Olá Obrigado pelos comentários! E pela referência principalmente.
Este fio de mensagens ficou bem interessante, obrigado a todos de novo. Em tempo: eu agradeci a Lídia pela palestra mas esqueci de agradecer a Gisele e ao Encontro Brasileiro de Filosofas Analíticas pela organização da mesa, muito bom ver jovens lógicas trabalhando. Abraços []s Samuel ----- Mensagem original ----- De: Juan Carlos Agudelo Agudelo <juca.agud...@gmail.com> Para: Samuel Gomes da Silva <sam...@ufba.br> Cc: Daniel Durante <durant...@gmail.com>, Walter Carnielli <walte...@unicamp.br>, Lista Lógica <logica-l@dimap.ufrn.br>, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> Enviadas: Tue, 10 Oct 2023 10:52:50 -0300 (BRT) Assunto: Re: [Logica-l] Mesa de Filosofia da lógica: Consequência lógica Bom dia para tod@s, Acho que de fato o "axioma do vazio" (existe o conjunto vazio) não é necessário em ZF, por conta de que a lógica clássica pressupõe domínios não vacios. O que fica evidente na definição de modelo, onde se exige que os domínios dos modelos sejam não vazios, e levando em consideração que ZF é uma teoria pura (como já falaram anteriormente), qualquer domínio de interpretação deve ter pelo menos um conjunto, e pelo axioma de separação.... A dedução do axioma do vazio pode se obter particularizando sobre o axioma de separação, usando qualquer variável (que representa um conjunto arbitrário) e usando uma fórmula contraditória (por exemplo P(x) := x \neq x). No livro do Mendelson ("Introduction to Mathematica Logic", 5ed, 2010), a sessão 2.16 fala sobre "Quantification Theory Allowing Empty Domains". Acho que essa sessão pode ser de interesse para o que se está discutindo aqui. Abraços, Juan Carlos On Mon, Oct 9, 2023 at 1:47 PM 'Samuel Gomes da Silva' via LOGICA-L < logica-l@dimap.ufrn.br> wrote: > Obrigado Henrique, obrigado Daniel, > > Achei legal isso de "teoria impura" (!!!), vou pensar depois com calma. > > Obrigado mesmo ! > > Pelo visto a observação do aluno tem sim "alguma graça", hehe. > > Abraços > > []s Samuel > > ------------------------------ > *De: *"Daniel Durante" <durant...@gmail.com> > *Para: *"Walter Carnielli" <walte...@unicamp.br> > *Cc: *"samuel" <sam...@ufba.br>, "Lista Lógica" <logica-l@dimap.ufrn.br>, > "Joao Marcos" <botoc...@gmail.com> > *Enviadas: *Segunda-feira, 9 de outubro de 2023 15:38:01 > *Assunto: *Re: [Logica-l] Mesa de Filosofia da lógica: Consequência lógica > > Fala Samuel, Walter e Henrique, > > O estudante é criativo ,mas está enganado: una das leis da Igualdade diz > que "qualquer coisa é igual a si própria", mas não diz que existe algo. > > > É Walter, mas se esta lei da igualdade está na lógica clássica, então tem > uma prova de duas linhas do argumento > > Vx(x=x) |– Ex(x=x) > > Aliás, na lógica clássica em geral vale: > > (1) |-VxPx => |-ExPx > > Ou seja, na lógica clássica, se uma dada propriedade 'P' vale para > qualquer um, então existe alguém que a instancia. > > Aí, então, eu acho que o estudante está certo em dispensar o axioma, desde > que aceite a lógica clássica. > > Mas o que eu acho mais interessante ainda que isso é pensar no contrário. > Será que tem algum teorema existencial que não é universal na lógica > clássica? Será que vale: > > (2) |-ExPx => |-VxPx > > Na lógica clássica, “infelizmente”, (2) não vale. Existem teoremas > clássicos existenciais cujas contrapartes universais não são teoremas > clássicos. E digo infelizmente porque eu acho isso é MUITO estranho. > > Não deveria ser papel da lógica postular a existência de coisas > específicas. Esse, me parece, é um papel das teorias, não das lógicas. A > teoria de conjuntos (ou qualquer outra teoria), me parece, pode postular a > existência de alguma coisa que seja diferente de todas as outras. (Existe o > conjunto vazio, existem unicórnios,...). Mas se alguma lógica faz isso, me > parece que ela está extrapolando seu papel. A lógica deveria cuidar do que > é comum a todos, do que é universal. > > É como se a lógica clássica fosse meio elitista, preconceituosa, como se > ela discriminasse os indivíduos. > > A lógica intuicionista, por exemplo, não é assim elitista. Nela vale (2). > Todo teorema existencial é também universal. Não existe discriminação > intuicionista entre os indivíduos, só discriminação clássica. > > Então, todos os exemplos de teoremas existenciais ExP(x) tais que a > contraparte universal VxP(x) não é teorema, são aqueles casos estranhos (e > duvidosos ?) de teoremas clássicos que não são teoremas intuicionistas. > > Aqui um exemplo que o João Marcos me mostrou certa vez: > > (3) Ex(P(x) -> VyP(y)) > > (4) Vx(P(x) -> VyP(y)) > > (3) é