Salve!

Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg&s=08
Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
"mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.

Como já disse antes Elaine, neste mesmo fio, nossos órgãos de fomento,
via de regra, "recrutam pareceristas sem o mínimo treinamento e
orientação".  (Aliás, treinamento não é o forte das nossas
universidades, onde professores são frequentemente recrutados sem
receber qualquer treinamento ou orientação --- nem sequer para se
apresentarem em público, que dirá para dar aulas minimamente bem
organizadas, motivadoras e inclusivas.)  Isso precisa mudar!

Boas Festas a todos,
Joao Marcos

PS: No que diz respeito ao lugar de fala, como os colegas devem saber,
tive a má sorte de conhecer perfeitamente, de experiência própria, as
agruras de ser pai solo e sem qualquer rede de apoio.  Pertenço,
contudo, a uma sub-categoria pequena e praticamente invisível de
cuidadores, composta de indivíduos do sexo masculino.  As coisas deste
lado não são fáceis, posso atestar.


On Fri, Dec 29, 2023 at 9:24 AM Cassiano Terra Rodrigues
<cassiano.te...@gmail.com> wrote:
>
> Camaradas, bons dias.
>
> Nenhuma injustiça social vai acabar só com reflexão e ponderação e sem ações 
> coletivas.  Nesse sentido, divulgo aqui a iniciativa da professora Débora 
> Diniz (antropologia, UnB).
> Quem recebeu algum parecer misógino na vida, pode enviar a ela pelo email:
>
> pareceresmisogi...@gmail.com
>
> Segundo entendi, a ideia inicial é criar uma conversa com mulheres q passaram 
> por isso para trocar experiências e decidir o q fazer.
> Mais infos podem ser obtidas com ela mesma. Deixo aqui o link para a 
> publicação no Instagram da professora:
> https://www.instagram.com/p/C1Z-fBsIFi_/?igsh=eGFmaDF5dWwxOTV4
>
> Saudações e votos de q em 2024 saibamos aproveitar bem as oportunidades de 
> luta coletiva.
>
> cass.

On Fri, Dec 29, 2023 at 5:03 AM Elaine Pimentel
<elaine.pimen...@gmail.com> wrote:
>
> Caro Walter,
>
> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e essa 
> notícia me abalou muito mesmo.
>
> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens 
> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a 
> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>
> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser 
> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver um 
> balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis como 
> esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou isso??)
>
> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens 
> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e 
> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>
> Abraços bem sem muita esperança,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli <walte...@unicamp.br> wrote:
>>
>>
>> Colegas:
>>
>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros 
>> lugares.
>>
>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou 
>> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>
>> ========///
>>
>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social, 
>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria 
>> Carlotto, que expôs na internet o teor do parecer que recebeu do Conselho 
>> Nacional Científico e Tecnológico (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de 
>> Ciência e Tecnologia, negando uma bolsa produtividade com argumentos que 
>> chocaram a comunidade acadêmica no País.
>>
>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior e 
>> considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois filhos 
>> ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como um 
>> empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições 
>> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada 
>> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>
>> “Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha 
>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro? 
>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que 
>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”, escreveu Maria 
>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de 
>> visualização na plataforma.
>>
>>
>> Para a advogado e antropóloga Debora Diniz, “há vários erros neste parecer. 
>> Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a arrogância”.
>>
>> “Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de 
>> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor 
>> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para 
>> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a 
>> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o 
>> selo de mérito que faltaria à professora”, criticou Diniz numa publicação no 
>> Instagram.
>>
>> “Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de uma 
>> formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma mulher 
>> com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto que se 
>> candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”, completou a 
>> jurista.
>>
>>
>> O outro lado
>>
>> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que “tal juízo é 
>> inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a 
>> concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as 
>> circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os 
>> princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem em 
>> suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em 
>> decorrência de maternidade”.
>>
>> O órgão explicou também que “tal juízo foi formulado em parecer ad hoc, não 
>> tendo sido corroborado pelo comitê assessor responsável pelo julgamento, o 
>> qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da mesma área 
>> apresentadas no edital e sopesou a disponibilidade de recursos 
>> orçamentários, sem considerar tal parecer. Os pareceres ad hoc são emitidos 
>> por especialistas, respeitando o sigilo de sua autoria, e são subsídios que 
>> os comitês podem ou não incorporar em seus julgamentos. Ademais, os 
>> julgamentos podem ser objeto de recursos pelos proponentes, recursos estes 
>> que são julgados por comissão institucional sem a participação dos comitês 
>> que fizeram o julgamento preliminar”.
>>
>> Para Debora Diniz, não basta o CNPq fazer uma retratação pública. “Não é 
>> matéria de desculpa apenas: é urgente a atuação institucional para a 
>> compreensão da seriedade da pareceres, da sensibilidade para gênero, raça e 
>> região da candidata. É preciso anular este ciclo decisório das bolsas, 
>> comprometer-se ao treinamento dos parecerista, substitui-los, e novamente o 
>> processo ser aberto.”
>>
>> O CNPq afirmou que “não tolera atitudes que expressem preconceitos de 
>> qualquer natureza, sejam eles de gênero, raça, orientação sexual, religião 
>> ou credo político. Por essa razão, a agência instruirá seu corpo de 
>> pareceristas para maior atenção na emissão de seus pareceres, e a Diretoria 
>> Científica levará este caso concreto à Diretoria Executiva do CNPq para o 
>> exame das providências cabíveis”.
>>
>> Violência de gênero
>>
>> Após a divulgação da nota de esclarecimento, a professora Maria Carlotto 
>> voltou às redes sociais. Ela manifestou que o erro foi do parecerista, mas o 
>> CNPq “deveria ter interditado o parecer como um todo. Na prática, o CNPq me 
>> incentivou a submeter um projeto pós-licença maternidade e me submeteu, 
>> depois, a uma violência de gênero.”
>>
>> “(…) mesmo que eu use o meu direito ao recurso, isso não apaga a violência 
>> cometida. E, de novo, não é sobre mim e sobre este caso, que não deve ser 
>> isolado, mas sobre como vamos construir editais realmente abertos a 
>> mulheres, especialmente aberto a mulheres mães”, finalizou.
>>
>> Leia a nota completa do CNPq aqui.
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