Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Décio Krause
Tony
Ok, retiro as palavras mais intuitiva (referindo-me à lógica clássica), 
deixando no entanto o mais familiarizados. Isso certamente se deve a um 
acidente histórico ou coisa que o valha. Mas você parece requerer que os alunos 
tenham já de início todas as intuições sobre os porquês, coisa que eles irão 
adquirir na medida em que estudem o assunto, como por exemplo saber para que 
necessitamos provar um teorema como o da completude da lógica propositional 
clássica. Bom, uma vez, há muito tempo, colegas minhas tentaram iniciar 
ensinando aritmética comum a professores de ensino elementar na base 5. Deu um 
bafafá enorme, ninguém entendeu nada, mas pelo menos eles ficaram sabendo o 
tipo de dificuldade que os alunos deles tinham com a base 10. Uma ideia meio 
maluca, mas interessante. 
D



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Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Em 10/04/2012, às 01:50, Tony Marmo marmo.t...@gmail.com escreveu:

 Caro Mestre,
 
 Eu já tenho as minhas dúvidas de que a lógica clássica seja mais fácil. Peço 
 ademais a venia para dizer que ela não é nem um pouco intuitiva. Aliás, está 
 claro para mim que a lógica clássica não encarna uma maneira natural de 
 pensar. A lógica fuzzy e outras multivalentes e as lógicas modais, 
 principalmente as não-normais, aproximam-se muito mais do que parece ser 
 raciocínio intuitivo e natural.
 
 No curso ministrado pelo professor Walter, eu apontei esse fato e ele 
 ponderou comigo o seguinte: para matemáticos a lógica clássica parece ser o 
 modo mais natural de pensar, mas para um filósofo um linguista pode ser que 
 não e é compreensível que não o seja. Porém fica então uma questão para o 
 aluno que começa : por que cargas d'água alguém vai requerer relacionar 
 modelos matemáticos à lógica clássica, se ela mesma já é um pensamento 
 matemática? Ora, ao contrário, fica estranho alguém pretender matematizar o 
 que já é matemático.
 
 Por outro lado, mostrar que existe uma pluralidade de álgebras e relacionar 
 isto à pluralidade de lógicas, faz mais sentido. E digo que faz mais sentido 
 filosoficamente e também é mais didático.
 
 Agora, abordando o exemplo dado, eu acho quase ininteligível qualquer coisa 
 que seja apresentada sem mais nem menos, ou seja, sem que antes se diga o 
 porquê de abordar tal e tal tópico. Por exemplo, os BONS livros de introdução 
 a lógica, quando falam do sistema proporcional, têm uma falha didática comum: 
 à certa altura começam com a litania agora provaremos a compacidade e em 
 seguida a correção e a completude do sistema. É? Pergunto eu, e por que 
 vamos fazer isso? As provas se seguem depois de cada uma dessas noções ser 
 definida, mas o leitor, que não é professor de lógica, ainda não tem uma 
 pista do porquê seria importante provar essas coisas. Aliás, um aluno vendo 
 essas coisas pela primeira vez, desavisado de que elas existiam, termina a 
 leitura das demonstrações, pode chegar a compreender as demonstrações, mas 
 fica ainda imaginando de onde surgiu essa preocupação com correção e 
 completude. Ora, o aluno pode pergunar-se Aristóteles e outros não diziam já 
 que essa é a forma correta de pensar? Por que então tenho de provar que ela é 
 correta, se isto está dado?
 
 A questão de em seguida apresentar uma semântica para o sistema proposiconal 
 clássico é a mesma: o aluno não tem ideia do porquê da lógica clássica 
 precisar de uma semântica e menos ainda consegue pensar porque alguém 
 gostaria de propor que uma semântica de todo um sistema pudesse ser um 
 reticulado.
 
 Em resumo, o problema não está no quanto de matemática avançada ou de pura 
 matemática pode estar envolvido. Como numa oblação de uma Igreja 
 não-calcedônica, quando de repente uma cortina enorme se fecha escondendo 
 todo o altar, um protestante ou um católico fica sem entender o que 
 aconteceu. Ninguém lhe disse que a cortina fecharia durante a liturgia e, não 
 falando uma língua como Armênio, dificilmente terá alguém que lhe explique o 
 que está acontecendo e por que está acontecendo. Qual é a matemática avançada 
 nessa situação? Não há e o problema didático é o mesmo. 
  
 
 Em 9 de abril de 2012 20:32, Décio Krause deciokra...@gmail.com escreveu:
 Tony e demais
 Falo por alto de coisas que aprendi com Newton da Costa, ainda que não queira 
 compromete-lo com o que disser. Usamos a lógica clássica (LC) porque ela nos 
 parece mais fácil e mais intuitiva, ainda que isso seja difícil de 
 justificar. Em princípio, não haveria qualquer problema em iniciar com uma 
 lógica não-clássica, mas operacionalmente seria desaconselhável. Pense no 
 seguinte caso, mencionado por da Costa. Tome a Lógiça intuicionista BH. 
 Podemos dar uma semântica para da na própria lógica intuicionista, mas como 
 alerta dC, isso teria um valor (em princípio) 

Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Marcelo Finger
Oi Julio.

Tecnicamente falando, o que v diz não é verdade:

  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem, 
 basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação.

Eu e a Renata Wassermann mostramos que se pode aproximar a lógica
clássica manipulando qualquer um dos conectivos.  Portanto, se v quer
obter uma classe de lógicas que invalidam, por exemplo, a tautologia

não( A  não A)

uma das formas possíveis é manipular a conjunção.

Num outro trabalho, com Gabbay e D'Agostino, mostramos que podemos
aproximar a lógica clássica sem manipular nenhum conectivo, mas
manipulando a regra do corte de maneira específica.

ANTES de você descartar esses trabalhos como meros sistemas formais,
eu informo que nossa preocupação inical era (e é) representar
raciocínio com _recursos limitados_ como devem ser o raciocínio de
agentes reais, tendo na base diversos trabalhos filosóficos.

[]s


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Marcelo Finger
 Departamento de Ciencia da Computacao
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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Joao Marcos
Alguns pontos a serem levados em consideração:

(1) Os termos sistemas formais e sistemas lógicos não têm em geral
a mesma denotação na literatura contemporânea.  Em particular,
sistemas formais (linguagens formais?) não precisam ter uma *noção
de consequência* associada.  (Neste sentido, o termo sistemas
formais no título da tese de Newton da Costa, de 1963, já não se
sustentaria, na literatura lógica.)

(2) Qualquer discussão proveitosa sobre termos como contradição,
inconsistência e princípios lógicos deve antes de mais nada fixar
o significado destes termos.  *Definições* não possuem, sozinhas,
implicações filosóficas ; a leitura e o uso que fazemos delas pode
possuir.  Analogamente, sistemas lógicos ---ou qualquer outro objeto
matemático--- também não possuem, sozinhos, implicações filosóficas
: estas implicações podem contudo ser mais ou menos identificáveis, em
cada caso, nos usos que daremos a estes sistemas.

(3) Para um exemplo, no paper A taxonomy of C-systems fixamos de
maneira inovadora e fora do ordinário o significado do termo
princípio da não-contradição (PNC).  Vemos a seguir que a maior
parte das lógicas paraconsistentes da literatura respeita
perfeitamente esta formulação do PNC.  O termo inconsistência também
tem o seu significado precisificado no paper em particular para
linguagens que contêm um operador para expressar o conceito
meta-teórico de consistência.  Diferentemente do que foi dito aqui
nesta linha de discussões por outro colega, as lógicas
paraconsistentes são, sim senhor, exatamente as lógicas que são
*inconsistentes* conquanto não absolutamente inconsistentes / não
extra-completas / não triviais.  (Isto recupera e está de acordo
com o uso do termo inconsistentes no título da tese de Newton da
Costa, bem como na tradução revisada por Perzanowski do paper original
do Jaskowski, de 1948.  Não, pessoal, não é preciso ter medo da
inconsistência!)  As lógicas paraconsistentes, em geral, se revelam
como exatamente aqueles sistemas lógicos capazes de diferenciar entre
inconsistência e trivialidade.

(4) No mesmo paper, não mudamos o significado usual da noção de
contraditoriedade (a situação em que podemos *inferir* fórmulas A e
~A, para uma certa fórmula A e um certo conectivo ~ que mereça o nome
de negação).  A semântica adequada para este conectivo deve mudar, em
lógicas paraconsistentes?  Esta é uma observação que não deveria
surpreender, e se aplica em geral a qualquer conectivo não-clássico,
em qualquer lógica não-clássica.  Será possível encontrar outras
interpretações para um tal conectivo não-clássico que dêem a impressão
de que nada mudou, ou outras abordagens formais nas quais o
comportamento não-clássico seja fruto de algum outro mecanismo lógico
interessante, expressando alguma forma de raciocínio prático?
Provavelmente.  Mudar de lógica é mudar de assunto?  Sim, há quem
pense isso.  Eu particularmente consigo facilmente mudar de assunto
mesmo sem mudar de lógica.

