Bom dia Alexandre e demais,

Bem demorei um pouco para responder pois não é uma resposta fácil. Ainda mais teclando para o Oliva. O cara que sabe tudo :). Concordo com tudo que você prega, o que eu acho que o modo poderia mudar um pouco. "Mostrar o caminho das pedras e não atirar as pedras que estão no caminho". O que eu consegui condensar foi que o modelo econômico adotado para Software Livre nas massas deve ser outro bem diferente do modelo adotado pelo Software Livre nos Servidores. A briga pode não estar em Non-free e free ela pode estar em Gestão de governo ou Gestão social ou no próprio modelo Econômico Capitalista.
Vivemos em um mundo capitalista.
Em servidores o cara que usa o GNU Linux é o mesmo que programa (geralmente) neste caso ter acesso aos fontes é vital para todos e ele sabe disso portanto é importante para ele corrigir e reportar os bugs, se ele corrigir o programa e ficar para si no futuro vai ter muita dor de cabeça para corrigir denovo e ele fica obsoleto rápido. Nas massas (usuário doméstico) quem faz o programa ou é alguma empresa que distribuiu com alguma finalidade e modelo econômico que muitas vezes aprisiona o Software (grana é osso apesar de ser vital) ou uma distribuição heróica e martirizada (a meu ver Debian). No caso do OpenOffice.org/BrOffice.org o modelo de gestão só conseguiu acontecer no Brasil graças a uma força de comunidade que está apoiada em poucas pessoas e poucas instituições que sabem da importância do SL e que se importam. (SERPRO, Celepar e umas 5 outras a maioria pequenas). Grandes empresas como BB gastam fortunas com programas paralelos mas conseguem notar que não dá para ficar no paralelo (Freedows) e não apoiam o Oficial (não estou dizendo não usam). Um modelo econômico que eu já disse aqui anteriormente a meu ver furado e o cara que ajudou a fazer o Freedows ainda achou ruim do meu ponto de vista (não sei se com razão). Olhando na ótica capitalista é isso mesmo. *Porque eu vou gastar ou ajudar estruturalmente o próximo*? O meu umbigo é mais importante.
Para concluir:
1. O medo e desconhecimento das licença no modelo capitalista dificulta a liberdade de tudo. Não poder usar algo por medo de licença e burocracia sobre as licenças recai sempre no aprisionamento. A meu ver uma unica solução seria que o modelo capitalista tenha que dar plena liberdade como padrão (hoje tudo é aprisionado como padrão). Neste ponto o outro caminho é gastar tanto quanto as grandes empresas em propaganda pelo SL (alguns bilhões de dólares). 2. Definir um modelo de gestão de Software Livre local com apoio aos "gestores de programas Livres de coração". Quem for aprisionado vai notar que prisão não é mais tão legal quanto antes. (A SUN viu e se pronunciou recentemente que ser aprisionado é ruim e disse que vai mudar. Como o mundo que ela vive ainda é capitalista acho que ela não conseguiu nem 10%.) Bem outras respostas abaixo mas só para responder mesmo pois depois desse livro todo ninguém vai ler mais nada. hehehe ps.: alongamento dessa discussão sem encaminhamentos práticos o melhor seria off lista.

Alexandre Oliva escreveu:
On Jun  3, 2008, Marcus de Vasconcelos Diogo da Silva <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
Fato. Atento para o fato de que o software 'ser legal', no sentido de
bacana, não tem relação alguma com a missão a que me dedico.
Exposição da violação de direitos humanos raramente é algo bonito de
se ver.
Algo só é util para a pessoa se ela for util. Ela só vai usar se servir para ela. O ser legal poderia ser funcional. Na sua missão eu apoio 100% ela é nobre e vc DEVE defender ela e eu quero ajudar nisso mas se o software não foi "legal" como as massas vão usar? Volta ao ponto do modelo capitalista de desenvolvimento do software.
Atento também para o fato de que você usa o termo Linux, o nome do
núcleo, para se referir a distribuições do sistema operacional GNU
combinado com o núcleo Linux.  Com isso, você se demonstra no mínimo
despreocupado com (se não efetivamente antagônico a)os objetivos
sociais, morais e éticos do movimento do Software Livre.  Dá a
impressão de partir de premissas diferentes e trabalhar num sistema de
valores diferente.  Nada errado em princípio em você selecionar
premissas e valores diferentes para trabalhar, mas não se surpreenda
se chegar a conclusões completamente diferentes das nossas, e se
atitudes que lhe parecem inúteis por não avançarem os pontos com os
quais você se preocupa sejam, para nós, as mais importantes, e
vice-versa.
Já tá me apedrejando por eu ser um leigo e você um mestre?
2. Muitas pessoas retiram o Linux que vem nos computadores para
colocar o Windows.

