Olá  Paulo,

A idéia de testar urnas no dia da eleição, que tem sido chamado 
de  "votação paralela", vem sendo discutida pelo menos desde Março deste 
ano junto ao TSE, principalmente pelo Moacir Casagrande do PT, que é um 
entusiasta da idéia.

Vou fazer algumas considerações sobre esta idéia, primeiro de caráter 
político e depois de caráter técnico

O Paulo Camarão do TSE disse, numa palestra na OAB em Abril (assistida pelo 
Chadel), que este tipo de teste era uma das alternativas que se estava 
"estudando" para melhorar o teste atual, o qual é feito antes da lacração 
das urnas e, tecnicamente, é inválido posto que a urna é preparada para o 
teste e depois recarregada para a votação.

Em Agosto, durante a apresentação dos programas aos partidos, o Camarão 
informou que o teste seria feito, e voltou a confirmar isto no dia 13 de 
Setembro, na sua palestra na Câmara Federal. O teste seria em nove 
capitais, previamente escolhidas, onde os partidos escolheriam duas seções, 
cujas urnas já estariam lacradas para uso, para serem testadas através da 
simulação de uma votacao normal (no dia da eleição entre as 7 e as 17 
horas). A votacão verdadeira, na seção escolhida, passaria a manual.

O TSE "enrolou" o PT dizendo que o teste seria feito, mas decidiu impedir 
este teste em cima da hora, na ante-véspera da eleição. Agindo assim o TSE 
conseguiu o apoio do PT durante todo este tempo contra nossas revindicações.

Obs. paralela: Durante estes meses todos, o Casagrande funcionou como 
escudo do TSE contra nossas críticas. Apesar do PT ter contratado o eng. 
Marcio Teixeira para assessora-lo e deste ter instruido o Casagrande de que 
não era possivel validar tecnicamente o sistema da forma como o TSE impedia 
o trabalho livre de auditoria, até ontem o PT/Casagrande declaravam, alto e 
bom som, que confiavam no sistema eletrônico e davam total aval ao sistema. 
Na palestra na Câmara, o Casagrande falou depois de mim e rebateu minhas 
criticas à insegurança do sistema com tanto entusiasmo que um deputado se 
confundiu e se referiu ao Casagrande como "aquele rapaz do TSE".

Quanto ao teste propriamente dito tenho as seguintes considerações:
1- É um teste um pouco melhor que o atual pois a urna não é modificada nem 
antes nem depois do teste.
2- É muito dificil de ser feito com segurança total, pois qualquer padrão 
de comportamento dos fiscais pode ser detectado por um programa 
fraudulento, que se auto-inibiria durante o teste, por ex., a tal "tabela 
pré-determinada" de votos NÃO poderia ser usada.
3- O teste seria feito apenas em cidades pré-determinadas, o que é um 
padrão que pode ser usado pelo fraudador (em tais capitais as fraude seria 
inibida e no resto do pais seria feita). Este teste parcial acabaria 
validando todo o resto das urnas não testadas.
4- O TSE exige que o teste seja feito em "ambiente controlado" quando o 
ideal era que fosse feito na própria seção eleitoral escolhida.
5- Dentro do processo de validadação e certificação de equipamentos 
informatizados, recorrer a teste é sempre necessário mas NUNCA É UMA 
ALTERNATIVA DEFINITIVA. Isto é, deve-se fazer o teste como elemento 
COMPLEMENTAR dos procedimentos de segurança, mas NUNCA o teste deve 
substituir os demais procedimentos.

Por um lado, eu lamento que o teste tenha sido cancelado pois seria mais um 
ponto de controle sobre o sistema (ainda que parcial e não definitivo). Por 
outro lado, o impedimento deste tipo de teste teve o condão de fazer o PT 
finalmente reagir. A manifestação do Zé Dirceu é inócua na prática mas pelo 
menos o PT deixa de, oficialmente, dar apoio INCONDICIONAL ao sistema e de 
servir de escudo do TSE, como vinha fazendo.

De agora em diante o TSE não mais poderá falar que o PT, maior partido de 
oposição, dá respaldo TOTAL ao sistema.

Obs. curiosa: Não é gosado que no TSE se refiram ao PT como partido de 
OPOSIÇÃO. Será que eles são representantes da SITUAÇÃO?

[ ]s
   Amilcar


At 10:01 27/09/2000 +0200, Paulo Mora wrote:

>  Essa idéia do PT me parece interessante:
>
>"O PT sugeriu que o Comitê Interpartidário formado pelos partidos e
>coligações que disputam as eleições escolhesse, ao acaso, na véspera do
>pleito, algumas urnas em cada Estado para serem substituídas por outras
>e levadas a um local previamente determinado pela Justiça Eleitoral.
>
>Essas urnas ficariam sob a guarda da Polícia e da fiscalização
>partidária
>e, no dia seguinte, durante o horário de votação, receberiam votos de
>acordo com uma tabela pré-determinada. Após o encerramento da votação,
>essas urnas seriam apuradas para verificar se o programa nelas inserido
>não estaria provocando desvio de votos."
>
>  Se para cada urna se utilizar um disquete e se o mesmo for lacrado à
>mesma, poderíamos assegurar que o mesmo disquete seria utilizado para
>carregar uma urna backup no caso em que a urna fosse confiscada para
>verificação. Se as urnas confiscadas para verificação o fossem de
>maneira significativa do ponto de vista estatístico, creio que esse
>teste seria eficaz. Unico galho: em caso de problemas seria necessário
>anular as eleições, já que o sistema atual não permite recontagem manual
>dos votos. Mas antes isso do que nada, não?
>
>  Vantagens de tal abordagem:
>
>  - é possível de ser feito com as urnas atuais;
>  - é mais simples e mais barato do que integrar um impressora que exibe
>o voto impresso atrás de um vidro e depois o picota para cair no saco
>(possíveis falhas mecânicas, o pesadelo da informática...);
>
>  Por estas razões o TSE teria maiores dificuldades em contra argumentar,
>apesar de já ter negado ao PT. Donde meus caros amigos, por favor me
>iluminem: onde estaria a falha de tal teste?
>
>  Abração, Paulo Mora de Freitas.


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