(5) O estudo de lógicas paraconsistentes não depende da existência de
contradições verdadeiras --- nem da existência de semânticas
adequadas para estas lógicos, nem da existência de formalismos
dedutivos adequados (o que não significa que não seja muito bom ter
semãnticas e formalismos dedutivos para as lógicas que estudamos, e de
fato costumamos tê-los).  A boa definição de paraconsistência se dá a
nível da *noção de consequência*, em Lógica Universal, a partir de bem
pouca linguagem (um símbolo unário de negação basta).

Joao Marcos


2012/4/9 julio cesar jcacusto...@yahoo.com.br:
 Olá lista,

 estou em total acordo com quem critica os sistemas inconsistentes por falta 
 de compromisso filosófico (pra não dizer coerência). Apesar da praticidade 
 tais (alguns) sistemas formais, isso não implica, de forma alguma, que eles 
 tenham (ou teriam que ter) implicações filosóficas. Qualquer linguagem de 
 programação moderna é um sistema formal tão legítimo como qualquer sistema de 
 lógica, no entanto, se for realmente possível criar operações e instruções 
 numa linguagem formal para que uma contradição genuína não cause problemas (e 
 embora eu ainda tenha sinceras dúvidas quanto a isso) tal fato não significa 
 necessariamente nada do ponto de vista filosófico, inclusive do ponto de 
 vista da filosofia da lógica.  Os *lógicos não-clássicos*, em especial a 
 turma da inconsistência, geralmente dão um passo muito fácil de *sistemas 
 formais* para *princípios lógicos* e daí então para *filosofia da lógica*, 
 passos que a meu ver
  não são nada simples, muito menos triviais.

 É praticamente nula a discussão sobre até que ponto é legítimo o 
 comportamento de um sistema formal qualquer ditar os princípios ou a 
 filosofia da lógica.

 Um pequeno exemplo já bem batido nessa discussão:

  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem, 
 basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação. Altera-se 
 de tal forma a instrução contida nesse operador que, com essa alteração, a 
 

[Logica-l] academic spring in the Guardian

2012-04-10 Por tôpico Valeria de Paiva
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Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
Não, eu não quero que eles já saibam os porquês. Eu estava argumentando que
a dificuldade em apresentar conceitos, oriundos da matemática ou não, está
mais na não-contextualização dos mesmos, e nem tanto no fato de serem
matemáticos. Nos exemplos que eu dei, os alunos não sabem os porquês, mas o
professor sabendo os porquês poderá ensinar melhor e mais claramente se
explicar os porquês aos alunos.

Aliás, comparando com o ensino de matemática, já está comprovado que o
interesse e a compreensão aumentam quando os tópicos são precedidos por uma
introdução ou histórica ou de problemas práticos. Falar, por exemplo, que
caminhos percorreu um matemático para formular certos conceitos ou de onde
tirou sua inspiração ajuda muito. Como no caso da distinção entre catenária
e parabólica é útil ilustrar com a história de como Galileo pensou o
assunto e como depois foi resolvido.

Em 10 de abril de 2012 05:17, Décio Krause deciokra...@gmail.com escreveu:

 Tony
 Ok, retiro as palavras mais intuitiva (referindo-me à lógica clássica),
 deixando no entanto o mais familiarizados. Isso certamente se deve a um
 acidente histórico ou coisa que o valha. Mas você parece requerer que os
 alunos tenham já de início todas as intuições sobre os porquês, coisa que
 eles irão adquirir na medida em que estudem o assunto, como por exemplo
 saber para que necessitamos provar um teorema como o da completude da
 lógica propositional clássica. Bom, uma vez, há muito tempo, colegas minhas
 tentaram iniciar ensinando aritmética comum a professores de ensino
 elementar na base 5. Deu um bafafá enorme, ninguém entendeu nada, mas pelo
 menos eles ficaram sabendo o tipo de dificuldade que os alunos deles tinham
 com a base 10. Uma ideia meio maluca, mas interessante.
 D



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 Décio Krause
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 Em 10/04/2012, às 01:50, Tony Marmo marmo.t...@gmail.com escreveu:

 Caro Mestre,

 Eu já tenho as minhas dúvidas de que a lógica clássica seja mais fácil.
 Peço ademais a venia para dizer que ela não é nem um pouco intuitiva.
 Aliás, está claro para mim que a lógica clássica não encarna uma maneira
 natural de pensar. A lógica fuzzy e outras multivalentes e as lógicas
 modais, principalmente as não-normais, aproximam-se muito mais do que
 parece ser raciocínio intuitivo e natural.

 No curso ministrado pelo professor Walter, eu apontei esse fato e ele
 ponderou comigo o seguinte: para matemáticos a lógica clássica parece ser o
 modo mais natural de pensar, mas para um filósofo um linguista pode ser que
 não e é compreensível que não o seja. Porém fica então uma questão para o
 aluno que começa : por que cargas d'água alguém vai requerer relacionar
 modelos matemáticos à lógica clássica, se ela mesma já é um pensamento
 matemática? Ora, ao contrário, fica estranho alguém pretender matematizar o
 que já é matemático.

 Por outro lado, mostrar que existe uma pluralidade de álgebras e
 relacionar isto à pluralidade de lógicas, faz mais sentido. E digo que faz
 mais sentido filosoficamente e também é mais didático.

 Agora, abordando o exemplo dado, eu acho quase ininteligível qualquer
 coisa que seja apresentada sem mais nem menos, ou seja, sem que antes se
 diga o porquê de abordar tal e tal tópico. Por exemplo, os BONS livros de
 introdução a lógica, quando falam do sistema proporcional, têm uma falha
 didática comum: à certa altura começam com a litania agora provaremos a
 compacidade e em seguida a correção e a completude do sistema. É? Pergunto
 eu, e por que vamos fazer isso? As provas se seguem depois de cada uma
 dessas noções ser definida, mas o leitor, que não é professor de lógica,
 ainda não tem uma pista do porquê seria importante provar essas coisas.
 Aliás, um aluno vendo essas coisas pela primeira vez, desavisado de que
 elas existiam, termina a leitura das demonstrações, pode chegar a
 compreender as demonstrações, mas fica ainda imaginando de onde surgiu essa
 preocupação com correção e completude. Ora, o aluno pode pergunar-se
 Aristóteles e outros não diziam já que essa é a forma correta de pensar?
 Por que então tenho de provar que ela é correta, se isto está dado?

 A questão de em seguida apresentar uma semântica para o sistema
 proposiconal clássico é a mesma: o aluno não tem ideia do porquê da lógica
 clássica precisar de uma semântica e menos ainda consegue pensar porque
 alguém gostaria de propor que uma semântica de todo um sistema pudesse ser
 um reticulado.

 Em resumo, o problema não está no quanto de matemática avançada ou de pura
 matemática pode estar envolvido. Como numa oblação de uma Igreja
 não-calcedônica, quando de repente uma cortina enorme se fecha escondendo
 todo o altar, um protestante ou um católico fica sem entender o que
 aconteceu. Ninguém lhe disse que a cortina 

Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
Primeiro, errata: leia-se proposicional onde está escrito proposiconal,
faltou um i.

Segundo, J.M., não sei qual é o seu preconceito contra a maiêutica, se ela
foi importante para o desenvolvimento da lógica. Falara das três leis do
pensamento e apresentar o problema da batalha naval pode ser interessante
antes de falar de aspectos mais semânticos dos sistemas, como valoração,
tabelas de verdade, satisfabilidade, etc. É como quando se ensina física:
aumenta o interesse e ajuda a compreensão quando se conta a história de
Arquimedes na banheira para explicar o próprio princípio de Arquimedes.

Terceiro, seria valioso para mim e outros se você pudesse passar aqui mesmo
uma relação de livros introdutórios que começam com a lógica intuicionista.
Eu estou à procura deles e não os achei pelo google. Achei sim alguns que
são voltados para quem já passou dos cursos de introdução à lógica.

Em 10 de abril de 2012 09:55, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Sem dúvida, qualquer professor com um mínimo de experiência no ramo
 sabe que é conveniente começar a partir de objetos com os quais os
 alunos estejam mais familiarizados.  Por outro lado, parece
 razoavelmente absurdo sugerir que um curso sobre *lógica clássica*
 (proporcional? proposicional?) comece pela maiêutica!

 Um bom professor, e um bom livro, certamente devem dar uma ideia ao
 aluno do porquê de cada resultado.  Não há professores e livros,
 contudo, que _garantam_ que o aluno realmente _compreenda_ este porquê
 --- a compreensão do porquê pode transcender o aluno, naquela fase da
 sua maturidade.  Aliás, do discurso de alguns alunos titulados podemos
 frequentemente perceber que eles não compreenderam bem o que lhes foi
 (?) ensinado.  O que fazer?  Continuar ensinando, sempre melhor.

 Quanto à questão original, bastante interessante, de por qual lógica
 começar, suponho que um intuicionista empedernido responda de forma
 diferente que os clássicos de plantão.  Abundam livros na literatura,
 de fato, que apresentam a lógica intuicionista _antes_ de apresentar a
 clássica.  Por outro lado, certamente é útil para aplicações práticas,
 tanto na filosofia quanto na computação, apresentar ao aluno, em algum
 momento, lógicas modais ou lineares ou [coloque aqui a sua classe de
 lógicas preferida].

