Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-05-01 Por tôpico Tony Marmo
Por fim, quero dizer que me parece muito mais intuitivo outro caminho,
pensando a consistência como um operador primitivo, no caso uma das
interpretações possíveis do operador de necessidade.



Leia-se quadrado como “consistente” e diamante como “testável”. Então, na
forma desta interpretação, fazem sentido todos os esquemas normais abaixo:



K. Se é consistente que p implica q, então a consistência de p implica a de
q.



D. Se p é consistente, então p é testável.



T. Se p é consistente, então p é o caso.



B. Se p é o caso, então é consistente que p seja testável.



5. Se p é testável, então é consistente que p seja testável.



4. Se p é consistente, então é consistente que p seja consistente.

Não vejo que haja grandes óbices para fazer uma interpretação assim. No
mais, vou aprofundar agora a leitura do artigo do Walter e depois escrevo
para lista se me ocorrer mais alguma coisa que possa tomar o tempo dos meus
queridos colegas, amigos e mestres.

Em 28 de abril de 2012 12:01, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Olá, Tony:

 Agradeço a leitura cuidadosa do artigo, e os comentários.

 Antes de mais nada, pediram-me off-list uma referência para o artigo
 que está sendo discutido.  Aqui segue:
 http://www.filozof.uni.lodz.pl/bulletin/pdf/34_1_6.pdf

  Conclui a leitura, exceto pela discussão filosófica ao final. Mas,
 preciso
  registrar uma certa inquietação: acho que não precisava dizer que essas
  modalidades seriam não normais. Pois veja, primeiro você definiu acidente
  por meio de uma relação de acessibilidade. Segundo, na proposição 3.1,
 você
  diz que a definição de quadrado por meio do operador de acidente só serve
  para as extensões de KT. Pois bem, mas isso já é de certo modo dizer que
  essas modalidades são normais. Por fim, todo o texto me parece um BOM
 artigo
  sobre lógica modal normal.

 Pois é, como você mesmo viu alguns dos resultados principais são: a
 noção de acidente só é equivalente à noção de contingência para
 extensões de KT ; a noção de necessidade só é definível a partir da
 noção de essência para estas mesmas extensões de KT.  Acompanhando a
 literatura modal moderna canônica, contudo, por lógica modal normal
 eu não pressuponho extensões de KT.  (Sei bem que historicamente
 isto nem sempre foi assim, e o paper de Kripke de 59, por exemplo,
 tratava apenas de extensões de KT --- sistema de Feys e von Wright,
 construído a partir da axiomatização de S4 proposta por Gödel.  Mas
 isso é história...)

 Obrigado pelo julgamento BOM artigo.  Mas as modalidades estudadas
 lá continuam NÃO sendo normais.

  O único detalhe que para mim fica em aberto é saber se de fato os
 conectivos
  não-modais são interdefiníveis ou não. Você definiu a linguagem de modo
 que
  não parece haver um conjunto adequado de conectivos. Mas, depois, você
  apresenta um resultado que me parece resultado de dizer que a implicação
  equivale a uma disjunção, quando, por exemplo, diz que K1.3 (acidental
 phi
  implica phi) pode ser trocado por K2.3 (phi ou essencial phi). Estou
 supondo
  que sim, que os conectivos são interdefiníveis pelo conjunto todo da
 obra,
  dado que os sistemas KT são extensões do cálculo clássico.

 Assumo logo no início a interpretação clássica do fragmento não-modal
 (classical operators are evaluated as expected).  Logo, vale a
 interdefinibilidade dos conectivos clássicos.

  De resto, com todo o respeito e admiração pela sua capacidade ímpar e
  conhecimentos, peço toda a vênia para discordar do seu argumento de que a
  noção de consistência seria aparentada com a de contingência, se levar em
  consideração o artigo de sua própria autoria. Na verdade, o parentesco é
 da
  noção de inconsistência com a de acidente, segundo o raciocínio que você
  mesmo brilhantemente engendrou no artigo.

 Por aparentado pretende-se dizer isso mesmo que já foi esclarecido
 acima: a noção de acidente e a noção de contingência são modalidades
 não-normais menos expressivas do que a modalidade de possibilidade (ou
 a de necessidade), no contexto do mesmo fragmento não-modal clássico.
 Além disso, suas interpretações são parecidas, como você viu.

 Note contudo que, diferentemente da noção de contingência, a noção de
 acidente (uma sentença sendo acidentalmente verdadeira caso seja
 verdadeira-mas-possivelmente-falsa) pode ser usada, sem requerer o
 axioma T, para formalizar noções contrafatuais (algo que
 é-o-caso-mas-poderia-não-ser), para estudar designadores não-rígidos
 e o conceito kripkeano de necessário a posteriori (confira a
 discussão filosófica que você não leu), para investigar noções
 epistêmicas interessantes como verdades desconhecidas (proposições
 verdadeiras-mas-não-conhecidas por um determinado agente, ver trabalho
 do Steinsvold) ou noções ligadas à ideia lógico-matemática de
 demonstração, como as sentenças de Gödel
 (verdadeiras-mas-não-demonstráveis, ver trabalho do Kushida).

 Abraços,
 Joao Marcos

 --
 http://sequiturquodlibet.googlepages.com/


Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-05-01 Por tôpico Joao Marcos
Olá, Tony:

 Por fim, quero dizer que me parece muito mais intuitivo outro caminho,
 pensando a consistência como um operador primitivo, no caso uma das
 interpretações possíveis do operador de necessidade.

Confesso que não saberia julgar a sua intuição --- nem tenho esta
pretensão.  Por outro lado, posso dizer que a minha intuição eu não
constituo a partir de axiomas, mas sim a partir de uma semântica
pretendida a priori.

 Leia-se quadrado como “consistente” e diamante como “testável”. Então, na
 forma desta interpretação,

Isto não é uma interpretação, mas apenas uma leitura.

 fazem sentido todos os esquemas normais abaixo:

 K. Se é consistente que p implica q, então a consistência de p implica a de q.
 D. Se p é consistente, então p é testável.
 T. Se p é consistente, então p é o caso.
 B. Se p é o caso, então é consistente que p seja testável.
 5. Se p é testável, então é consistente que p seja testável.
 4. Se p é consistente, então é consistente que p seja consistente.

Certamente que estas coisas todas fazem sentido.  Tanto que são, de
fato, axiomas de S5.  Falta, claro, a regra de necessitação, que
também me parece fazer sentido.  Você não acha?  Você aceitaria esta
regra, para a sua noção de consistência? (isto é, você diria que os
teoremas são fórmulas consistentes?)

 Não vejo que haja grandes óbices para fazer uma interpretação assim. No
 mais, vou aprofundar agora a leitura do artigo do Walter e depois escrevo
 para lista se me ocorrer mais alguma coisa que possa tomar o tempo dos meus
 queridos colegas, amigos e mestres.

Quando a gente é formalista e trabalha em lógicas não-clássicas tem
uma liberdade enorme --- pode em particular propor qualquer sistema
axiomático que não seja trivial.  Ao propor, contudo, um símbolo para
o conectivo C com os axiomas X, Y e Z, precisa em geral tentar
convencer o leitor de que aqueles axiomas possuem uma interpretação
(uma semântica?) condizente com as propriedades que esperaríamos que C
tenha.  Quais as propriedades inegociáveis de uma _negação_, por
exemplo?  E de um conectivo para internalizar o conceito de
_necessidade_?  E de um conectivo de _consistência_?

Uma pergunta importante: será que faz sentido para você que se uma
formula for consistente, então a sua negação também é consistente?
Posto de outra forma, será que faz sentido para você que se uma
fórmula negada ~A for inconsistente então esta mesma fórmula sem a
negação na frente, isto é, a fórmula A, ainda seja inconsistente?  Em
outras palavras ainda, você aceitaria um modelo que lhe interpretasse
~A como inconsistente mas A como consistente?  Se nada disso fizer
sentido, na sua opinião, será que você pode explicar o porquê?

Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-05-01 Por tôpico Tony Marmo
Rapidamente

1. Sim, a regra de necessitação faria sentido também. Por exemplo, todas as
teses de PC seriam consistentes, por essa regra.

2. Sobre as perguntas finais, consistente p e consistente não p, sob essa
ótica, são contrárias: podem ser ambas falsas, mas não ambas verdadeiras.
Se não-p não for consistente, então p é testável, pela definição do dual de
consistente, e assim por diante. Isto sim faz sentido para algumas lógicas.
No caso, uma vantagem de tratar o operador de consistência como um modal
primitivo é que eu o posso usar em lógicas do tipo KT. Não precisa ser um
dentre os muitos cálculos paraconsistentes que se propuseram nas últimas
décadas. Mas, note que daí eu estou supondo que seja primitivo o operador
de consistência: não estou dando-lhe uma definição. O resto ainda está em
objeto de estudo, mas agradeço sugestões.

Em 1 de maio de 2012 16:56, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Olá, Tony:

  Por fim, quero dizer que me parece muito mais intuitivo outro caminho,
  pensando a consistência como um operador primitivo, no caso uma das
  interpretações possíveis do operador de necessidade.

 Confesso que não saberia julgar a sua intuição --- nem tenho esta
 pretensão.  Por outro lado, posso dizer que a minha intuição eu não
 constituo a partir de axiomas, mas sim a partir de uma semântica
 pretendida a priori.

  Leia-se quadrado como “consistente” e diamante como “testável”. Então, na
  forma desta interpretação,

 Isto não é uma interpretação, mas apenas uma leitura.

  fazem sentido todos os esquemas normais abaixo:
 
  K. Se é consistente que p implica q, então a consistência de p implica a
 de q.
  D. Se p é consistente, então p é testável.
  T. Se p é consistente, então p é o caso.
  B. Se p é o caso, então é consistente que p seja testável.
  5. Se p é testável, então é consistente que p seja testável.
  4. Se p é consistente, então é consistente que p seja consistente.

 Certamente que estas coisas todas fazem sentido.  Tanto que são, de
 fato, axiomas de S5.  Falta, claro, a regra de necessitação, que
 também me parece fazer sentido.  Você não acha?  Você aceitaria esta
 regra, para a sua noção de consistência? (isto é, você diria que os
 teoremas são fórmulas consistentes?)

  Não vejo que haja grandes óbices para fazer uma interpretação assim. No
  mais, vou aprofundar agora a leitura do artigo do Walter e depois escrevo
  para lista se me ocorrer mais alguma coisa que possa tomar o tempo dos
 meus
  queridos colegas, amigos e mestres.

 Quando a gente é formalista e trabalha em lógicas não-clássicas tem
 uma liberdade enorme --- pode em particular propor qualquer sistema
 axiomático que não seja trivial.  Ao propor, contudo, um símbolo para
 o conectivo C com os axiomas X, Y e Z, precisa em geral tentar
 convencer o leitor de que aqueles axiomas possuem uma interpretação
 (uma semântica?) condizente com as propriedades que esperaríamos que C
 tenha.  Quais as propriedades inegociáveis de uma _negação_, por
 exemplo?  E de um conectivo para internalizar o conceito de
 _necessidade_?  E de um conectivo de _consistência_?

 Uma pergunta importante: será que faz sentido para você que se uma
 formula for consistente, então a sua negação também é consistente?
 Posto de outra forma, será que faz sentido para você que se uma
 fórmula negada ~A for inconsistente então esta mesma fórmula sem a
 negação na frente, isto é, a fórmula A, ainda seja inconsistente?  Em
 outras palavras ainda, você aceitaria um modelo que lhe interpretasse
 ~A como inconsistente mas A como consistente?  Se nada disso fizer
 sentido, na sua opinião, será que você pode explicar o porquê?

 Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-05-01 Por tôpico Joao Marcos
 1. Sim, a regra de necessitação faria sentido também. Por exemplo, todas as
 teses de PC seriam consistentes, por essa regra.

Certo, então todas as teses de S5 fazem sentido...

 2. Sobre as perguntas finais, consistente p e consistente não p, sob essa
 ótica, são contrárias: podem ser ambas falsas, mas não ambas verdadeiras. Se
 não-p não for consistente, então p é testável, pela definição do dual de
 consistente, e assim por diante. Isto sim faz sentido para algumas lógicas.

Bom, como você já assume S5, é natural que assuma a serialidade (de
onde segue a sua observação sob contrariedade)...

 No caso, uma vantagem de tratar o operador de consistência como um modal
 primitivo é que eu o posso usar em lógicas do tipo KT. Não precisa ser um
 dentre os muitos cálculos paraconsistentes que se propuseram nas últimas
 décadas.

Bem, até agora não falamos em negação paraconsistente...  Os cálculos
da essência e do acidente, em particular, não pressupõem em geral a
existência de uma tal negação.

 Mas, note que daí eu estou supondo que seja primitivo o operador de
 consistência: não estou dando-lhe uma definição. O resto ainda está em
 objeto de estudo, mas agradeço sugestões.

Como você sabe, assumir que o operador de consistência é primitivo foi
*exatamente* o que eu fiz no mencionado paper...  E em seguida mostrei
como lhe dar uma axiomatização adequada com relação à semântica
proposta (que satisfaz a definição precisa de _consistência_
subjacente às chamadas lógicas da inconsistência formal).

Não sei exatamente o que você está fazendo.  Mas me parece no mínimo
curioso que o significado de consistência para você seja tal que
negar (classicamente) a consistência resulte na definição de uma
negação paraconsistente (já bem estudada).  A propósito: todo sistema
modal pode ser apresentado a partir de uma linguagem que contém o
fragmento positivo da lógica clássica e a negação paraconsistente
definida pela rejeição deste seu conectivo de consistência /
necessidade.

Bom trabalho,
Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-05-01 Por tôpico Tony Marmo
Ai, há uma ligeira confusão, talvez por não me fazer entender
explicitamente. Na verdade, todos os esquemas modais que eu mencionei eu
disse que fazem sentido. Mas, muito embora isso acarrete que S5 também faça
sentido filosoficamente, não quero com isso dizer que S5 seja meu sistema
favorito. Quero dizer, nada impede que uns sistemas sejam filosoficamente
 mais interessantes que outros. No caso, eu ainda posso dizer que os
teoremas de absorção e redução não sirvam para o tipo de reflexão
filosófica que eu queira fazer, embora sirvam para outros tipos. Isto
dependerá do que se pretende examinar. Ainda mais que remanescem vários
paradoxos conhecidos que não cabe agora citar.

Mas, enfim, João Marcos, acho que no final você queria falar de
sub-contrárias. Eu não tenho ainda nenhuma proposta de como se definiria a
negação paraconsistente. Pelo que eu pude apreciar, a ideia de definir
negação paraconsistente a partir de sub-contrárias é objeto de discussão e
há pessoas que apressadamente dizem que isto seria um argumento contra
lógicas paraconsistentes. Não posso agora assumir nenhum compromisso com
nenhuma dessas posições. Posso apenas alertar que nada impede que a negação
paraconsistente seja definida de outro modo e que em certos sistemas modais
ela coincida com sub-contrariedade: é uma hipótese sobre a qual quero
refletir mais adiante.

Em 1 de maio de 2012 20:46, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

  1. Sim, a regra de necessitação faria sentido também. Por exemplo, todas
 as
  teses de PC seriam consistentes, por essa regra.

 Certo, então todas as teses de S5 fazem sentido...

