[Cassiano] >>>  Relativamente aos diplomas, tenho de confessar q não posso 
discordar do Julio e já tinha falado isso antes.
Mas produção, se entendida em termos quantitativos, tampouco; serve mais pro 
ego do escritor, q se encanta pela própria linguagem, do q pra contribuição 
científica de fato. E isso tem várias outras implicações, transversais...

Eu, de minha parte, Concordo ai com o Cassiano.
Ademais, uma parte fundamental do concurso concerne a avaliacao qualitativa do 
projeto de pesquisa do candidato, seu Potencial de Interacao com outros membros 
do departamento, de desenvolver e Colaborar em projetos de interesse da 
instituicao, etc.

Tenho visto por ai concursos com "criterios objetivos" que publicam no edital a 
receita de como fazer uma planilha para avaliar cada quesito.
Quando convidado para concursos assim, eu me recuso a participar.
Isto nao quer dizer que indicadores quantitativos nao tenham sua importancia; 
Na minha opiniao, tem!
Em suma, o mundo eh nao trivial, e solucoes que trivializam nossas decisoes 
geralmente fazem mais mal que bem.
Procedimentos trivializantes levam a emendas piores que os maus sonetos que as 
motivaram.

Tudo de bom,  ---Julio Stern


________________________________
From: Cassiano Terra Rodrigues <cassiano.te...@gmail.com>
Sent: Thursday, December 15, 2022 1:13 PM
To: Joao Marcos <botoc...@gmail.com>
Cc: Marcos Silva <marcossilv...@gmail.com>; Daniel Durante 
<durant...@gmail.com>; LOGICA-L <logica-l@dimap.ufrn.br>; aldofigallo 
<aldofiga...@gmail.com>; joaov...@gmail.com <joaovito...@gmail.com>; João 
Daniel Dantas <dantas.joaodan...@gmail.com>; jmstern <jmst...@hotmail.com>
Subject: Re: [Logica-l] Concurso Público (FIL-UnB) - Área: Lógica