 Quanto à observação de que é difícil ensinar lógica intuicionista a
 partir de uma metamatemática inteiramente intuicionista, vale observar
 que a metamatemática clássica que usamos para ensinar lógica clássica
 proposicional ou de primeira ordem também costuma envolver lógica de
 ordem superior.  Logo, não parece ser tão fácil assim estudar um
 sistema lógico usando apenas os recursos deste próprio sistema (e isto
 é obviamente impossível, por exemplo, para sistemas lógicos
 proposicionais).  Qual será o mínimo de _matemática_ necessário para
 estudar sistemas lógicos básicos?  Não sei.  PRA?

 JM


 2012/4/10 Décio Krause deciokra...@gmail.com:
  Tony
  Ok, retiro as palavras mais intuitiva (referindo-me à lógica
 clássica), deixando no entanto o mais familiarizados. Isso certamente se
 deve a um acidente histórico ou coisa que o valha. Mas você parece requerer
 que os alunos tenham já de início todas as intuições sobre os porquês,
 coisa que eles irão adquirir na medida em que estudem o assunto, como por
 exemplo saber para que necessitamos provar um teorema como o da completude
 da lógica propositional clássica. Bom, uma vez, há muito tempo, colegas
 minhas tentaram iniciar ensinando aritmética comum a professores de ensino
 elementar na base 5. Deu um bafafá enorme, ninguém entendeu nada, mas pelo
 menos eles ficaram sabendo o tipo de dificuldade que os alunos deles tinham
 com a base 10. Uma ideia meio maluca, mas interessante.
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Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
É interessante o que você diz,  Rodrigo. Veja que nessa mensagem você já dá
uma ideia de como se pode estruturar um curso de lógica, (um pouco) mais
avançado, que pode despertar muito o interesse dos alunos e nessa
oportunidade fazer uma revisão dos conceitos aprendidos anteriormente. É
trabalhoso implementar didaticamente uma proposta assim, mas é viável.

Em 10 de abril de 2012 11:28, Rodrigo Freire freires...@gmail.comescreveu:

 PRA é suficiente para fazer a teoria básica de sistemas formais (desde a
 definição de fórmula até, por exemplo, eliminação do corte para a lógica
 clássica ou intuicionista e segundo teorema da incompletude). PRA satisfaz
 os requerimentos intuicionistas, é na verdade muito mais restritivo. Na
 verdade, PRA define as funções de verdade como mostrado por Goodstein,
 Curry, Bernays,... (é fácil), e pode ser formulada sem quantificadores. É
 um cálculo muito simples, logic free.

 Os teoremas da lógica básica que falam de conjuntos (completude da logica
 de primeira ordem por exemplo) exigem algo mais (mas a completude da lógica
 de primeira ordem para linguagens enumeráveis também pode ser aritmetizada
 em PA - teorema de Hilbert-Bernays). A interpretação Dialética não fala de
 conjuntos mas também não funciona em PRA (a normalização forte dos lambda
 termos da interpretação dialética não é demonstrável em PRA). Acho que tudo
 isso era basicamente conhecido (de modo não necessariamente muito
 detalhado) pelo Hilbert (entre outros).

 O Nelson (aquele que acredita que 0 = 1) desenvolveu boa parte da teoria
 básica de sistemas formais (no contexto clássico) em sistemas mais
 restritivos que PRA, no âmbito da chamada aritmética limitada ou
 predicativa. Nesses sistemas certamente perde-se muita informação. Há mais
 de uma noção de consistência, por exemplo, que em PRA são equivalentes. A
 noçâo de consistência derivada do teorema de Herbrand é bem comportada
 nesse sistema. A noção cut free é bem comportada. A noção usual não é.

 Abraço
 Rodrigo








 2012/4/10 Joao Marcos botoc...@gmail.com

  Sem dúvida, qualquer professor com um mínimo de experiência no ramo
  sabe que é conveniente começar a partir de objetos com os quais os
  alunos estejam mais familiarizados.  Por outro lado, parece
  razoavelmente absurdo sugerir que um curso sobre *lógica clássica*
  (proporcional? proposicional?) comece pela maiêutica!
 
  Um bom professor, e um bom livro, certamente devem dar uma ideia ao
  aluno do porquê de cada resultado.  Não há professores e livros,
  contudo, que _garantam_ que o aluno realmente _compreenda_ este porquê
  --- a compreensão do porquê pode transcender o aluno, naquela fase da
  sua maturidade.  Aliás, do discurso de alguns alunos titulados podemos
  frequentemente perceber que eles não compreenderam bem o que lhes foi
  (?) ensinado.  O que fazer?  Continuar ensinando, sempre melhor.
 
  Quanto à questão original, bastante interessante, de por qual lógica
  começar, suponho que um intuicionista empedernido responda de forma
  diferente que os clássicos de plantão.  Abundam livros na literatura,
  de fato, que apresentam a lógica intuicionista _antes_ de apresentar a
  clássica.  Por outro lado, certamente é útil para aplicações práticas,
  tanto na filosofia quanto na computação, apresentar ao aluno, em algum
  momento, lógicas modais ou lineares ou [coloque aqui a sua classe de
  lógicas preferida].
 
  Quanto à observação de que é difícil ensinar lógica intuicionista a
  partir de uma metamatemática inteiramente intuicionista, vale observar
  que a metamatemática clássica que usamos para ensinar lógica clássica
  proposicional ou de primeira ordem também costuma envolver lógica de
  ordem superior.  Logo, não parece ser tão fácil assim estudar um
  sistema lógico usando apenas os recursos deste próprio sistema (e isto
  é obviamente impossível, por exemplo, para sistemas lógicos
  proposicionais).  Qual será o mínimo de _matemática_ necessário para
  estudar sistemas lógicos básicos?  Não sei.  PRA?
 
  JM
 
 
  2012/4/10 Décio Krause deciokra...@gmail.com:
   Tony
   Ok, retiro as palavras mais intuitiva (referindo-me à lógica
  clássica), deixando no entanto o mais familiarizados. Isso certamente
 se
  deve a um acidente histórico ou coisa que o valha. Mas você parece
 requerer
  que os alunos tenham já de início todas as intuições sobre os porquês,
  coisa que eles irão adquirir na medida em que estudem o assunto, como por
  exemplo saber para que necessitamos provar um teorema como o da
 completude
  da lógica propositional clássica. Bom, uma vez, há muito tempo, colegas
  minhas tentaram iniciar ensinando aritmética comum a professores de
 ensino
  elementar na base 5. Deu um bafafá enorme, ninguém entendeu nada, mas
 pelo
  menos eles ficaram sabendo o tipo de dificuldade que os alunos deles
 tinham
  com a base 10. Uma ideia meio maluca, mas interessante.
   D
 
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Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Joao Marcos
 Primeiro, errata: leia-se proposicional onde está escrito proposiconal,
 faltou um i.

(Na verdade você escreveu lógica proporcional.  Mas isso não é
importante, Tony, nós sabemos o que você quis escrever.)

 Segundo, J.M., não sei qual é o seu preconceito contra a maiêutica, se ela
 foi importante para o desenvolvimento da lógica. Falara das três leis do
 pensamento e apresentar o problema da batalha naval pode ser interessante
 antes de falar de aspectos mais semânticos dos sistemas, como valoração,
 tabelas de verdade, satisfabilidade, etc. É como quando se ensina física:
 aumenta o interesse e ajuda a compreensão quando se conta a história de
 Arquimedes na banheira para explicar o próprio princípio de Arquimedes.

Não tenho nenhum preconceito contra a maiêutica (meu avô,
ginecologista, é o fundador da maternidade da minha cidade natal).  Só
não compreendo porque em um primeiro capítulo, um livro pode falar da
maiêutica, depois um pouco da escola megárica, do Organon e depois dos
estóicos.  Isto é desnecessário para a maior parte dos cursos de
lógica que me vêm à mente --- para alunos de Computação, por exemplo.

 Terceiro, seria valioso para mim e outros se você pudesse passar aqui mesmo
 uma relação de livros introdutórios que começam com a lógica intuicionista.
 Eu estou à procura deles e não os achei pelo google. Achei sim alguns que
 são voltados para quem já passou dos cursos de introdução à lógica.

Homem, tome um livro qualquer que comece por dedução natural!  Largue
mão destes livros antiquados da década de 50 e 60...

JM

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Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
João Marcos,

Eu não achei onde está escrito proporcional, achei proposiconal.

Enfim, não estou pensando como público-alvo exclusivo cursos de computação.
Mas, não vejo por que não faria sentido aos cursos de computação falar
dessas coisas. Ou o melhor é deixar os caras pensarem que Sócrates andava
com o iPhone ligado? Não é assim, ó Johnny!

