Olá, Tony:

> Por fim, quero dizer que me parece muito mais intuitivo outro caminho,
> pensando a consistência como um operador primitivo, no caso uma das
> interpretações possíveis do operador de necessidade.

Confesso que não saberia julgar a sua intuição --- nem tenho esta
pretensão.  Por outro lado, posso dizer que a minha intuição eu não
constituo a partir de axiomas, mas sim a partir de uma semântica
pretendida a priori.

> Leia-se quadrado como “consistente” e diamante como “testável”. Então, na
> forma desta interpretação,

Isto não é uma "interpretação", mas apenas uma leitura.

> fazem sentido todos os esquemas normais abaixo:
>
> K. Se é consistente que p implica q, então a consistência de p implica a de q.
> D. Se p é consistente, então p é testável.
> T. Se p é consistente, então p é o caso.
> B. Se p é o caso, então é consistente que p seja testável.
> 5. Se p é testável, então é consistente que p seja testável.
> 4. Se p é consistente, então é consistente que p seja consistente.

Certamente que estas coisas todas "fazem sentido".  Tanto que são, de
fato, axiomas de S5.  Falta, claro, a regra de necessitação, que
também me parece "fazer sentido".  Você não acha?  Você aceitaria esta
regra, para a sua noção de consistência? (isto é, você diria que os
teoremas são fórmulas consistentes?)

> Não vejo que haja grandes óbices para fazer uma interpretação assim. No
> mais, vou aprofundar agora a leitura do artigo do Walter e depois escrevo
> para lista se me ocorrer mais alguma coisa que possa tomar o tempo dos meus
> queridos colegas, amigos e mestres.

Quando a gente é formalista e trabalha em lógicas não-clássicas tem
uma liberdade enorme --- pode em particular propor qualquer sistema
axiomático que não seja trivial.  Ao propor, contudo, um símbolo para
o conectivo C com os axiomas X, Y e Z, precisa em geral tentar
convencer o leitor de que aqueles axiomas possuem uma interpretação
(uma semântica?) condizente com as propriedades que esperaríamos que C
tenha.  Quais as propriedades inegociáveis de uma _negação_, por
exemplo?  E de um conectivo para internalizar o conceito de
_necessidade_?  E de um conectivo de _consistência_?

Uma pergunta importante: será que "faz sentido" para você que se uma
formula for consistente, então a sua negação também é consistente?
Posto de outra forma, será que "faz sentido" para você que se uma
fórmula negada ~A for inconsistente então esta mesma fórmula sem a
negação na frente, isto é, a fórmula A, ainda seja inconsistente?  Em
outras palavras ainda, você aceitaria um modelo que lhe interpretasse
~A como inconsistente mas A como consistente?  Se nada disso "fizer
sentido", na sua opinião, será que você pode explicar o porquê?

Joao Marcos

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