On Fri, Jan 24, 2020 at 1:49 AM Alexandre Oliveira <rockyt...@gmail.com> wrote:
> Acredito que as páginas atuais para classificações viárias na Wiki estão
> confusas.

São. Se chegarmos a um consenso, vamos consertar isso. Mas consertar
sem conversar e sem consenso ampliaria o ruído e a confusão.

> Outro dia fui reclassificar uma avenida que corta três bairros
> em BH e não sabia qual página usar, me deparei com uma que possuía um
> fluxograma, que considerava qualquer tipo de via mas era um pouco
> confuso de compreender

O fluxograma é o de 2013 a que nos referimos e com que estamos insatisfeitos.

> e depois a própria página da tag `highway` em
> português, que, apesar de descrever critérios para cada tipo de
> classificação, me deixou mais confuso.

Esta página está sem manutenção desde 2015 e me parece que nesse
momento está recomendando algo que inclusive era anterior ao
fluxograma de 2013. Uma das motivações pro fluxograma de 2013 era
tentar chegar a algo mais simples e verificável.

> Por exemplo, as definiçãos de
> `secondary` e `tertiary` são bem semelhantes e no caso eu não sabia qual
> escolher.

De fato, estão bem confusas. Nos lugares onde mapeei, o resultado fica
bom e atende às definições internacionais do OSM fazendo a seguinte
correspondência em área urbana, usando os termos do CTB: coletora =
tertiary, arterial = secondary (ou mais). No caso das arteriais, nas
cidades grandes, pode haver dois níveis, e nas muitíssimo grandes,
pode ter até três. Se tiver um nível arterial que de forma geral
conecta regiões das cidades, pode ser primary.

Alguns municípios renomeiam as classes do CTB ou dividem elas em
subclasses. Por isso, sempre antes de começar a classificar um
município, eu leio as leis municipais e faço uma correspondência de
classe municipal pra classe federal, e daí da classe federal pro OSM.
Alguns exemplos em [1].

> O problema mencionado acima é uma avenida que cruza três bairros, e no
> meio do caminho sua classificação era rebaixada. Estou falando da Av.
> Professor Mario Werneck, de BH. O próprio plano diretor mais recente da
> cidade (2019) a considera como arterial, até ela mudar de nome para Av.
> Aggeo Pio Sobrinho, onde passa a ser considerada coletora até cruzar com
> a Rua Úrsula Paulino e finalmente chegar na Av. Teresa Cristina[1]
> (arterial é laranja, coletora é amarela. Hierarquia viária mais
> recente[2]). Contudo, passando quase que diariamente por estes trechos
> mencionados, sei que a realidade é outra, apesar da troca de nome, a
> avenida ao todo mantém sua importância ao atravessar os bairros,
> portanto para mim esse rebaixamento de classificação é equivocado.
>
> A sugestão proposta pelo santamariense no grupo de suporte foi seguir a
> classificação da primeira avenida (Mário Werneck), que foi o que fiz.
> Antes, a Av. Mário Werneck era uma `secondary`, e, ao trocar de nome
> para Av. Aggeo Pio Sobrinho e mais pra frente para Av. Dom João VI, ela
> era rebaixada para `tertiary`, porém, como disse, esse rebaixamento não
> condiz com a importância dessas vias.

Quando eu guardei uma cópia da classificação de BH no wiki do OSM em
2015, eu já tinha visto que a classificação oficial lá é um pouco
diferente das de outros municípios. Parece ter sido feita a partir do
perfil viário e não da função das vias. Ainda assim, eu tentaria
aproximar ela e faria adaptações onde parecer estranho o mapa da
prefeitura, como nesse caso que você citou.

No plano diretor, está marcada como arterial a Henrique Badaró
Portugal, que continuaria a Mário Werneck. Essa Henrique Badaró vai
até um arroio que, suponho, seria onde a prefeitura gostaria de, no
futuro, construir uma conexão viária. Mas claro, esse trecho não
existe, e com isso todo esse sistema perde a função de arterial. Ou
seja, acho que a interpretação do santamariense estaria correta nesse
caso, principalmente porque rebaixar essas vias deixaria pelo menos 1
bairro sem conexão com o sistema secundário [2] e porque com o
rebaixamento não haveria distinção entre essa rota e as outras
coletoras que existem dentro dos bairros nas proximidades. Em Porto
Alegre também foi necessário fazer alguns ajustes assim, todos os
planos têm seus casos particulares. Comparando com os mapas comerciais
(Google Maps, Here e Waze), temos que:
- Google Maps considera arterial
- Here considera coletora, mas em geral entende que não há quase
nenhuma outra coletora nas proximidades (o Here sempre tem um viés
mais pró-roteamento e pró-carro e as vias dessa região têm um perfil
um pouco abaixo do resto da cidade)
- Waze considera arterial, assim como considera arteriais várias
outras vias nas proximidades que na verdade são menos importantes e
funcionam mais como coletoras

> Outro ponto que gostaria de questionar é justamente o princípio de
> continuidade. Tem uma via que eu considero problemática, a Av. Nossa
> Senhora do Carmo. Até mais ou menos um pouco à frente do cruzamento e do
> viaduto da avenida, ela muda de nome e torna-se uma rodovia federal, a
> BR-356[3], com base no BHMap, portal de dados georreferenciados da
> prefeitura. Já no plano diretor, a situação é outra e a avenida somente
> torna-se uma rodovia federal após o trevo do BH Shopping[4], sendo
> considerada uma via de ligação regional.