Você aludiu ao caso de doutores recém-formados que não estão com conceitos
entendidos corretamente e no lugar. E você acha que é simplesmente uma
questão de maturidade. Mas, se servirem os resultados de pesquisas em
ensino e aprendizado da matemática, a questão pode não ser essa. Desconfio
que a forma como as coisas lhes foram apresentadas, com o sentido e os
referentes esvaziados é que pode ser responsável por isso. Ou seja, alguns
aprenderam a manipular símbolos, mas talvez sem consciência do que implique
o que fazem.

A computação não se desenvolveu somente a partir de fórmulas que explicaram
outras fórmulas. Seus conceitos fundamentais têm origem numa longa tradição
de pensamento binário que remonta a filósofos antes de Aristóteles. Não
vejo razão de não contar isto aos alunos da computação ou de outros cursos,
se isto puder promover o interesse e o entendimento.

Em 10 de abril de 2012 12:05, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

  Primeiro, errata: leia-se proposicional onde está escrito
 proposiconal,
  faltou um i.

 (Na verdade você escreveu lógica proporcional.  Mas isso não é
 importante, Tony, nós sabemos o que você quis escrever.)

  Segundo, J.M., não sei qual é o seu preconceito contra a maiêutica, se
 ela
  foi importante para o desenvolvimento da lógica. Falara das três leis do
  pensamento e apresentar o problema da batalha naval pode ser interessante
  antes de falar de aspectos mais semânticos dos sistemas, como valoração,
  tabelas de verdade, satisfabilidade, etc. É como quando se ensina física:
  aumenta o interesse e ajuda a compreensão quando se conta a história de
  Arquimedes na banheira para explicar o próprio princípio de Arquimedes.

 Não tenho nenhum preconceito contra a maiêutica (meu avô,
 ginecologista, é o fundador da maternidade da minha cidade natal).  Só
 não compreendo porque em um primeiro capítulo, um livro pode falar da
 maiêutica, depois um pouco da escola megárica, do Organon e depois dos
 estóicos.  Isto é desnecessário para a maior parte dos cursos de
 lógica que me vêm à mente --- para alunos de Computação, por exemplo.

  Terceiro, seria valioso para mim e outros se você pudesse passar aqui
 mesmo
  uma relação de livros introdutórios que começam com a lógica
 intuicionista.
  Eu estou à procura deles e não os achei pelo google. Achei sim alguns que
  são voltados para quem já passou dos cursos de introdução à lógica.

 Homem, tome um livro qualquer que comece por dedução natural!  Largue
 mão destes livros antiquados da década de 50 e 60...

 JM

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Re: [Logica-l] ENSINO DE LÓGICA, POR QUAL LÓGICA COMEÇAR?

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
É verdade, Rodrigo. Suspeito que isso em parte seja um condicionamento de
uma tradição de procurar começar o ensino da lógica por silogismos
categóricos. Mas, não posso pretender que seja tudo simples condicionamento.

Por outro lado, aviso que em textos de lógica fuzzy é comum já não querer
distinguir entre notações conjuntísticas e lógicas. A notação usada para o
complementar passa ser a mesma para negação e os símbolos para conjunção e
disjunção são usados também para designar interseção e união. Ou seja,
certos autores fuzzy acham positiva e mesmo desejável a confusão entre
conjuntos e fórmulas a que você se refere.

Por outro lado, fazer a distinção entre a parte finitária e a infinitária
pode ser mais interessante, filosoficamente falando, para essa preocupação
de ensinar lógica mas conscientizando o aluno do que está fazendo.

Em 10 de abril de 2012 12:18, Rodrigo Freire freires...@gmail.comescreveu:

 Considero que é importante em um curso de lógica enfatizar que há uma
 parte finitária e uma parte infinitária. A parte finitária contém o básico
 de teoria da prova. Mesmo a parte mais básica de teoria de modelos já é
 infinitária.

 Acho que todos os livros de lógica, logo no começo, misturam conjuntos com
 fórmulas. Muita gente fica coma ridícula dúvida do ovo e da galinha : o
 que vem primeiro, teoria de conjuntos ou a lógica? ou, o que são esses
 conjuntos que aparecem na lógica? Já vi pesquisadores experientes que não
 conseguiram dar uma resposta direta para essas perguntas.

 A lógica necessária para desenvolver o básico da teoria de conjuntos das
 definições básicas até provas de independência (forcing) é toda ela
 finitária, pode ser feita em PRA, obviamente antecede a teoria de conjuntos
 na organização canônica da matemática e está fundada no que eu chamo de
 âmbito finitário (o alcance do raciocínio finitário no sentido explicado
 pelo Hilbert).

 Abraço
 Rodrigo



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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Rodrigo Podiacki
 Para um exemplo, no paper A taxonomy of C-systems fixamos de
maneira inovadora e fora do ordinário o significado do termo
princípio da não-contradição (PNC).  Vemos a seguir que a maior
parte das lógicas paraconsistentes da literatura respeita
perfeitamente esta formulação do PNC.  O termo inconsistência também
tem o seu significado precisificado no paper em particular para
linguagens que contêm um operador para expressar o conceito
meta-teórico de consistência.  Diferentemente do que foi dito aqui
nesta linha de discussões por outro colega, as lógicas
paraconsistentes são, sim senhor, exatamente as lógicas que são
*inconsistentes* conquanto não absolutamente inconsistentes / não
extra-completas / não triviais. 

João,

Leia a mensagem do Julio novamente e veja se parece que ele se referia ao
significado de inconsistência precisificado (precisado?) no texto de
sua autoria. Aparentemente, ele desconhece esse texto. A palavra foi
empregada de um modo vago. Acredito que, dessa forma, uma maneira mais
natural de interpretar o que foi dito é tomar lógica inconsistente como
significando:

(i) sistema trivial;

ou

(ii) sistema em que se derive algo da forma A  ~A.

As lógicas que mencionei não são inconsistentes nos sentidos (i) e (ii).
Foi o que eu quis dizer ao afirmar que a contradição não está na lógica
(significado (ii) acima). Nesse caso, é irrelevante que o autor X tenha
precisado, em um texto W que não é mainstream, um significado Z para o
termo inconsistente, digamos, inconsistente_567.
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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Rodrigo Podiacki
 Os termos sistemas formais e sistemas lógicos não têm em geral
a mesma denotação na literatura contemporânea.  Em particular,
sistemas formais (linguagens formais?) não precisam ter uma *noção
de consequência* associada. 

Antes que você evoque alguma definição de sistema empregada algures por
você, substitua esta palavra por lógica em (i) e (ii) na minha mensagem
anterior.

Em 10 de abril de 2012 15:17, Rodrigo Podiacki podia...@gmail.comescreveu:

   Para um exemplo, no paper A taxonomy of C-systems fixamos de
 maneira inovadora e fora do ordinário o significado do termo
 princípio da não-contradição (PNC).  Vemos a seguir que a maior
 parte das lógicas paraconsistentes da literatura respeita
 perfeitamente esta formulação do PNC.  O termo inconsistência também
 tem o seu significado precisificado no paper em particular para
 linguagens que contêm um operador para expressar o conceito
 meta-teórico de consistência.  Diferentemente do que foi dito aqui
 nesta linha de discussões por outro colega, as lógicas
 paraconsistentes são, sim senhor, exatamente as lógicas que são
 *inconsistentes* conquanto não absolutamente inconsistentes / não
 extra-completas / não triviais. 

 João,

 Leia a mensagem do Julio novamente e veja se parece que ele se referia ao
 significado de inconsistência precisificado (precisado?) no texto de
 sua autoria. Aparentemente, ele desconhece esse texto. A palavra foi
 empregada de um modo vago. Acredito que, dessa forma, uma maneira mais
 natural de interpretar o que foi dito é tomar lógica inconsistente como
 significando:

 (i) sistema trivial;

 ou

 (ii) sistema em que se derive algo da forma A  ~A.

 As lógicas que mencionei não são inconsistentes nos sentidos (i) e (ii).
 Foi o que eu quis dizer ao afirmar que a contradição não está na lógica
 (significado (ii) acima). Nesse caso, é irrelevante que o autor X tenha
 precisado, em um texto W que não é mainstream, um significado Z para o
 termo inconsistente, digamos, inconsistente_567.

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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
Rodrigo,

Eu também desconfio que esse rapaz, Júlio Custódio, que eu não conheço
pessoalmente, não procurou assim tanto suporte em alguma literatura para
enunciar suas preocupações ou reclamações. Mas, em outra thread de
discussão, bastante extra-tópica por sinal, vimos algo assim: pessoas
queixando-se daquilo que elas não conheciam direito.

Dou um exemplo paralelo: uns anos atrás testemunhas-de-Jeová bateram à
porta da minha casa e começaram a querer puxar discussão. A certa altura um
deles me disse: Darwinismo ou teoria da evolução é coisa do diabo. E eu
perguntei-lhe o seguinte: por que você não me diz que a teoria da
relatividade de Einstein é coisa do diabo também? Ele respondeu: porque
essa eu não entendo o que seja.

Obviamente, os testemunhas-de-Jeová em questão não entendem plenamente nem
a Bíblia e menos ainda a teoria da evolução. Mas, como o Darwinismo é uma
teoria muito divulgada de forma resumida e até caricata, eles pensam que
entendem do assunto e podem falar dele sem muito estudo. Somem-se a isto os
argumentos dos auto-denominados criacionistas que parecem fazer sentido, a
confusão está pronta.

