Olá Júlio,

obrigado pela referência, imagino  que  "Carnieli" deva
se referir a  mim.  :-)  Se for, não estou requesitanto (ou melhor,
requisitando) preto no branco: estou perguntando, àqueles que nos
explicam Popper, o que Sir Karl diria sobre aqueles fenômenos que
introduzi na conversa...
Abs,

Walter

Em 18 de setembro de 2011 09:27, Julio Fontana
<juliocesarfont...@yahoo.com.br> escreveu:
> Colegas da lista,
>
> Nada melhor do que a discordância para avançar o conhecimento ...
>
> Em primeiro lugar, não acho que o critério de demarcação de Popper seja claro 
> o bastante para apontarmos com certeza o que é ou o que não é ciência (ele 
> jamais insinuou ser assim). Em CR ele afirmou veementemente que a fronteira 
> era permeável. Carnieli (Pensamento Crítico) sustenta que o fato de não 
> podermos distinguir o claro da absoluta escuridão não implica que não haja 
> diferença entre esses dois estados. Agora está requesitando preto no branco. 
> Nada é preto no branco!
>
> A refutabilidade é uma possibilidade, não precisa ser um acontecimento 
> concreto. A teoria pode ser refutada daqui a 1000 anos ou jamais vir a ser 
> refutada, mas deve permitir isso caso venha a se apresentar um fato que lhe 
> contradiz, e não contradiz uma teoria rival. Certamente os cientistas fazem 
> uso de estratagemas convencionalistas ou salvam suas teorias da refutação o 
> tempo todo, mas Popper recomenda que se o fizerem, as hipóteses ad hoc devem 
> acrescer conteúdo informativo. Caso leiam somente a Introdução da obra podem 
> perder o néctar da filosofia popperiana. Lembro inclusive que ele, 
> diferentemente de Kuhn não está descrevendo a ciência, mas está fazendo 
> lógica da ciência (normativo). Quase 100 anos se passaram desde a primeira 
> obra de Popper. Certamente muito se acrescentou ao nosso entendimento da 
> ciência. Agora dizer que Popper é somente história só pode ser brincadeira! 
> Ainda há muitos físicos que estão no paradigma
>  metodológico do século XIX! Os mais avançados falam em refutação! Hawking 
> chega a citar Popper como definição de ciência! Afirmar que Popper matou a 
> critividade científica? Foi justamente ele que se revoltou com o paradigma do 
> mecanismo do método indutivo tão em voga na ciência do século XIX e início do 
> XX. Os cientistas podiam agir de diferente, mas eles acreditam no poder do 
> método eles acreditavam.
>
>
> Fico espantado quando pesquisadores não aceitam a crítica de alguém afirmando 
> ser este um não-especialista. John Horgan é jornalista, mas e daí? Ínúmeros 
> psicólogos, psiquiatras e até psicanalistas criticam as teorias de Freud. 
> Muitas das teorias que surgem na fronteira da ciência não são refutáveis por 
> limitação tecnológica, outras são irrefutáveis, e portanto, 
> pseudocientíficas. A teoria do multiverso é uma delas. Gleiser afirma em seu 
> ultimo livro Criação Imperfeita não tratar-se de teoria científica. John 
> Horgan pega o conceito de Penrose  e as chama de ciência irônica ou 
> pós-empírica. Acho que o politicamente correto está influenciando na questão 
> da demarcação. Vamos incluir tudo! Não podemos deixar ninguém de fora!
>
>
> Julio Fontana
>
> De: FAD 2 <famado...@gmail.com>
> Para: Decio Krause <deciokra...@gmail.com>
> Cc: Julio Fontana <juliocesarfont...@yahoo.com.br>; "logica-l@dimap.ufrn.br" 
> <logica-l@dimap.ufrn.br>
> Enviadas: Domingo, 18 de Setembro de 2011 7:33
> Assunto: Re: [Logica-l] Critério de demarcação
>
> Boutade. Prefiro Proust, com o que ele diz sobre Charlus no jantar dos 
> Verdurin.
>
> Sent from my iPhone