A classificação não necessariamente muda só porque mudou o responsável
pela via. O que acontece na altura do entroncamento com a rua prof.
Rodrigues Seara é que a via passa a ter características físicas de
motorway, que é a única classe viária que, pela nova proposta, ainda
seria definida em termos do seu perfil físico. Então, mais uma vez, a
estrutura física produzindo um resultado estranho. O mapa da
prefeitura, o Waze, o Here e o Google Maps não apresentam essa
variação na classificação da via.

No grupo de classificação do Telegram uns dias atrás, eu propus o
seguinte, muitos concordaram e ninguém discordou: a rede motorway deve
ser subconjunto da rede trunk (independente de como a rede trunk
esteja definida). Nesse caso, não há classe municipal que seria
atribuída a trunk (as vias de ligação regionais seriam a princípio
primary, e são motorway por outros motivos). Só que a rede trunk, se
formos seguir a nova proposta, não incluiria o trecho da BR-356 desde
o entroncamento com a BR-040. O motivo: as rotas de passagem pela
cidade são todas contornando pela BR-040. Então esse trecho seria todo
primary. Se isso parecer baixo demais, algo a se considerar é
acompanhar o Here e o Google e elevar a trunk o anel formado pela
avenida do Contorno e Andradas e (algumas/todas as) conexões (que
exigira análise e discussão com a comunidade local) que levam até esse
anel partindo da malha trunk (BR-040).

> No caso, qual seria o certo para ser representado no mapa? Atualmente, o
> que está mapeado é justamente o primeiro caso que mencionei[5].

Para mim seria mais natural (no sentido de produzir um mapa menos
confuso) a solução da Prefeitura, ao olhar o sistema como um todo. Mas
como as opiniões são fortes quando se fala em motorway, acho difícil
que concordem comigo. Pela mesma razão, um mapeador elevou a
classificação da avenida Zaida Jarros aqui em PoA [3]. Anteriormente,
ela era primária, o que produzia um mapa mais enxuto, estava em acordo
com o plano diretor e não afetava nem roteamento automático, nem a
escolha visual das rotas.

> Seguindo o plano diretor, a grande maioria das ruas do centro de Belo
> Horizonte são arteriais[5], porém apenas umas três avenidas são
> consideradas `primary`, as principais avenidas do centro são `secondary`
> e nem todas as ruas, consideradas arteriais pelo plano diretor, são
> `tertiary`[6]. Como ficaria o mapeamento neste caso, visto que o centro
> é uma região de alto tráfego de veículos?

Essa é a principal diferença entre o plano diretor de Belo Horizonte e
os demais planos que eu vi por aí [4]. Eu trataria isso como caso
excepcional e não seguiria a classificação do plano no centro de Belo
Horizonte. Uma ideia seria partir dos mapas comerciais mais usados
(Google Maps, Here e Waze), chegar ao que seria uma classificação de
"consenso" entre eles, e daí ir ajustando onde parecer necessário,
conforme se vai analisando a funcionalidade das vias nessa região. Os
três concordam quase sempre sobre as vias que consideram "locais" e
divergem um pouco sobre quais consideram arteriais e quais consideram
coletoras em casos que me parecem ser "intermediários". Nas maiores
arteriais, concordam.

Muito importante ali é mapear os limites de velocidade oficias e os
semáforos. Onde tem semáforo, tem pelo menos alguma coletora envolvida
(lembrando que arteriais também são coletoras, o inverso é que não
vale). Tô vendo ali também que tem vias divididas que só podem ser
cruzadas em alguns pontos. Isso pode sugerir que é nesses pontos que
passam as coletoras. Não seria o caso se forem muitos pontos (ex. na
Augusto Lima), o que levaria a uma densidade alta de coletoras, mas se
forem poucos (ex. na Getúlio Vargas) pode ser que sim.

> O Gerald mencionou o uso dos dados do DEER, mas eles não seriam
> aplicados somente para as rodovias sob sua jurisdição, que seriam as
> estaduais e federais? Quais dados deveríamos usar para as vias
> municipais? E no caso, qual dado usar, o portal de dados
> georreferenciados da prefeitura ou o plano diretor da cidade?

Na interface entre o sistema urbano e o não-urbano/intermunicipal,
sempre é necessário fazer alguns ajustes. Eu me basearia nos dois e
tomaria uma decisão caso a caso analisando o contexto.

[1] 
https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Pt:Porto_Alegre,_Rio_Grande_do_Sul/Sistema_Viário
[2] https://www.openstreetmap.org/relation/3408902
[3] https://www.openstreetmap.org/#map=15/-29.9845/-51.1831
[4] 
https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Category:Cidades_com_hierarquia_vi%C3%A1ria_oficial

-- 
Fernando Trebien

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