A mensagem do J. Custódio evidencia um lado positivo, todavia: que lógica
paraconsistente começa a ficar famosa fora dos seus meios acadêmicos
usuais.

Em 10 de abril de 2012 15:17, Rodrigo Podiacki podia...@gmail.comescreveu:

  Para um exemplo, no paper A taxonomy of C-systems fixamos de
 maneira inovadora e fora do ordinário o significado do termo
 princípio da não-contradição (PNC).  Vemos a seguir que a maior
 parte das lógicas paraconsistentes da literatura respeita
 perfeitamente esta formulação do PNC.  O termo inconsistência também
 tem o seu significado precisificado no paper em particular para
 linguagens que contêm um operador para expressar o conceito
 meta-teórico de consistência.  Diferentemente do que foi dito aqui
 nesta linha de discussões por outro colega, as lógicas
 paraconsistentes são, sim senhor, exatamente as lógicas que são
 *inconsistentes* conquanto não absolutamente inconsistentes / não
 extra-completas / não triviais. 

 João,

 Leia a mensagem do Julio novamente e veja se parece que ele se referia ao
 significado de inconsistência precisificado (precisado?) no texto de
 sua autoria. Aparentemente, ele desconhece esse texto. A palavra foi
 empregada de um modo vago. Acredito que, dessa forma, uma maneira mais
 natural de interpretar o que foi dito é tomar lógica inconsistente como
 significando:

 (i) sistema trivial;

 ou

 (ii) sistema em que se derive algo da forma A  ~A.

 As lógicas que mencionei não são inconsistentes nos sentidos (i) e (ii).
 Foi o que eu quis dizer ao afirmar que a contradição não está na lógica
 (significado (ii) acima). Nesse caso, é irrelevante que o autor X tenha
 precisado, em um texto W que não é mainstream, um significado Z para o
 termo inconsistente, digamos, inconsistente_567.
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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Joao Marcos
 Leia a mensagem do Julio novamente e veja se parece que ele se referia ao
 significado de inconsistência precisificado (precisado?) no texto de sua
 autoria.

Um trabalho (não mainstream?) que você próprio foi o primeiro a
mencionar, correto, Rodrigo?

 Aparentemente, ele desconhece esse texto. A palavra foi empregada
 de um modo vago.

Por isto tentei precisificar(1) o termo, senão não haveria discussão possível.

(Será que não está faltando aos colegas o exercício mínimo do
Princípio da Caridade, ao responder as mensagens de outros membros da
lista?)

 Acredito que, dessa forma, uma maneira mais natural de
 interpretar o que foi dito é tomar lógica inconsistente como significando:

 (i) sistema trivial;

 ou

 (ii) sistema em que se derive algo da forma A  ~A.

 As lógicas que mencionei não são inconsistentes nos sentidos (i) e (ii). Foi
 o que eu quis dizer ao afirmar que a contradição não está na lógica
 (significado (ii) acima). Nesse caso, é irrelevante que o autor X tenha
 precisado, em um texto W que não é mainstream, um significado Z para o termo
 inconsistente, digamos, inconsistente_567.

Certo.  Denominemos os seus sentidos naturais e não irrelevantes
de inconsistência, digamos, inconsistente_568 e inconsistente_569.  O
primeiro deles é o que eu chamei de inconsistência absoluta, na
mensagem anterior, o segundo é próximo do que chamei de
contraditoriedade (formulei-o sem usar a conjunção, e falei apenas
da contraditoriedade de teorias, não de lógicas), e está ligada à
formulação já mencionada do Princípio da Não-Contradição (que não é
desobedecida pelas lógicas paraconsistentes usuais).

Como já disse na mensagem anterior (veja lá!), o fenômeno lógico da
paraconsistência não está ligado exclusivamente às definições de
inconsistente_568 e inconsistente_569.  Em particular, o termo
inconsistente_568 não se aplica a nenhuma lógica paraconsistente, e as
lógicas às quais o termo inconsistente_569 se aplica corretamente
podem ou não ser paraconsistentes.

Abraços,
Joao Marcos

Nota (1): precisificar é um neologismo com o sentido óbvio de fazer
ficar preciso, que uso para eliminar a ambiguidade indesejada do
verbo precisar do português.  Sim, eu sei que navigare necesse est
vai ficar menos poético...

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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Rodrigo Podiacki
Okay, João. Chegamos a um denominador comum.

Abraço

Em 10 de abril de 2012 17:04, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

  Leia a mensagem do Julio novamente e veja se parece que ele se referia ao
  significado de inconsistência precisificado (precisado?) no texto de
 sua
  autoria.

 Um trabalho (não mainstream?) que você próprio foi o primeiro a
 mencionar, correto, Rodrigo?

  Aparentemente, ele desconhece esse texto. A palavra foi empregada
  de um modo vago.

 Por isto tentei precisificar(1) o termo, senão não haveria discussão
 possível.

 (Será que não está faltando aos colegas o exercício mínimo do
 Princípio da Caridade, ao responder as mensagens de outros membros da
 lista?)

  Acredito que, dessa forma, uma maneira mais natural de
  interpretar o que foi dito é tomar lógica inconsistente como
 significando:
 
  (i) sistema trivial;
 
  ou
 
  (ii) sistema em que se derive algo da forma A  ~A.
 
  As lógicas que mencionei não são inconsistentes nos sentidos (i) e (ii).
 Foi
  o que eu quis dizer ao afirmar que a contradição não está na lógica
  (significado (ii) acima). Nesse caso, é irrelevante que o autor X tenha
  precisado, em um texto W que não é mainstream, um significado Z para o
 termo
  inconsistente, digamos, inconsistente_567.

 Certo.  Denominemos os seus sentidos naturais e não irrelevantes
 de inconsistência, digamos, inconsistente_568 e inconsistente_569.  O
 primeiro deles é o que eu chamei de inconsistência absoluta, na
 mensagem anterior, o segundo é próximo do que chamei de
 contraditoriedade (formulei-o sem usar a conjunção, e falei apenas
 da contraditoriedade de teorias, não de lógicas), e está ligada à
 formulação já mencionada do Princípio da Não-Contradição (que não é
 desobedecida pelas lógicas paraconsistentes usuais).

 Como já disse na mensagem anterior (veja lá!), o fenômeno lógico da
 paraconsistência não está ligado exclusivamente às definições de
 inconsistente_568 e inconsistente_569.  Em particular, o termo
 inconsistente_568 não se aplica a nenhuma lógica paraconsistente, e as
 lógicas às quais o termo inconsistente_569 se aplica corretamente
 podem ou não ser paraconsistentes.

 Abraços,
 Joao Marcos

 Nota (1): precisificar é um neologismo com o sentido óbvio de fazer
 ficar preciso, que uso para eliminar a ambiguidade indesejada do
 verbo precisar do português.  Sim, eu sei que navigare necesse est
 vai ficar menos poético...

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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico julio cesar
Olá Marcelo,

nesse ponto que você apontou, creio  (1) não estar errado e, se estivesse, (2) 
tal ponto não afetaria meu argumento. Veja a seguir:

(1) veja minha sentença: *os sistemas que tratam de forma não-clássica a 
contradição tem, BASICAMENTE, uma única abordagem: manipular o operador de 
negação*. Esse *basicamente* foi posto intencionalmente pois tenho conhecimento 
do fato de que é plenamente possível sistemas inconsistentes onde o que se 
manipula não é operador de negação, mas o de conjunção. Creio ser possível 
criar um sistema inconsistente inclusive mudando apenas nossos conceitos 
ontológicos, mas isso fica pra outra hora. De qualquer forma, o que eu quis 
dizer com aquela sentença foi apenas que a maioria dos sistemas inconsistentes 
(ou talvez os mais importantes) procedem daquela maneira.. estou errado nisso?

(2) Mesmo se eu estivesse errado na sentença acima e ninguém nunca tivesse 
realmente manipulado o operador de negação, mas apenas o de conjunção, meu 
argumento seguiria firme, pois a questão é justamente essa: só é possível 
asserir contradições ao se alterar os operadores ou conceitos clássicos, porém, 
depois de tais alterações, precisaríamos de alguma garantia que aquilo que 
sobrou sob a expressão (A^~A) é a mesma informação que a lógica clássica queria 
impedir. Porém, se se altera a informação sob uma expressão (ainda que se 
mantém inalterada a expressão), altera-se também as restrições sobre a 
informação contida em tal expressão.

abs
Júlio César A. Custódio





 De: Marcelo Finger mfin...@ime.usp.br
Para: julio cesar jcacusto...@yahoo.com.br 
Cc: logica-l@dimap.ufrn.br logica-l@dimap.ufrn.br 
Enviadas: Terça-feira, 10 de Abril de 2012 7:17
Assunto: Re: [Logica-l] Algumas coisas formales
 
Oi Julio.

Tecnicamente falando, o que v diz não é verdade:

  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem, 
 basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação.

