Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-28 Por tôpico Valeria de Paiva
alo,
a tese do Simpson, que 'e um primor de bem-escrita, esta' ficando um
pouquinho 'outdated'. esta' disponivel em
http://homepages.inf.ed.ac.uk/als/Research/*thesis*.pdf
meu paper com o Torben tb esta' disponivel (em tres versoes,conferencia, TR
e revista):

   - *Towards Constructive Hybrid Logic (Extended Abstract)
   http://www.cs.bham.ac.uk/%7Evdp/publications/shortIHLfinal.ps* (with
   T. Brauner), Presented at Methods for Modalities 3, LORIA, Nancy, France,
   September 22-23, 2003. Also appears as a technical
reporthttp://www.cs.bham.ac.uk/%7Evdp/publications/IntuitionisticHybrid.pdffrom
the University of Roskilde, 2003.
   - Full paper from above, submitted with new title Intuitionistic Hybrid
   
Logichttp://www.cs.bham.ac.uk/%7Evdp/publications/IntuitionisticHybrid.pdfto
Journal of Applied Logic(JAL). Appeared as JAL 4(2006), 231-- 255,
   available online from the publishers on 11th August 2005.

Valeria

2013/5/28 Daniel Durante dura...@ufrnet.br

 Colegas,

 Em primeiro lugar, há disponibilidade, online, para acessar a citada tese
 do Simpson e o artigo da Valeria e Torben?

 Sobre o que disse a Valéria, eu tenho alguns comentários:

  1. isso da' aa nocao de modelo de mundos um papel especial, de definidor
 dos sistemas modais, que eu nao sei se 'e razoavel. logicas modais existiam
 antes dos modelos de mundos e podem existir sem os mesmos, a principio. a
 principio semantica de mundos 'e que nem qq outra semantica (algebrica,
 categorica, de valoracoes, etc...) se a semantica de mundos precisa ser
 parte da definicao da *sintaxe* das logicas modais, bom entao
 ontologicamente elas sao privilegiadas. Por que?

 EU concordo com você, mas muita gente não. Uma semântica correta e
 completa para um sistema formal equivale ao sistema formal. Se, além disso,
 esta semântica pode ser empacotada como teoria de um OUTRO sistema
 formal, então este outro sistema formal é, por transitividade, forte o
 suficiente para abarcar o primeiro. Se, ainda mais, este outro sistema
 formal for a lógica clássica, e se o seu fragmento utilizado para teorizar
 a semântica  do primeiro sistema tiver propriedades já bem estudadas, temos
 bons motivos para preferir a teoria clássica.

  2. botar a semantica desejada na sintaxe que voce quer modelar (apesar
 de logicas hibridas) continua me parecendo roubalheira/cheating... a gente
 nao precisa disso pra logica classica, a gente nao precisa disso pra logica
 intuicionista, a gente nao precisa pra certos sistemas modais... a nocao de
 corretude/soundness fica meio comprometida, pois se a semantica 'e parte da
 sintaxe, corretude e' por definicao, nao por demonstracao...

 A gente não precisa, mas a gente pode. E funciona! Suponha que eu seja um
 monista lógico, que só aceita a lógica clássica de primeira ordem, que
 acredita que o mundo é racional e a racionalidade do mundo é captada à
 perfeição pela lógica clássica. Fora da nossa especialidade acadêmica, esta
 me parece uma posição bastante aceita. Bem, mas mesmo neste caso, se eu
 utilizar este recurso de sintaxizar a semântica, eu não preciso me privar
 da maioria das lógicas não clássicas. Elas serão para mim teorias da única
 e verdadeira lógica. Um ponto filosófico interessante é que lógicas são
 tidas como PURA FORMA, enquanto que teorias são SOBRE ALGO. Mas que algo é
 esse do qual essas teorias tratam? As semânticas nos aproximam muito mais
 deste (misterioso) algo do que os sistemas formais. Sintaxizar a
 semântica ajuda a mostrar que a semântica da lógica não-clássica em
 questão é compatível e expressável na semântica da lógica clássica. Ou
 seja, ela não é tão não-clássica assim!