Quando compram um computador com o objetivo de continuar rodando o
sistema que já rodavam, agora no computador novo, provavelmente já
aceitaram a licença do Windows e talvez até já tenham alimentado o
monstro para ter permissão para usá-lo.  Assim sendo, já sofriam e
impingiam à sociedade os males decorrentes dessa escolha.  O fato de
passarem a fazê-lo em outro computador, sem alimentar mais o monstro,
não é um retrocesso nem um aumento do mal, é "apenas" a preservação do
mal já existente.  É ruim, mas não é o fim do mundo.
As pessoas só vão usar o Linux nas massas quando o Bem vencer o mau e não quando o convencimento individual for maior que a sua lógica limitada (meu ponto de vista). A minha parte eu tento fazer mas somos poucos contra muita grana.
Já no caso de quem compra o primeiro computador, nunca tendo tido
contato com qualquer sistema operacional, se induzido pelo vendedor ou
pelo vizinho a fazer a troca, cabe o questionamento: isso é apenas
reverberação do mal já existente, dos efeitos perversos da força dos
efeitos de rede do monopólio, ou é de fato um novo mal?  Em minha
opinião, é um pouco dos dois.  É ruim, mas continua sendo um problema
conhecido, e um retrocesso, se é que é, relativamente pequeno.
Cara quando você vier para fortal terei o maior prazer de te mostrar pessoas comuns para você conversar com elas que compraram o micro recentemente. Ai daria para ver isso mas no meu ponto de vista o resultado está no investimento em mídia do grande capital (só da M$ foram alguns bilhões apenas em propaganda).
Certamente desaponta, especialmente porque alguns dos objetivos do
programa eram justamente a popularização do Software Livre e do
GNU/Linux, o enfraquecimento do monopólio proprietário mediante o
crescimento da consciência de que há opções.
Bem e ai? Isso eu ja sabia também. Teclar por teclar não está dentro dos meus objetivos.
Os detalhes de implementação que menciono são o fato de nenhuma das
distros GNU/Linux cumprir a regulamentação do programa Computador para
Todos, que exige a inexistência de Software não-Livre instalado no
sistema.  Conheço uma aqui de Campinas que chega bem perto mas, por
pressão dos montadores^Wfabricantes dos computadores, que acabam sendo
seus patrões, acaba não só mantendo software que, do jeito que vem da
montante (eita tradução esquisita para upstream, não?) no kernel.org,
viola as regras do programa (putz, preciso falar com o Pereira sobre o
linux-libre), como ainda volta e meia se vê tendo de recriar drivers
para evitar violar ainda mais as regras.
O regulamento está na sociedade. Ou mudamos o regulamento social ou apedrejamos muitas outras empresas/pessoas.
Fora isso, há outras perversidades no programa, como colocar a parte
menos interessada em que o software funcione direito a cargo de fazer
a escolha do software, com devastadores efeitos sobre a qualidade do
produto final.

3. A maior parte do fogo contra as distribuições do Linux vem da
própria comunidade. Será que vem a ajudar ou a atrapalhar? São
construtivas?

Defina "comunidade", cara pálida ;-)
Todos que estão trabalhando para o Software Livre. Se eu sou um pião da comunidade você é o Chefão:)
O que existe são comunidades, cada uma delas formadas por membros que
têm interesses suficientemente comuns para que se organizem para
trabalhar juntas por esses interesses, a despeito de muitas vezes
terem outros interesses bastante diferentes e às vezes até
conflitantes.
Estas várias em pontos comuns forma uma só.
Cara eu cansei to atolado de trabalho. juro queria responder mais mas não consigo. auauauauaa
É o que vemos aqui.  Para focar em apenas alguns pontos da vasta game
de possibilidades, podemos falar de liberdade, popularidade, aspectos
técnicos, econômicos, sociais, éticos, e cada pessoa vai priorizá-los
de forma diferente; cada grupo de pessoas vai concordar em priorizar
alguns deles numa certa medida, assim como cada comunidade.

Não faz nem sentido tentar achar uma agenda comum, por exemplo, para
os movimentos Software Livre e Open Source.  Em quase qualquer jeito
que você fraseia os objetivos, os valores e as atitudes dos
movimentos, acaba ocorrendo que a intersecção e a união dos dois sejam
o Open Source, deixando de fora o que é essencial ao movimento
Software Livre, ou deixando de dentro o que é inaceitável ao movimento
Software Livre.  Com outros fraseamentos, a intersecção é vazia e a
união novamente coincide com Open Source.  Mas dá pra, com isso,
concluir que Software Livre e Open Source são uma mesma comunidade?