Eu e a Renata Wassermann mostramos que se pode aproximar a lógica
clássica manipulando qualquer um dos conectivos.  Portanto, se v quer
obter uma classe de lógicas que invalidam, por exemplo, a tautologia

    não( A  não A)

uma das formas possíveis é manipular a conjunção.

Num outro trabalho, com Gabbay e D'Agostino, mostramos que podemos
aproximar a lógica clássica sem manipular nenhum conectivo, mas
manipulando a regra do corte de maneira específica.

ANTES de você descartar esses trabalhos como meros sistemas formais,
eu informo que nossa preocupação inical era (e é) representar
raciocínio com _recursos limitados_ como devem ser o raciocínio de
agentes reais, tendo na base diversos trabalhos filosóficos.

[]s


-- 
Marcelo Finger
 Departamento de Ciencia da Computacao
 Instituto de Matematica e Estatistica
 Universidade de Sao Paulo
 Rua do Matao, 1010
 05508-090    Sao Paulo, SP     Brazil
 Tel: +55 11 3091-9688, 3091-6135, 3091-6134 (fax)
 http://www.ime.usp.br/~mfinger
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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Marcelo Finger
Oi Julio.

Pra mim o seu argumento não se altera, e permanece vazio: é claro que
se mudamos o comportamento de um conectivo, o seu significado muda.
Então, o seu argumento não traz nada de novo.

Ou seja, se o comportamento é não clássico, não é lógica clássica.  E daí?

O ponto é: v não aceita sistemas não clássico.  Ponto.

Eu, por mim, acho válido investigar diversos outros sistemas se
soubermos o que estamos procurando.

[]s

Marcelo

On 10 April 2012 18:50, julio cesar jcacusto...@yahoo.com.br wrote:
 Olá Marcelo,

 nesse ponto que você apontou, creio  (1) não estar errado e, se estivesse,
 (2) tal ponto não afetaria meu argumento. Veja a seguir:

 (1) veja minha sentença: *os sistemas que tratam de forma não-clássica a
 contradição tem, BASICAMENTE, uma única abordagem: manipular o operador de
 negação*. Esse *basicamente* foi posto intencionalmente pois tenho
 conhecimento do fato de que é plenamente possível sistemas inconsistentes
 onde o que se manipula não é operador de negação, mas o de conjunção. Creio
 ser possível criar um sistema inconsistente inclusive mudando apenas nossos
 conceitos ontológicos, mas isso fica pra outra hora. De qualquer forma, o
 que eu quis dizer com aquela sentença foi apenas que a maioria dos sistemas
 inconsistentes (ou talvez os mais importantes) procedem daquela maneira..
 estou errado nisso?

 (2) Mesmo se eu estivesse errado na sentença acima e ninguém nunca tivesse
 realmente manipulado o operador de negação, mas apenas o de conjunção, meu
 argumento seguiria firme, pois a questão é justamente essa: só é possível
 asserir contradições ao se alterar os operadores ou conceitos clássicos,
 porém, depois de tais alterações, precisaríamos de alguma garantia que
 aquilo que sobrou sob a expressão (A^~A) é a mesma informação que a lógica
 clássica queria impedir. Porém, se se altera a informação sob uma expressão
 (ainda que se mantém inalterada a expressão), altera-se também as restrições
 sobre a informação contida em tal expressão.

 abs
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 Enviadas: Terça-feira, 10 de Abril de 2012 7:17
 Assunto: Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

 Oi Julio.

 Tecnicamente falando, o que v diz não é verdade:

  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem,
 basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação.

 Eu e a Renata Wassermann mostramos que se pode aproximar a lógica
 clássica manipulando qualquer um dos conectivos.  Portanto, se v quer
 obter uma classe de lógicas que invalidam, por exemplo, a tautologia

     não( A  não A)

 uma das formas possíveis é manipular a conjunção.

 Num outro trabalho, com Gabbay e D'Agostino, mostramos que podemos
 aproximar a lógica clássica sem manipular nenhum conectivo, mas
 manipulando a regra do corte de maneira específica.

 ANTES de você descartar esses trabalhos como meros sistemas formais,
 eu informo que nossa preocupação inical era (e é) representar
 raciocínio com _recursos limitados_ como devem ser o raciocínio de
 agentes reais, tendo na base diversos trabalhos filosóficos.

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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Julio César

Senhores,

A título de ilustração: imaginem x,y e z como peças de Lego dentro de uma caixa 
C. Chamemos aqui de lógica o mecanismo pelo qual as peças se encaixam 
(pode-se entender como instrução de encaixe). Imaginem que alguém verificou 
corretamente que x, y e z não possuem encaixe lógico. E essa pessoa diz então: 
   (a)   As peças na caixa C não possuem encaixe 
lógico.
Imaginem também que certo interlocutor, por um motivo qualquer, quer provar que 
existe outra lógica de encaixe das peças através da qual (a) se torne falsa. 
Para tal, ele retira da caixa C a peça y e coloca a peça w, de forma que a peça 
w, junto com x e z, tenham agora um encaixe lógico. Assim, (a) é falsa, logo, 
existe sim outra lógica de encaixe das peças.

Pergunta: Vocês considerariam legítima tal prova?

abs
Júlio César A. Custódio


Em 10/04/2012, às 20:21, Marcelo Esteban Coniglio meconig...@gmail.com 
escreveu:

 Oi Marcelo,
 
 Acho que a sua resposta sintetiza tudo: o Julio tem inconvenientes em
 aceitar qualquer lógica fora da clássica. De fato, a primeira mensagem
 de Julio criticando a negacao paraconsistente pode se aplicar mutatis
 mutandis à negacao intuicionista: na logica intuicionista nao vale o
 principio basico da logica classica (no qual se baseia grande parte da
 matemática do nosso dia a dia), o principio do terceiro excluido. Isso
 desqualifica a logica intuicionista e  a sua negacao?
 Claro que nao! mais ainda, uma negacao como a intuicionista, em que
 nao nao P nao equivale a P é muito mais rica do que a logica
 classica, pois permite diferenciar entre afirmar P e negar que nao foi
 o caso que P. Como disse Humerstone (se nao me engano), a logica
 intuicionista (e por extensao, a logica paraconsistente) tem maior
 poder discriminatorio: identifica menos coisas, logo expressa mais
 coisas!
 Os horizontes da logica classica precisam ser expandidos para lidar
 com outros contextos. Diferentes negacoes, implicacoes, disjuncoes e
 conjuncoes podem conviver (e de fato convivem) pacificamente, ainda
 num mesmo sistema logico: por exemplo, grande numero de logicas
 paraconsistentes (ddentre elas as belas Logics of Formal
 Inconsistency- -LFIs-- introduzidas por Walter e Joao Marcos)
 expressam duas negacoes (no minimo) que convivem armoniosamente: uma
 paraconsistente e outra classica.  Nao vejo nada antinatural  ou
 antifilosofico nisto, muito pelo contrario...
 
 Abracos,
 
 Marcelo C.
 
 2012/4/10 Marcelo Finger mfin...@ime.usp.br:
 Oi Julio.
 
 Pra mim o seu argumento não se altera, e permanece vazio: é claro que
 se mudamos o comportamento de um conectivo, o seu significado muda.
 Então, o seu argumento não traz nada de novo.
 
 Ou seja, se o comportamento é não clássico, não é lógica clássica.  E daí?
 
 O ponto é: v não aceita sistemas não clássico.  Ponto.
 
 Eu, por mim, acho válido investigar diversos outros sistemas se
 soubermos o que estamos procurando.
 
 []s
 
 Marcelo
 
 On 10 April 2012 18:50, julio cesar jcacusto...@yahoo.com.br wrote:
 Olá Marcelo,
 
 nesse ponto que você apontou, creio  (1) não estar errado e, se estivesse,
 (2) tal ponto não afetaria meu argumento. Veja a seguir:
 
 (1) veja minha sentença: *os sistemas que tratam de forma não-clássica a
 contradição tem, BASICAMENTE, uma única abordagem: manipular o operador de
 negação*. Esse *basicamente* foi posto intencionalmente pois tenho
 conhecimento do fato de que é plenamente possível sistemas inconsistentes
 onde o que se manipula não é operador de negação, mas o de conjunção. Creio
 ser possível criar um sistema inconsistente inclusive mudando apenas nossos
 conceitos ontológicos, mas isso fica pra outra hora. De qualquer forma, o
 que eu quis dizer com aquela sentença foi apenas que a maioria dos sistemas
 inconsistentes (ou talvez os mais importantes) procedem daquela maneira..
 estou errado nisso?
 
 (2) Mesmo se eu estivesse errado na sentença acima e ninguém nunca tivesse
 realmente manipulado o operador de negação, mas apenas o de conjunção, meu
 argumento seguiria firme, pois a questão é justamente essa: só é possível
 asserir contradições ao se alterar os operadores ou conceitos clássicos,
 porém, depois de tais alterações, precisaríamos de alguma garantia que
 aquilo que sobrou sob a expressão (A^~A) é a mesma informação que a lógica
 clássica queria impedir. Porém, se se altera a informação sob uma expressão
 (ainda que se mantém inalterada a expressão), altera-se também as restrições
 sobre a informação contida em tal expressão.
 
 abs
 Júlio César A. Custódio
 
 
 
 
 De: Marcelo Finger mfin...@ime.usp.br
 Para: julio cesar jcacusto...@yahoo.com.br
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 Enviadas: Terça-feira, 10 de Abril de 2012 7:17
 Assunto: Re: [Logica-l] Algumas coisas formales
 
 Oi Julio.
 