  3. quem quer fazer teoria da prova/ou da demonstracao nao pode
 transformar as provas que estao interessados em, em provas de primeira
 ordem. porque isso destroi a estrutura de demonstracoes que sao tao bem
 comportadas (como os slides que o JM sugeriu explicaram) em coisas dentro
 do universo de 1a ordem que nao sao bem comportadas de forma nenhuma.

  4. quem como eu e tantos outros esta' interessado nas provas e nao no
 fato de um certo teorema ser verdadeiro ou falso, precisa ter muito cuidado
 com as traducoes entre sistemas logicos que vai aceitar., pois muitas das
 traducoes que preservam valor verdade destroem a estrutura das provas…

 Nestes pontos eu concordo plenamente. Se o interesse são as provas, então
 o que importa é a sintaxe (em sentido amplo, viu João Marcos :) ).

 Sobre o que disse a Elaine:

  Mas acho que nada disso interessa diretamente ao Daniel, que colocou a
 pergunta, em primeiro lugar.


 Bem, saber que o livro Negri-Plato é muito ruim, e que só o capítulo 11
 vale a pena, me interessa MUITO. São mais de 400 páginas :)

 Sobre o que disseram Marcelo e João Marcos:

 
  A pergunta, então, é: tem alguma lógica não-clássica que eu não vou
 conseguir resolver no meu software, simulando-a como uma teoria de primeira
 ordem clássica?
 
  Bom, pra não ser simulável em primeira ordem, que é turing 

Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-28 Por tôpico Daniel Durante
Oi Valéria,

Muito obrigado pelos links! Minha pilha de leitura está aumentando!

Daniel.

PS: se alguém tentou e não conseguiu baixar a tese do Simpson, basta apagar 
os * da palavra thesis. O link abaixo funciona:

http://homepages.inf.ed.ac.uk/als/Research/thesis.pdf 

+++

Em 28/05/2013, às 13:59, Valeria de Paiva valeria.depa...@gmail.com escreveu:

 alo,
 a tese do Simpson, que 'e um primor de bem-escrita, esta' ficando um 
 pouquinho 'outdated'. esta' disponivel em 
 http://homepages.inf.ed.ac.uk/als/Research/thesis.pdf
 meu paper com o Torben tb esta' disponivel (em tres versoes,conferencia, TR e 
 revista):
   • Towards Constructive Hybrid Logic (Extended Abstract) (with T. 
 Brauner), Presented at Methods for Modalities 3, LORIA, Nancy, France, 
 September 22-23, 2003. Also appears as a technical report from the University 
 of Roskilde, 2003.
   • Full paper from above, submitted with new title Intuitionistic Hybrid 
 Logic to Journal of Applied Logic(JAL). Appeared as JAL 4(2006), 231-- 255, 
 available online from the publishers on 11th August 2005.
 Valeria
 
 2013/5/28 Daniel Durante dura...@ufrnet.br
 Colegas,
 
 Em primeiro lugar, há disponibilidade, online, para acessar a citada tese do 
 Simpson e o artigo da Valeria e Torben?
 
 Sobre o que disse a Valéria, eu tenho alguns comentários:
 
  1. isso da' aa nocao de modelo de mundos um papel especial, de definidor 
  dos sistemas modais, que eu nao sei se 'e razoavel. logicas modais existiam 
  antes dos modelos de mundos e podem existir sem os mesmos, a principio. a 
  principio semantica de mundos 'e que nem qq outra semantica (algebrica, 
  categorica, de valoracoes, etc...) se a semantica de mundos precisa ser 
  parte da definicao da *sintaxe* das logicas modais, bom entao 
  ontologicamente elas sao privilegiadas. Por que?
 
 EU concordo com você, mas muita gente não. Uma semântica correta e completa 
 para um sistema formal equivale ao sistema formal. Se, além disso, esta 
 semântica pode ser empacotada como teoria de um OUTRO sistema formal, então 
 este outro sistema formal é, por transitividade, forte o suficiente para 
 abarcar o primeiro. Se, ainda mais, este outro sistema formal for a lógica 
 clássica, e se o seu fragmento utilizado para teorizar a semântica  do 
 primeiro sistema tiver propriedades já bem estudadas, temos bons motivos para 
 preferir a teoria clássica.
 
