Não sei como explicar isso: "especialmente as hipóteses que competem entre si 
não podem ser testadas e eliminadas". Parece-me evidente!


Julio Fontana

De: FAD 2 <famado...@gmail.com>
Para: Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br>
Cc: "logica-l@dimap.ufrn.br" <logica-l@dimap.ufrn.br>
Enviadas: Domingo, 18 de Setembro de 2011 9:48
Assunto: Re: Popper


Argumentos de autoridade, Julio. Me explica o que o Marcelo disse. 

Sent from my iPhone

On 18/09/2011, at 09:26, Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br> wrote:


Vamos lá!
> 
>Marcelo Gleiser: "... estamos longe de saber se o conceito de multiverso faz 
>sentido. Numa teoria onde praticamente tudo é possível, nada é compreendido; 
>especialmente as hipóteses que competem entre si não podem ser testadas e 
>eliminadas." (Criação Imperfeita, p. 299s.)
>
>Stephen Hawking: "Qualquer teoria física é sempre provisória, no sentido de 
>ser apenas uma hipótese: nunca é possível prová-la. Não importa quantas vezes 
>os resultados dos experimentos estejam de acordo com alguma teoria, você nunca 
>poderá ter certeza de que, na próxima vez, o resultado não a contraditará. Por 
>outro lado, você pode desacreditar uma teoria encontrando uma única observação 
>que seja discordante de suas previsões. Como enfatizou o filósofo da ciência 
>Karl Popper ..." (Uma nova história do tempo, p. 23)
>
>Tem ainda Feynman, Peter Woit ...
>
>Quanto a psicanálise
>
>Feynman: "... a psicanálise não é uma ciência; na melhor das hipóteses, é um 
>processo médico, e talvez se aproxime do curandeirismo."
>
>Deixo claro que, como Popper, o que não é ciência para mim, não deixa de ser 
>um empreendimento racional. A filosofia é um empreendimeno racional, mas não é 
>ciência. Não pode existir uma filosofia científica ... como queria Russell, 
>Newton da Costa e outros. Não pode haver confrontamento com a experiência.
>
>Como observou Feynman, seguindo Popper: "A matemática não é uma ciência de 
>nosso ponto de vista, no sentido de que não é uma ciência natural. O teste de 
>sua validade não é a experiência. [...] Se algo não for considerado uma 
>ciência, isso não significa que tenha algo de errado; significa apenas que não 
>é uma ciência."
>
>Não citei nem aqueles cientistas que são reconhecidamente popperianos, como 
>Medawar.
>
>Quanto a crítica a David Miller, acredito não caber. Ele não se resume a 
>repetir Popper. Desenvolveu diversos pontos, muitos é certamente, dentro do 
>paradigma popperiano.
>
>
>Julio Fontana
>
>De: FAD 2 <famado...@gmail.com>
>Para: Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br>
>Enviadas: Domingo, 18 de Setembro de 2011 8:56
>Assunto: Re: Popper
>
>
>Quem diz que o multiverso é irrefutável? Provei um teorema que diz o 
>contrário. 
>
>Sent from my iPhone
>
>On 18/09/2011, at 08:52, Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br> wrote:
>
>
>Colegas da lista,
>> 
>>Nada melhor do que a discordância para avançar o conhecimento ...
>> 
>>Em primeiro lugar, não acho que o critério de demarcação de Popper seja claro 
>>o bastante para apontarmos com certeza o que é ou o que não é ciência (ele 
>>jamais insinuou ser assim). Em CR ele afirmou veementemente que a fronteira 
>>era permeável. Carnieli (Pensamento Crítico) sustenta que o fato de não 
>>podermos distinguir o claro da absoluta escuridão não implica que não haja 
>>diferença entre esses dois estados. Agora está requesitando preto no branco. 
>>Nada é preto no branco!
>> 
>>A refutabilidade é uma possibilidade, não precisa ser um acontecimento 
>>concreto. A teoria pode ser refutada daqui a 1000 anos ou jamais vir a ser 
>>refutada, mas deve permitir isso caso venha a se apresentar um fato que lhe 
>>contradiz, e não contradiz uma teoria rival. Certamente os cientistas fazem 
>>uso de estratagemas convencionalistas ou salvam suas teorias da refutação o 
>>tempo todo, mas Popper recomenda que se o fizerem, as hipóteses ad hoc devem 
>>acrescer conteúdo informativo. Caso leiam somente a Introdução da obra podem 
>>perder o néctar da filosofia popperiana. Lembro inclusive que ele, 
>>diferentemente de Kuhn não está descrevendo a ciência, mas está fazendo 
>>lógica da ciência (normativo). Quase 100 anos se passaram desde a primeira 
>>obra de Popper. Certamente muito se acrescentou ao nosso entendimento da 
>>ciência. Agora dizer que Popper é somente história só pode ser brincadeira! 
>>Ainda há muitos físicos que estão no paradigma
 metodológico do século XIX! Os mais avançados falam em refutação! Hawking 
chega a citar Popper como definição de ciência! Afirmar que Popper matou a 
critividade científica? Foi justamente ele que se revoltou com o paradigma do 
mecanismo do método indutivo tão em voga na ciência do século XIX e início do 