 Tecnicamente falando, o que v diz não é verdade:
 
  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem,
 basicamente, uma única abordagem: 

Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Joao Marcos
Se entendo bem a situação ilustrada, ela pressupõe que:

(1) não há um encaixe das peças x, y, z em C segundo o mecanismo M

(2) há um encaixe das peças x, w, z em C segundo o mesmo mecanismo M

Parece especialmente ruim o exemplo (seja o que for que você esteja
querendo exemplificar).  Ou será que em (2) você pretendia usar um
mecanismo N diferente de M, e manter a peça y, ao invés?

JM, nem M nem N


PS: Continua um pouco difícil entender o que você chama de lógica...
 Insto-lhe a procurar se informar um pouco melhor a respeito destas
coisas, se não quiser continuar recebendo bordoadas (agora de certa
forma até justificadas) dos colegas!


2012/4/10 Julio César jcacusto...@yahoo.com.br:

 Senhores,

 A título de ilustração: imaginem x,y e z como peças de Lego dentro de uma 
 caixa C. Chamemos aqui de lógica o mecanismo pelo qual as peças se encaixam 
 (pode-se entender como instrução de encaixe). Imaginem que alguém verificou 
 corretamente que x, y e z não possuem encaixe lógico. E essa pessoa diz então:
                           (a)   As peças na caixa C não possuem encaixe 
 lógico.
 Imaginem também que certo interlocutor, por um motivo qualquer, quer provar 
 que existe outra lógica de encaixe das peças através da qual (a) se torne 
 falsa. Para tal, ele retira da caixa C a peça y e coloca a peça w, de forma 
 que a peça w, junto com x e z, tenham agora um encaixe lógico. Assim, (a) é 
 falsa, logo, existe sim outra lógica de encaixe das peças.

 Pergunta: Vocês considerariam legítima tal prova?

 abs
 Júlio César A. Custódio

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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Valeria de Paiva
Prezado Julio Cesar,
Existem varias pessoas lendo essa lista que nao sao *senhores*.
Agradeceria a gentileza de se dirigir aos *colegas*, em vez de aos senhores.

Obrigada,
Valeria de PAiva

2012/4/10 Julio César jcacusto...@yahoo.com.br:

 Senhores,

 A título de ilustração: imaginem x,y e z como peças de Lego dentro de uma 
 caixa C. Chamemos aqui de lógica o mecanismo pelo qual as peças se encaixam 
 (pode-se entender como instrução de encaixe). Imaginem que alguém verificou 
 corretamente que x, y e z não possuem encaixe lógico. E essa pessoa diz então:
                           (a)   As peças na caixa C não possuem encaixe 
 lógico.
 Imaginem também que certo interlocutor, por um motivo qualquer, quer provar 
 que existe outra lógica de encaixe das peças através da qual (a) se torne 
 falsa. Para tal, ele retira da caixa C a peça y e coloca a peça w, de forma 
 que a peça w, junto com x e z, tenham agora um encaixe lógico. Assim, (a) é 
 falsa, logo, existe sim outra lógica de encaixe das peças.

 Pergunta: Vocês considerariam legítima tal prova?

 abs
 Júlio César A. Custódio


 Em 10/04/2012, às 20:21, Marcelo Esteban Coniglio meconig...@gmail.com 
 escreveu:

 Oi Marcelo,

 Acho que a sua resposta sintetiza tudo: o Julio tem inconvenientes em
 aceitar qualquer lógica fora da clássica. De fato, a primeira mensagem
 de Julio criticando a negacao paraconsistente pode se aplicar mutatis
 mutandis à negacao intuicionista: na logica intuicionista nao vale o
 principio basico da logica classica (no qual se baseia grande parte da
 matemática do nosso dia a dia), o principio do terceiro excluido. Isso
 desqualifica a logica intuicionista e  a sua negacao?
 Claro que nao! mais ainda, uma negacao como a intuicionista, em que
 nao nao P nao equivale a P é muito mais rica do que a logica
 classica, pois permite diferenciar entre afirmar P e negar que nao foi
 o caso que P. Como disse Humerstone (se nao me engano), a logica
 intuicionista (e por extensao, a logica paraconsistente) tem maior
 poder discriminatorio: identifica menos coisas, logo expressa mais
 coisas!
 Os horizontes da logica classica precisam ser expandidos para lidar
 com outros contextos. Diferentes negacoes, implicacoes, disjuncoes e
 conjuncoes podem conviver (e de fato convivem) pacificamente, ainda
 num mesmo sistema logico: por exemplo, grande numero de logicas
 paraconsistentes (ddentre elas as belas Logics of Formal
 Inconsistency- -LFIs-- introduzidas por Walter e Joao Marcos)
 expressam duas negacoes (no minimo) que convivem armoniosamente: uma
 paraconsistente e outra classica.  Nao vejo nada antinatural  ou
 antifilosofico nisto, muito pelo contrario...

 Abracos,

 Marcelo C.

 2012/4/10 Marcelo Finger mfin...@ime.usp.br:
 Oi Julio.

 Pra mim o seu argumento não se altera, e permanece vazio: é claro que
 se mudamos o comportamento de um conectivo, o seu significado muda.
 Então, o seu argumento não traz nada de novo.

 Ou seja, se o comportamento é não clássico, não é lógica clássica.  E daí?

 O ponto é: v não aceita sistemas não clássico.  Ponto.

 Eu, por mim, acho válido investigar diversos outros sistemas se
 soubermos o que estamos procurando.

 []s

 Marcelo

 On 10 April 2012 18:50, julio cesar jcacusto...@yahoo.com.br wrote:
 Olá Marcelo,

 nesse ponto que você apontou, creio  (1) não estar errado e, se estivesse,
 (2) tal ponto não afetaria meu argumento. Veja a seguir:

 (1) veja minha sentença: *os sistemas que tratam de forma não-clássica a
 contradição tem, BASICAMENTE, uma única abordagem: manipular o operador de
 negação*. Esse *basicamente* foi posto intencionalmente pois tenho
 conhecimento do fato de que é plenamente possível sistemas inconsistentes
 onde o que se manipula não é operador de negação, mas o de conjunção. Creio
 ser possível criar um sistema inconsistente inclusive mudando apenas nossos
 conceitos ontológicos, mas isso fica pra outra hora. De qualquer forma, o
 que eu quis dizer com aquela sentença foi apenas que a maioria dos sistemas
 inconsistentes (ou talvez os mais importantes) procedem daquela maneira..
 estou errado nisso?

 (2) Mesmo se eu estivesse errado na sentença acima e ninguém nunca tivesse
 realmente manipulado o operador de negação, mas apenas o de conjunção, meu
 argumento seguiria firme, pois a questão é justamente essa: só é possível
 asserir contradições ao se alterar os operadores ou conceitos clássicos,
 porém, depois de tais alterações, precisaríamos de alguma garantia que
 aquilo que sobrou sob a expressão (A^~A) é a mesma informação que a lógica
 clássica queria impedir. Porém, se se altera a informação sob uma expressão
 (ainda que se mantém inalterada a expressão), altera-se também as 
 restrições
 sobre a informação contida em tal expressão.

 abs
 Júlio César A. Custódio



 
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 Enviadas: Terça-feira, 10 de 

Re: [Logica-l] pressuposições clássicas e não clássicas

2012-04-10 Por tôpico Julio César

 
 
 
 Olá Décio,
 
 Que bom que ao que tudo indica começamos a nos entender! Embora parece que 
 não me fiz compreensível para quase ninguém mais.
 
 De fato, estou pressupondo que contradições genuínas são aquelas expressas 
 classicamente. Também estou pressupondo que a negação genuína é aquela 
 expressa classicamente. Mas isso não é mera questão de gosto ou torcida pela 
 lógica clássica, mas é sim como uma metodologia necessária em tal discussão. 
 Quando as lógicas não clássicas pretendem restringir a não-contradição, ou 
 generalizar a negação, não estão elas falando dos operadores e princípios da 
 lógica clássica? Não é ali que eu deveria verificar se as falhas e limitações 
 realmente procedem? Não é a lógica clássica que pretendem alterar? Não é 
 justamente por isso que são... não-clássicas?
 
 Isso não me autoriza (ou me obriga?) a utilizar os conceitos da lógica 
 clássica para analisar tais propostas de alteração à própria lógica clássica?
 
 Grandes abraços,
 Júlio César A. Custódio
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Re: [Logica-l] pressuposições clássicas e não clássicas

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
Conforme expliquei, as lógicas não-clássicas podem ser vistas como
extensões da lógica clássica, ou seja, a lógica clássica é um caso
particular delas.

Veja a minha resposta ou das professores Marcelo Finger e Marcelo Coniglio
para explicação e busque mais informações na literatura.