  2. botar a semantica desejada na sintaxe que voce quer modelar (apesar de 
  logicas hibridas) continua me parecendo roubalheira/cheating... a gente nao 
  precisa disso pra logica classica, a gente nao precisa disso pra logica 
  intuicionista, a gente nao precisa pra certos sistemas modais... a nocao de 
  corretude/soundness fica meio comprometida, pois se a semantica 'e parte da 
  sintaxe, corretude e' por definicao, nao por demonstracao...
 
 A gente não precisa, mas a gente pode. E funciona! Suponha que eu seja um 
 monista lógico, que só aceita a lógica clássica de primeira ordem, que 
 acredita que o mundo é racional e a racionalidade do mundo é captada à 
 perfeição pela lógica clássica. Fora da nossa especialidade acadêmica, esta 
 me parece uma posição bastante aceita. Bem, mas mesmo neste caso, se eu 
 utilizar este recurso de sintaxizar a semântica, eu não preciso me privar 
 da maioria das lógicas não clássicas. Elas serão para mim teorias da única e 
 verdadeira lógica. Um ponto filosófico interessante é que lógicas são tidas 
 como PURA FORMA, enquanto que teorias são SOBRE ALGO. Mas que algo é esse do 
 qual essas teorias tratam? As semânticas nos aproximam muito mais deste 
 (misterioso) algo do que os sistemas formais. Sintaxizar a semântica ajuda 
 a mostrar que a semântica da lógica não-clássica em questão é compatível e 
 expressável na semântica da lógica clássica. Ou seja, ela não é tão 
 não-clássica assim!
 
  3. quem quer fazer teoria da prova/ou da demonstracao nao pode transformar 
  as provas que estao interessados em, em provas de primeira ordem. porque 
  isso destroi a estrutura de demonstracoes que sao tao bem comportadas (como 
  os slides que o JM sugeriu explicaram) em coisas dentro do universo de 1a 
  ordem que nao sao bem comportadas de forma nenhuma.
 
  4. quem como eu e tantos outros esta' interessado nas provas e nao no fato 
  de um certo teorema ser verdadeiro ou falso, precisa ter muito cuidado com 
  as traducoes entre sistemas logicos que vai aceitar., pois muitas das 
  traducoes que preservam valor verdade destroem a estrutura das provas…
 
 Nestes pontos eu concordo plenamente. Se o interesse são as provas, então o 
 que importa é a sintaxe (em sentido amplo, viu João Marcos :) ).
 
 Sobre o que disse a Elaine:
 
  Mas acho que nada disso interessa diretamente ao Daniel, que colocou a 
  pergunta, em primeiro lugar.
 
 
 Bem, saber que o livro Negri-Plato é muito ruim, e que só o capítulo 11 vale 
 a pena, me interessa MUITO. São mais de 400 páginas :)
 
 Sobre o que disseram Marcelo 

Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-27 Por tôpico Daniel Durante
Colegas,

Muito obrigado MESMO pelas referências, já comecei estudar, e elas certamente 
me pouparão muito TEMPO :) E também confirmam minha suspeita de que o assunto 
era mesmo bem desenvolvido. Aproveito, então, e deixo a vocês uma pergunta 
séria, mas que vou formular em termos lúdicos: suponha que por alguma limitação 
qualquer (não muito longe do real, no meu caso), por exemplo não tenho lápis e 
papel, nem boa memória (para fazer as coisas de cabeça), nem internet,... e em 
meu computador só tenho instalado o software Fitch, que me deixa (e auxilia 
a) fazer provas em dedução natural na lógica clássica de primeira ordem. Bem, 
com esta ferramenta eu já sei que posso construir teorias (conjuntos de 
premissas) para as diversas versões da lógica temporal, descobri que posso 
fazer o mesmo para os principais sistemas de lógica modal, imagino (para o meu 
desgosto) que posso fazer o mesmo inclusive para a lógica intuicionista, já que 
há uma teoria clássica para S4. Bem, então eu começo a pensar que poderia fazer 
o mesmo para lógicas paraconsistentes, relevantes,… A pergunta, então, é: tem 
alguma lógica não-clássica que eu não vou conseguir resolver no meu software, 
simulando-a como uma teoria de primeira ordem clássica?
Parece que qualquer sistema formal que seja correto e completo com respeito a 
alguma formulação semântica que possa ser expressa em uma teoria de relações 
passível de ser axiomatizada em primeira ordem se tornaria equivalente a uma 
teoria clássica de primeira ordem!!??!! Deve haver algo errado com esta ideia, 
pois ela me faz pensar se existe mesmo alguma lógica não-clássica no sentido de 
não poder ser tratada classicamente, de ser incompatível com a lógica clássica! 
O que vocês acham (ou sabem) sobre o assunto?