teorema clássico, mas (4) não é. > > Só que (3) não é teorema intuicionista. Então (3) não é nada mais que um > modo estranho de afirmar o princípio do terceiro excluído. > > Enfim, voltando para a questão do Samuel, qualquer interpretação clássica > tem o domínio não vazio. Isso significa que não há teorias clássicas cujo > universo do discurso seja vazio. Todas as teorias clássicas são habitadas. > > Isso significa que nenhuma teoria PURA precisa estipular a existência da > categoria de coisas sobre a qual teoriza. Esta existência é dada pela > lógica. > > Então, se ZFC é uma teoria de primeira ordem clássica que só fala de > conjuntos, não fala de outras coisas, se nem tem um predicado “É_Conjunto” > porque só pode ter conjunto no domínio, então ela não precisa mesmo de um > axioma para postular a existência de conjuntos. Sua existência é garantida > pela lógica clássica. > > Agora se a teoria for impura, se admitir outras coisas, então pode não > haver conjuntos e ela precisa postular de alguma maneira a existência de > conjuntos. > > Mas veja. Não há nenhum drama aqui. Em qualquer dos casos a existência de > conjuntos é uma postulação nossa. Seja explicitamente em um axioma da > teoria, seja implicitamente restringindo a abrangência dos domínios > aceitáveis. > > Saudações, > Daniel. > > ----- > Departamento de Filosofia - (UFRN) > http://danieldurante.weebly.com > > > > O axioma de Kunen assevera a existência. > > Abs, > > W. > > > Em seg., 9 de out. de 2023 13:57, 'samuel' via LOGICA-L < > logica-l@dimap.ufrn.br> escreveu: > >> Oi gente, >> >> Aproveitando pra comentar da dúvida que eu apresentei na apresentação da >> Lidia Batinga (que pro framework dela >> deu pra ver que a resposta era "sim"). >> >> Aí, todo mundo pode dar aqui um pitaco que eu estou curioso com isso já >> faz uns três anos. >> >> Lá vai: >> >> O primeiro axioma de Teoria dos Conjuntos, em muitos livros, é o Axioma >> do Vazio: >> >> "Existe x tal que para todo y, y não pertence a x" >> >> (que depois é provado ser o único nessas condições pelo Axioma da >> Separação). >> >> Pois bem: no livro do Kunen dos anos 80 (referência clássica em >> conjuntos), o primeiro axioma >> é um "axioma de existência de conjuntos": >> >> "Existe x tal que x = x" >> >> (como qualquer coisa é igual a si mesmo, o axioma essencialmente diz que >> existe uma "qualquer coisa" pra ser igual a si mesma). >> >> Dada a existência de um conjunto, dada pelo axioma acima, e o Axioma de >> Separação, obtemos o conjunto vazio separando, >> nesse x que foi dito existir digamos, o subconjunto >> >> y = {z pertencente a x | z é diferente de z } >> >> e aí esse y não tem elementos (dado que nenhum z satisfaz o pedido) e por >> unicidade (dada por Separação) ele é o vazio, OK. >> >> Em resumo, pelo que vocês vêm acima, na presença do Axioma de Separação, >> dizer que "existe um conjunto qualquer" >> ou que "existe um conjunto vazio" dá na mesma, seriam axiomáticas >> equivalentes. >> >> ... Mas aí vem a pegadinha. >> >> Numa banca de mestrado que participei, o aluno "se recusou" a aceitar o >> axioma do Kunen, "Existe x tal que x = x", >> com o seguinte argumento: >> >> ---> Essa asserção segue de um axioma lógico sobre igualdade, que é "Para >> todo x, x = x", logo, se ela >> segue de um axioma, essa asserção é um teorema e não deveria ser um outro >> axioma. >> >> ... Touché ! Dizer o quê pro aluno numa situação dessas ??? >> >> Depois de matutar um pouco a questão toda (pelo menos até onde eu vejo) >> é: ao tratarmos de uma teoria, >> NÓS TEMOS QUE PRESSUPOR QUE O DOMÍNIO DE DISCURSO É NÃO-VAZIO ? >> >> Porque se o domínio de discurso é não-vazio para a Teoria dos Conjuntos, >> de fato, para todo x deveríamos >> ter x = x, então em particular existe x tal que x = x. Seria então um >> teorema, não axioma. >> >> Ao ver essa apresentação da Lidia, e uma apresentação que o Henrique >> Antunes fez pra nós aqui na Matemática da UFBA, >> >> Foi apresentada essa diferença entre a Lógica clássica e a lógica livre, >> no qual, resumidamente >> >> ---> Na lógica clássica os termos se referem a coisas que são supostas >> existentes >> >> ---> Na lógica livre isso não vale necessariamente, então podemos falar >> de Pégaso e de outros entes imaginários... >> >> Então eu penso, ok, na lógica classe os termos se referem a coisas que >> existem. >> >> Mas - antes disso (de definir o que os termos fazem) nós teríamos que >> decidir se existem coisas para que os termos possam se >> referir a elas, não ? Seria uma espécie de discussão anterior ao papel >> dos termos, eles têm