natural não são adequados para obter
diversos resultados em teoria da prova, em especial aqueles que necessitam
o conceito de focalização (pois só há focalização em sistemas que contenham
apenas regras de introdução).

Em tempo: o livro é muito ruim, de uma maneira geral. Salva-se apenas o cap
11, na minha opinião.

Em segundo lugar, eu entendo (e concordo com) a maioria dos argumentos
postos pela Valéria mas o que ocorre é que, na verdade, as regras
"semânticas" de G3K podem ser vistas como pontos fixos em lógica linear com
definições. De fato, os corpos das definições são cláusulas de Horn
(portanto positivas) e focar sobre elas resulta em um passo de dedução. Ou
seja, elas não interferem no restante da prova (lógica).

Mas acho que nada disso interessa diretamente ao Daniel, que colocou a
pergunta, em primeiro lugar.

Abraços,


2013/5/27 Valeria de Paiva <valeria.depa...@gmail.com>

> hmm, obrigada JM pela referencia elogiosa ao meu trabalho com o Torben
> sobre Deducao Natural  pra logica hibrida construtiva!
>
> mas e':
> > (É inteiramente misteriosa para mim a razão
> > pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
> > para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
> > modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
> > ponto de vista lógico.)
>
> a gente ja discutiu isso algumas vezes. hoje estou meio sem tempo pra
> longas conversas, mas nao posso deixar passar em branco o argumento
> usual...
>
> e', botar as relacoes de acessibilidade dos  modelos de Kripke na sintaxe
> da logica modal 'e um truque bacana que funciona muito bem pra muitas
> coisas, mas
> 1. isso da' aa nocao de modelo de mundos um papel especial, de definidor
> dos sistemas modais, que eu nao sei se 'e razoavel. logicas modais existiam
> antes dos modelos de mundos e podem existir sem os mesmos, a principio. a
> principio semantica de mundos 'e que nem qq outra semantica (algebrica,
> categorica, de valoracoes, etc...) se a semantica de mundos precisa ser
> parte da definicao da *sintaxe* das logicas modais, bom entao
> ontologicamente elas sao privilegiadas. Por que?
> 2. botar a semantica desejada na sintaxe que voce quer modelar (apesar de
> logicas hibridas) continua me parecendo roubalheira/cheating... a gente nao
> precisa disso pra logica classica, a gente nao precisa disso pra logica
> intuicionista, a gente nao precisa pra certos sistemas modais... a nocao de
> corretude/soundness fica meio comprometida, pois se a semantica 'e parte da
> sintaxe, corretude e' por definicao, nao por demonstracao...essas
> discussoes (ou algumas delas) tb estao na tese do Simpson, junto com as
> respostas dele de pq as minhas objecoes nao sao relevantes.
> 3. quem quer fazer teoria da prova/ou da demonstracao nao pode transformar
> as provas que estao interessados em, em provas de primeira ordem. porque
> isso destroi a estrutura de demonstracoes que sao tao bem comportadas (como
> os slides que o JM sugeriu explicaram) em coisas dentro do universo de 1a
> ordem que nao sao bem comportadas de forma nenhuma.
> 4. quem como eu e tantos outros esta' interessado nas provas e nao no fato
> de um certo teorema ser verdadeiro ou falso, precisa ter muito cuidado com
> as traducoes entre sistemas logicos que vai aceitar., pois muitas das
> traducoes que preservam valor verdade destroem a estrutura das provas...
>
> bom, acho que ja chega, ja repetimos alguns dos argumentos tradicionais.
> outros interessados em teoria da prova e (pra nao dzer que nao falei das
> flores) em focussing ou hypersequentes podem tb dar seus palpites.
>
> Abracos logicos cordiais
> Valeria
>
> 2013/5/27 Daniel Durante <dura...@ufrnet.br>
>
> > Colegas,
> >
> > Muito obrigado MESMO pelas referências, já comecei estudar, e elas
> > certamente me pouparão muito TEMPO :) E também confirmam minha suspeita
> de
> > que o assunto era mesmo bem desenvolvido. Aproveito, então, e deixo a
> vocês
> > uma pergunta séria, mas que vou formular em termos lúdicos: suponha que
> por
> > alguma limitação qualquer (não muito longe do real, no meu caso), por
> > exemplo não tenho lápis e papel, nem boa memória (para fazer as coisas de
> > cabeça), nem internet,... e em meu computador só tenho instalado o
> software
> > "Fitch", que me deixa (e auxilia a) fazer provas em dedução natural na
> > lógica clássica de primeira ordem. Bem, com esta ferramenta eu já sei que
> > posso construir teorias (conjuntos de premissas) para as diversas versões
> > da lógica temporal, descobri que posso fazer o mesmo para os principais
> > sistemas de lógica modal, imagino (para o meu desgosto) que posso fazer o
> > mesmo inclusive para a lógica intuicionista, já que há uma teoria
> clássica
> > para S4. Bem, então eu começo a pensar que poderia fazer o mesmo para
> > lógicas paraconsistentes, relevantes,… A pergunta, então, é: tem alguma
> > lógica não-clássica que eu não vou conseguir resolver no meu software,
> > simulando-a como uma teoria de primeira ordem clássica?
> > Parece que qualquer sistema formal que seja correto e completo com
> > respeito a alguma formulação semântica que possa ser expressa em uma
> teoria
> > de relações passível de ser axiomatizada em primeira ordem se tornaria
> > equivalente a uma teoria clássica de primeira ordem!!??!! Deve haver algo
> > errado com esta ideia, pois ela me faz pensar se existe mesmo alguma
> lógica
> > não-clássica no sentido de não poder ser tratada classicamente, de ser
> > incompatível com a lógica clássica! O que vocês acham (ou sabem) sobre o
> > assunto?
> >
> > Saudações,
> > Daniel
> >
> > PS: Sobre o que disse o João Marcos:
> >
> > > (É inteiramente misteriosa para mim a razão
> > > pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
> > > para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
> > > modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
> > > ponto de vista lógico.)
> >
> > Eu tenho um palpite, João. A razão pode ser histórica. No caso das
> lógicas
> > modais, por exemplo, a regimentação em primeira ordem só se tornou
> possível
> > depois que a semântica dos modelos de Kripke se estabeleceu. É preciso
> > muita reflexão para converter os conceitos de "necessidade" e
> > "possibilidade", que traduzem-se diretamente em operadores lógicos, em
> uma
> > relação binária entre estados possíveis do mundo (ou mundos possíveis)
> que
> > rotulam proposições! Outra esquisitice histórica da lógica modal é o nome
> > dos sistemas! K, T, B, S4, S4.3, S5?
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