Saudações,
Daniel

PS: Sobre o que disse o João Marcos:

 (É inteiramente misteriosa para mim a razão
 pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
 para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
 modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
 ponto de vista lógico.)

Eu tenho um palpite, João. A razão pode ser histórica. No caso das lógicas 
modais, por exemplo, a regimentação em primeira ordem só se tornou possível 
depois que a semântica dos modelos de Kripke se estabeleceu. É preciso muita 
reflexão para converter os conceitos de necessidade e possibilidade, que 
traduzem-se diretamente em operadores lógicos, em uma relação binária entre 
estados possíveis do mundo (ou mundos possíveis) que rotulam proposições! Outra 
esquisitice histórica da lógica modal é o nome dos sistemas! K, T, B, S4, S4.3, 
S5?
___
Logica-l mailing list
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http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l


Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-27 Por tôpico Valeria de Paiva
hmm, obrigada JM pela referencia elogiosa ao meu trabalho com o Torben
sobre Deducao Natural  pra logica hibrida construtiva!

mas e':
 (É inteiramente misteriosa para mim a razão
 pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
 para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
 modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
 ponto de vista lógico.)

a gente ja discutiu isso algumas vezes. hoje estou meio sem tempo pra
longas conversas, mas nao posso deixar passar em branco o argumento usual...

e', botar as relacoes de acessibilidade dos  modelos de Kripke na sintaxe
da logica modal 'e um truque bacana que funciona muito bem pra muitas
coisas, mas
1. isso da' aa nocao de modelo de mundos um papel especial, de definidor
dos sistemas modais, que eu nao sei se 'e razoavel. logicas modais existiam
antes dos modelos de mundos e podem existir sem os mesmos, a principio. a
principio semantica de mundos 'e que nem qq outra semantica (algebrica,
categorica, de valoracoes, etc...) se a semantica de mundos precisa ser
parte da definicao da *sintaxe* das logicas modais, bom entao
ontologicamente elas sao privilegiadas. Por que?
2. botar a semantica desejada na sintaxe que voce quer modelar (apesar de
logicas hibridas) continua me parecendo roubalheira/cheating... a gente nao
precisa disso pra logica classica, a gente nao precisa disso pra logica
intuicionista, a gente nao precisa pra certos sistemas modais... a nocao de
corretude/soundness fica meio comprometida, pois se a semantica 'e parte da
sintaxe, corretude e' por definicao, nao por demonstracao...essas
discussoes (ou algumas delas) tb estao na tese do Simpson, junto com as
respostas dele de pq as minhas objecoes nao sao relevantes.
3. quem quer fazer teoria da prova/ou da demonstracao nao pode transformar
as provas que estao interessados em, em provas de primeira ordem. porque
isso destroi a estrutura de demonstracoes que sao tao bem comportadas (como
os slides que o JM sugeriu explicaram) em coisas dentro do universo de 1a
ordem que nao sao bem comportadas de forma nenhuma.
4. quem como eu e tantos outros esta' interessado nas provas e nao no fato
de um certo teorema ser verdadeiro ou falso, precisa ter muito cuidado com
as traducoes entre sistemas logicos que vai aceitar., pois muitas das
traducoes que preservam valor verdade destroem a estrutura das provas...

bom, acho que ja chega, ja repetimos alguns dos argumentos tradicionais.
outros interessados em teoria da prova e (pra nao dzer que nao falei das
flores) em focussing ou hypersequentes podem tb dar seus palpites.