  2. Sobre as perguntas finais, consistente p e consistente não p, sob essa
  ótica, são contrárias: podem ser ambas falsas, mas não ambas
 verdadeiras. Se
  não-p não for consistente, então p é testável, pela definição do dual de
  consistente, e assim por diante. Isto sim faz sentido para algumas
 lógicas.

 Bom, como você já assume S5, é natural que assuma a serialidade (de
 onde segue a sua observação sob contrariedade)...

  No caso, uma vantagem de tratar o operador de consistência como um modal
  primitivo é que eu o posso usar em lógicas do tipo KT. Não precisa ser um
  dentre os muitos cálculos paraconsistentes que se propuseram nas últimas
  décadas.

 Bem, até agora não falamos em negação paraconsistente...  Os cálculos
 da essência e do acidente, em particular, não pressupõem em geral a
 existência de uma tal negação.

  Mas, note que daí eu estou supondo que seja primitivo o operador de
  consistência: não estou dando-lhe uma definição. O resto ainda está em
  objeto de estudo, mas agradeço sugestões.

 Como você sabe, assumir que o operador de consistência é primitivo foi
 *exatamente* o que eu fiz no mencionado paper...  E em seguida mostrei
 como lhe dar uma axiomatização adequada com relação à semântica
 proposta (que satisfaz a definição precisa de _consistência_
 subjacente às chamadas lógicas da inconsistência formal).

 Não sei exatamente o que você está fazendo.  Mas me parece no mínimo
 curioso que o significado de consistência para você seja tal que
 negar (classicamente) a consistência resulte na definição de uma
 negação paraconsistente (já bem estudada).  A propósito: todo sistema
 modal pode ser apresentado a partir de uma linguagem que contém o
 fragmento positivo da lógica clássica e a negação paraconsistente
 definida pela rejeição deste seu conectivo de consistência /
 necessidade.

 Bom trabalho,
 Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-28 Por tôpico Tony Marmo
Caro João,

Conclui a leitura, exceto pela discussão filosófica ao final. Mas, preciso
registrar uma certa inquietação: acho que não precisava dizer que essas
modalidades seriam não normais. Pois veja, primeiro você definiu acidente
por meio de uma relação de acessibilidade. Segundo, na proposição 3.1, você
diz que a definição de quadrado por meio do operador de acidente só serve
para as extensões de KT. Pois bem, mas isso já é de certo modo dizer que
essas modalidades são normais. Por fim, todo o texto me parece um BOM
artigo sobre lógica modal normal.

O único detalhe que para mim fica em aberto é saber se de fato os
conectivos não-modais são interdefiníveis ou não. Você definiu a linguagem
de modo que não parece haver um conjunto adequado de conectivos. Mas,
depois, você apresenta um resultado que me parece resultado de dizer que a
implicação equivale a uma disjunção, quando, por exemplo, diz que K1.3
(acidental phi implica phi) pode ser trocado por K2.3 (phi ou essencial
phi). Estou supondo que sim, que os conectivos são interdefiníveis pelo
conjunto todo da obra, dado que os sistemas KT são extensões do cálculo
clássico.

De resto, com todo o respeito e admiração pela sua capacidade ímpar e
conhecimentos, peço toda a vênia para discordar do seu argumento de que a
noção de consistência seria aparentada com a de contingência, se levar em
consideração o artigo de sua própria autoria. Na verdade, o parentesco é da
noção de inconsistência com a de acidente, segundo o raciocínio que você
mesmo brilhantemente engendrou no artigo.


Em 27 de abril de 2012 19:42, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Não entendi: qual seria o equívoco seu que está sendo registrado, Tony?

 Boa leitura,
 JM

 2012/4/27 Tony Marmo marmo.t...@gmail.com:
  Caro João,
 
  Apenas para registro, porque talvez seja um grande equívoco meu. Mas, nas
  mensagens que você disse:
 
  [1] O operador de consistência não é aparentado da necessidade ou da
  possibilidade, mas está mais próximo
  da noção de contingência.
 
  [2] (...) na verdade a definição do conectivo de consistência que você
  mencionou e sua versão modal são ambas propostas minhas, e ---por
  design--- há restrições que devem ser obedecidas para que este
  conectivo tenha a interpretação para ele pretendida.  Uma destas
  restrições obriga justamente a que a consistência não seja idêntica à
  necessidade (na sua interpretação usual e desde que você não mude o
  significado da negação paraconsistente do ponto de vista modal), pois
  em caso contrário não seria necessário adicionar A a {oA, ~A} para
  recuperar o Princípio da Explosão.
 
  [3] O conectivo de consistência continua sendo, contudo, um belo
 exemplo de
  modalidade não-normal, que *não* é idêntica à não-contingência, e que
  certamente é tratável, em princípio, a partir de semânticas
 de vizinhança.
   De todo modo, para _uma_ certa conexão entre a consistência e o axioma K
  você pode dar uma espiada no teorema K2.2 do artigo Logics of essence
 and
  accident.
 
  Mas, no seu artigo, referido acima você coloca o seguinte:
 
  Proposição 1.1. Dentro de extensões da lógica modal K pode-se:
 
  (i) tomar quadrado como primitivo e definir (consistente phi) ºphi:= phi
 =
  quadrado phi.
 
  Dentro de extensões de KT ...
 
  (ii) tomar º (consistência) como primitivo e definir quadrado phi:= phi
  ºphi
 
  (Página 3 no pdf que eu tenho)
 
  Aí no caso, você mesmo diz ao princípio do artigo que º é o operador de
  essência, enquanto que • seria o de acidente.
 
  Continuo a leitura do artigo, todavia...

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-28 Por tôpico Joao Marcos
Olá, Tony:

Agradeço a leitura cuidadosa do artigo, e os comentários.

Antes de mais nada, pediram-me off-list uma referência para o artigo
que está sendo discutido.  Aqui segue:
http://www.filozof.uni.lodz.pl/bulletin/pdf/34_1_6.pdf

 Conclui a leitura, exceto pela discussão filosófica ao final. Mas, preciso
 registrar uma certa inquietação: acho que não precisava dizer que essas
 modalidades seriam não normais. Pois veja, primeiro você definiu acidente
 por meio de uma relação de acessibilidade. Segundo, na proposição 3.1, você
 diz que a definição de quadrado por meio do operador de acidente só serve
 para as extensões de KT. Pois bem, mas isso já é de certo modo dizer que
 essas modalidades são normais. Por fim, todo o texto me parece um BOM artigo
 sobre lógica modal normal.

Pois é, como você mesmo viu alguns dos resultados principais são: a
noção de acidente só é equivalente à noção de contingência para
extensões de KT ; a noção de necessidade só é definível a partir da
noção de essência para estas mesmas extensões de KT.  Acompanhando a
literatura modal moderna canônica, contudo, por lógica modal normal
eu não pressuponho extensões de KT.  (Sei bem que historicamente
isto nem sempre foi assim, e o paper de Kripke de 59, por exemplo,
tratava apenas de extensões de KT --- sistema de Feys e von Wright,
construído a partir da axiomatização de S4 proposta por Gödel.  Mas
isso é história...)

Obrigado pelo julgamento BOM artigo.  Mas as modalidades estudadas
lá continuam NÃO sendo normais.

 O único detalhe que para mim fica em aberto é saber se de fato os conectivos
 não-modais são interdefiníveis ou não. Você definiu a linguagem de modo que
 não parece haver um conjunto adequado de conectivos. Mas, depois, você
 apresenta um resultado que me parece resultado de dizer que a implicação
 equivale a uma disjunção, quando, por exemplo, diz que K1.3 (acidental phi
 implica phi) pode ser trocado por K2.3 (phi ou essencial phi). Estou supondo
 que sim, que os conectivos são interdefiníveis pelo conjunto todo da obra,
 dado que os sistemas KT são extensões do cálculo clássico.