>
> On 17/09/2011, at 15:30, Decio Krause <deciokra...@gmail.com> wrote:
>
>> Argumentum ad amicis?
>> Legal!!
>> ________________________________
>> Decio Krause
>> Departamento de Filosofia
>> Universidade Federal de Santa Catarina
>> 88040-940 Florianópolis, SC -- Brasil
>> deciokrause[at]gmail.com
>> www.cfh.ufsc.br/~dkrause
>> ________________________________
>> "He [God] will never choose among indiscernibles"
>> (G.W.Leibniz)
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>> Em 17/09/2011, às 13:57, Julio Fontana escreveu:
>>
>>> Prezados colegas de lista,
>>>
>>> O assunto é demasiado complexo e não posso examinar todos os pontos que 
>>> foram levantados aqui.
>>> Irei responder principalmente ao Francisco Doria.
>>> O senhor afirmou que Popper não o convence quanto a psicanálise se 
>>> comportar como uma pseudociência. Particularmente, acho que Popper está 
>>> correto, porém não foi o primeiro a direcionar ataques contra a 
>>> cientificidade da psicanálise e nem o crítico mais eficaz. John Horgan 
>>> levantou em seu livro "The undiscovery mind" diversas das críticas contra a 
>>> psicanálise, algumas melhores do que a de Popper. A crítica de Popper pode 
>>> não ser a mais apropriada, mas o objetivo dele não era convencer ninguém.
>>> Aceito que o senhor possua fé na psicanálise. Muitos compartilham da sua 
>>> fé. Da mesma forma sou compassivo com aqueles que mantém uma crença em um 
>>> Deus, deuses, ou nenhum deus. Não posso aceitar a sua afirmação de que a 
>>> psicanálise é ciência. Também achar que Jung estava correto por ser 
>>> colaborador de dois físicos importantes, é uma nova forma de falácia: 
>>> argumentum ad amicis.
>>>
>>> Tento agora responder alguns pontos levantados por outros.
>>>
>>> Falsificabilidade ou refutabilidade.
>>>
>>> Popper não é um falsificacionista ingênuo. Não há confronto entre 1 teoria 
>>> e experiência. Há confronto de duas ou mais teorias rivais com a 
>>> experiência. A experiência pode decidir provisoriamente entre teorias 
>>> rivais qual é a melhor.
>>>
>>> Certamente, a ciência não é formada somente por teorias falsificáveis. 
>>> Existem programas de pesquisas metafísicos, concepções da natureza e outras 
>>> coisas. Popper explicou todos esses pontos.
>>>
>>> Alguém afirmou que nenhum físico se comporta como Popper os descreve. 
>>> Acredito que a afirmação é ambiciosa demais. O físico de comporta conforme 
>>> o estudo que está fazendo. Depende da situação, do objeto e de diversas 
>>> outras coisas. O método que ele vai usar é bastante flexível. Algumas vezes 
>>> na história encontramos exemplos de refutação de teorias, outras de 
>>> confirmação, outras de adequação, outras de salvar os fenômenos, outras de 
>>> intuição somente.
>>>
>>> Sou popperiano, mas não acho que Popper explica tudo. Caso fosse assim, eu 
>>> me dedicaria a outra área que não a filosofia da ciência. Mas não 
>>> reconhecer importantes insights trazidos por Popper é brincadeira. O Doria 
>>> chega a dizer que Jung explicou melhor a ciência do que Popper, Kuhn, 
>>> Fraassen ou qualquer outro filósofo da ciência.
>>>
>>> O critério de demarcação é importante pragmaticamente. Diversos filósofos 
>>> da ciência, inclusive Lakatos, apontaram demasiadamente. Na filosofia é 
>>> assim, compo Popper a descreveu, estamos sempre revolvendo os entulhos.
>>>
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Prof. Dr. Walter Carnielli
Director
Centre for Logic, Epistemology and the History of Science – CLE
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