Você escreveu:

"Na minha humilde opinião, a Homeopatia carece de suporte experimental.
Se a teoria pretende explicar/melhorar os procedimentos de cura, me
parece claro que o ponto de partida seria um grau de certeza
"razoável" sobre a eficiência esperada da técnica em questão, mesmo
que ainda estejam pendentes as confirmações. "

Exatamente, na sua humilde opinião. Eu já expliquei que há diversas
publicações homeopáticas que falam de experimentos feitos por homeopatas e
resultados de tratamentos em consultórios. A literatura experimental em
homeopatia é vasta. Quem diz que houve experimentos que não a corroboraram
são pessoas que NÃO entendendo o que as teorias dos homeopatas dizem
fizeram testes usando parâmetros alopáticos.

Respondendo às suas 3 perguntas, outra vez:

1. Há registros de curas passíveis de serem atribuídas a remédios
homeopáticos?

Sim. Há 200 anos de curas obtidas e registradas por médicos homeopatas. Há
também casos de mortes provocadas por medicação homeopática. É possível
matar uma pessoa sadia dando-lhe remédio homeopático, conforme já foi
atestado. Os estudos homeopáticos começaram a partir da observação de que
alguns indivíduos ao tomarem certos remédios desenvolvem os sintomas das
doenças para as quais os remédios serviriam.

2. Há alguma inconsistência interna à teoria?

Depende do que você está pensando por inconsistência interna.

3.  Ela faz alguma predição testável?

Sim, todas as hipóteses homeopáticas são testáveis. Algumas funcionam,
outras não. Por exemplo, se um medicamento funciona com um paciente para
tratar de sintomas x, y, z, a uma certa diluição, por exemplo, 12CH, os
efeitos do medicamento podem ser aprofundados a uma diluição mais alta, por
exemplo, 180 CH. Mas, se a 12 ou a 30 CH o medicamento não fizer efeito, a
180CH ele poderá ser letal, induzindo sintomas que o paciente não tinha.
Esse tipo de hipótese seria falsificada se aumentando a diluição de um
medicamento aparentemente inócuo para o paciente produzisse cura e não
complicações.


Em 6 de abril de 2012 12:23, Ricardo Pereira <rha...@gmail.com> escreveu:

> Oi, Tony!
>
> 2012/4/6 Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>:
> > A questão é a seguinte: se você quer discutir uma teoria da medicina ou
> de
> > outra ciência, você deve discutir primeiro o que a teoria diz de fato e
> NÃO
> > o que outros imaginam que ela diga. Por exemplo, os homeopatas NÃO dizem
> que
> > o remédio homeopático tenha a substância. Aliás, eles admitem, como é
> óbvio,
> > que após as diluições não resta mais a substância. Eles NÃO afirmam que
> seja
> > a presença da substância que promova a cura.
>
> Concordo. Espero não ter dado a entender o contrário.
>
> > Mas, eles também NÃO dizem que seja qualquer diluição feita de qualquer
> > jeito de qualquer coisa funcione como remédio. Por exemplo, despejar uma
> > pílula de aspirina num balde d'água ou numa piscina não faz um remédio
> > homeopático. Há uma técnica que eles recomendam para fazer as diluições e
> > fora dessa técnica as diluições não funcionariam. Outra coisa: os
> homeopatas
> > NÃO dizem que fazendo diluições indefinidamente sempre se terá um remédio
> > homeopático. Existe um limite na escala de diluições a partir do qual
> não se
> > obtém mais remédio.
>
> Entendo. Como falei, concordo com vc no trecho anterior.
> :-)
>
> > Eles SIM dizem que remédios feitos a partir destas ultra-diluições
> > "potencializadas" ou "energizadas" de acordo com a técnica deles podem
> > induzir uma pessoa saudável a ter sintomas ou mesmo matá-la, e curar uma
> > pessoa doente que tiver os sintomas-alvo. Eles dizem isto não com base na
> > física ou na química modernas, mas com base em experiência de tratamento
> de
> > pacientes ou de pessoas que tomaram experimentalmente os remédios
> > homeopáticos. Mais: os sintomas não são os únicos parâmetros para
> prescrever
> > os remédios. Na verdade, o médico tem de considerar outras característica
> > individuais do paciente.
>
> Na minha humilde opinião, a Homeopatia carece de suporte experimental.
> Se a teoria pretende explicar/melhorar os procedimentos de cura, me
> parece claro que o ponto de partida seria um grau de certeza
> "razoável" sobre a eficiência esperada da técnica em questão, mesmo
> que ainda estejam pendentes as confirmações. Parece-me que os
> experimentos que já ocorreram falam contra a Homeopatia, restando,
> claro, a possibilidade de realização de novos experimentos.
>
> De maneira mais subjetiva, poderia dizer que vejo a homeopatia como
> uma "teoria" flutuante, onde as bases que seriam o suporte da teoria
> há muito deixaram de existir.
> Voltando à minha proposta, como maneira de tentar tornar o assunto
> mais pertinente à lista, deixo a pergunta: como faríamos para
> considerar a homeopatia de maneira lógica?
>
> Me parece que há pelo menos 3 pontos a serem debatidos (e sobre os
> quais provavelmente já há bastante material na net):
>
> 1 - Há registros de curas passíveis de serem atribuídas a remédios
> homeopáticos?
>
> 2 - Há alguma inconsistência interna à teoria?
>
> 3 - Ela faz alguma predição testável?
>
> Isso deixando de lado o meu "feeling" sobre o status flutuante da
> teoria, que além de ser uma opinião confessadamente pessoal minha,
> provavelmente iria requerer bastante trabalho para ser debatida de
> maneira produtiva.
>
>
> --
>
> []'s ...and justice for all.
>
> Ricardo Gentil de Araújo Pereira
>
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