Abracos logicos cordiais
Valeria

2013/5/27 Daniel Durante dura...@ufrnet.br

 Colegas,

 Muito obrigado MESMO pelas referências, já comecei estudar, e elas
 certamente me pouparão muito TEMPO :) E também confirmam minha suspeita de
 que o assunto era mesmo bem desenvolvido. Aproveito, então, e deixo a vocês
 uma pergunta séria, mas que vou formular em termos lúdicos: suponha que por
 alguma limitação qualquer (não muito longe do real, no meu caso), por
 exemplo não tenho lápis e papel, nem boa memória (para fazer as coisas de
 cabeça), nem internet,... e em meu computador só tenho instalado o software
 Fitch, que me deixa (e auxilia a) fazer provas em dedução natural na
 lógica clássica de primeira ordem. Bem, com esta ferramenta eu já sei que
 posso construir teorias (conjuntos de premissas) para as diversas versões
 da lógica temporal, descobri que posso fazer o mesmo para os principais
 sistemas de lógica modal, imagino (para o meu desgosto) que posso fazer o
 mesmo inclusive para a lógica intuicionista, já que há uma teoria clássica
 para S4. Bem, então eu começo a pensar que poderia fazer o mesmo para
 lógicas paraconsistentes, relevantes,… A pergunta, então, é: tem alguma
 lógica não-clássica que eu não vou conseguir resolver no meu software,
 simulando-a como uma teoria de primeira ordem clássica?
 Parece que qualquer sistema formal que seja correto e completo com
 respeito a alguma formulação semântica que possa ser expressa em uma teoria
 de relações passível de ser axiomatizada em primeira ordem se tornaria
 equivalente a uma teoria clássica de primeira ordem!!??!! Deve haver algo
 errado com esta ideia, pois ela me faz pensar se existe mesmo alguma lógica
 não-clássica no sentido de não poder ser tratada classicamente, de ser
 incompatível com a lógica clássica! O que vocês acham (ou sabem) sobre o
 assunto?

 Saudações,
 Daniel

 PS: Sobre o que disse o João Marcos:

  (É inteiramente misteriosa para mim a razão
  pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
  para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
  modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
  ponto de vista lógico.)

 Eu tenho um palpite, João. A razão pode ser histórica. No caso das lógicas
 modais, por exemplo, a regimentação em primeira ordem só se tornou possível
 depois que a 

Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-27 Por tôpico Marcelo Finger
Oi Daniel.

Em relação à sua pergunta:

A pergunta, então, é: tem alguma lógica não-clássica que eu não vou conseguir 
resolver no meu software, simulando-a como uma teoria de primeira ordem 
clássica?

Bom, pra não ser simulável em primeira ordem, que é turing completa, a
lógica teria de mais indecidível que a lógica de primeira ordem.

Agora, se a v quiser simulação em tempo polinomial, a coisa já fica
mais interessante.  Tem muita lógica que é duplamente exponencial, ou
não elementar, e essas, certamente, v não consegue simular. Tente, por
exemplo, simular um produto de duas lógicas intuicionistas e v se
estrepa completamente.

[]s

Marcelo



 Eu tenho um palpite, João. A razão pode ser histórica. No caso das lógicas 
 modais, por exemplo, a regimentação em primeira ordem só se tornou possível 
 depois que a semântica dos modelos de Kripke se estabeleceu. É preciso muita 
 reflexão para converter os conceitos de necessidade e possibilidade, que 
 traduzem-se diretamente em operadores lógicos, em uma relação binária entre 
 estados possíveis do mundo (ou mundos possíveis) que rotulam proposições! 
 Outra esquisitice histórica da lógica modal é o nome dos sistemas! K, T, B, 
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Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-27 Por tôpico Mario Benevides
Oi Daniel,

Não sei entendi sua pergunta. Mas em Lógicas temporais o uso de operadores
que são definidos usando-se fecho transitivo ou ponto fixo é bem comum, por
exemplo o Until. Voce não irá conseguir expressá-los no sistema Fitch.

