Já que se falou em vestimenta, segue um ótimo texto...
 
E só pra deixar claro, gosto da música dos Los Hermanos...hehehe
 





"COMO SE FUDER NO SHOW DO LOS HERMANOS" 



Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra 
desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou 
começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está 
rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber 
o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato umas 
garotas legais, né? 
Mas foi meio por acaso que eu conheci uma garota maneiríssima chamada Tainá. 
Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando 
desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser um. 
Na verdade,era o C.A. da Antropologia. Uma garota já foi logo me perguntando se 
eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. 
Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata 
que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura 
rabial nota dez... Aí, acho que ela me deu um certo mole... Conversa vai, 
conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda hoje à noite que eu nunca 
tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força 
sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. 
Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava 
mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações 
faciais que eu estava tendo ao travar o cu para não cagar ali mesmo na frente 
dela. 

Pensando bem, eu tinha ouvido falar alguma coisa sim sobre essa banda lá na 
europa ainda, mas não me lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras no 
noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes 
tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. 
Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas 
o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 
1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não 
entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o 
bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na 
entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil! Ia ser fácil 
achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, 
diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, 
uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos fininho, de armação 
escura, grossa e retangular, engraçados até! Depois de uns mil "Desculpe, achei 
que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de 
amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola! 

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos 
namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Uns 
caras de macacão, óculos e de sandália de pneu e com ar professoral. Pareciam 
ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita 
conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que 
nomes tão simples! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de 
Rogérios ou Robertos. E eu já tava me sentindo meio culpado por me chamar 
Washington... Realmente estava no meio de uma nova época da juventude 
universitária brasileira!
Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí, acho 
que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a 
falar de música: "Quem você gosta em musica?", perguntou.
- Pô, eu me amarro no George..."
Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: "Seu Jorge? Eu também amo o Seu 
Jorge!" Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele 
com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã! 
"Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O 
Seu Jorge é um gênio!" , ela emendou. Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não 
ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi... Depois ela perguntou 
quais bandas que eu gostava. 
"Eu curtia aquela banda da Bahia...". "Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro 
também!". "Não, Camisa de Vênus! "Silvia! Piranha!" cantei, rindo. 
A cara que ela fe z foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. 
Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: "Achava eles 
engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... 
Aí, acho que dei um fora... Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser 
Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um 
resgate da boa música brasileira". "Tipo Os Raimundos com o forró?", perguntei. 
"Claro que não!", disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode 
comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje se 
ter excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como 
Pedro Luis e a Parede, O Rappa, Ed Motta, Paulinho Moska, Orquestra Imperial, 
Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou 
coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando 
eles... Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já ouvi, mas fiquei 
quieto. 
Fico feliz em saber isso pois quando me mudei o que fazia sucesso no Rio era 
Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". Ainda bem que tudo mudou, né?
Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas 
se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí 
daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda 
bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou por no Brasil! Pelo 
que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do 
bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba, 
brasilidade e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição medieval 
que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso 
acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma 
bola enquanto é puxado pelo pescoço por uma corrente e por um cara com um 
chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio 
deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos 
dos outros com flor de lapela e qua ndo sai do picadeiro, vai chorar no 
camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo. 
Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que 
essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente 
corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco com 
a conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa 
que eu sabia sobre a banda... Cacete...! 
O que era mesmo? 
De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a 
baixo! Perguntei pra ela: "Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?" Ela disse 
um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no 
estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu 
pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são 
profissionais mesmo, tocam bem e são completamente idolatrados pelo público, 
para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Tem uma influência de 
Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. 
Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "Dark", como 
chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de Bauhaus, Sister of Mercy, The 
Cure, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, 
não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se 
eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro. Pô, é 
só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o 
tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de 
mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta 
na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, 
maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, 
brother! Tentei reengatar a convera dizendo que achava ao baixista o melhor 
músico dos Los Hermanos. Ela res pondeu, meio irritada: "Mas ele não é da 
banda!" Como eu ia saber?O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais 
nada... 
Adiante ela me disse que o cara que ela mais gostava era um tal de Almirante. 
Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos 
do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito 
um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele 
tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é 
o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo 
Campelo, como anunciaram no noticiário local. Isso mesmo, Marcelo e Almirante 
Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois 
gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro 
casamento... 
Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou acostumado. Fui 
rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de 
refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus 
novos amigos: "Aí, trouxe umas Coca-colas pra vocês!" Ouvi a seguinte resposta: 
"Coca-cola? Isso é muito imperialista... guaraná é que é brasileiro!" Puxa, que 
pessoal politizado... Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home", rá, rá! 
Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra 
fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não 
é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é 
ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente 
pra caralho, então bebi tudo mesmo sob o olhar meio atravessado de todos 
eles... fazer o quê? 
Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim 
do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá: "Ah, 
eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!" Ela olhou pra 
mim com uma cara indignada e disse: "Que Weezer o quê? O nome dessa música é 
"Cara Estranho". Já vi que não gostou de novo... Mas quem sou eu pra dizer 
algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu 
não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra 
música deles... Só não consigo dizer qual... 
Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma 
música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar 
enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada que sempre rola em shows. 
Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: "Filha da 
putaaaaaaaaaa!" 
Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada na costela que me 
fez perder o ar! Pô, todo show rola isso! É quase uma tradição até! E é só uma 
piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma 
camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em 
todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo: "Aí, 
Tainasão, se tu quiser, eu tô preparado!", mas depois dessa vi que senso de 
humor não é o forte dessa galera... 
O tempo tava passando e nada de eu pegar a minha nova amiguinha. Quando fui 
tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma 
outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei 
uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, 
pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de 
ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer sacanagem do gênero. A porrada foi 
tão forte que eu mordi um pedaço da minha língua. Minha boca encheu d?água e 
sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a 
manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima 
de Ana Claudia e Jandaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada 
que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi 
quando ouvi: "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de 
lança! Que decadência..." Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que 
tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém 
cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a 
clorofórmio. Que merda... 
Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar 
me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando 
voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo: "...e 
esse mala aí sem camisa..." Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso 
aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na 
Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa "mala"? 
Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham 
saltado pra longe com a cabeça-ariete de Tainá e esmagadas por centenas de 
sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É 
uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma 
película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e 
prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas 
mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os 
polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre 
esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a 
pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava 
enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força 
do caralho pra achar a porra dessas lentes, um dos caras legais com nomes 
simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe 
também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta! 
"Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?" 
"Que sinal, que sinal?", respondi, assustado. "Buceta, palhaço!", apertando o 
meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado. "Você tá no show do Los 
Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los 
Hermanos, sacou?", gritou o tal hipponga na minha cara. Que viado, eu não tava 
fazendo nada! Parece uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde 
esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 
25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já 
tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano 
Veloso! "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião 
de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra? Caralho, que noite 
infernal. T ava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, 
arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa 
de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo 
Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra 
mim atravessado e cantando a seguinte frase: "Quem se atreve a me dizer do que 
é feito o samba?" Aí foi demais! Aí, eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. 
Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se 
a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera 
"do bem" que está aqui!" Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que 
incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a 
imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola 
de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, 
daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta 
e meia reprisam na tv. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro?" 
"Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" ? Ei, é só música pop! 
MÚSICA POP! Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em 
Londres! Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, 
berrei bem alto: "TOCA ANA JULIA!" Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada 
que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! 
Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me 
lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários 
brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsada na 
cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia 
é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison 
não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram 
depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão 
mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me 
chutar também. Do bem? Do bem é o cacete... Aí, sinceramente, ainda prefiro o 
Camisa de Vênus... 
Felipe Lantimant
                                          
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