Num sentido amplo, talvez.  Afinal, trabalhamos juntos para
desenvolver Software que é Livre e Open Source.  Cada qual por seus
objetivos.  Mas na hora de juntar as peças para promover os ideais,
não poderíamos fazer escolhas mais diferentes.  E é daí que nascem os
conflitos que você qualifica como "da própria comunidade".  Apenas
refletem o fato de que, na verdade, nem todos os objetivos são os
mesmos, e que não somos todos uma única grande comunidade com os
mesmos objetivos.

4. Todas as grandes distribuições Linux (mais populares) possuem
non-free software.

Problemão, né?  Por isso mesmo as FSFes têm trabalhado tanto para que
essa tendência se reverta, para não pôr a perder o trabalho que
começou há quase 25 anos.

Oliva o que a FSF pode fazer para mudar a realidade enfrentada?

No meu ver, o que já vem fazendo: educando os usuários a escolher a
liberdade e trabalhando para que eles tenham essa possibilidade,
apoiando iniciativas de desenvolvimento e empacotamente de software de
forma que não exijam ou induzam que o usuário sacrifique sua liberdade
ou enfraqueça sua determinação.

Como criar um modelo de negócio viável com as distros e com o
governo?

Sei lá, essa é a pergunta de um bilhão de dólares.  Se eu soubesse a
resposta, já teria começado por aí.

Uma idéia que acaba de me ocorrer seria a adição de *algumas* (não só
uma) distros 100% Livres, por exemplo, ao Portal do Software [Livre]
Público, em que o governo se compromete a "garantir" a disponibilidade
de serviços de suporte, e cadastrar os prestadores de serviço
interessados.  Devem chover pencas, afinal, qualquer prestador de
suporte de Ubuntu (e, imagino, Debian) é capaz de dar suporte ao
gNewSense, que é o Ubuntu sem o pouco que ele tem de proprietário;
qualquer prestadore de suporte de Fedora, Whitebox, CentOS, Oracle e
Red Hat Enterprise [GNU/]Linux é capaz de dar suporte ao BLAG, que é o
Fedora sem o pouco que ele tem de proprietário, e os demais listados
são todos derivados bem próximos do Fedora.

Assim o governo fomenta os negócios locais e a política de Software
Livre, sem favorecer os fornecedores consolidados que fazem suas
próprias distros e com isso fazem com que a promoção dessas distros
pelo governo parecessem (ou fossem mesmo) violação de princípios
constitucionais para a administração pública.

Por favor não reclame de falta de recursos financeiros pois o governo
tem muita grana para isso.

Por outro lado, existe uma baita burocracia para consegui-los.  Não
que o cuidado sobre os bens públicos seja coisa ruim, mas "não tem
como" foi a resposta que mais ouvi até eu parar de tentar conseguir
recursos pra FSFLA de órgãos públicos.  (Não tentei muito; comecei
onde eu sabia que havia muito espaço e vontade pra isso, mas se as
barreiras já foram insuperáveis ali, imagina onde não há nem tanto
espaço nem tanta vontade.)

Bem se essa energia para escrever emails fosse canalizada para a
construção de algo putz o Software Livre tava até no notebook do
Papa.

Mas será que mesmo com tudo isso o Papa seria Livre?  Essa é a
pergunta importante.  Enquanto houvesse algum Software não-Livre
aprisionando-o (ou a qualquer outra pessoa), a missão ainda não
estaria cumprida.  E, mesmo depois que ninguém mais estivesse
aprisionado, se não houver educação para evitar um novo
aprisionamento, todo o esforço terá sido em vão.

E ai vamos construir??

Vamos!

Posso supor com segurança que você está disposto a seguir os nossos
planos e objetivos, os do movimento Software Livre, sem introduzir ou
defender interesses conflitantes ou irrelevantes?  ;-)
No começo do email eu trabalho um pouco das razões e possíveis ações para soluções. Um problema só se cria se duas coisas não estiverem bem acertadas. Identificar os problemas é osso. Superar estes obstáculos é que o bicho pega.
Nisso que eu acho que o psl poderia ajudar.
(Pronto, é aí que começa o problema.  Percebe? :-)


Marcus de Vasconcelos Diogo da Silva
Instrutor Informática       [EMAIL PROTECTED]
Consultor Software Livre    Fone: +55 85 32153026
SENAI CETAFR - ceará        Celular:+55 85 88777045
Prof. Multiplicador Senior Intel Educar SL SP
http://www.broffice.org/blog/7040
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"No caudaloso rio de nossas vidas nos dando as mãos navegaremos mais seguros, pois a 
força da amizade é o maior dos escudos contra as adversidades." (OHeremita)

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PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org
http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil
Regras da lista: 
http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil

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