Caro Julio Cesar:

ao invés de se debater com a sua intuição (que pode ser fraca e
assustadiça, ou  potente demais) sobre a paraconsistencia,  tente  ler
o que se escreve sobre o tema. Leia, por exemplo, o artiguinho que
Marcelo e  eu escrevemos (passei o "link") e   mostre   onde erramos.
Qualquer  outra coisa é  espasmo de susto.   Agradeço  ao Rodrigo
Podiacki e ao Tony Marmo por terem  me  poupado  o trabalho de
digitar  muito.

abs

Walter



Em 9 de abril de 2012 18:06, julio cesar <jcacusto...@yahoo.com.br> escreveu:
> Olá lista,
>
> estou em total acordo com quem critica os sistemas inconsistentes por falta 
> de compromisso filosófico (pra não dizer coerência). Apesar da praticidade 
> tais (alguns) sistemas formais, isso não implica, de forma alguma, que eles 
> tenham (ou teriam que ter) implicações filosóficas. Qualquer linguagem de 
> programação moderna é um sistema formal tão legítimo como qualquer sistema de 
> lógica, no entanto, se for realmente possível criar operações e instruções 
> numa linguagem formal para que uma contradição genuína não cause problemas (e 
> embora eu ainda tenha sinceras dúvidas quanto a isso) tal fato não significa 
> necessariamente nada do ponto de vista filosófico, inclusive do ponto de 
> vista da filosofia da lógica.  Os *lógicos não-clássicos*, em especial a 
> turma da inconsistência, geralmente dão um passo muito fácil de *sistemas 
> formais* para *princípios lógicos* e daí então para *filosofia da lógica*, 
> passos que a meu ver
>  não são nada simples, muito menos triviais.
>
> É praticamente nula a discussão sobre até que ponto é legítimo o 
> comportamento de um sistema formal qualquer ditar os princípios ou a 
> filosofia da lógica.
>
> Um pequeno exemplo já bem batido nessa discussão:
>
>  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem, 
> basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação. Altera-se 
> de tal forma a instrução contida nesse operador que, com essa alteração, a 
> contradição sequer aparece. No entanto, ao alterar o operador clássico, 
> altera-se a informação contida em tal operador. Sendo assim, se acaso uma 
> expressão com tal operador clássico possuir como informação uma contradição, 
> ao se alterar tal operador, altera-se a informação sob a mesma expressão e, 
> dessa forma, nada garante que aquilo ainda continua sendo uma contradição; em 
> outras palavras, a fórmula se torna apenas uma coisa que não tem problema 
> algum em ser verdadeiro, inclusive classicamente falando.
>
> Um lógico clássico tem todo o direito de olhar para a maioria das lógicas 
> inconsistentes e dizer: "Que mentira! Vocês não estão aceitando contradição 
> coisa nenhuma! Vocês estão é mudando de assunto!"
>
>
> Abraços,
> Júlio César A. Custódio
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