Assumo logo no início a interpretação clássica do fragmento não-modal
(classical operators are evaluated as expected).  Logo, vale a
interdefinibilidade dos conectivos clássicos.

 De resto, com todo o respeito e admiração pela sua capacidade ímpar e
 conhecimentos, peço toda a vênia para discordar do seu argumento de que a
 noção de consistência seria aparentada com a de contingência, se levar em
 consideração o artigo de sua própria autoria. Na verdade, o parentesco é da
 noção de inconsistência com a de acidente, segundo o raciocínio que você
 mesmo brilhantemente engendrou no artigo.

Por aparentado pretende-se dizer isso mesmo que já foi esclarecido
acima: a noção de acidente e a noção de contingência são modalidades
não-normais menos expressivas do que a modalidade de possibilidade (ou
a de necessidade), no contexto do mesmo fragmento não-modal clássico.
Além disso, suas interpretações são parecidas, como você viu.

Note contudo que, diferentemente da noção de contingência, a noção de
acidente (uma sentença sendo acidentalmente verdadeira caso seja
verdadeira-mas-possivelmente-falsa) pode ser usada, sem requerer o
axioma T, para formalizar noções contrafatuais (algo que
é-o-caso-mas-poderia-não-ser), para estudar designadores não-rígidos
e o conceito kripkeano de necessário a posteriori (confira a
discussão filosófica que você não leu), para investigar noções
epistêmicas interessantes como verdades desconhecidas (proposições
verdadeiras-mas-não-conhecidas por um determinado agente, ver trabalho
do Steinsvold) ou noções ligadas à ideia lógico-matemática de
demonstração, como as sentenças de Gödel
(verdadeiras-mas-não-demonstráveis, ver trabalho do Kushida).

Abraços,
Joao Marcos

-- 
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/
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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-27 Por tôpico Tony Marmo
Caro João,

Apenas para registro, porque talvez seja um grande equívoco meu. Mas, nas
mensagens que você disse:

[1] O operador de consistência não é aparentado da necessidade ou da
possibilidade, mas está mais próximo
da noção de contingência.

[2] (...) na verdade a definição do conectivo de consistência que você
mencionou e sua versão modal são ambas propostas minhas, e ---por
design--- há restrições que devem ser obedecidas para que este
conectivo tenha a interpretação para ele pretendida.  Uma destas
restrições obriga justamente a que a consistência não seja idêntica à
necessidade (na sua interpretação usual e desde que você não mude o
significado da negação paraconsistente do ponto de vista modal), pois
em caso contrário não seria necessário adicionar A a {oA, ~A} para
recuperar o Princípio da Explosão.

[3] O conectivo de consistência continua sendo, contudo, um belo
exemplo de modalidade não-normal, que *não* é idêntica à não-contingência,
e que certamente é tratável, em princípio, a partir de semânticas
de vizinhança.  De todo modo, para _uma_ certa conexão entre a consistência
e o axioma K você pode dar uma espiada no teorema K2.2 do artigo Logics of
essence and accident.

Mas, no seu artigo, referido acima você coloca o seguinte:

Proposição 1.1. Dentro de extensões da lógica modal K pode-se:

(i) tomar quadrado como primitivo e definir (consistente phi) ºphi:= phi =
quadrado phi.

Dentro de extensões de KT ...

(ii) tomar º (consistência) como primitivo e definir quadrado phi:= phi
ºphi

(Página 3 no pdf que eu tenho)

Aí no caso, você mesmo diz ao princípio do artigo que º é o operador de
essência, enquanto que • seria o de acidente.

Continuo a leitura do artigo, todavia...

Em 24 de abril de 2012 11:53, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Olá, Tony:

  Mas, quanto à sua objeção, eu precisaria de mais argumentos,
 principalmente
  filosóficos, para dizer que consistência é contingência e para dizer que
  consistência não possa ser necessidade ou que seja confusão.
 Conhecimento ou
  saber podem sê-lo, obrigação idem, tempo ibidem, etc. Enfim, não há essa
  identificação de consistência com contingência, que eu saiba. Aliás,
 existe
  já pelo menos uma lógica em que um dos operadores modais é interpretado
 como
  provável (provable) e o seu dual como consistente. Vide Gödel 1933 e
 Löb
  1955, para uma discussão.

 Não pensei que estava fazendo uma objeção... :-)

 Bem, na verdade a definição do conectivo de consistência que você
 mencionou e sua versão modal são ambas propostas minhas, e ---por
 design--- há restrições que devem ser obedecidas para que este
 conectivo tenha a interpretação para ele pretendida.  Uma destas
 restrições obriga justamente a que a consistência não seja idêntica à
 necessidade (na sua interpretação usual e desde que você não mude o
 significado da negação paraconsistente do ponto de vista modal), pois
 em caso contrário não seria necessário adicionar A a {oA, ~A} para
 recuperar o Princípio da Explosão.

 (O conectivo de consistência continua sendo, contudo, um belo exemplo
 de modalidade não-normal, que *não* é idêntica à não-contingência, e
 que certamente é tratável, em princípio, a partir de semânticas de
 vizinhança.  De todo modo, para _uma_ certa conexão entre a
 consistência e o axioma K você pode dar uma espiada no teorema K2.2 do
 artigo Logics of essence and accident.)

 A interpretação alternativa que você menciona para a consistência como
 dual da demonstrabilidade é bem conhecida e muito bem explorada no
 livro do Boolos, The Logic of Provability.  É interessante notar,
 contudo, que o Hirohiko Kushida explorou a conexão entre esta
 interpretação e, de modo mais aprofundado, a _nossa_ definição de
 consistência no paper The Modal Logic of Gödel Sentences, publicado
 em 2010 no JPL.

  A questão que estou propondo é o caminho inverso: pessoas que
 interpretam o
  operador de consistência como um dos modais primitivos e saber que
 semântica
  (topológica de preferência) se poderia usar.

 Para a abordagem topológica, não deixe de dar uma olhada nos artigos
 do Chris Steinsvold que já mencionei.

 Abraços,
 Joao Marcos

  Em 23 de abril de 2012 21:44, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:
 
  Olá, Tony:
 
   I write to inquire on the issue of interpreting the consistency
 operator
   °
   as a modal one, either necessity or possibility.
 
  Parece que há uma confusão aqui.  O operador de consistência não é
  aparentado da necessidade ou da possibilidade, mas está mais próximo
  da noção de contingência.
 
   1. Are there any works which, from the perspective of neighbourhood
   semantics, treat it as necessity operator, i.e., °A means that [[A]]
   belongs
   to N(w)?
 
  Não se trata de um operador de necessidade.  De todo modo, a
  interpretação em termos de uma semântica de vizinhança necessita
  apenas de um operador com a propriedade de replacement, então tudo
  bem.
 
   2. Are there any works which, by another topological approach, 

Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-27 Por tôpico Joao Marcos
Não entendi: qual seria o equívoco seu que está sendo registrado, Tony?

Boa leitura,
JM

2012/4/27 Tony Marmo marmo.t...@gmail.com:
 Caro João,

 Apenas para registro, porque talvez seja um grande equívoco meu. Mas, nas
 mensagens que você disse:

 [1] O operador de consistência não é aparentado da necessidade ou da
 possibilidade, mas está mais próximo
 da noção de contingência.

 [2] (...) na verdade a definição do conectivo de consistência que você
 mencionou e sua versão modal são ambas propostas minhas, e ---por
 design--- há restrições que devem ser obedecidas para que este
 conectivo tenha a interpretação para ele pretendida.  Uma destas
 restrições obriga justamente a que a consistência não seja idêntica à
 necessidade (na sua interpretação usual e desde que você não mude o
 significado da negação paraconsistente do ponto de vista modal), pois
 em caso contrário não seria necessário adicionar A a {oA, ~A} para
 recuperar o Princípio da Explosão.