XX. Os cientistas podiam agir de diferente, mas eles acreditam no poder do 
método eles acreditavam.
>> 
>> 
>>Fico espantado quando pesquisadores não aceitam a crítica de alguém afirmando 
>>ser este um não-especialista. John Horgan é jornalista, mas e daí? Ínúmeros 
>>psicólogos, psiquiatras e até psicanalistas criticam as teorias de Freud. 
>>Muitas das teorias que surgem na fronteira da ciência não são refutáveis por 
>>limitação tecnológica, outras são irrefutáveis, e portanto, 
>>pseudocientíficas. A teoria do multiverso é uma delas. Gleiser afirma em seu 
>>ultimo livro Criação Imperfeita não tratar-se de teoria científica. John 
>>Horgan pega o conceito de Penrose  e as chama de ciência irônica ou 
>>pós-empírica. Acho que o politicamente correto está influenciando na questão 
>>da demarcação. Vamos incluir tudo! Não podemos deixar ninguém de fora!
>>
>>
>>Julio Fontana
>>
>>De: FAD 2 <famado...@gmail.com>
>>Para: Decio Krause <deciokra...@gmail.com>
>>Cc: Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br>; "logica-l@dimap.ufrn.br" 
>><logica-l@dimap.ufrn.br>
>>Enviadas: Domingo, 18 de Setembro de 2011 7:33
>>Assunto: Re: [Logica-l] Critério de demarcação
>>
>>Boutade. Prefiro Proust, com o que ele diz sobre Charlus no jantar dos 
>>Verdurin. 
>>
>>Sent from my iPhone
>>
>>On 17/09/2011, at 15:30, Decio Krause <deciokra...@gmail.com> wrote:
>>
>>> Argumentum ad amicis?
>>> Legal!!
>>> ________________________________
>>> Decio Krause
>>> Departamento de Filosofia
>>> Universidade Federal de Santa Catarina
>>> 88040-940 Florianópolis, SC -- Brasil
>>> deciokrause[at]gmail.com
>>> www.cfh.ufsc.br/~dkrause
>>> ________________________________
>>> "He [God] will never choose among indiscernibles"
>>> (G.W.Leibniz)
>>> 
>>> 
>>> 
>>> 
>>> 
>>> 
>>> Em 17/09/2011, às 13:57, Julio Fontana escreveu:
>>> 
>>>> Prezados colegas de lista,
>>>> 
>>>> O assunto é demasiado complexo e não posso examinar todos os pontos que 
>>>> foram levantados aqui.
>>>> Irei responder principalmente ao Francisco Doria.
>>>> O senhor afirmou que Popper não o convence quanto a psicanálise se 
>>>> comportar como uma pseudociência. Particularmente, acho que Popper está 
>>>> correto, porém não foi o primeiro a direcionar ataques contra a 
>>>> cientificidade da psicanálise e nem o crítico mais eficaz. John Horgan 
>>>> levantou em seu livro "The undiscovery mind" diversas das críticas contra 
>>>> a psicanálise, algumas melhores do que a de Popper. A crítica de Popper 
>>>> pode não ser a mais apropriada, mas o objetivo dele não era convencer 
>>>> ninguém.
>>>> Aceito que o senhor possua fé na psicanálise. Muitos compartilham da sua 
>>>> fé. Da mesma forma sou compassivo com aqueles que mantém uma crença em um 
>>>> Deus, deuses, ou nenhum deus. Não posso aceitar a sua afirmação de que a 
>>>> psicanálise é ciência. Também achar que Jung estava correto por ser 
>>>> colaborador de dois físicos importantes, é uma nova forma de falácia: 
>>>> argumentum ad amicis.
>>>> 
>>>> Tento agora responder alguns pontos levantados por outros.
>>>> 
>>>> Falsificabilidade ou refutabilidade.
>>>> 
>>>> Popper não é um falsificacionista ingênuo. Não há confronto entre 1 teoria 
>>>> e experiência. Há confronto de duas ou mais teorias rivais com a 
>>>> experiência. A experiência pode decidir provisoriamente entre teorias 
>>>> rivais qual é a melhor.
>>>> 
>>>> Certamente, a ciência não é formada somente por teorias falsificáveis. 
>>>> Existem programas de pesquisas metafísicos, concepções da natureza e 
>>>> outras coisas. Popper explicou todos esses pontos.
>>>> 
>>>> Alguém afirmou que nenhum físico se comporta como Popper os descreve. 
>>>> Acredito que a afirmação é ambiciosa demais. O físico de comporta conforme 
>>>> o estudo que está fazendo. Depende da situação, do objeto e de diversas 
>>>> outras coisas. O método que ele vai usar é bastante flexível. Algumas 
>>>> vezes na história encontramos exemplos de refutação de teorias, outras de 
>>>> confirmação, outras de adequação, outras de salvar os fenômenos, outras de 
>>>> intuição somente.
>>>> 
>>>> Sou popperiano, mas não acho que Popper explica tudo. Caso fosse assim, eu 
>>>> me dedicaria a outra área que não a filosofia da ciência. Mas não 
>>>> reconhecer importantes insights trazidos por Popper é brincadeira. O Doria 
>>>> chega a dizer que Jung explicou melhor a ciência do que Popper, Kuhn, 
>>>> Fraassen ou qualquer outro filósofo da ciência.
>>>> 
>>>> O critério de demarcação é importante pragmaticamente. Diversos filósofos 
>>>> da ciência, inclusive Lakatos, apontaram demasiadamente. Na filosofia é 
>>>> assim, compo Popper a descreveu, estamos sempre revolvendo os entulhos.
>>>> 
>>>> 
>>>> 
>>>> 
>>>> 
>>>> 
>>>> 
>>>> Julio Fontana
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