Um abraço,

Mario

Em 27 de maio de 2013 15:42, Marcelo Finger mfin...@ime.usp.br escreveu:

 Oi Daniel.

 Em relação à sua pergunta:

 A pergunta, então, é: tem alguma lógica não-clássica que eu não vou
 conseguir resolver no meu software, simulando-a como uma teoria de primeira
 ordem clássica?

 Bom, pra não ser simulável em primeira ordem, que é turing completa, a
 lógica teria de mais indecidível que a lógica de primeira ordem.

 Agora, se a v quiser simulação em tempo polinomial, a coisa já fica
 mais interessante.  Tem muita lógica que é duplamente exponencial, ou
 não elementar, e essas, certamente, v não consegue simular. Tente, por
 exemplo, simular um produto de duas lógicas intuicionistas e v se
 estrepa completamente.

 []s

 Marcelo


 
  Eu tenho um palpite, João. A razão pode ser histórica. No caso das
 lógicas modais, por exemplo, a regimentação em primeira ordem só se tornou
 possível depois que a semântica dos modelos de Kripke se estabeleceu. É
 preciso muita reflexão para converter os conceitos de necessidade e
 possibilidade, que traduzem-se diretamente em operadores lógicos, em uma
 relação binária entre estados possíveis do mundo (ou mundos possíveis) que
 rotulam proposições! Outra esquisitice histórica da lógica modal é o nome
 dos sistemas! K, T, B, S4, S4.3, S5?
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Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-27 Por tôpico Elaine Pimentel
Hola, Valéria e João.

Bem, eu ia me abster de responder, mas resolvi fazer um comentário rápido.

Em primeiro lugar, eu nunca disse que a Sara inventou sistemas rotulados. O
que eu disse foi que o cap 11 do livro de Proof Analysis é um bom lugar
para ler sobre sistemas modais rotulados baseados em cálculo de sequentes.
E sistemas baseados em dedução natural não são adequados para obter
diversos resultados em teoria da prova, em especial aqueles que necessitam
o conceito de focalização (pois só há focalização em sistemas que contenham
apenas regras de introdução).

Em tempo: o livro é muito ruim, de uma maneira geral. Salva-se apenas o cap
11, na minha opinião.

Em segundo lugar, eu entendo (e concordo com) a maioria dos argumentos
postos pela Valéria mas o que ocorre é que, na verdade, as regras
semânticas de G3K podem ser vistas como pontos fixos em lógica linear com
definições. De fato, os corpos das definições são cláusulas de Horn
(portanto positivas) e focar sobre elas resulta em um passo de dedução. Ou
seja, elas não interferem no restante da prova (lógica).

Mas acho que nada disso interessa diretamente ao Daniel, que colocou a
pergunta, em primeiro lugar.

Abraços,


2013/5/27 Valeria de Paiva valeria.depa...@gmail.com

 hmm, obrigada JM pela referencia elogiosa ao meu trabalho com o Torben
 sobre Deducao Natural  pra logica hibrida construtiva!

 mas e':
  (É inteiramente misteriosa para mim a razão
  pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
  para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
  modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
  ponto de vista lógico.)

 a gente ja discutiu isso algumas vezes. hoje estou meio sem tempo pra
 longas conversas, mas nao posso deixar passar em branco o argumento
 usual...