 [3] O conectivo de consistência continua sendo, contudo, um belo exemplo de
 modalidade não-normal, que *não* é idêntica à não-contingência, e que
 certamente é tratável, em princípio, a partir de semânticas de vizinhança.
  De todo modo, para _uma_ certa conexão entre a consistência e o axioma K
 você pode dar uma espiada no teorema K2.2 do artigo Logics of essence and
 accident.

 Mas, no seu artigo, referido acima você coloca o seguinte:

 Proposição 1.1. Dentro de extensões da lógica modal K pode-se:

 (i) tomar quadrado como primitivo e definir (consistente phi) ºphi:= phi =
 quadrado phi.

 Dentro de extensões de KT ...

 (ii) tomar º (consistência) como primitivo e definir quadrado phi:= phi
 ºphi

 (Página 3 no pdf que eu tenho)

 Aí no caso, você mesmo diz ao princípio do artigo que º é o operador de
 essência, enquanto que • seria o de acidente.

 Continuo a leitura do artigo, todavia...

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-25 Por tôpico Tony Marmo
Oh! Que boa surpresa logo de manhã! Muito obrigado!

Em 25 de abril de 2012 01:08, Walter Carnielli
walter.carnie...@gmail.comescreveu:

 Caro Tony:

 eu acho que você está no caminho certo  quando pergunta   por qual
 razão  a formalização da  consistência (tal como  vista nas  LFIs)
 não coincidiria  com a  possibilidade, ou com a  (não)-contingência. O
 João  Marcos  esclarece, corretamente,  que tal noção de consistência
 é apenas aparentada ao da não-contingência,   mas  sobra a seguinte
 questão: partindo de  uma noção de consistência  oA, o que seria  ~ o
 ~ A? Seria  uma espécie
 de asserção sobre  a  inconsistência de ~A, mas dependendo de certas
  assunções.

 No artigo abaixo examino diversas noções de consist6encai,  incluindo
 algumas ideias  do João Marcos:

 The Single-minded Pursuit of Consistency and its Weakness
 (W.  Carnielli), Studia Logica 97, Number 1 (2011), 81-100, DOI:
 10.1007/s11225-010-9298-7
 http://www.springerlink.com/content/e2357hxm80m52616/fulltext.pdf

 Abs,

 Walter


 Em 24 de abril de 2012 17:19, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:
  Tony:
 
  Mas, existe algo que preciso apontar: os operadores também dependem do
 ponto
  de vista. Veja, se eu tenho um operador O e defino o seguinte:
  O(alpha):=¬Q¬(alpha), pergunte quem é o universal e quem é o
 existencial, a
  resposta é depende do ponto de vista.
 
  Salvo engano meu, o Professor Pizzi implementou uma vez a proposta de
 como
  uma lógica pode começar a partir de um operador de contingência como
  primitivo. Os mesmos princípios, axiomas ou regras de inferência, que
  envolvem o operador quadrado podem ser formulados para o operador
 diamante.
  De novo, coisas dependendo do ponto de vista.
 
  As questões do trabalho do Pizzi foram todas praticamente resolvidas a
  partir do trabalho do Lloyd Humberstone sobre não-contingência.  O
  operador de consistência que usamos é apenas aparentado ao da
  não-contingência, e muitos dos resultados que eu demonstrei a respeito
  dele simplesmente mostraram como adaptar os resultados de Humberstone
  (e de Kuhn, e de Cresswell etc) para esta nova linguagem, com sua
  interpretação pretendida.  A questão sobre quem é o universal e quem
  é o existencial não é muito relevante nesta abordagem.
 
  Por outro lado, quadrado não necessariamente quer dizer todo mundo w
 de W,
  depende da semântica. Acho que talvez você não queira identificar o
 operador
  de consistência com um universal, pois, como você mesmo diz, não quer
 que
  ºA, não-A bastem para a explosão. Mas, se necessidade não for entendida
 como
  uma quantificação universal, não enxergo como NecA e não-A de pronto
  explodiriam.
 
  De fato.  Por isso eu disse que o operador de consistência adequado
  depende da interpretação da negação modal paraconsistente.
 
  Abraços,
  Joao Marcos
 
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 State University of Campinas –UNICAMP
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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Joao Marcos
Olá, Tony:

 Mas, quanto à sua objeção, eu precisaria de mais argumentos, principalmente
 filosóficos, para dizer que consistência é contingência e para dizer que
 consistência não possa ser necessidade ou que seja confusão. Conhecimento ou
 saber podem sê-lo, obrigação idem, tempo ibidem, etc. Enfim, não há essa
 identificação de consistência com contingência, que eu saiba. Aliás, existe
 já pelo menos uma lógica em que um dos operadores modais é interpretado como
 provável (provable) e o seu dual como consistente. Vide Gödel 1933 e Löb
 1955, para uma discussão.

Não pensei que estava fazendo uma objeção... :-)

Bem, na verdade a definição do conectivo de consistência que você
mencionou e sua versão modal são ambas propostas minhas, e ---por
design--- há restrições que devem ser obedecidas para que este
conectivo tenha a interpretação para ele pretendida.  Uma destas
restrições obriga justamente a que a consistência não seja idêntica à
necessidade (na sua interpretação usual e desde que você não mude o
significado da negação paraconsistente do ponto de vista modal), pois
em caso contrário não seria necessário adicionar A a {oA, ~A} para
recuperar o Princípio da Explosão.

(O conectivo de consistência continua sendo, contudo, um belo exemplo
de modalidade não-normal, que *não* é idêntica à não-contingência, e
que certamente é tratável, em princípio, a partir de semânticas de
vizinhança.  De todo modo, para _uma_ certa conexão entre a
consistência e o axioma K você pode dar uma espiada no teorema K2.2 do
artigo Logics of essence and accident.)

A interpretação alternativa que você menciona para a consistência como
dual da demonstrabilidade é bem conhecida e muito bem explorada no
livro do Boolos, The Logic of Provability.  É interessante notar,
contudo, que o Hirohiko Kushida explorou a conexão entre esta
interpretação e, de modo mais aprofundado, a _nossa_ definição de
consistência no paper The Modal Logic of Gödel Sentences, publicado
em 2010 no JPL.

 A questão que estou propondo é o caminho inverso: pessoas que interpretam o
 operador de consistência como um dos modais primitivos e saber que semântica
 (topológica de preferência) se poderia usar.

Para a abordagem topológica, não deixe de dar uma olhada nos artigos
do Chris Steinsvold que já mencionei.

Abraços,
Joao Marcos

 Em 23 de abril de 2012 21:44, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Olá, Tony:

  I write to inquire on the issue of interpreting the consistency operator
  °
  as a modal one, either necessity or possibility.

 Parece que há uma confusão aqui.  O operador de consistência não é
 aparentado da necessidade ou da possibilidade, mas está mais próximo
 da noção de contingência.

  1. Are there any works which, from the perspective of neighbourhood
  semantics, treat it as necessity operator, i.e., °A means that [[A]]
  belongs
  to N(w)?

 Não se trata de um operador de necessidade.  De todo modo, a
 interpretação em termos de uma semântica de vizinhança necessita
 apenas de um operador com a propriedade de replacement, então tudo
 bem.

  2. Are there any works which, by another topological approach, treat °A
  as
  necessity operator defined as the interior, i.e., [[°A]]= int[[A]]?

 Não se trata de um operador de necessidade.

  3. 2. Are there any works which, by another topological approach, treat
  °A
  means the closure of [[A]]?

 Para uma interpretação topológica, confira os trabalhos de Chris
 Steinsvold, sobre logics of ignorance and borders.

 Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Eduardo Ochs
Supondo que não vá pegar mal eu fazer uma pergunta bem ingênua sobre
negações paraconsistentes, lá vai...

O meu modo preferido de pensar em lógica(s) intuicionista(s) tem sido
fixar um espaço topológico (X, O(X)) e aí dizer que os meus valores de
verdade vão ser os ABERTOS desse espaço topológico. Aliás, acho que é
melhor eu explicar de outra forma: ao invés de pensar em lógica
intuicionista em geral eu tenho preferido começar escolhendo um
espaço topológico (X, O(X)) e aí olhar pra álgebra dos abertos dele,
que é uma Álgebra de Heyting - ou seja, dá pra interpretar cálculo
proposicional nela - e aí eu trabalho nessa Álgebra de Heyting.
Defino:

  um valor de verdade clássico em (X, O(X)) é um subconjunto
  qualquer de X,

  um valor de verdade intuicionista em (X, O(X)) é um suconjunto
  aberto de X,

  o verdadeiro, o falso, a conjunção e a disjunção
  intuicionistas são definidos da mesma forma que as suas versões
  clássicas - são o X, o vazio, a interseção e a união de
  subconjuntos,

  a implicação clássica (P -_C Q) é a união de (X \ P) e Q,

  a implicação intuicionista (P -_I Q) é o interior de (P -_C Q),

  a negação clássica é  not_C P = (P -_C F) = (X \ P),

  a negação intuicionista é not_I P = (P -_I F) = int (X \ P).

e repare que a operação interior transforma qualquer valor de
verdade clássico num intuicionista.

Se o nosso espaço topológico (X, O(X)) é Alexandroff a gente tem uma
operação cointerior: o interior de P é o maior aberto contido em P,
e o cointerior de P é o menor aberto contendo P. Isto gera uma
coimplicação - que não interessa agora - e uma conegação: a
conegação de P é o menor aberto contendo o complemento de P.

Agora eu posso fazer a minha pergunta: essa conegação é uma negação
paraconsistente?

  Obrigado! =)
[[]], Eduardo


On Tue, Apr 24, 2012 at 10:03 AM, Marcelo Esteban Coniglio 
meconig...@gmail.com wrote:

 Caro Tony,

 A Tamar Lando, estudante de doutorado em Berkeley sob a orientação de
 Paolo Mancosu e Barry Stroud, está realizando um excelente trabalho
 mostrando a conexão entre lógicas modais, topologia, medida e
 probabilidades. Eis sua pagina
 http://philosophy.berkeley.edu/people/detail/66

 Veja seus papers online em
 http://philosophy.berkeley.edu/people/files/66

 Talvez a abordagem da Tamar, combinada com os estudos do Jean-Yves
 Béziau e do João Marcos mostrando as conexões entre lógica modal e
 paraconsistência, possam ser úteis para sua pesquisa.

 Abraço,

 Marcelo

 2012/4/23 Tony Marmo marmo.t...@gmail.com:
  Dear friends, colleagues and Professors,
 
 
 
  I write to inquire on the issue of interpreting the consistency operator
 °
  as a modal one, either necessity or possibility.
 
 
 
  1. Are there any works which, from the perspective of neighbourhood
  semantics, treat it as necessity operator, i.e., °A means that [[A]]
 belongs
  to N(w)?
 
 
 
  2. Are there any works which, by another topological approach, treat °A
 as
  necessity operator defined as the interior, i.e., [[°A]]= int[[A]]?
 
 
 
  3. 2. Are there any works which, by another topological approach, treat
 °A
  means the closure of [[A]]?
 
 
  Please, feel free to write me any thoughts you might have on the issue.
 
 
  Thank you very much.
 
 
  Very best regards,
 
 
  Tony Marmo
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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Joao Marcos
Viva, Eduardo:

Para decidir se um certo operador de negação é paraconsistente você
precisa antes definir qual a noção de *consequência* com a qual está
trabalhando.  (A relação de ordem natural do seu espaço topológico?)

Joao Marcos


PS: a co-implicação é importante nesta história, sim --- embora os
paraconsistentistas raramente tenham apontado isso


2012/4/24 Eduardo Ochs eduardoo...@gmail.com:
 Supondo que não vá pegar mal eu fazer uma pergunta bem ingênua sobre
 negações paraconsistentes, lá vai...

 O meu modo preferido de pensar em lógica(s) intuicionista(s) tem sido
 fixar um espaço topológico (X, O(X)) e aí dizer que os meus valores de
 verdade vão ser os ABERTOS desse espaço topológico. Aliás, acho que é
 melhor eu explicar de outra forma: ao invés de pensar em lógica
 intuicionista em geral eu tenho preferido começar escolhendo um
 espaço topológico (X, O(X)) e aí olhar pra álgebra dos abertos dele,
 que é uma Álgebra de Heyting - ou seja, dá pra interpretar cálculo
 proposicional nela - e aí eu trabalho nessa Álgebra de Heyting.
 Defino:

   um valor de verdade clássico em (X, O(X)) é um subconjunto
   qualquer de X,

   um valor de verdade intuicionista em (X, O(X)) é um suconjunto
   aberto de X,

   o verdadeiro, o falso, a conjunção e a disjunção
   intuicionistas são definidos da mesma forma que as suas versões
   clássicas - são o X, o vazio, a interseção e a união de
   subconjuntos,

   a implicação clássica (P -_C Q) é a união de (X \ P) e Q,

   a implicação intuicionista (P -_I Q) é o interior de (P -_C Q),

   a negação clássica é      not_C P = (P -_C F) = (X \ P),

   a negação intuicionista é not_I P = (P -_I F) = int (X \ P).

 e repare que a operação interior transforma qualquer valor de
 verdade clássico num intuicionista.

 Se o nosso espaço topológico (X, O(X)) é Alexandroff a gente tem uma
 operação cointerior: o interior de P é o maior aberto contido em P,
 e o cointerior de P é o menor aberto contendo P. Isto gera uma
 coimplicação - que não interessa agora - e uma conegação: a
 conegação de P é o menor aberto contendo o complemento de P.

 Agora eu posso fazer a minha pergunta: essa conegação é uma negação
 paraconsistente?

   Obrigado! =)
     [[]], Eduardo

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Eduardo Ochs
Oi João!

A noção de conseqüência é esta:

  P |- Q quer dizer P está contido em Q...

[[]],
  Eduardo


P.S.: se alguém conhecer outra noção de implicação em espaços
topológicos que seja natural (ou razoavelmente natural), por favor
compartilhe!...


On Tue, Apr 24, 2012 at 2:17 PM, Joao Marcos botoc...@gmail.com wrote:

 Viva, Eduardo:

 Para decidir se um certo operador de negação é paraconsistente você
 precisa antes definir qual a noção de *consequência* com a qual está
 trabalhando.  (A relação de ordem natural do seu espaço topológico?)

 Joao Marcos


 PS: a co-implicação é importante nesta história, sim --- embora os
 paraconsistentistas raramente tenham apontado isso


 2012/4/24 Eduardo Ochs eduardoo...@gmail.com:
  Supondo que não vá pegar mal eu fazer uma pergunta bem ingênua sobre
  negações paraconsistentes, lá vai...
 