Em 11 de abril de 2012 00:10, Julio César jcacusto...@yahoo.com.brescreveu:


 
 
 
  Olá Décio,
 
  Que bom que ao que tudo indica começamos a nos entender! Embora parece
 que não me fiz compreensível para quase ninguém mais.
 
  De fato, estou pressupondo que contradições genuínas são aquelas
 expressas classicamente. Também estou pressupondo que a negação genuína é
 aquela expressa classicamente. Mas isso não é mera questão de gosto ou
 torcida pela lógica clássica, mas é sim como uma metodologia necessária em
 tal discussão. Quando as lógicas não clássicas pretendem restringir a
 não-contradição, ou generalizar a negação, não estão elas falando dos
 operadores e princípios da lógica clássica? Não é ali que eu deveria
 verificar se as falhas e limitações realmente procedem? Não é a lógica
 clássica que pretendem alterar? Não é justamente por isso que são...
 não-clássicas?
 
  Isso não me autoriza (ou me obriga?) a utilizar os conceitos da lógica
 clássica para analisar tais propostas de alteração à própria lógica
 clássica?
 
  Grandes abraços,
  Júlio César A. Custódio
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Re: [Logica-l] Algumas coisas formales

2012-04-10 Por tôpico Julio César
Ola joao,
Não me preocupo com bordoadas, mesmo porque muitas vezes só passam perto e faz 
até ventinho. De qualquer forma, venho aqui para aprender.

Ouso discordar de você quanto a meu exemplo ser mal elaborado, mesmo porque 
você percebeu justamente o ponto que eu queria exemplificar, embora talvez não 
tenha ficado claro o que eu queria com isso.
De fato, o mecanismo M é o mesmo em ambas as situações, o interlocutor não 
provou haver outro mecanismo, ele mudou as peças, não o mecanismo. Da maneira 
semelhante, e eis o que eu queria ilustrar com isso, os sistemas inconsistentes 
em geral mudam apenas de operadores, não de lógica. (foi só a título de 
ilustração mesmo, para tentar fazer clara minha questão).

Confesso que eu tenho grande dificuldade em compreender como que se justifica 
que a criação de um sistema formal é sinônimo da criação de uma lógica.


Talvez possamos recomeçar por aqui: como se justifica o que Aristoteles fez 
como sendo lógica, embora não sendo um sistema formal?

Abs,
Júlio César A Custódio


Em 10/04/2012, às 22:41, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Se entendo bem a situação ilustrada, ela pressupõe que:
 
 (1) não há um encaixe das peças x, y, z em C segundo o mecanismo M
 
 (2) há um encaixe das peças x, w, z em C segundo o mesmo mecanismo M
 
 Parece especialmente ruim o exemplo (seja o que for que você esteja
 querendo exemplificar).  Ou será que em (2) você pretendia usar um
 mecanismo N diferente de M, e manter a peça y, ao invés?
 
 JM, nem M nem N
 
 
 PS: Continua um pouco difícil entender o que você chama de lógica...
 Insto-lhe a procurar se informar um pouco melhor a respeito destas
 coisas, se não quiser continuar recebendo bordoadas (agora de certa
 forma até justificadas) dos colegas!
 
 
 2012/4/10 Julio César jcacusto...@yahoo.com.br:
 
 Senhores,
 
 A título de ilustração: imaginem x,y e z como peças de Lego dentro de uma 
 caixa C. Chamemos aqui de lógica o mecanismo pelo qual as peças se 
 encaixam (pode-se entender como instrução de encaixe). Imaginem que alguém 
 verificou corretamente que x, y e z não possuem encaixe lógico. E essa 
 pessoa diz então:
   (a)   As peças na caixa C não possuem encaixe 
 lógico.
 Imaginem também que certo interlocutor, por um motivo qualquer, quer provar 
 que existe outra lógica de encaixe das peças através da qual (a) se torne 
 falsa. Para tal, ele retira da caixa C a peça y e coloca a peça w, de forma 
 que a peça w, junto com x e z, tenham agora um encaixe lógico. Assim, (a) é 
 falsa, logo, existe sim outra lógica de encaixe das peças.
 
 Pergunta: Vocês considerariam legítima tal prova?
 
 abs
 Júlio César A. Custódio
 
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Re: [Logica-l] pressuposições clássicas e não clássicas

2012-04-10 Por tôpico Tony Marmo
Não existe isso que muitos não aceitam.
Justamente por serem extensões da lógica clássica, elas não incluem todos
os princípios clássicos.
Elas são mais gerais como já expliquei.

Em 11 de abril de 2012 00:59, Julio César jcacusto...@yahoo.com.brescreveu:

 Tony,

 Você deve saber também que muitos não concordam que sejam extensões,
 entre esses inclusive muitos lógicos não-clássicos. Também tenho minhas
 reservas quanto a isso.

 Por exemplo, se forem extensões, como conciliar com o fato de que
 princípios clássicos como o NPC ou terceiro excluído não aceitam exceções?




 Em 10/04/2012, às 23:17, Tony Marmo marmo.t...@gmail.com escreveu:

 Conforme expliquei, as lógicas não-clássicas podem ser vistas como
 extensões da lógica clássica, ou seja, a lógica clássica é um caso
 particular delas.

 Veja a minha resposta ou das professores Marcelo Finger e Marcelo Coniglio
 para explicação e busque mais informações na literatura.

 Em 11 de abril de 2012 00:10, Julio César jcacusto...@yahoo.com.brescreveu:


 
 
 
  Olá Décio,
 
  Que bom que ao que tudo indica começamos a nos entender! Embora parece
 que não me fiz compreensível para quase ninguém mais.
 
  De fato, estou pressupondo que contradições genuínas são aquelas
 expressas classicamente. Também estou pressupondo que a negação genuína é
 aquela expressa classicamente. Mas isso não é mera questão de gosto ou
 torcida pela lógica clássica, mas é sim como uma metodologia necessária em
 tal discussão. Quando as lógicas não clássicas pretendem restringir a
 não-contradição, ou generalizar a negação, não estão elas falando dos
 operadores e princípios da lógica clássica? Não é ali que eu deveria
 verificar se as falhas e limitações realmente procedem? Não é a lógica
 clássica que pretendem alterar? Não é justamente por isso que são...
 não-clássicas?
 
  Isso não me autoriza (ou me obriga?) a utilizar os conceitos da lógica
 clássica para analisar tais propostas de alteração à própria lógica
 clássica?
 
  Grandes abraços,
  Júlio César A. Custódio
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Re: [Logica-l] pressuposições clássicas e não clássicas

2012-04-10 Por tôpico Walter Carnielli
Tony e Julio Cesar:
nao sao extensões. Sao subsistemas.

[   '

Walter

Em 11 de abril de 2012 01:16, Tony Marmo marmo.t...@gmail.com escreveu:
 Não existe isso que muitos não aceitam.
 Justamente por serem extensões da lógica clássica, elas não incluem todos
 os princípios clássicos.
 Elas são mais gerais como já expliquei.

 Em 11 de abril de 2012 00:59, Julio César jcacusto...@yahoo.com.brescreveu:

 Tony,

 Você deve saber também que muitos não concordam que sejam extensões,
 entre esses inclusive muitos lógicos não-clássicos. Também tenho minhas
 reservas quanto a isso.

 Por exemplo, se forem extensões, como conciliar com o fato de que
 princípios clássicos como o NPC ou terceiro excluído não aceitam exceções?




 Em 10/04/2012, às 23:17, Tony Marmo marmo.t...@gmail.com escreveu:

 Conforme expliquei, as lógicas não-clássicas podem ser vistas como
 extensões da lógica clássica, ou seja, a lógica clássica é um caso
 particular delas.

 Veja a minha resposta ou das professores Marcelo Finger e Marcelo Coniglio
 para explicação e busque mais informações na literatura.

 Em 11 de abril de 2012 00:10, Julio César jcacusto...@yahoo.com.brescreveu:


 
 
 
  Olá Décio,
 
  Que bom que ao que tudo indica começamos a nos entender! Embora parece
 que não me fiz compreensível para quase ninguém mais.
 
  De fato, estou pressupondo que contradições genuínas são aquelas
 expressas classicamente. Também estou pressupondo que a negação genuína é
 aquela expressa classicamente. Mas isso não é mera questão de gosto ou
 torcida pela lógica clássica, mas é sim como uma metodologia necessária em
 tal discussão. Quando as lógicas não clássicas pretendem restringir a
 não-contradição, ou generalizar a negação, não estão elas falando dos
 operadores e princípios da lógica clássica? Não é ali que eu deveria
 verificar se as falhas e limitações realmente procedem? Não é a lógica
 clássica que pretendem alterar? Não é justamente por isso que são...
 não-clássicas?
 
  Isso não me autoriza (ou me obriga?) a utilizar os conceitos da lógica
 clássica para analisar tais propostas de alteração à própria lógica
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Prof. Dr. Walter Carnielli
Director
Centre for Logic, Epistemology and the History of Science – CLE
State University of Campinas –UNICAMP
13083-859 Campinas -SP, Brazil
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