Interessante, Manuel. Concordo com tudo o que diz. Não sabia do mea culpa do Krauss, que aliás é excelente, apesar de algumas ideias malucas veiculadas, como você chamou a atenção. Obrigado. Já quanto ao bacharelado em ciências (física, química, matemática...que coloco como ciência), me parece que faltam cursos de fundamentos e de história dessas disciplinas. Os alunos de matemática em geral nunca ouviram falar de ZF, ou de lógica. Pode isso? Os de química, de MQ, apesar de estudarem a tabela periódica, etc etc. Ainda estamos na era das cavernas. D
________________________________ Décio Krause Departamento de Filosofia Universidade Federal de Santa Catarina 88040-940 Florianópolis, SC -- Brasil deciokrause[at]gmail.com www.cfh.ufsc.br/~dkrause ________________________________ Em 30/04/2013, às 15:14, Manuel Doria escreveu: > O problema do *argumentum ad verecundiam* é o apelo para autoridades * > inadequadas*. Essa é a instância falaciosa. Não há, em geral, problema em > apelar para autoridades relevantes. Serve como proxy para uma justificação > do argumento. O argumento pode ser sound não em virtude da autoridade ter > determinado diploma ou título mas por ter as competências necessárias para > ter realizado com veracidade determinado proferimento. Isso é o que > permite a racionalidade na atitude de se confiar na opinião de > especialistas. > > Não creio que a crítica que foi feita é de que não pode-se ser filósofo da > ciência sem ser cientista de formação, mas sim que filósofos da ciência > precisam estudar ciência. Muita filosofia da ciência é feita de forma > apriorística, como se fosse autônoma do conteúdo empírico das teorias > científicas, o que é um absurdo. > > Thomas Kuhn, James Ladyman e vários outros célebres filósofos da ciência > têm/tiveram uma formação científica. Outros adquiram o expertise necessário > de forma diletante, como dois dos mais renomados filósofos da biologia > contemporâneos, Alex Rosenberg e John Wilkins. > > Ter uma formação científica também de forma alguma é garantia para manejar > de forma intelectualmente responsável as questões metafísicas e > epistemológicas fundamentais de sua própria disciplina. Como exemplo, uma > série de disparates que o físico Lawrence Krauss falou a respeito da > filosofia em geral no último ano; outro filósofo-cientista que gosto muito, > Massimo Pigliucci, possui um resumo da novela: > http://rationallyspeaking.blogspot.com.br/2012/04/lawrence-krauss-another-physicist-with.html > > Lawrence Krauss depois publicou um mea culpa depois de puxões de orelha por > parte de amigos seus e filósofos: > http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=the-consolation-of-philos > > Muito do ensinado no Halliday não é ensinado no EM. Em Física I, por > exemplo, problemas de mecânica com massa variável exigem Cálculo. Mas eu > diria que o grosso e mais interessante de um bacharelado em Física é > aprender a manejar o formalismo analítico canônico - algo que é mais raro > de ser estudado de forma diletante. > > Um forte abraço. > > > 2013/4/30 Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br> > >> Aqui no Brasil o debate sempre acaba "evoluindo" do ad hominem para os >> argumentos de autoridade. >> E quer dizer que para ser filósofo da ciência tem que ser físico. A >> maioria dos físicos não conhecem filosofia e não conhecem história da >> ciência. Uma graduação em física não quer dizer nada. Em muitas faculdades >> de física o curso é o mesmo que o de engenharia. Talvez o cara saiba melhor >> a parte computacional da física. O que que tem no Halliday que não tenha >> sido ensinado no EM? >> >> Julio Fontana >> _______________________________________________ >> Logica-l mailing list >> Logica-l@dimap.ufrn.br >> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l >> > _______________________________________________ > Logica-l mailing list > Logica-l@dimap.ufrn.br > http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l _______________________________________________ Logica-l mailing list Logica-l@dimap.ufrn.br http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l