Meu ponto é que a essência do teorema é uma falha de representação (uma entre 
duas, qual vai falhar depende da nomeação das fórmulas, ou seja, da 
godelizacao). Indecidibilidade e indefinibilidade da verdade podem ser 
consequências dessa falha, mas o resultado é geral e se aplica a teorias 
decidiveis e indecidiveis. Você diz:

> Ora, se a teoria é decidível, ninguém disputa que a aritmetização pode
> ser dispensada!  Trata-se, porém, de dispensá-la em demonstrações de
> *indecidibilidade*!


O que eu fiz para a teoria dos corpos reais fechados pode ser feito para 
teorias indecidiveis, é só escolher uma nomeação adequada. Vamos ver. 


> Considere o mencionado teorema 1 na seção II.2 do TMR. Tome uma
> formalização qualquer T, em primeira ordem, da aritmética.  Você
> poderia, porventura, *demonstrar*, sem uso da aritmetização, que a
> função D é definível em T (sob a hipótese de que T é consistente)?

Sim. Primeiro é preciso formular a questão apropriadamente, pois a 
definibilidade é relativa a uma nomeação das fórmulas, não vale em absoluto 
como veremos. Por nomeação entendo uma atribuição de termos a fórmulas de modo 
injetivo. Normalmente isso é chamado de godelizacao. 

Primeiro, digo novamente que não é necessário mostrar qualquer 
representabilidade para aplicar o teorema, porque para qualquer nomeação das 
fórmulas, ele dá como conclusão que ou D não é representável ou a teoremicidade 
não é representável. O teorema mostra uma falha de representabilidade em 
qualquer caso, e essa é sua essência como eu entendo. 

Segundo, observo que D não é “definível” em absoluto. A representabilidade é 
relativa a uma nomeação das fórmulas. Vamos ver isso. Vamos representar a 
teoremicidade de T em T (isso mesmo, a teoremicidade da aritmética). Considere 
a seguinte nomeação: o conjunto dos teoremas da aritmética é enumerável. Nomeie 
o primeiro teorema com o termo fechado 0, o segundo com 2, o terceiro com 4, 
...  Fixe também uma nomeação dos não teoremas com os termos para números 
ímpares. 

A fórmula (Existe y; x = y + y) representa os teoremas em T para a nomeação 
dada acima! O que acontece, claro, é que a diagonalização não é representável 
para essa nomeação! Essa nomeação também não é recursiva, nem poderia ser, 
claro. 

Sua questão deve ser entendida assim: mostre que há uma nomeação das fórmulas 
tal que a diagonalização é representável com essa nomeação. Isso não é 
necessário para aplicar o teorema e concluir que T tem falha de 
representabilidade. De qualquer modo, vamos ver o que podemos fazer. 

Enumere as fórmulas que não são diagonalização com os termos para os números 
primos. Para cada fórmula F, o termo para a diagonalização de F será ‘F’.’F’. 
(O termo produto do termo ‘F’ com ele mesmo). 

A fórmula y=x.x representa a diagonalização com essa nomeação. 

Abraço 
Rodrigo






> Em 30 de dez de 2019, à(s) 10:59, Hermógenes Oliveira 
> <olive...@daad-alumni.de> escreveu:

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