  O meu modo preferido de pensar em lógica(s) intuicionista(s) tem sido
  fixar um espaço topológico (X, O(X)) e aí dizer que os meus valores de
  verdade vão ser os ABERTOS desse espaço topológico. Aliás, acho que é
  melhor eu explicar de outra forma: ao invés de pensar em lógica
  intuicionista em geral eu tenho preferido começar escolhendo um
  espaço topológico (X, O(X)) e aí olhar pra álgebra dos abertos dele,
  que é uma Álgebra de Heyting - ou seja, dá pra interpretar cálculo
  proposicional nela - e aí eu trabalho nessa Álgebra de Heyting.
  Defino:
 
um valor de verdade clássico em (X, O(X)) é um subconjunto
qualquer de X,
 
um valor de verdade intuicionista em (X, O(X)) é um suconjunto
aberto de X,
 
o verdadeiro, o falso, a conjunção e a disjunção
intuicionistas são definidos da mesma forma que as suas versões
clássicas - são o X, o vazio, a interseção e a união de
subconjuntos,
 
a implicação clássica (P -_C Q) é a união de (X \ P) e Q,
 
a implicação intuicionista (P -_I Q) é o interior de (P -_C Q),
 
a negação clássica é  not_C P = (P -_C F) = (X \ P),
 
a negação intuicionista é not_I P = (P -_I F) = int (X \ P).
 
  e repare que a operação interior transforma qualquer valor de
  verdade clássico num intuicionista.
 
  Se o nosso espaço topológico (X, O(X)) é Alexandroff a gente tem uma
  operação cointerior: o interior de P é o maior aberto contido em P,
  e o cointerior de P é o menor aberto contendo P. Isto gera uma
  coimplicação - que não interessa agora - e uma conegação: a
  conegação de P é o menor aberto contendo o complemento de P.
 
  Agora eu posso fazer a minha pergunta: essa conegação é uma negação
  paraconsistente?
 
Obrigado! =)
  [[]], Eduardo

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Joao Marcos
 A noção de conseqüência é esta:

   P |- Q quer dizer P está contido em Q...

Suponho, além disso, que P, ~P |- Q quer dizer que (P meet ~P) está
contido em Q?  Bom, se for este o caso você já tem a resposta para a
sua pergunta...

JM


 On Tue, Apr 24, 2012 at 2:17 PM, Joao Marcos botoc...@gmail.com wrote:

 Viva, Eduardo:

 Para decidir se um certo operador de negação é paraconsistente você
 precisa antes definir qual a noção de *consequência* com a qual está
 trabalhando.  (A relação de ordem natural do seu espaço topológico?)

 Joao Marcos


 PS: a co-implicação é importante nesta história, sim --- embora os
 paraconsistentistas raramente tenham apontado isso


 2012/4/24 Eduardo Ochs eduardoo...@gmail.com:
  Supondo que não vá pegar mal eu fazer uma pergunta bem ingênua sobre
  negações paraconsistentes, lá vai...
 
  O meu modo preferido de pensar em lógica(s) intuicionista(s) tem sido
  fixar um espaço topológico (X, O(X)) e aí dizer que os meus valores de
  verdade vão ser os ABERTOS desse espaço topológico. Aliás, acho que é
  melhor eu explicar de outra forma: ao invés de pensar em lógica
  intuicionista em geral eu tenho preferido começar escolhendo um
  espaço topológico (X, O(X)) e aí olhar pra álgebra dos abertos dele,
  que é uma Álgebra de Heyting - ou seja, dá pra interpretar cálculo
  proposicional nela - e aí eu trabalho nessa Álgebra de Heyting.
  Defino:
 
    um valor de verdade clássico em (X, O(X)) é um subconjunto
    qualquer de X,
 
    um valor de verdade intuicionista em (X, O(X)) é um suconjunto
    aberto de X,
 
    o verdadeiro, o falso, a conjunção e a disjunção
    intuicionistas são definidos da mesma forma que as suas versões
    clássicas - são o X, o vazio, a interseção e a união de
    subconjuntos,
 
    a implicação clássica (P -_C Q) é a união de (X \ P) e Q,
 
    a implicação intuicionista (P -_I Q) é o interior de (P -_C Q),
 
    a negação clássica é      not_C P = (P -_C F) = (X \ P),
 
    a negação intuicionista é not_I P = (P -_I F) = int (X \ P).
 
  e repare que a operação interior transforma qualquer valor de
  verdade clássico num intuicionista.
 
  Se o nosso espaço topológico (X, O(X)) é Alexandroff a gente tem uma
  operação cointerior: o interior de P é o maior aberto contido em P,
  e o cointerior de P é o menor aberto contendo P. Isto gera uma
  coimplicação - que não interessa agora - e uma conegação: a
  conegação de P é o menor aberto contendo o complemento de P.
 
  Agora eu posso fazer a minha pergunta: essa conegação é uma negação
  paraconsistente?
 
    Obrigado! =)
      [[]], Eduardo

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Tony Marmo
Se eu estou entendendo, você define ~P como int(X\P), ~ usado para negação
intuicionista. Mas, para alguns modalistas, isto seria precisamente
Necessário¬P. Curioso isto.

Em 24 de abril de 2012 15:23, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

  A noção de conseqüência é esta:
 
P |- Q quer dizer P está contido em Q...

 Suponho, além disso, que P, ~P |- Q quer dizer que (P meet ~P) está
 contido em Q?  Bom, se for este o caso você já tem a resposta para a
 sua pergunta...

 JM


  On Tue, Apr 24, 2012 at 2:17 PM, Joao Marcos botoc...@gmail.com wrote:
 
  Viva, Eduardo:
 
  Para decidir se um certo operador de negação é paraconsistente você
  precisa antes definir qual a noção de *consequência* com a qual está
  trabalhando.  (A relação de ordem natural do seu espaço topológico?)
 
  Joao Marcos
 
 
  PS: a co-implicação é importante nesta história, sim --- embora os
  paraconsistentistas raramente tenham apontado isso
 
 
  2012/4/24 Eduardo Ochs eduardoo...@gmail.com:
   Supondo que não vá pegar mal eu fazer uma pergunta bem ingênua sobre
   negações paraconsistentes, lá vai...
  
   O meu modo preferido de pensar em lógica(s) intuicionista(s) tem sido
   fixar um espaço topológico (X, O(X)) e aí dizer que os meus valores de
   verdade vão ser os ABERTOS desse espaço topológico. Aliás, acho que é
   melhor eu explicar de outra forma: ao invés de pensar em lógica
   intuicionista em geral eu tenho preferido começar escolhendo um
   espaço topológico (X, O(X)) e aí olhar pra álgebra dos abertos dele,
   que é uma Álgebra de Heyting - ou seja, dá pra interpretar cálculo
   proposicional nela - e aí eu trabalho nessa Álgebra de Heyting.
   Defino:
  
 um valor de verdade clássico em (X, O(X)) é um subconjunto
 qualquer de X,
  
 um valor de verdade intuicionista em (X, O(X)) é um suconjunto
 aberto de X,
  
 o verdadeiro, o falso, a conjunção e a disjunção
 intuicionistas são definidos da mesma forma que as suas versões
 clássicas - são o X, o vazio, a interseção e a união de
 subconjuntos,
  
 a implicação clássica (P -_C Q) é a união de (X \ P) e Q,
  
 a implicação intuicionista (P -_I Q) é o interior de (P -_C Q),
  
 a negação clássica é  not_C P = (P -_C F) = (X \ P),
  
 a negação intuicionista é not_I P = (P -_I F) = int (X \ P).
  
   e repare que a operação interior transforma qualquer valor de
   verdade clássico num intuicionista.
  
   Se o nosso espaço topológico (X, O(X)) é Alexandroff a gente tem uma
   operação cointerior: o interior de P é o maior aberto contido em P,
   e o cointerior de P é o menor aberto contendo P. Isto gera uma
   coimplicação - que não interessa agora - e uma conegação: a
   conegação de P é o menor aberto contendo o complemento de P.
  
   Agora eu posso fazer a minha pergunta: essa conegação é uma negação
   paraconsistente?
  
