> "enquanto não se tiver um balanço de diversidade nesses comitês"...
>

*É fato* que comitês diversos diminuem a chance de que violências de gênero
dentro da academia como essa descrita na mensagem inicial venham a ocorrer.
Isso não implica que deixem de existir. E de jeito nenhum implica que o
parecerista é homem... ou que eu disse isso...


> "Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
> brancos de meia idade."...
>

Sim, se você é um homem branco de meia idade a probabilidade de você ser
discriminado por gênero é quase nula. Ou estou errada? Quem já viu um
parecer do tipo: fulano não produziu o suficiente porque teve 2 filhos?

De novo, isso não diz nada sobre a pessoa que fez o parecer, mas sobre a
pessoa que sofreu a violência. Essa foi uma mulher.


> Digamos que eu tive fortes bases indutivas ...
>

Acho que suas bases devem ser revistas :)

Abraços,


>
>
> Em sex., 29 de dez. de 2023 06:20, Elaine Pimentel <
> elaine.pimen...@gmail.com> escreveu:
>
>> Caro Wagner,
>>
>> Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de
>> que são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
>> chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)
>>
>> Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o
>> tempo todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter
>> comitês mais diversos -- acredito nisso piamente!
>>
>> Abraços,
>>
>> On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz <
>> wagners...@gmail.com> wrote:
>>
>>> Querida Elaine e colegas,
>>>
>>> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas
>>> nem podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
>>> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
>>> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de
>>> cretinos e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das
>>> Ifes votou no Valdemort.
>>> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido
>>> outro. Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>>>
>>> Saudações,
>>>
>>> Wagner Sanz
>>>
>>> ---------- Forwarded message ---------
>>> De: Elaine Pimentel <elaine.pimen...@gmail.com>
>>> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
>>> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
>>> primeiro????
>>> To: Walter Carnielli <walte...@unicamp.br>
>>> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>>> LOGICA <logica-l@dimap.ufrn.br>
>>>
>>>
>>> Caro Walter,
>>>
>>> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
>>> essa notícia me abalou muito mesmo.
>>>
>>> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
>>> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
>>> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>>>
>>> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
>>> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
>>> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
>>> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
>>> isso??)
>>>
>>> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
>>> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
>>> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>>>
>>> Abraços bem sem muita esperança,
>>>
>>> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli <walte...@unicamp.br>
>>> wrote:
>>>
>>>>
>>>> Colegas:
>>>>
>>>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
>>>> lugares.
>>>>
>>>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm,
>>>> ou aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>>>
>>>> ========///
>>>>
>>>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
>>>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
>>>> Carlotto <https://linktr.ee/mariaccarlotto>, que expôs na internet o
>>>> teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
>>>> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
>>>> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
>>>> País.
>>>>
>>>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no
>>>> exterior e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve
>>>> dois filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade
>>>> como um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em
>>>> instituições internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e
>>>> acabou projetada em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>>>
>>>> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
>>>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
>>>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
>>>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
>>>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
>>>> visualização na plataforma.
>>>>
>>>> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
>>>> <https://www.instagram.com/p/C1ZKhxPoeE5/?igsh=YnphbHNycXhwaHd4>*, *“há
>>>> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
>>>> arrogância”.*
>>>>
>>>> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho
>>>> de dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
>>>> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
>>>> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
>>>> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
>>>> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
>>>> publicação no Instagram.
>>>>
>>>> *“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de
>>>> uma formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
>>>> mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
>>>> que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
>>>> a jurista.
>>>>
>>>> O outro lado
>>>>
>>>> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal
>>>> juízo é inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para
>>>> a concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com
>>>> as circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os
>>>> princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem
>>>> em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em
>>>> decorrência de maternidade”.*
>>>>
>>>> O órgão explicou também que *“tal juízo foi formulado em parecer ad
>>>> hoc, não tendo sido corroborado pelo comitê assessor responsável pelo
>>>> julgamento, o qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da
>>>> mesma área apresentadas no edital e sopesou a disponibilidade de recursos
>>>> orçamentários, sem considerar tal parecer. Os pareceres ad hoc são emitidos
>>>> por especialistas, respeitando o sigilo de sua autoria, e são subsídios que
>>>> os comitês podem ou não incorporar em seus julgamentos. Ademais, os
>>>> julgamentos podem ser objeto de recursos pelos proponentes, recursos estes
>>>> que são julgados por comissão institucional sem a participação dos comitês
>>>> que fizeram o julgamento preliminar”.*
>>>>
>>>> Para Debora Diniz, não basta o CNPq fazer uma retratação pública.* “Não
>>>> é matéria de desculpa apenas: é urgente a atuação institucional para a
>>>> compreensão da seriedade da pareceres, da sensibilidade para gênero, raça e
>>>> região da candidata. É preciso anular este ciclo decisório das bolsas,
>>>> comprometer-se ao treinamento dos parecerista, substitui-los, e novamente o
>>>> processo ser aberto.”*
>>>>
>>>> O CNPq afirmou que *“não tolera atitudes que expressem preconceitos de
>>>> qualquer natureza, sejam eles de gênero, raça, orientação sexual, religião
>>>> ou credo político. Por essa razão, a agência instruirá seu corpo de
>>>> pareceristas para maior atenção na emissão de seus pareceres, e a Diretoria
>>>> Científica levará este caso concreto à Diretoria Executiva do CNPq para o
>>>> exame das providências cabíveis”.*
>>>> Violência de gênero
>>>>
>>>> Após a divulgação da nota de esclarecimento, a professora Maria
>>>> Carlotto voltou às redes sociais
>>>> <https://twitter.com/maria___maria/status/1740070761350811876>. Ela
>>>> manifestou que o erro foi do parecerista, mas o CNPq *“deveria ter
>>>> interditado o parecer como um todo. Na prática, o CNPq me incentivou a
>>>> submeter um projeto pós-licença maternidade e me submeteu, depois, a uma
>>>> violência de gênero.”*
>>>>
>>>> *“(…) mesmo que eu use o meu direito ao recurso, isso não apaga a
>>>> violência cometida. E, de novo, não é sobre mim e sobre este caso, que não
>>>> deve ser isolado, mas sobre como vamos construir editais realmente abertos
>>>> a mulheres, especialmente aberto a mulheres mães”,* finalizou.
>>>>
>>>> Leia a nota completa do CNPq *aqui
>>>> <https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/nota-de-esclarecimento-1>*
>>>> .
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>>>> Lógica <logica-l@dimap.ufrn.br>
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