Oi Fabianne,

No evento do Bro Nacional somente 21% que se pré inscreveram eram mulheres
(qualquer um poderia se inscrever).
No Ceará eu tenho uns 10 amigos homens e a gente conversa software livre,
contrabalanceando apenas uma mulher que é da dataprev.
E a nossa colega da dataprev tem um papel super importante no movimento.
No setor de TI da FIEC tem +-8 homens e 2 mulheres e nosso coordenador é
homem.
Acho que isso é um reflexo da sociedade onde os cursos de Computação
apareciam sempre mais homens do que mulheres (apareciam pelo menos na minha
época 90). Não vejo como fator psicológico ou discriminação. As vezes o
pessoal faz uma brincadeira ou outra mas é mero fruto do acaso e não algo
deliberado.
Como atualmente vejo mais mulheres entrando no mercado elas vão ocupando
mais espaço aos poucos (um chute que estou dando).
Mas como mostra no nosso evento elas não se preocupam tanto com esta
questão ou não estão nos espaços corretos.
Espero que este espaço seja transformado de 21% para no mínimo 50%.
Abraços e parabéns por mais esta conquista.

Marcus de Vasconcelos Diogo da Silva
SENAI CETAFR
fone(085) 32153026


Oi Ricardo,

É sempre muito bom ver pessoas dispostas a discutir a questão de gênero com
seriedade. Homens, então, são uma veradeira raridade.


On 6/20/06, Ricardo L. A. Banffy <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
      Eu não conheço muitas mulheres envolvidas com desenvolvimento de
      software livre, mas eu gostaria de ouvir mais sobre essas barreiras -
      talvez por eu ser homem, essas barreiras, embora existam, sejam
      imperceptíveis pra mim.


Bem, não me considero uma desenvolvedora. Tenho apenas um bom nível de
conhecimento técnico na manipulação de sistemas e algum conhecimento de
linguagens de programação e desenvolvimento de sites. Mas acho que minha
experiência de interação nesse meio pode ilustrar algumas das dificuldades
que encontramos para você...

Quando fiz meu primeiro curso de linux, parecia que eu estava numa corrida
de kart onde todos os homens presentes queriam pelo menos garantir que não
"perderiam" para mim. Um amigo (este sim desenvolvedor mesmo) me falou
rindo que era muito feio para um homem perder para uma mulher, então por aí
você já tem uma idéia. Comparei com corrida de kart porque foi a mesma
sensação que tive quando corria com amigos de meu irmão. Após algum tempo,
eles passaram a me respeitar, mas não era como mulher, e sim como uma
"anomalia", algo fora do "normal".

O problema neste tipo abordagem é que, além de levar a mulher a ter que, de
certa forma, se "masculinizar" (segundo Capra[1], a competição é um
elemento masculino), o tempo ideal para o processo acontecer é comprometido
por um desequilíbrio na própria forma que o homem e mulher encaminham suas
próprias vidas (segundo Jung[2], "(...) a vida, para o homem (ou para a
mulher que teve a mente treinada de forma masculina), é algo que se toma de
assalto, num ato de força de vontade heróica; mas para a mulher, a vida se
realiza melhor através de um processo de despertar progressivo."). Vejam
bem, não acho errado uma mulher competir (tod*s temos elementos femininos e
masculinos dentro de nós). Acho apenas errado ela sempre ser obrigada a
competir num nível muito acima daquele ela enfrentaria se fosse um homem,
pois isso gera um desequilíbrio enorme na sua forma natural de ser.


      Mas é fácil observar outras anomalias estatísticas em populações
      selecionadas.

      É mais fácil ver gente bonita numa Casa Cor do que num FISL. Ao mesmo
      tempo, é mais fácil encontrar pessoas que saibam desenhar de cabeça
      uma
      molécula de cafeína num FISL do que numa Casa Cor. É muito mais fácil

      encontrar piercings numa agência de publicidade do que em um banco.
      Há
      mais cabelo em um encontro de metaleiros do que em um de skinheads.

      Aparentemente, existem muitas outras "cercas invisíveis" à nossa
      volta.


Eu não diria que o problema da questão de gênero se resume a uma cerca
invisível, pois pra mim ela é bem visível. Na realidade, ela é óbvia. Tão
óbvia que acaba ficando escondida em sua obviedade (quem aqui nega que as
coisas óbvias por vezes são as mais difíceis de se ver?). E a raiz mais
profunda desse problema, na minha opinião, encontra-se numa certa árvore do
conhecimento, de cujo fruto proibido certa mulher ousou desfrutar e, tendo
também seduzido um homem a faze-lo, amaldiçoou para sempre a humaninade,
expulsando-n*s da possibilidade uma vida maravilhosa dentro do Paraíso...

ah, como nós somos más! >)


[1] CAPRA, Frijof, O Tao da Física. São Paulo: Cultrix, 1984.
[2] Jung, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos, Editora Nova Fronteira, Rio
de Janeiro, 1991.


--
Fabianne Balvedi
Linux User #286985
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