JM, uma questão de entendimento aqui.
Repudiar sem justificativa boa qq fenômeno cartorial ou qq fenômeno cartorial 
sem justificativa boa deve ser repudiado? Acho q vc quer dizer a 2a, sim?
Concurso é um fenômeno cartorial, a meu ver.  E o modelo de concursos poderia 
ser abolido se tivéssemos outro sistema, comissões de busca, talvez. Mas além 
da nossa burocracia cartorial de herança lusitana, a nossa estrutura jurídica é 
processual, o que exige um processo como o do concurso (processo ≠ modelo) cuja 
função é garantir a objetividade, embora saibamos q isso é um ideal mais q uma 
realidade. No caso de comissões de busca, uma avaliação menos antiquada do 
percurso formativo e profissional me parece mais favorável e mais fácil de 
implementar. Além de poder ser, talvez, menos meritocrático, como apontou o 
Marcos, com quem estou plenamente de acordo nesse ponto, ou ainda tem alguém q 
acredita nesse papai noel meritocrático universitário aqui?
Relativamente aos diplomas, tenho de confessar q não posso discordar do Julio e 
já tinha falado isso antes. Mas produção, se entendida em termos quantitativos, 
tampouco; serve mais pro ego do escritor, q se encanta pela própria linguagem, 
do q pra contribuição científica de fato. E isso tem várias outras implicações, 
transversais e diretas, com o ponto aqui. A primeira é dar muita importância ao 
concurso, pq depois q entra... enfim. Além disso, conheço mais de um colega, 
alguns amigos, com diploma de X q não fazem absolutamente nada em X, ao 
contrário, permanecem analfabetos na área em q foram contratados para lecionar 
e pesquisar, mas mesmo assim lá ficam, não sei se por meritocracia, pelo 
fenótipo, ter estudado com X ou Y, por participar de algum grupo hegemônico, 
ser neto ou parente de alguém ou pelo valor mesmo do trabalho, ou até pela 
dificuldade de demitir alguém na máquina pública brasileira. Mas a área de 
lógica está cheia desse fenômeno tupiniquim: pessoas com diplomas de doutorado 
em filosofia por mera contingência de arranjo institucional, pois se diplomaram 
em departamentos de filosofia tendo feito trabalhos de lógica matemática exata 
(nem de lógica, simplesmente, reforço, lógica matemática exata). Acho isso, na 
verdade, ótimo, pois areja a filosofia. Só que também acho difícil encontrar o 
inverso em departamentos de matemática, se estou errado, quero q me mostrem, 
pois sou falível, mas eu nunca vi. Tirando uma ou outra exceção, claro, como o 
falecido Ubi D'Ambrosio, ou o Newton da Costa, exceções q confirmam a regra. 
Isso sem falar em doutores ultraprodutivos e com diploma mas sem vergonha, mas 
deixemos isso pra lá por enqto, pq ao menos isso algumas bancas ainda conseguem 
avaliar. Diante disso, eu me pergunto: será tão ilegítima, descabida e 
injustificada assim a exigência de graduação em filosofia para um departamento 
de filosofia? Note-se q no caso específico o departamento de filosofia da UnB 
não está mal provido de professores de lógica, e os dois q conheço não são 
graduados apenas em filosofia, o Alexandre tb tem graduação em direito e o 
Rodrigo é engenheiro e tem 2 doutorados, 1 em matemática e outro em filosofia. 
É esse o departamento q está fazendo reserva de mercado? Decisões colegiadas 
frequentemente são bastante complexas e envolvem muitos matizes. Não estou 
defendendo o departamento de filosofia da UnB de nada, mas tudo isso leva a 
pensar q na verdade a filosofia - não apenas na UnB - é uma área em q isso q 
foi chamado aqui de reserva de mercado não faz o menor sentido, pois a 
quantidade de professores formados em física, matemática, direito, artes, 
ciências sociais e sei lá mais o quê que leciona em departamentos de filosofia 
nas universidades brasileiras é bem considerável e eu truco q uma pesquisa 
empírica vai mostrar q esse fenômeno é menor em outros departamentos. E às 
vezes por imposição, pois o q outros departamentos refugam, manda lá pra 
filosofia, pq filosofia não é ciência mesmo, cabe qq coisa.
Diploma algum significa nada, no fim das contas. Mas a impressão q eu tenho é q 
só na filosofia é q incomoda.
Abraços,
cass.


Cassiano Terra Rodrigues
Prof. Dr. de Filosofia - IEF-H-ITA

Rua Tenente Brigadeiro do ar Paulo Victor da Silva, F0-206
Campus do DCTA
São José dos Campos
São Paulo, Brasil
CEP: 12228-463
Tel. (+55) 12 3305 8438


--
lealdade, humildade, procedimento



On Thu, Dec 15, 2022 at 8:49 AM Joao Marcos 
<botoc...@gmail.com<mailto:botoc...@gmail.com>> wrote:
> Exigir diploma de filosofia para trabalhar com filosofia é uma medida de 
> exclusão?
> Eu não sei. Eu acho que não.

Parece-me relevante lhe pedir para inserir a qualificação "DE
GRADUAÇÃO" entre "diploma" e "em filosofia", para que a discussão
anterior continue sendo justa.

(É fato que eu particularmente defendi ---e outros colegas também
defenderam---- a proposta *inclusiva* segundo a qual o DIPLOMA EM X
não deveria ser *necessário* para CONCORRER a uma vaga na ÁREA X, o
que é algo que vai bem além do requisito acerca do diploma DE
GRADUAÇÃO que deu origem a esta thread.)

> Eu sou um brasileiro preto e periférico, como vários discentes de filosofia 
> nas nossas universidades públicas. Estou tentando cuidar dos meus.

Confesso que não entendi porque não haveria brasileiros pretos e
periféricos que não seriam potencialmente *excluídos* pela exigência
de GRADUAÇÃO EM X, com X=Filosofia...  Bacharéis em Direito ou
Teologia, digamos, podem tranquilamente ser brasileiros pretos e
periféricos, certo?

[]s, Joao Marcos

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