 e', botar as relacoes de acessibilidade dos  modelos de Kripke na sintaxe
 da logica modal 'e um truque bacana que funciona muito bem pra muitas
 coisas, mas
 1. isso da' aa nocao de modelo de mundos um papel especial, de definidor
 dos sistemas modais, que eu nao sei se 'e razoavel. logicas modais existiam
 antes dos modelos de mundos e podem existir sem os mesmos, a principio. a
 principio semantica de mundos 'e que nem qq outra semantica (algebrica,
 categorica, de valoracoes, etc...) se a semantica de mundos precisa ser
 parte da definicao da *sintaxe* das logicas modais, bom entao
 ontologicamente elas sao privilegiadas. Por que?
 2. botar a semantica desejada na sintaxe que voce quer modelar (apesar de
 logicas hibridas) continua me parecendo roubalheira/cheating... a gente nao
 precisa disso pra logica classica, a gente nao precisa disso pra logica
 intuicionista, a gente nao precisa pra certos sistemas modais... a nocao de
 corretude/soundness fica meio comprometida, pois se a semantica 'e parte da
 sintaxe, corretude e' por definicao, nao por demonstracao...essas
 discussoes (ou algumas delas) tb estao na tese do Simpson, junto com as
 respostas dele de pq as minhas objecoes nao sao relevantes.
 3. quem quer fazer teoria da prova/ou da demonstracao nao pode transformar
 as provas que estao interessados em, em provas de primeira ordem. porque
 isso destroi a estrutura de demonstracoes que sao tao bem comportadas (como
 os slides que o JM sugeriu explicaram) em coisas dentro do universo de 1a
 ordem que nao sao bem comportadas de forma nenhuma.
 4. quem como eu e tantos outros esta' interessado nas provas e nao no fato
 de um certo teorema ser verdadeiro ou falso, precisa ter muito cuidado com
 as traducoes entre sistemas logicos que vai aceitar., pois muitas das
 traducoes que preservam valor verdade destroem a estrutura das provas...

 bom, acho que ja chega, ja repetimos alguns dos argumentos tradicionais.
 outros interessados em teoria da prova e (pra nao dzer que nao falei das
 flores) em focussing ou hypersequentes podem tb dar seus palpites.

 Abracos logicos cordiais
 Valeria

 2013/5/27 Daniel Durante dura...@ufrnet.br

  Colegas,
 
  Muito obrigado MESMO pelas referências, já comecei estudar, e elas
  certamente me pouparão muito TEMPO :) E também confirmam minha suspeita
 de
  que o assunto era mesmo bem desenvolvido. Aproveito, então, e deixo a
 vocês
  uma pergunta séria, mas que vou formular em termos lúdicos: suponha que
 por
  alguma limitação qualquer (não muito longe do real, no meu caso), por
  exemplo não tenho lápis e papel, nem boa memória (para fazer as coisas de
  cabeça), nem internet,... e em meu computador só tenho instalado o
 software
  Fitch, que me deixa (e auxilia a) fazer provas em dedução natural na
  lógica clássica de primeira ordem. Bem, com esta ferramenta eu já sei que
  posso construir teorias (conjuntos de premissas) para as diversas versões
  da lógica temporal, descobri que posso fazer o mesmo para os principais
  sistemas de lógica modal, imagino (para o meu desgosto) que posso fazer o
  mesmo inclusive para a lógica intuicionista, já que há uma teoria
 clássica
  

Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-27 Por tôpico Joao Marcos
2013/5/27 Elaine Pimentel escreveu:

 Em primeiro lugar, eu nunca disse que a Sara inventou sistemas rotulados.

Ei, eu não disse que você disse. :-)  Mas não pude perder a chance de
espicaçar a Sara, que é uma pessoa de uma antipatia cristalina.  O
cúmulo para mim foi ela lá no UNILOG interromper o Sambin para dizer
que ela tinha feito isso ou aquilo, e dentre as coisas que ela citou
estava o trabalho do Luca --- que por acaso estava na plateia.  A moça
é mesmo de mais.

2013/5/27 Marcelo Finger escreveu:

 Em relação à sua pergunta:

A pergunta, então, é: tem alguma lógica não-clássica que eu não vou conseguir 
resolver no meu software, simulando-a como uma teoria de primeira ordem 
clássica?

 Bom, pra não ser simulável em primeira ordem, que é turing completa, a
 lógica teria de mais indecidível que a lógica de primeira ordem.

Se entre lógicas não-clássicas a gente conta as lógicas
não-monotônicas então temos exemplos deste gênero: de fato, enquanto
para a lógica clássica de primeira ordem temos um teste positivo para
consequência mas não um teste negativo (o complemento da noção de
derivabilidade não é recursivamente enumerável), para muitas lógicas
não-monotônicas não há sequer um teste positivo.