coisas existentes pra denotar ? >> >> Então eu perguntei pra Lidia que estava apresentando sobre isso e deu pra >> ver que ela pressupõe que o >> universo de discurso é não-vazio, >> >> E no livro do Kunen tem alguns momentos lá na frente que ele fala que "na >> prática" tem que se supor que >> o universo de discurso é não-vazio (posso achar a página exata se alguém >> pedir), >> >> Então minha dúvida é essa: ainda em oposição à lógica livre talvez, >> >> Numa apresentação de uma teoria em lógica clássica, >> >> Devemos, ou é preferível, ou é saudável, ou é do gosto pessoal de cada um, >> >> -----> Supor que o domínio de discurso é não-vazio ? >> >> Se sim, então o axioma "Existe x tal que x = x" é desnecessário (e Kunen >> teria ficado contraditório lá no meio do >> livro dele ao dizer que já supunha o universo não vazio depois de colocar >> esse "axioma zero" na primeira linha >> do livro então...) >> >> Gostaria de ouvir os colegas, >> >> Abraços, e agradeço a Lidia por sua apresentação e por ter dado essa >> oportunidade para uma discussão. >> >> []s Samuel >> >> >> >> >> >> >> >> Em quarta-feira, 4 de outubro de 2023 às 14:50:01 UTC-3, Joao Marcos >> escreveu: >> >>> Mesa-redonda imperdível nesta 5a-feira, 05/10, às 19:00, transmitida >>> pelo excelente canal do Núcleo de Lógica e Filosofia Analítica da UFMA: >>> https://www.youtube.com/live/rcRVKwJPmsk?si=VKK8nkCjLm5dGWmS >>> >>> Em sua segunda iteração, o Encontro Brasileiro de Filósofas Analíticas >>> continua sua missão de abrir um espaço de diálogo para que pesquisadoras, >>> em fase inicial ou intermediária de pesquisa, de todas as regiões do país, >>> se conheçam, compartilhem suas pesquisas e formem uma rede de apoio que >>> estimule cada vez mais a presença e permanência de mulheres na Filosofia >>> Analítica, em suas mais diferentes ramificações. >>> >>> Na mesa de quinta-feira (05/10/23) teremos uma discussão de temas em >>> filosofia da lógica com a Profa. Gisele Secco (UFSM) mediando as seguintes >>> comunicações: >>> - “Referência, Autorreferência e Circularidade” por Fernanda Birolli >>> (USP) >>> - “Lógica e ontologia: uma relação próxima” por Lídia Batinga (UFPB) >>> - “Lógica abstrata: o que podemos fazer de novo?” Por Luiza Ramos (USP) >>> >>> %%% >>> >>> Toda uma série de eventos de alta qualidade vêm por aí, como parte >>> da segunda iteração do Encontro Brasileiro de Filósofas Analíticas: >>> https://ebfanaliticas.wixsite.com/ebfa/general-5 >>> >>> %%% >>> >>> JM >>> >> >> -- >> LOGICA-L >> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de >> Lógica <logica-l@dimap.ufrn.br> >> --- >> Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos >> Grupos do Google. >> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, >> envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. >> Para ver essa discussão na Web, acesse >> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/4be0526f-d26a-4b34-918e-16e0eabd5b5dn%40dimap.ufrn.br >> <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/4be0526f-d26a-4b34-918e-16e0eabd5b5dn%40dimap.ufrn.br?utm_medium=email&utm_source=footer> >> . >> > > -- > LOGICA-L > Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de > Lógica <logica-l@dimap.ufrn.br> > --- > Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos > Grupos do Google. > Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie > um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. > Para ver essa discussão na Web, acesse > https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAOrCsLc4msmgSin6KwWtopp0-G8MnC5jGpNnzutj6VMzC3fpqQ%40mail.gmail.com > <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAOrCsLc4msmgSin6KwWtopp0-G8MnC5jGpNnzutj6VMzC3fpqQ%40mail.gmail.com?utm_medium=email&utm_source=footer> > . > > > > -- > LOGICA-L > Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de > Lógica <logica-l@dimap.ufrn.br> > --- > Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos > Grupos do Google. > Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie > um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. > Para ver essa discussão na Web, acesse > https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/476442149.19993037.1696877223019.JavaMail.zimbra%40ufba.br > <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/476442149.19993037.1696877223019.JavaMail.zimbra%40ufba.br?utm_medium=email&utm_source=footer> > . > -- LOGICA-L Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica <logica-l@dimap.ufrn.br> --- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos Grupos do Google. 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