 Obrigado! =)
   [[]], Eduardo
 
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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Joao Marcos
Tony:

 Mas, existe algo que preciso apontar: os operadores também dependem do ponto
 de vista. Veja, se eu tenho um operador O e defino o seguinte:
 O(alpha):=¬Q¬(alpha), pergunte quem é o universal e quem é o existencial, a
 resposta é depende do ponto de vista.

 Salvo engano meu, o Professor Pizzi implementou uma vez a proposta de como
 uma lógica pode começar a partir de um operador de contingência como
 primitivo. Os mesmos princípios, axiomas ou regras de inferência, que
 envolvem o operador quadrado podem ser formulados para o operador diamante.
 De novo, coisas dependendo do ponto de vista.

As questões do trabalho do Pizzi foram todas praticamente resolvidas a
partir do trabalho do Lloyd Humberstone sobre não-contingência.  O
operador de consistência que usamos é apenas aparentado ao da
não-contingência, e muitos dos resultados que eu demonstrei a respeito
dele simplesmente mostraram como adaptar os resultados de Humberstone
(e de Kuhn, e de Cresswell etc) para esta nova linguagem, com sua
interpretação pretendida.  A questão sobre quem é o universal e quem
é o existencial não é muito relevante nesta abordagem.

 Por outro lado, quadrado não necessariamente quer dizer todo mundo w de W,
 depende da semântica. Acho que talvez você não queira identificar o operador
 de consistência com um universal, pois, como você mesmo diz, não quer que
 ºA, não-A bastem para a explosão. Mas, se necessidade não for entendida como
 uma quantificação universal, não enxergo como NecA e não-A de pronto
 explodiriam.

De fato.  Por isso eu disse que o operador de consistência adequado
depende da interpretação da negação modal paraconsistente.

Abraços,
Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-24 Por tôpico Walter Carnielli
Caro Tony:

eu acho que você está no caminho certo  quando pergunta   por qual
razão  a formalização da  consistência (tal como  vista nas  LFIs)
não coincidiria  com a  possibilidade, ou com a  (não)-contingência. O
João  Marcos  esclarece, corretamente,  que tal noção de consistência
é apenas aparentada ao da não-contingência,   mas  sobra a seguinte
questão: partindo de  uma noção de consistência  oA, o que seria  ~ o
~ A? Seria  uma espécie
de asserção sobre  a  inconsistência de ~A, mas dependendo de certas
 assunções.

No artigo abaixo examino diversas noções de consist6encai,  incluindo
algumas ideias  do João Marcos:

The Single-minded Pursuit of Consistency and its Weakness
(W.  Carnielli), Studia Logica 97, Number 1 (2011), 81-100, DOI:
10.1007/s11225-010-9298-7
http://www.springerlink.com/content/e2357hxm80m52616/fulltext.pdf

Abs,

Walter


Em 24 de abril de 2012 17:19, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:
 Tony:

 Mas, existe algo que preciso apontar: os operadores também dependem do ponto
 de vista. Veja, se eu tenho um operador O e defino o seguinte:
 O(alpha):=¬Q¬(alpha), pergunte quem é o universal e quem é o existencial, a
 resposta é depende do ponto de vista.

 Salvo engano meu, o Professor Pizzi implementou uma vez a proposta de como
 uma lógica pode começar a partir de um operador de contingência como
 primitivo. Os mesmos princípios, axiomas ou regras de inferência, que
 envolvem o operador quadrado podem ser formulados para o operador diamante.
 De novo, coisas dependendo do ponto de vista.

 As questões do trabalho do Pizzi foram todas praticamente resolvidas a
 partir do trabalho do Lloyd Humberstone sobre não-contingência.  O
 operador de consistência que usamos é apenas aparentado ao da
 não-contingência, e muitos dos resultados que eu demonstrei a respeito
 dele simplesmente mostraram como adaptar os resultados de Humberstone
 (e de Kuhn, e de Cresswell etc) para esta nova linguagem, com sua
 interpretação pretendida.  A questão sobre quem é o universal e quem
 é o existencial não é muito relevante nesta abordagem.

 Por outro lado, quadrado não necessariamente quer dizer todo mundo w de W,
 depende da semântica. Acho que talvez você não queira identificar o operador
 de consistência com um universal, pois, como você mesmo diz, não quer que
 ºA, não-A bastem para a explosão. Mas, se necessidade não for entendida como
 uma quantificação universal, não enxergo como NecA e não-A de pronto
 explodiriam.

 De fato.  Por isso eu disse que o operador de consistência adequado
 depende da interpretação da negação modal paraconsistente.

 Abraços,
 Joao Marcos

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Fax: (+55) (19) 3289-3269
Institutional e-mail: walter.carnie...@cle.unicamp.br
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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-23 Por tôpico Joao Marcos
Olá, Tony:

 I write to inquire on the issue of interpreting the consistency operator °
 as a modal one, either necessity or possibility.

Parece que há uma confusão aqui.  O operador de consistência não é
aparentado da necessidade ou da possibilidade, mas está mais próximo
da noção de contingência.

 1. Are there any works which, from the perspective of neighbourhood
 semantics, treat it as necessity operator, i.e., °A means that [[A]] belongs
 to N(w)?

Não se trata de um operador de necessidade.  De todo modo, a
interpretação em termos de uma semântica de vizinhança necessita
apenas de um operador com a propriedade de replacement, então tudo
bem.

 2. Are there any works which, by another topological approach, treat °A as
 necessity operator defined as the interior, i.e., [[°A]]= int[[A]]?

Não se trata de um operador de necessidade.

 3. 2. Are there any works which, by another topological approach, treat °A
 means the closure of [[A]]?

Para uma interpretação topológica, confira os trabalhos de Chris
Steinsvold, sobre logics of ignorance and borders.

Joao Marcos

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Re: [Logica-l] A MODAL SEMANTICS FOR PARACONSISTENT LOGIC, TOPOLOGICAL POINT OF VIEW

2012-04-23 Por tôpico Tony Marmo
Caro João Marcos,

Obrigado pela sua resposta e pela referência.

Mas, quanto à sua objeção, eu precisaria de mais argumentos, principalmente
filosóficos, para dizer que consistência é contingência e para dizer que
consistência não possa ser necessidade ou que seja confusão. Conhecimento
ou saber podem sê-lo, obrigação idem, tempo ibidem, etc. Enfim, não há essa
identificação de consistência com contingência, que eu saiba. Aliás, existe
já pelo menos uma lógica em que um dos operadores modais é interpretado
como provável (provable) e o seu dual como consistente. Vide Gödel 1933
e Löb 1955, para uma discussão.

A questão que estou propondo é o caminho inverso: pessoas que interpretam o
operador de consistência como um dos modais primitivos e saber que
semântica (topológica de preferência) se poderia usar.

Em 23 de abril de 2012 21:44, Joao Marcos botoc...@gmail.com escreveu:

 Olá, Tony:

  I write to inquire on the issue of interpreting the consistency operator
 °
  as a modal one, either necessity or possibility.

 Parece que há uma confusão aqui.  O operador de consistência não é
 aparentado da necessidade ou da possibilidade, mas está mais próximo
 da noção de contingência.

  1. Are there any works which, from the perspective of neighbourhood
  semantics, treat it as necessity operator, i.e., °A means that [[A]]
 belongs
  to N(w)?

 Não se trata de um operador de necessidade.  De todo modo, a
 interpretação em termos de uma semântica de vizinhança necessita
 apenas de um operador com a propriedade de replacement, então tudo
 bem.

  2. Are there any works which, by another topological approach, treat °A
 as
  necessity operator defined as the interior, i.e., [[°A]]= int[[A]]?

 Não se trata de um operador de necessidade.

  3. 2. Are there any works which, by another topological approach, treat
 °A
  means the closure of [[A]]?

 Para uma interpretação topológica, confira os trabalhos de Chris
 Steinsvold, sobre logics of ignorance and borders.

 Joao Marcos

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