JM

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Re: [Logica-l] Lógicas modais proposicionais como teorias de 1a ordem clássicas

2013-05-26 Por tôpico Joao Marcos
 Eu acho que vale a pena você dar uma olhada no livro Proof Analysis (Plato,
 Negri), que tem um capítulo muito legal (11) sobre representação de lógicas
 modais utilizando um sistema básico clássico (G3) e internalizando a
 semântica através de regras modais, obtendo o sistema G3K.

Há um material em português muito bom sobre isso. :-)  No capítulo 4 do livro
  http://www.dimap.ufrn.br/~jmarcos/courses/LC/Ementa.htm
mostramos em detalhe pedestre como prover formalismos dedutivos
(dedução natural) para boa parte dos sistemas modais mais comuns
através do uso de rótulos (que representam mundos e são tratados como
termos de uma linguagem de primeira ordem adequada) e de fórmulas
relacionais (que representam, na mesma assinatura de primeira ordem já
citada, a noção de acessibilidade).  As propriedades que descrevem as
restrições sobre as classes de enquadramentos são traduzidas de
maneira óbvia em termos de regras dedutivas envolvendo as fórmulas
relacionais da linguagem, eventualmente envolvendo funções de skolem
(representadas por símbolos que também farão parte da sintaxe de
primeira ordem escolhida).  É bonito, simples e eficaz, acho que vale
a pena conferir.

Infelizmente não inventamos nada disso (e a Sara Negri também não,
embora ela queira acreditar que sim)...  A teoria da dedução
rotulada/etiquetada para lógica modal foi estudada em detalhe por Luca
Viganò e colaboradores.  (É inteiramente misteriosa para mim a razão
pela qual outros autores gastam tempo sobre sistemas dedutivos ad hoc
para esta ou aquela lógica modal, dado que abordagens deste gênero são
modulares e amplamente aplicáveis, além de fortemente adequadas do
ponto de vista lógico.)

Do ponto de vista modelo-teórico, as lógicas modais usuais são
mapeadas via standard translation no fragmento diádico da lógica de
primeira ordem --- mais especificamente no guarded fragment, que
possui propriedades de decidibilidade fantásticas.  Há uns slides
muito bacanas do Ramanujam sobre o assunto, fazendo um apanhado geral:
  http://fmindia.cmi.ac.in/update2008/slides/R._Ramanujam_jam.pdf
O paper de Goranko  Otto no Handbook of Modal Logic também faz uma
revisão interessante da teoria dos modelos modal.

No caso construtivo, claro, a grande referência é a tese do Simpson.
Para linguagens construtivas misturadas com lógica híbrida há o
trabalho exemplar da Valeria com o Torben.

Abraços,
Joao Marcos


 2013/5/26 Daniel Durante dura...@ufrnet.br

 Colegas,

 Tenho uma dúvida boba que certamente  vocês podem me ajudar. Lendo algumas
 coisas básicas sobre lógica temporal, vi que uma maneira de tratar o
 assunto, que é inclusive expressivamente mais poderosa que a maneira padrão
 com operadores modais (temporais) é, no lugar disso, regimentar o discurso
 temporal em uma teoria de primeira ordem clássica. Ou seja, ao invés de
 operadores modais temporais, com regras de dedução e/ou axiomas próprios,
 teríamos simplesmente uma teoria de primeira ordem clássica que tem
 instantes de tempo (ou estados temporais do mundo) como objetos (ou valor
 de suas variáveis) e a ordem temporal como a relação cujas propriedades os
 axiomas da teoria descrevem.
 Apesar desta abordagem ser mais ou menos comum para a lógica temporal, em
 uma rápida pesquisa eu não encontrei muita coisa sobre a regimentação das
 lógicas modais em geral em teorias clássicas de primeira ordem, que teriam
 estados possíveis do mundo como objetos e a acessibilidade como relação
 axiomatizada. Vi algo sobre S5 e a lógica de predicados monádicos, mas nada
 mais.
 Bem, minha pergunta é por referências mesmo, que certamente deve haver.
 Alguém poderia me indicar algumas referências sobre o assunto?

 Saudações,
 Daniel.

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